The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 30
Capítulo vinte e nove




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— Quer dizer que você e Potter estão namorando?

Hermione o olhou com severidade.

— Não sei se percebeu, mas estamos sozinhos aqui. — Apontou para as enormes caixas de documentos e prontuários arquivados.

— Por que você está procurando esse prontuário? Não podia ter pedido a alguma das auxiliares? — Espirrou mais uma vez e coçou o nariz irritado com a quantidade de poeira orbitando pela sala.

— As auxiliares me odeiam. — Deu de ombros e sacudiu a varinha, fazendo com que uma caixa levitasse e retornasse a seu lugar na prateleira. — Esse prontuário é de um paciente, faz muitos anos, Granger. Pensei ter curado esse bruxo, mas aparentemente a doença retornou.

— E você precisa investigar os antigos exames. Entendi! — Abriu a tampa de mais uma caixa e descartou-a.

Draco escorou-se numa pilha ainda com pouca poeira e parou para observar Hermione.

— O que foi? — Perguntou quando o notou a encarando.

— Você e Potter? — Gesticulou, esperando pela resposta que não lhe foi dada.

Hermione revirou os olhos e guardou um dos prontuários de volta na caixa, uma pequena aranha se apertou entre os papéis e fugiu de dentro da caixa. Cruzou os braços e escorou-se na prateleira.

— Nós estamos tentando. — Explicou-se.

— Tentando? É alguma gíria holandesa para namorando, porque eu não entendi.

Arqueou a sobrancelha e sacudiu a cabeça.

— Essa coisa com Harry é extremamente confusa, não tenho certeza de como me sinto. — Disse com sinceridade, evitava pensar no assunto porque cada vez parecia mais absurda. — Por isso iremos “tentar”.

Draco sacudiu a cabeça, assimilando as informações que Hermione lhe dera.

— O que tanto teme, Granger?

Baixou o rosto e começou a brincar com a varinha, girando-a entre os dedos.

— Harry acabou de sair de um relacionamento, um casamento de anos. — Começou com calma. — Tenho medo que ele esteja confundindo as coisas, que tenha projetado em mim algum tipo de sentimento que não seja real. O problema, é que eu estou realmente sentindo algo por ele. E, ao mesmo tempo que quero falar sobre isso, não quero pressioná-lo.

“Sei que o correto seria conversarmos sobre a situação com bastante calma, colocar tudo na mesa em cartas limpas. Mas não consigo! Às vezes sinto que estou me aproveitando dos sentimentos confusos dele.”

— É você quem está deduzindo que ele está confuso. — Replicou. — Minha sugestão é que vocês continuem “tentando”, sei que as coisas irão entrar nos eixos.

Hermione assentiu.

— Blás sempre disse que você e Potter terminariam juntos, nunca entendi de onde ele tirou essa ideia. — Riu sozinho. — Parece que devo cinco galeões à ele.

Hermione riu alto.

— Não sabia que vocês, Sonserinos, comentavam sobre minha vida amorosa!

— Você corria atrás do Weasley, era como se nos entregasse as piadas prontas. — Comentou, lembrando-se daqueles momentos.

— Seu cretino. — Atirou a tampa de uma caixa em Draco. — Aposto que era tudo ciúme.

Draco baixou o rosto para a tampa de papelão em suas mãos e abriu um meio sorriso, bastante constrangido.

— Draco Malfoy, você tinha ciúme?

— Não deixe isso inflar seu ego, Granger. Foi apenas uma paixonite infantil, não tem importância. — Tampou a caixa com força e a entortou nas laterais.

Fugindo da conversa, deu as costas para Hermione e rapidamente caminhou em direção a porta da saleta.

— Pode parar aí, quero saber mais sobre sua queda por mim. — Brincou a foi atrás de Draco, a risada presa na garganta.

— Podemos fazer isso durante o almoço? Ou seria pedir demais, Granger?

— Você paga! — Enlaçou seu braço ao do loiro e seguiram juntos para fora do depósito.

***

— Sempre que quiser sair para almoçar, me convide. — Draco disse ao lado de Hermione enquanto passavam pela recepção do hospital.

— Só está dizendo isso porque a garçonete te deu o número do telefone dela. — Revirou os olhos. — Você se esquece que não sabe usar esse aparelho e que depende de mim para convidá-la para sair!

— Que droga, Granger.

Hermione ria quando a recepcionista a chamou.

— Chegou para a senhorita. — Entregou um buquê de flores com girassóis e pequenos lírios combinando. — Tem um cartão!

— Obrigada! — Abraçou o buque e voltou a caminhar com Draco em seu encalço.

— Parece que Potter está tentando bem demais, apesar de eu ter achado os lírios um pouco bregas. — Deu de ombros e seguiu-a. — Nos falamos na saída, Granger.

Hermione sorriu e entrou em seu consultório, fechando a porta atrás de si. Depositou as flores em um vaso e encantou-as com um feitiço simples para que não murchassem, para só então, desenrolar o pergaminho enrolado com uma delicada fita.

“Hermione,

Gostaria de convidá-la para jantar essa noite. Te busco em casa por volta das 20h.

H.P”

 

Durante a tarde realizou diversos atendimentos, mais tranquilos e relativamente fáceis em comparação aos do dia anterior. Teve até mesmo tempo para divagar nas lembranças ainda vívidas do momento em que acordou, nos braços de Harry, enrolada em seu corpo de forma tão natural. Como se o fizesse há anos.

