The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 33
Capítulo trinta e dois




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A manhã fora um pouco mais agitada do que estava realmente acostumada, mas de certo modo era exatamente o que precisava, manter-se ocupada e concentrada em qualquer coisa que não a fizesse remoer a carta do Ministério. Seu rosto, no entanto, possuía a expressão de quem tinha muita coisa na cabeça e Draco notou isso no momento que entrou pela recepção do hospital.

Agora, já quase no horário de almoço, pediu que o acompanhasse até seu consultório. Hermione jogou-se na cadeira e soltou um longo suspiro.

— Pode me contar, Granger.

Moveu-se desconfortável e tirou do bolso do jaleco o envelope, entregou-o a Draco e deixou que lesse e compreendesse por si mesmo.

— “O Ministério exige seu comparecimento ao departamento de Execução de Leis, subdivisão de Proteção à Criaturas Mágicas, para esclarecimento referente à insubordinação e desacato de ordens expressas...” — Leu o trecho em voz alto. — Já entendi onde isso vai dar. Contou ao Potter?

— Ainda não. — Passou as mãos no rosto. — Só abri hoje pela manhã, ele já havia saído.

— Aposto que esperou ele sair para poder usar isso como desculpa. — Apontou, a carta ainda em suas mãos enquanto observava atentamente outros tópicos. — Você pode sofrer processe administrativo. Está disposta à isso?

— Estou pensando sobre isso tudo, tentando chegar à uma conclusão que faça sentido. — Voltou a suspirar, seus ombros caídos diziam mais do que gostaria de transparecer.

— Sabe o que eu acho, Hermione? — Draco puxou a cadeira e sentou-se de frente para a amiga, segurando-lhe as mãos. — Acho que a resposta está muito clara, mas você está com medo.

— Não diga besteiras!

— Não é besteira, Granger. Você não consegue enxergar, não consegue tomar uma decisão porque está com medo! — Apertou os dedos entre os seus, encorajando-a a ouvir tudo. — Voltar para Londres te assusta, por isso insiste em manter o trabalho na Holanda, se as coisas derem errado você terá para onde correr. E eu entendo.

“Mas você não está sendo justa com você mesma e muito menos com o Potter. Porque tenho certeza de que ele não faz a mínima ideia de que ao mesmo tempo que vocês estão juntos, está pensando em larga-lo e sumir novamente no primeiro sinal de problema.”

“Você não pode controlar tudo, Hermione. E viver do jeito que você está fazendo, mentindo e escondendo coisas porque algo deu errado no passado, é ser covarde. E você não é assim!”

Desde que a casa para a recuperação de Elfos Domésticos fora incendiada, sentia-se insuficiente. Como se todos seus esforços não fossem capazes de suprir as necessidades que as situações requeriam. Com o tempo, isso fez com que se sentisse da mesma forma em relação a relacionamentos e algumas decisões pessoais. Draco estava na Holanda durante aquela época, tentava ajuda-la sutilmente, mas viu as coisas piorarem aos poucos quando retornou à Londres.

Hermione sabia de tudo isso, no fundo, mas ignorava.

Agora seria obrigada a tomar uma decisão, esperava que a amiga fosse capaz de passar por aquilo sem maiores complicações, mas tudo o que podia fazer era aguardar e torcer pelo melhor.

A porta da sala abriu e Gina Weasley entrou, mas parou assim que os viu, de frente um para o outro com as mãos unidas.

— Desculpe. — Desviou o olhar de suas mãos para o rosto de Hermione. — Na recepção me disseram que você estava sozinha!

— Não tem problema. — Draco levantou-se e ajeitou a cadeira de volta para seu lugar. — Vou almoçar. Conversamos depois, Hermione.

Assim que Draco saiu e fechou a porta, Gina virou-se para Hermione.

— Cheguei num momento ruim?

Levantou-se e tentou aliviar a expressão em seu rosto, não precisava de mais uma pessoa sabendo de tudo o que acontecia na sua vida.

— Não, está tudo bem. — Sorriu, mas este não chegou aos olhos. — Então, o que faz aqui?

