— Harry Potter! — Gritou irritada enquanto descia as escadas com pressa, os pés descalços, o jaleco vestido pela metade enquanto tentava fechar os botões da calça. — Por que não me acord...

A frase ficou presa em seus lábios quando pisou no corredor e olhou para a cozinha. Harry vinha em sua direção, segurava uma bandeja com xícaras e imediatamente o cheiro de torradas preencheu o ambiente.

— Eu pretendia te levar café na cama. — Deu de ombros suavemente.

Não conteve o sorriso abobalhado que tomou seus lábios.

— Estou atrasada para o trabalho.

Harry aproximou-se mais alguns passos.

— Falei com Draco, você tem o dia de folga hoje. — Explicou com um sorrisinho convencido. — E ser Auror Chefe tem lá seus privilégios. Então será que podemos voltar para a cama e tomar café da manhã juntos?

— E o resto do dia?

— Você decide, ou o fazemos juntos, deitados... E se eu estiver com sorte, nus!

Hermione riu e assentiu com a cabeça, subindo as escadas na frente de Harry.

Harry a observava rir com admiração, o cabelo espalhado pelo travesseiro numa bagunça castanha, o rosto ruborizado e as sardas pintando o nariz arrebitado. Havia acabado de responde-la sobre como convencera que Draco lhe desse o dia de folga, e agora simplesmente não conseguia segurar seu próprio sorriso.

— Ele deve estar querendo a sua cabeça! — Disse olhando-o com diversão.

— Provavelmente!

Havia acordado antes mesmo de o sol nascer, Hermione dormia ao seu lado e resolveu observá-la. Ao mesmo tempo que parecia tranquila seu semblante aparentava estar um pouco abatido, círculos escuros preenchiam a parte inferior de seus olhos e sabia que logo ela levantaria para mais um longo dia de correria no Hospital.

Saiu da cama com calma para não acordá-la e aparatou para a casa de Draco Malfoy. O sol ainda estava bastante tímido no horizonte quando bateu na porta do Sonserino, sem se importar se o acordaria.

— Qual a emergência para você acordar um médibruxo que passou as últimas dezesseis horas no hospital e tem apenas mais uma de sono antes do próximo turno? — Draco também tinha olheiras sob os olhos, mais arroxeadas e evidentes que as de Hermione. O cabelo loiro o fazia parecer ainda mais pálido do que realmente era.

— Preciso que libere Hermione hoje!

— Ela está bem? — Nesse momento sua postura mudou, como se entrasse em alerta.

— Está, claro!

Draco cruzou os braços e assentiu, confuso com aquele pedido.

— Então por que ela não pode trabalhar hoje?

— O que preciso fazer para você dizer que vai liberá-la sem mais perguntas?

O Sonserino revirou os olhos e soltou o ar, estava evidentemente cansado e a última coisa de que precisava era Harry Potter na sua porta pedindo favores.

— Diga para Granger dormir e aproveitar, folga não faz parte da vida de médibruxos! — Disse sem emoção alguma. — Me deve uma, Potter!

— Já que você vendeu sua alma para o diabo por uma folga, deveríamos aproveitar o dia! — Hermione apoiou a mão delicadamente sobre a bochecha de Harry e beijou-o com calma.

— Tenho algumas ideias em mente.

— É mesmo? — Harry assentiu orgulhosamente. — E quantas dessas suas ideias envolvem nós dois e a sua cama?

— A maioria!

Riu.

— Acho que não posso discutir contra isso. — Virou-se para ficar de frente para Harry. — Podemos aproveitar a tarde do lado de fora? Faz alguns dias que não vejo o sol!

— Tudo o que você quiser!

E antes que Hermione tivesse a chance de responder qualquer coisa beijou-a, passando suas mãos pela cintura fina até envolve-la com firmeza e trazê-la para cima de si. Encaixando-a em seu colo desceu as mãos para as coxas, apertando a pele entre os dedos, enquanto a sentia percorrer seu peito e braços sutilmente. Arrepios espalharam-se por todo seu corpo quando as unhas de Hermione brincaram pelos músculos de seu abdômen, arranhando a pele sensível e desenhando cada elevação até alcançar a base de sua calça e retirá-la por completo num movimento rápido e preciso.

Arfaram juntos quando se uniram, quase aliviados com a sensação de preenchimento. Como se seus corpos não fossem capazes de suportar a distância por muito mais tempo, necessitavam um do outro e isso bastou para que juntos alcançassem o ápice quase no momento instante.

Enquanto recuperava o fôlego Harry tinha plena consciência de Hermione deitada ao seu lado, não era como se pudesse ou quisesse ignorá-la com a respiração ofegante e uma expressão que beirava a excitação e satisfação. Jamais imaginou vê-la assim, e muito menos cogitou que seria o causador do sorriso sutil que tentava esconder mordendo o lábio inferior.

Hermione sempre fora sua melhor amiga, sua base e a pessoa para quem recorria sempre que precisava. Era ela a responsável por mantê-los sempre juntos, por mantê-los vivos desde o primeiro ano, era ela quem estava lá a todo o momento, independendo da situação. Não poderia dizer o exato segundo em que se dera conta de que a queria a seu lado, talvez fosse apenas questão de tempo, mas nunca pareceu tão certo abraça-la.

— No que está pensando? — Hermione rolou para seu lado e apoiou a cabeça em seu ombro.

Abraçou-a, pousando a mão na base de sua coluna.

— Em como as coisas aconteceram entre nós.

Hermione apoiou a mão em seu peito e apoiou o queixo ali, para que pudesse ter uma visão melhor de seu rosto.

— É um pouco estranho, não acha? — Não havia estranhamento em seu tom, apesar de ser o que comentara. — Quero dizer, por que agora?

— É exatamente isso que me pergunto, mas não tenho uma resposta. — Pousou a mão livre sob a cabeça para dar altura e poder enxerga-la melhor. — Acho que era para ser. Destino, ou sei lá!

Hermione fechou os olhos e se aconchegou melhor no corpo masculino, um suspiro suave escapou por entre seus lábios.

— Sei que o passado te incomoda, e que deve ser confuso estar comigo...

— Eu só evito pensar! — Cortou-o, e agilmente passou uma perna por cima do quadril de Harry até que sentasse em seu colo. — E para ser sincera, agora, em não me importo nem um pouco.

Sorriu e voltou a beijá-lo.