Ainda não tinha certeza para onde estava indo, aonde chegaria com aquele romance, mas naquele segundo nada importava.

Assinava seu nome sob o rodapé do último prontuário quando Draco irrompeu pelo seu consultório.

— Preciso de você.

Levantou-se sem pensar duas vezes e o seguiu pelos corredores. Draco estava bastante agitado, porém sério, como o vira poucas vezes em toda a sua vida.

— Informações!

Exigiu enquanto dobravam o corredor em direção ao centro cirúrgico, uma equipe já passava pelas portas guiando a maca flutuante.

— Auror ferido em combate: estilhaços de madeira. Ferimentos superficiais nos membros inferiores, artéria pulmonar atingida. Não temos noção se houve dano na carótida, verificaremos em cirurgia. — Draco explicou de forma técnica e direta.

Entrando no corredor Hermione vestiu o avental, higienizou as mãos e prendeu a máscara em seu rosto. Os últimos detalhes sobre a situação do paciente foram dados para a equipe ali mesmo, enquanto terminavam de se preparar.

— Vamos lá!

Na sala de cirurgia Draco tomou conta da situação mais crítica, a artéria pulmonar que fora atingida pelo estilhaço. A situação era bastante delicada, mas o Sonserino sabia o que fazia e seguiu com firmeza em seu trabalho.

— Finalizando aqui nós trabalharemos simultaneamente, eu fico com a carótida e quero que você retire os fragmentos das pernas. — Disse com calma, sem piscar. Ainda finalizava a cauterização dos tecidos internos e sua atenção estava completamente concentrada ali.

Quando finalizou, suspirou com alívio.

— Granger, é agora!

Hermione então se posicionou do lado esquerdo do paciente com uma auxiliar do seu lado. Draco já mexia nos ferimentos do pescoço, analisando com precisão os danos causados na pele e, possivelmente, nas veias e artérias.

Respirou fundo uma, duas, três vezes até que conseguisse que suas mãos obtivessem a firmeza necessária para começar o procedimento. Grande parte das lascas fora de fácil remoção, algumas sequer precisaram de poções para cicatrização. Até que chegou nas coxas do paciente.

— Draco... — Murmurou para si,mas continuou verificando o local.

O tom arroxeado, quase preto, sob a pele era um claro sinal e a assustou.

— A carótida não foi danificada, apenas danos superficiais. Fechando o corte! — Draco informou e seguiu de cabeça baixa.

— Draco! — Hermione chamou, dessa vez alto o suficiente para fazê-lo se virar. — Artéria femoral está perfurada.

Largou os instrumentos que segurava e aproximou-se de Hermione. Após uma simples verificação, assentiu e olhou-a.

— Quero que continue com o procedimento, sabe o que fazer, não é? — Olhou-o com insegurança, mas assentiu. — Estarei do seu lado o tempo inteiro, não se preocupe!

O trabalho era quase simples, retirar o estilhaço sem danificar a artéria ainda mais e depois fechá-la rapidamente para evitar a perda de sangue. Para isso, no entanto, precisava de um pulso firme e destreza.

***

Saiu da sala de cirurgia o que pareceram ser muitas horas depois, suas mãos estavam bastante trêmulas e podia sentir o suor escorrendo pela coluna. Apoiou-se na parede e respirou fundo, olhando para o teto branco, buscando acalmar o coração disparado.

— Parabéns, Granger. Você foi ótima lá dentro! — Draco parou na sua frente e sorriu com sinceridade.

Parecia exausto, e pela primeira vez se deu conta do quão cansativo e estressante era uma cirurgia. Fizeram tudo juntos, conseguiram salvar a vida do auror, e isso por si só a fazia vibrar de alegria, mas agora que a adrenalina se dissipara de seu corpo sentia-se como uma gelatina. Sem firmeza.

— Obrigada. — Sorriu minimamente.

— Venha cá! — Draco a abraçou apertado. — Sei como se sente, agora você só precisa de um banho quente e cama.

— Que horas...? — Olhou para o relógio e deixou os ombros caírem. Passou as mãos no rosto, completamente frustrada.

— Vá para casa, Granger! — Tocou seu ombro. — Você merece descansar.

Assentiu e saiu pelo corredor, passou no consultório para pegar sua bolsa e então seguiu pelo corredor. O jaleco pendia da bolsa, caminhava em passos lentos, o olhar baixo.

— Hermione?

Levantou a cabeça, já estava em frente a recepção quando o enxergou, sentado nas desconfortáveis cadeiras da sala de espera. Harry estava bonito, o blazer lhe dava um ar elegante e jovial.

— Estreguei nosso jantar, me desculpe. — Disparou, o tom chateado inundando sua voz. — O que está fazendo aqui?

— Fiquei sabendo do auror que foi ferido. Fui para casa e te esperei, quando demorou decidi para aqui e ver se estava tudo bem, juntei as peças.

Sorriu levemente e concordou com a cabeça.

— Desculpe, Harry.

Abraçou-a, acariciando suas costas com bastante delicadeza.

— Está tudo bem, não me importo com o jantar. — Afastou-se minimamente. — Você está bem?

— Só estou cansada.

— Vamos para casa!

Beijou seus lábios com delicadeza e envolveu-a num abraço afim de guia-la.


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Notas finais do capítulo

Cá estou eu, novamente atrasada!
Espero que gostem!



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