— Nossa última conversa não foi exatamente agradável, e percebi que você tinha razão. Como sempre! — Soltou uma risadinha tímida. — Eu estava sendo egoísta e mesquinha quando disse aquilo tudo, você só estava tentando me fazer ver as coisas de um jeito diferente e fui agressiva e te culpei por tomar um lado na história.

Assentiu, deixando que as palavras da ruiva fizessem efeito em sua cabeça ainda anestesiada pela conversa anterior.

— Gostaria que almoçasse comigo, quero consertar as coisas entre nós. O que me diz?

Sorriu minimamente.

— Conheço um lugar.

***

Assim que os pedidos foram feitos Gina desandou a explicar-se, contando o quanto as palavras de Hermione entraram em sua cabeça e fizeram com que percebesse o modo que estava vendo o divórcio.

— Apesar de não saber muito sobre ele, queria mostrar que eu estava bem e tinha dado a volta por cima. Quando na verdade chorava toda a noite antes de dormir! — Contou entre uma garfada e outra. — Depois que entendi que não era uma competição, e que Harry provavelmente estava ignorando qualquer coisa referente à mim, percebi que jamais superaria isso se passasse horas tentando chamar atenção.

“E isso tudo foi depois que discutimos. Então acho que tenho que te agradecer por estar lá por mim, mesmo quando eu não queria ouvir.”

Apesar de estar feliz, Hermione sentia como se cada palavra fosse um soco em seu estômago. Gina a agradecia por tê-la ajudado, e agora, beijava e dormia com o ex-marido de sua amiga.

— Enfim, Harry e eu conversamos ontem à noite e...

— Espera! — Interrompeu-a. — Vocês se encontraram ontem à noite?

Harry havia chegado tarde na noite anterior, lembrava-se dele ter falado sobre um convite inesperado que levara mais tempo do que esperava. Queria que ele tivesse contado sobre a conversa com Gina.

— Sim. — Sorriu, também parecia achar um tanto inacreditável. — Nossas últimas conversas não foram agradáveis, então resolvi limpar toda essa bagunça que nós dois criamos. É como se tivesse saído um peso dos meus ombros.

— Fico feliz, Gina. — E estava sendo sincera. — Vocês merecem ser felizes, juntos ou separados!

Gina sorriu-lhe.

— Bem, e você? — Olhava-a com curiosidade. — Draco pareceu bastante próximo.

Tossiu desconcertada.

— Ele é um bom amigo, somente isso.

— É que pensei que você voltaria em pouco tempo para Amsterdã, e como ainda está aqui, imaginei que houvesse alguém na sua vida. — Sua linha de raciocínio parecia bastante coerente. — Quero dizer, você já está até trabalhando. Você se tornou médica!

Passou a mão na testa e ajeitou uma mecha do cabelo enquanto o garçom retirava os pratos e servia a sobremesa.

— É difícil explicar, as coisas só foram acontecendo.

— Mas fico feliz por você também, Hermione. — Olhava a amiga com um sorriso. — Agora que vai ficar em Londres, temos que combinar de sair e nos encontrar mais vezes!

— Claro! — Assentiu, mas já não conseguia manter o sorriso no rosto. — Gina, preciso voltar para o hospital. Continuamos outro dia?

— Sim! — Acenou para Hermione que já saia apressada pelo restaurante.

A verdade era que mentir para Gina fora a gota d’água. Já estava cheia com tudo o que andava acontecendo em relação ao Ministério e o possível processo que sofreria, mas olhar nos olhos de uma amiga e fingir que estava tudo bem era demais.

Queria gritar, chorar e extravasar tudo o que apertava seu peito e girava em sua mente. Mas tudo o que fez, foi entrar no hospital e se trancar por alguns minutos em uma sala vazia para deixar as lágrimas escorrerem pelo rosto.


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Notas finais do capítulo

Gina está de volta!! O engraçado, é que no capítulo anterior recebi uma pergunta um tanto preocupada sobre o paradeiro da ruiva, mas já estava tudo programado para esse retorno!
Espero que tenham gostado, até logo.



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