The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 28
Capítulo vinte e sete




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Desde a discussão vinham ignorando um ao outro, ao menos era o que Hermione deduzira. No momento em que vira a revista sabia que teria de conversar com Harry, ainda que não soubesse como encará-lo, teria que mostrar aquela notícia sensacionalista e discutir a situação.

Mas naquele dia ele chegou muito tarde.

E no dia seguinte, saiu antes que acordasse.

E chegou tarde novamente.

Sabia que não poderia culpa-lo por toda a situação, já que ela mesma havia feito a bagunça. Mas estava decidida a consertar a situação, da melhor forma possível. E por isso, depois de três dias sem resultado algum, resolveu espera-lo enquanto finalizava uma pilha de relatórios e documentos ministeriais que precisava enviar com urgência para Amsterdam.

***

Enfim terminara seus relatórios, passara mais tempo tentando se concentrar do que realmente escrevendo-os. Seus pensamentos levavam-na constantemente para momentos de sua vida ali em Londres, seduzindo-a a retornar definitivamente. No entanto, sua vida inteira estava em Amsterdã e não podia abandoná-la, não quando estava tudo em perfeito estado por lá. Uma briga interna a fazia perder um bom tempo considerando os prós e contras de tomar uma decisão.

Estava ali, sentada de frente para a escrivaninha, a pelo o menos três horas. Escrevendo, corrigindo e completamente submersa em pensamentos, mas Harry ainda não havia chegado.

Seus olhos que já não conseguiam focar nas letras miúdas agradeceram quando fechou a pasta e guardou-a sob uma pilha de papéis coloridos. Deixou a pena de faisão vermelho em cima da escrivaninha e resolveu descer para preparar um chá ou qualquer outra coisa que pudesse acalmar sua mente inquieta. Quando estava próxima dos últimos degraus ouviu a porta da frente bater e passos pesados se arrastarem pelo corredor.

— Harry, será que poderíamos conversar? — Quando virou-se para olhá-lo encontrou-o sentando-se no sofá com bastante dificuldade. — Por Mérlin!

— Devia ter visto o outro cara. — Gemeu durante a frase, escorando-se melhor nas almofadas.

Hermione o olhou com espanto. A capa de Harry estava dilacerada, retalhos do tecido se enrolavam e cortes longos cruzavam seu peito, deixando seu uniforme empapado de sangue.

— Não brinque com isso, por que não foi para o St. Mungos? — Ajoelhou-se na frente do amigo. — Accio toalhas.

Toalhas brancas e perfeitamente dobradas alcançaram sua mão no exato segundo em que a ergueu. E automaticamente enrolou as mangas da camiseta até os cotovelos e prendeu o cabelo para afastá-lo do rosto.

— Consegue tirar a roupa? — Perguntou distraída em molhar as toalhas com um feitiço.

Não percebeu o sorriso nos lábios de Harry que lentamente começou a mover-se, tentando sair de dentro da capa. Somente quando ergueu o rosto para olhá-lo foi que notou sua dificuldade, decidiu portanto, ajuda-lo.

— Isto está bem feio! — Disse em um tom que Harry conseguiu decifrar como preocupação, pura e clara. Hermione tocou a volta dos ferimentos e ainda o olhou com um pouco de pena antes de avisá-lo: — Provavelmente vai doer um bocado.

— Mais do que você imagina. — Respondeu, jogando a cabeça para trás.

Hermione afastou uma almofada e sentou-se na beirada do sofá, dali tinha uma visão melhor do peito de Harry, três longos cortes cortavam-no diagonalmente, do ombro esquerdo ao quadril direito. Nenhum dos cortes era profundo, mas suficientemente largos para que sangrassem bastante.

Assim que tocou a pele dilacerada com a toalha Harry gemeu e trincou o maxilar.

— Serei rápida, depois usarei um feitiço para fechá-los. — Voltou a passar a toalha por toda a extensão do ferimento, tão suavemente quanto era capaz de fazê-lo. — Tenho certeza de que ficarão cicatrizes.

— Uma a mais não fará diferença. — Rosnou quando a pressão tornou-se mais forte.

Em silêncio deixou que Hermione tomasse conta da situação e limpasse seus cortes com delicadeza, passou a observá-la e ignorar a dor latejante. Fascinava-o o modo que ela mordia o lábio quando estava focada em alguma coisa, a precisão de seu toque nos pontos exatos e o quão aquilo parecia normal. Sua reação fora imediata, não houve hesitação ou receio de fazê-lo, simplesmente mandou com seu nariz arrebitado que tirasse a roupa para que pudesse dar um jeito naquilo. Não evitou o sorriso leve que brotou em seu rosto.

