The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 37
Capítulo trinta e seis




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Os dias pareciam passar rápido propositalmente, quase ansiosos demais, como se não estivessem a seu favor. E provavelmente não estavam, de fato. O universo devia estar conspirando contra sua calma e tranquilidade, pois durante aqueles poucos dias, sentia-se ansiosa e isso por si só já era o suficiente para desestabilizá-la. Tampouco havia conseguido conversar com Draco, e isso a incomodava profundamente. Ele era seu amigo, afinal de contas.

Mas resolveria as coisas.

Havia feito sua escolha, e por mais que um grande peso tivesse saído de seus ombros, o aperto no peito parecia ter sido apenas substituído por outro. Esperava que com o tempo ele desaparecesse ou, ao menos, que se acostumasse e pudesse viver com aquilo.

Sábado chegou antes que Hermione tivesse a chance de se sentir realmente preparada para ter aquela conversa com Harry. Queria que ele não se ressentisse com tudo o que escondera, mas sabia que não podia esperar muito da situação. Estava errada em querer fazer tudo sozinha. Vivera tantos anos daquele jeito, acostumada às praticidades de uma vida solitária, que não sabia mais como compartilhar aquele tipo de informação. Tudo o que compreendia, que tinha certeza, é que decisões como aquela deviam ser compartilhadas, discutidas e por fim, tomadas.

Harry estava ao seu lado desde os onze anos, apoiara todas suas escolhas desde então. Só queria não ter sido tão idiota a ponto de tê-lo excluído daquela decisão, talvez a mais importante da sua vida, mas agora teria chance de consertar a bagunça que criara. Definitivamente!

De frente para o espelho, o observava pelo reflexo. Havia uma calma em seus movimentos enquanto escolhia o que vestir, sabia que no fim ele optaria pela camiseta preta e o casaco que estivesse pendurado no gancho ao lado da porta. O conhecia bem demais àquele ponto.

Sorriu ao notar que ele a olhava, também pelo reflexo.

— Estou pronto. — Disse e observou-a se aproximar. — Quando quiser ir...

Hermione apoiou uma mão em seu ombro, ficou na ponta dos pés e o beijou. A mão livre, passeando pelo peito masculino, quase como se quisesse decorar todas suas elevações através do tato. Sentindo-a cada mais colada em seu corpo, rapidamente tratou de puxá-la pela cintura e aprofundar o beijo — até que se separar fosse a única opção.

— Uau! — Riu abobalhado. — Isso foi...

— Eu sei! — Sorriu também, quase como uma adolescente.

— Por que tudo isso? — Não soltou sua cintura em momento algum, gostava de senti-la sob suas mãos.

— Eu não sei. Apenas quis!

Apertou-a um pouco mais contra seu corpo e lhe deu um rápido beijo nos lábios e depois gentilmente depositou um em sua testa.

— E então, vamos aparatar?

— Podemos ir caminhando? O dia está tão bonito. — Sugeriu.

— Você que manda! — Sinalizou para que tomasse a frente.

Era verdade, o dia estava lindo. Mas caminhar lhe dava mais tempo para pensar nas exatas palavras que diria à Harry, ou ao menos repeti-las em sua cabeça mais algumas vezes. Era tudo o que podia fazer àquela altura.

Fora um caminho com poucas palavras trocadas, dedos entrelaçados e algumas carícias discretas.

— Você não me trouxe até aqui só por causa do sorvete, estou certo? — Perguntou quando visualizou, ainda a uma quadra de distância, a sorveteria.

Sorriu sem graça.

— Está certo. — Admitiu e sentiu-o apertar seus dedos, encorajando-a. — Tem algo que estou querendo te contar há alguns dias.

— E isso tem a ver com aquela sua briga com o Malfoy?

— Vou explicar! — Cortou caminho, já sentindo o aroma adocicado da sorveteria. — Mas também quero aproveitar minha tarde com você, ok?

Harry assentiu.

— Que tal nos sentarmos aqui fora? — Mostrou a mesa de ferro pintada de branco, assim como o par cadeiras posicionadas de frente uma para a outra.

— Aqui está ótimo! — Sorriu quando Harry fez questão de ajudá-la a se sentar. — Venha, vou te mostrar o cardápio e os meus preferidos.

Harry puxou a cadeira para o lado de Hermione e apoiou um braço em sua cadeira, quase abraçando-a lateralmente. Ouvia-a com bastante atenção, observava seu sorriso enquanto apontava para os sabores de sorvete listados no papel cartão plastificado. Parecia tão leve e alegre, como não a via há algumas semanas.

— ...E então eu deixei cair todo o sorvete de amora. Nunca consegui experimentar esse sabor! — Dizia com espontaneidade, gesticulando freneticamente enquanto deixava escapar alguns sorrisos nostálgicos.

Gostava de vê-la assim. A imagem lembrava-o daquela Hermione de Hogwarts, sempre sorridente, destemida, corajosa e sabe-tudo. Sua melhor amiga e então, sua namorada. Talvez! E então percebeu que não haviam chegado em um termo que justificasse o que tinham.

Precisava dar um jeito naquilo. Não queria mais esconder-se.

— Hermione, e-eu...

— Já escolheu o sabor que vai pedir? — Olhou-o com expectativa.

Recuou.

— Ah, sim. Vou pedir o de limão com raspas de chocolate. — Disse enquanto lia o cardápio, escolhendo o primeiro sabor que conseguiu focar o olhar. — E você?

— Amora! — Sorriu orgulhosa com sua escolha.

