The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 29
Capítulo vinte e oito




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— Estou moída!

Jogou-se na cadeira acolchoada sem um pingo de elegância, podia estar com a postura de um trasgo e não se importaria com o que pensassem. Não tinha forças e, muito menos disposição, para manter-se ereta por mais um segundo sequer.

O dia havia sido intenso e longo, grande parte dos pacientes que atendera eram casos estranhos e, particularmente, um tanto nojentos. E isso, unido a sua noite mal dormida, apenas colaborava para que o cansaço se manifestasse.

Draco a olhava com curiosidade, sentada sem postura alguma na sua frente, o olhar sequer parecia focar em algo de tão exausta que estava. Sabia bem como era a sensação. Em seus anos como médibruxo já passara por aquilo mais vezes do que podia contar, principalmente após as longas e delicadas cirurgias que realizara.

— Soube do caldeirão. — Levantou-se e parou atrás de Hermione, pressionando seus ombros e desfazendo os nós na musculatura apenas com os polegares.

— Foi terrível! — Baixou a cabeça para aproveitar melhor a massagem. — A poção endureceu, Mérlin sabe como, e antes de tirar a cabeça do caldeirão foi necessário derreter parte do líquido.

— Soube da enfermeira que jogou o jaleco fora. — Riu ao lembrar-se da enfermeira e a mancha pegajosa em sua roupa.

Hermione concordou.

— Ela quis se intrometer no meio do feitiço.

Draco assentiu e subiu os polegares para o pescoço, pressionando gentilmente cada uma das vértebras, como se quisesse coloca-las de volta em seu lugar de origem. Alguns poucos estalos depois, deixou-a renovada.

— Obrigada!

Três batidas na porta o interromperam.

— Que não seja mais um paciente. — Hermione escorregou um pouco mais na cadeira, quase como se quisesse esconder-se.

— Entre! — Draco empertigou-se na cadeira e ajeitou o jaleco, já preparado para qualquer emergência.

No entanto, pela porta entrou um auror.

— Malfoy, você viu Hermione?

Hermione virou-se na cadeira, entrando no campo de visão de Harry.

— Por que está assim? — Entrou na sala e encostou a porta.

Draco riu e Hermione ajeitou-se da melhor maneira que conseguia.

— Digamos que o dia foi longo. — Respondeu e tratou de olhá-lo clinicamente. — Algum problema? Seus ferimentos?

Harry sorriu gentilmente e negou com a cabeça.

— Estou bem, você fez um bom trabalho. — Enterrou as mãos nos bolsos da calça como se não soubesse bem o que fazer. — Podemos jantar? Acho que precisamos disso.

— Claro!

Levantou-se e colocou os ombros de volta no lugar, o som do estalo se fez presente no pequeno consultório.

— Sugiro uma massagem antes de dormir, Granger! — Draco disse, o sorriso sarcástico dançando em seus lábios.

Despiu-se do jaleco e jogou no loiro.

— Nos vemos amanhã!

***

— Dia difícil?

Harry caminhava ao seu lado, bastante próximo.

— Você não faz ideia. — Suspirou com força. — Acho que vou deixar os relatórios para amanhã, tenho certeza de que não vou conseguir me concentrar em nada hoje.

— Havia me esquecido que você continua enviando os relatórios para o Ministério. — Comentou.

A verdade era que realmente havia esquecido desse detalhe, Hermione já estava tão presente em sua vida diária que ignorou o fato de que sua estadia não era permanente. Por mais que quisesse que fosse real, que ela voltasse para Londres, sabia que a qualquer momento o Ministério Holandês podia manda-la retornar.

— Por aqui. — Indicou a entrada do restaurante à sua esquerda.

***

Comiam lentamente, depois das primeiras garfadas Hermione pareceu recuperar um pouco do ânimo que havia sido sugado ao longo das horas cansativas de trabalho.

— Como se feriu daquele jeito ontem?

— Lembra-se daquele caso em que me ajudou? Das marcas de garras em alguns objetos?

— Hermione assentiu rapidamente. — Eram realmente lobisomens, e ontem os encontramos. A missão foi um sucesso, mas tivemos alguns percalços no caminho.

— Como pude ignorar isso ontem? Em que lua estamos, Harry? — Soltou os talheres ruidosamente sobre o prato.

Rapidamente, cobriu a mão de Hermione com a sua.