— Esse sorriso idiota vai sumir assim que eu começar a aplicar ditamno nos seus cortes, Potter. — Disse duramente sem sequer desviar o olhar do que fazia.

— E você está brava por alguma razão que eu desconheço. — Comentou tentando imaginar o que a fizera mudar de atitude em segundos. — Abra o jogo, Hermione!

— Não acredito que continua se metendo em confusão depois de tanto tempo. — Murmurou com desgosto enquanto levantava-se e revirava sua bolsa jogada sobre uma poltrona verde esmeralda.

— Entrar em confusão faz parte do meu trabalho agora, pensei que soubesse disso. — Não tirou os olhos dos movimentos de Hermione, que voltou a sentar-se na beirada do sofá, agora com o frasco de Ditamno nas mãos. — Além do mais, eu tenho você comigo.

— Harry... — Baixou o rosto para os cortes. — Vai doer, certo?

— Faça logo!

Meia dúzia de pingos do líquido transparente no primeiro corte, o menor de todos. Harry fechou os olhos e apertou a mandíbula, os dentes trincados impedindo que qualquer som saísse de sua boca. No corte abaixo pouco mais de duas dúzias de pingos para cicatrizar o ferimento, dessa vez Hermione tocou o peito de Harry para mantê-lo no lugar, uma vez que seu corpo convulsionou para frente.

— Falta apenas um, será rápida, prometo! — Disse baixinho e suavemente, como se isso pudesse de algum modo protege-lo da dor.

A fina fumaça verde saía dos cortes enquanto a pele ao redor se fechava unindo-se à cauterização.

Assim que Hermione inclinou-se para fechar o último corte Harry cobriu sua mão ainda espalmada contra o peito masculino, ela olhou-o curiosa e recebeu em resposta um breve movimento positivo.

O terceiro corte se fechou, dando fim aos gemidos e rosnados de Harry.

— Obrigado! — Arfou, como se lhe custasse muito falar controladamente.

— Quando precisar. — Hermione tocou as cicatrizes recém-formadas, contornando-as suavemente com a ponta dos dedos. — Apenas prometa que terá mais cuidado.

Seus olhos se encontraram, e algo não deixou que desviassem.

— Sabe que não posso prometer isso.

Hermione não demonstrou desapontamento, já esperava por uma resposta como aquela. Mas surpreendeu-se quando Harry inclinou-se usando de apoio os cotovelos e sentou-se perfeitamente, aproximando seus corpos consideravelmente. A imponência dos ombros largos e do peito nu tão perto a paralisaram, e tudo o que conseguia era acompanhar seu olhar.

Harry passou uma mão pela cintura de Hermione, segurando-a no lugar, e quando não houve protesto passou os lábios pelo pescoço, maxilar e canto de seus lábios rosados. Viu quando ela fechou os olhos e entreabriu a boca, deixando um rápido suspiro escapar. Roçou os lábios sobre os dela, lentamente, esperando por alguma reação, mesmo que mínima. Somente os colou quando Hermione tocou seu peito novamente, a mão hesitante tocando-lhe tão gentilmente foi o estopim para que a beijasse.

Queria tê-la mais perto, dessa forma apertou o abraço na cintura estreita, tentando puxá-la para mais perto, mas havia alguma sanidade que os impedia de fundirem-se, a mão de Hermione espalmada em seu peito controlava o espaço entre seus corpos e parecia ser a única razão que evitava irem mais longe do que um longo beijo.

Quando enfim separaram-se, Hermione soltou o pescoço de Harry e afastou-se tanto quanto ele permitiu. Olhava-o com dúvida, apesar de seus olhos denunciarem o tanto que aquele beijo mexera consigo.

O silêncio fora longo, e por mais que olhassem de um para o outro não conseguiam pensar em palavras para contornar a situação, Harry quisera beijá-la e o fez, Hermione não o impediu ou protestou, quis tanto quando ele. Contudo, ela foi quem quebrou o contato visual, buscando desesperadamente qualquer coisa que não o corpo de Harry.

— Você deve estar cansado, vou preparar algo para jantarmos. — Afastou-se do abraço e seguiu para longe, levando consigo as toalhas manchadas de sangue.

Quando Harry seguiu para a cozinha depois de passar pela ducha quente, Hermione já havia se deitado, deixando o jantar pronto e aquecido magicamente. Sabia que a partir de agora ela fugiria do assunto até que conseguisse achar uma resposta lógica e racional para o que havia acontecido.

Harry, contudo, não ficaria chateado de tentar descobrir uma resposta junto de Hermione, desde que pudesse tê-la nos braços novamente.


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês!
Até logo



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