— Vou lá dentro fazer o pedido, volta já! — Acariciou sua mão e lhe deu um rápido beijo, pegando-a de surpresa.

Hermione ajeitou-se, aprumando a coluna e sorrindo sozinha. Sabia que no começo seria difícil, mas podia lidar com a situação. Harry era incrível, compreenderia perfeitamente seu lado na história.

— Então foi por isso que voltou?

De imediato ouviu apenas o grito alto e num tom de voz alarmante, depois encaixou e compreendeu o significado das palavras, e somente por último foi que reconheceu de quem vinha a acusação.

— Gina. — Levantou-se de supetão, batendo contra a mesa que balançou para os lados, mas equilibrou-se no fim.

— Vamos, Hermione! Me diga, foi por isso que voltou? — A ruiva gritou novamente, as mãos coladas na lateral do corpo, os punhos fechados.

— Gina, por favor, me escute. — Estendeu as mãos em frente ao corpo, em defensiva.

— Escutar o quê? Que você veio da Holanda para se certificar que meu casamento acabaria? — Seu rosto estava vermelho de raiva, toda sua expressão corporal sugeria “perigo”. — Você contava com isso não, é?

— Eu jamais...

— Cale a boca, tudo o que diz é mentira! — Avançou um passo, mas Rony que assistia tudo em silêncio a segurou. — Por Mérlin, mamãe estava certa em suspeitar de você. Como pode convencê-lo a ir adiante com o divórcio quando eu disse que tinha dúvidas?

— Não foi nada disso, Gina.

— Eu vi vocês dois, Hermione. — Gritou novamente. — Acabei de vê-lo te beijando!

Seu olhar passou rapidamente para Rony que evitou seu olhar.

Harry ouviu alguns gritos vindos da rua, mas por um segundo ignorou. Já recebera os sorvetes que pedira, apenas parara para pegar alguns guardanapos extras, e foi nesse momento que reconheceu a voz alterada. O significado das palavras, e à quem o ataque era dirigido. Deixou os sorvetes caírem e correu para fora.

Quando pensou sobre parar de esconder-se, não era exatamente isso em que estava pensando.

— Gina! — Falou em um tom suficientemente alto para fazê-la se calar.

— E aí está Harry Potter. Gostaria de me contar desde quando você e Hermione estão trepan...

— Gina! — Harry e Rony disseram em uníssono, um aviso duro o suficiente.

Hermione já havia se encolhido com todas aquelas acusações. Acreditava que as merecia, cada uma daquelas palavras, pois se sentia da mesma forma se fosse ao contrário. Culpada!

— Vamos conversar em um lugar privado e acabar com esse escândalo! — Pediu com a voz calma, mas poderosamente carregada de força. Uma ordem.

— Gina, por favor...

— Você não tem o direito de me dizer o que fazer, se divorciou para ficar com a amiguinha. Como pude ser tão burra!? — Calou-o com um movimento brusco das mãos, ignorando o pedido baixo e desesperado de Hermione.

Harry parou em frente a Hermione, como um escudo.

— Você não tem o direito! — A primeira palavra saiu com força, com raiva e novamente, um aviso. — Nosso casamento já havia terminado quando Hermione e eu começamos...

— Começaram o que? Um namoro? — A voz de Gina era carregada de sarcasmo. — Ou estão noivos?

— Chega, Gina. — Rony a puxou para trás e dessa vez a manteve no lugar.

— Chega? — Olhou para o irmão. — Você foi tão traído quanto eu nessa história, se ainda não percebeu.

— Mas resolverei outra hora. — Disse entre os dentes, baixinho e ainda a segurando.

— Tudo bem, deixarei que aproveitem o passeio romântico. — Disse olhando-os com raiva. — Apenas saiba Hermione, ele também me olhava desse jeito. Me beijava, da mesma forma que faz com você agora. E em algum momento, ele se cansou e me deixou para trás!

Harry deu outro passo para o lado, afim de encerrar o contato entre as duas. Sua expressão estava tão enfurecida quanto Gina, sabia que se continuasse a discussão teria durado horas, a ruiva sabia como se impor e não gostava de ser contrariada.

Com puxões de seu irmão, Gina seguiu seu caminho e em poucos metros desaparecerem na multidão de turistas que passeavam por ali, concentrados demais nas lojas e cabines telefônicas para perceber duas cabeças ruivas sumindo no ar.

— Hermione? — Virou-se e a imagem que viu o fez deixar os ombros caírem. — Você está bem?

Quando tentou abraça-la, Hermione desviou e recuou dois passos. Não queria ser tocada, não quando foi justamente por permitir-se, que chegou onde estava.

— Quero ir para casa. — Não o olhava nos olhos, sua cabeça inclinada para baixo.

— Claro. — Assentiu e novamente, quando tentou tocá-la para abrir caminho, Hermione rapidamente apressou-se alguns passos à frente. Evitando o contato.

Olhou-a seguir o caminho, sem olhar para trás ou reconsiderar. Passou as mãos no rosto e apoiou a esquerda na cintura, inclinou a cabeça para o céu por alguns segundos e deixou um suspiro escapar. Estava tudo desmoronando novamente, logo agora que tinha tudo para dar certo, que sua vida finalmente estava entrando nos eixos.


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Notas finais do capítulo

Capítulo dedicado para minha irmãzinha que deixou uma recomendação incrível há alguns dias. Obrigada, Anna. Amei cada uma das tuas palavras! ♥
Chegamos ao fatídico dia em Gina Weasley descobriu tudo!
Até logo



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