— Não vou me tornar um lobisomem, não se preocupe. — Abriu um meio sorriso. — Além do mais, todos tinham proteções sobre as unhas. Acreditamos que eles já haviam sido capturados pelo Ministério em algum outro momento.

Assentiu aliviada, e voltou a capturar os talheres.

— Gostaria de trocar suas bandagens quando chegarmos em casa, quero conferir se está tudo certo com a cicatrização. — Disse, voltando ao tom profissional.

— Claro.

O silêncio então voltou, constrangedor.

Levou algum tempo para que Harry tomasse coragem e entrasse no assunto que o atormentara o dia inteiro.

— Ontem você disse que queria conversar comigo. O que era?

Hermione piscou longamente, estava quase feliz por não ter que entrar no assunto, ao menos não quando as coisas estavam indo tão bem. Soltou os talheres e limpou os lábios, já estava satisfeita.

— Acredito que a essa altura você já tenha visto. — Começou, incerta sobre como continuar. — Há uma revista, com uma matéria imensa sobre você e a bruxa que beijou após o jogo dos Cannons.

— Ah sim. — Imitou-a e deixou os talheres de lado. — Acho que temos que nos considerar com sorte, já que nem mesmo Rony te reconheceu na foto.

— Claro, você tem razão! — Baixou os olhos, sem saber exatamente como se sentir.

— Gostaria de não ter.

Voltou a olhá-lo.

— Não sei se entendi, Harry.

— Você olhou a foto, Hermione? — Perguntou, adotando uma postura mais séria. — Porque não consigo olhá-la e ignorar sua mão me puxando para mais perto. Assim como eu não consigo me manter longe de você!

— Harry...

— Por que continua me afastando? — Perguntou, debruçando-se sobre a mesa sutilmente. — Sua desculpa sobre Gina não funciona, vai precisar de um argumento muito bom.

— Por que agora, Harry? — Disparou. — Somos amigos desde os onze anos, passamos por tantas coisas, por que agora?

— Eu não sei, Hermione! — Respondeu mais agitado do que pretendia. — Podia ter sido há anos, antes ou depois da guerra, mas foi agora. Não posso fazer nada para mudar isso!

Sacudiu a cabeça, aceitando.

— Nossos amigos...

— Não precisam saber. — Propôs calmamente. Havia pensando tanto no assunto que tinha diversos argumentos na ponta da língua. — Sei que está confusa com tudo isso, porque também estou. Mas acho que só conseguiremos entender se tentarmos, e sinceramente, eu quero muito tentar com você.

Sorriu e sentiu as bochechas esquentarem. E enfim, ignorando sua intuição e todas as dúvidas que passavam por sua cabeça, olhou-u com carinho.

— Eu também quero tentar!

***

Harry havia acabado de se deitar quando ouviu duas batidas tímidas em sua porta, e logo Hermione colocou a cabeça para dentro.

— Preciso refazer suas ataduras.

— Claro, entre! — Sentou-se na cama e acendeu o abajur ao lado da cama.

Hermione apoiou e caixinha com alguns vidros de poções sobre o criado mudo, sentou-se na beirada da cama e tratou de buscar a ponta da longa atadura. Desenrolou-a com cuidado, alisou a cicatrização e aplicou mais uma gota de ditamno onde o maior dos cortes parecia não ter se fechado por completo.

— Tudo certo por aqui. — Pegou um novo rolo e passou a enrolá-lo no peito de Harry, seus dedos tocavam a pele morna vez ou outra e a sensação eletrizando que perpassava por seu corpo era de longe, muito agradável. — Amanhã já pode tirar isso. As cicatrizes irão diminuir, mas não desaparecer.

— Tudo bem.

Assentiu e levantou-se, mas Harry capturou a ponta de seus dedos.

— Já que estamos tentando, você poderia dormir comigo essa noite. — Propôs com um sorriso suave.

— Eu só ia jogar as ataduras no lixo. — Sorriu graciosamente e saiu, para voltar segundos depois.

Deitou-se de lado, virada para Harry que tratou de imitá-la. Olhos nos olhos, corpos próximos o bastante para dividir o calor.

— Boa noite, Harry.

— Boa noite, Hermione! — Inclinou-se minimamente e selou seus lábios em um beijo rápido.


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Notas finais do capítulo

Estamos, finalmente, chegando a algum lugar!!
Espero que gostem! ;)