The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 26
Capítulo vinte e cinco




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Como na noite em que dormiram no sofá, sentiu a mão de Harry em sua cintura, dessa vez, no entanto, parecia lhe segurar com mais firmeza, como se não quisesse que se afastasse. Sua mão, espalmada no peito rígido, subia e descia com a respiração tranquila e constante.  Queria demorar-se um pouco mais ali, mas sabia que seria necessário encarar a situação, não importava o que preferia, teriam que definir o que acontecera.

— Bom dia! — O sorriso de Harry a desarmou instantaneamente. Assim como seu cabelo bagunçado, o timbre mais rouco que o normal e a forma que apertou-a o suficiente para poder inalar o perfume em seu cabelo desgrenhado.

Seu plano fora por água abaixo em duas palavras.

— Dia! — Apertou-se no amigo, de modo que pode esconder o rosto corado.

O que diria? Como explicaria? Estava nua e teria que se levantar para que pudessem conversar. Seu plano B era péssimo, mas teria que ser o suficiente até que pudesse sair do quarto e ficar sozinha por alguns minutos. Era isso, e estava decidido. Faria de tudo para que parecesse confortável com aquilo, como se fosse uma situação bastante comum em sua vida.

Após algum tempo montando sua estratégia infalível, ouviu-o:

— No que está pensando? — Com a pergunta o toque em sua cintura se intensificou, como se propositalmente a quisesse mover da posição em que estava.

Sorriu preguiçosamente e manteve o olhar fixo na parede, havia algo ali que prendia sua atenção, provavelmente o fato de não ter de olhá-lo e encarar aquilo que fizera.

— Nada!

— Sem chances.

A voz dele estava rouca, recém acordara e o timbre grave fazia sua pele arrepiar-se.

— É sério. — Sorriu novamente, dessa vez contendo a vontade de olhá-lo. Sabia que Harry a olhava minunciosamente, notara o modo fixo que ele observava as coisas ao redor, uma mania adquirida em anos trabalhando como auror.

— Eu apenas estava aqui e... Não sei, é difícil minha cabeça esvaziar dessa forma.

— Sei o que quer dizer. — E então Hermione o olhou em questionamento. — As coisas nunca foram fáceis, não que sejam agora, mas houve um momento em que não havia nada para pensar e isso me deixava confuso.

— Depois da guerra...

— Exatamente! — Concordou e ajeitou-a em seus braços, queria olhá-la e ficou satisfeito quando Hermione finalmente permitiu.

— Nunca conversamos muito sobre como foi aquele período, também, não tivemos muito tempo. — Ajeitou a mão cuidadosamente sobre o peito de Harry, explorando-o um pouco mais, e gostou da sensação.

Harry concordou e imitou-a, passou a desenhar círculos nas costas de Hermione.

— Você decidiu voltar para Hogwarts e logo depois nos contou sobre ir para a Holanda. — Disse baixinho, as memórias bastante vívidas em sua mente. — Rony e eu estávamos no ápice da carreira como aurors... Foi tudo muito rápido.

Não sabia se Harry esquecera ou preferira deixar de fora, tampouco comentou, mas estava em seu casamento com Gina. Ao lado de Rony testemunhou os votos matrimoniais, bem como o beijo apaixonado que trocaram para selar a cerimônia.

Decidiu sair do devaneio, mas já era tarde demais.

— Harry, o que nós fizemos?

Pelo tom de sua voz ficou evidente ao que se referia, bem como os muitos sentimentos envolvidos. Até mesmo moveu-se, saindo do abraço.

— Nós nos beijamos, derrubamos algumas coisas no trajeto até o quarto e depois fizemos am...

— Mérlin! — Hermione cobriu o rosto com as mãos.

Harry riu, conseguia ver o rubor que cobria as bochechas de Hermione, até aquele momento ficara impressionado pela indiferença da amiga em relação ao modo que se entregaram ao desejo. Perguntava-se quando toda aquela encenação terminaria.

— Venha cá! — Puxou-a para mais perto e deixou um beijo suave sobre suas mãos. — Não fizemos nada de errado, nós apenas...

— Dizer em voz alta não melhora a situação! — Seu resmungo foi abafado pelas mãos.

Queria desaparecer, seu plano B falhara miseravelmente.

— O que é tão terrível que você não quer nem me olhar, Mione? — Acariciava o cabelo amassado e bagunçado, espalhado por todo o travesseiro. — Foi ruim? Eu fiz algo... Te machuquei?

Pensar nessa possibilidade o feria, mas Hermione saiu de seu esconderijo, ainda enrubescida.

— Não foi nada disso, Harry. — Tocou-o no braço, buscando algum sustento. — Foi ótimo, em todos os aspectos. É só que eu sinto que fiz algo errado, parece que traí tudo aquilo que eu conheço.

Harry sorriu.

— Então foi ótimo?

— Não acredito nisso, Potter! — Apoiou-se nos cotovelos, saindo do abraço. — De todas as coisas que eu disse, essa foi a única que você entendeu?!

Seu rosto estava vermelho, mas já não culpa da timidez. Harry gargalhava.

— Claro que não, também ouvi quando disse que foi ótimo em todos os aspectos.

— Francamente!

Bufando ruidosamente, afastou-se e jogou as pernas para fora da cama, pronta para dar fim àquilo. Já mirava sua blusa no meio do quarto quando Harry e segurou pela cintura e puxou-a para cima de seu corpo, um grito escapou.

Espalmou as mãos nos ombros de Harry, seu cabelo caiu em seu rosto e simplesmente não moveu-se mais. Sentia-o completamente colado em seu corpo, e ficar imóvel era tudo o que podia fazer para ignorar os pontos onde seu corpo formigava.

— Quando fica irritada seu nariz fica arrebitado! — Afastou as mechas para trás de sua orelha muito delicadamente. — Gosto também da forma que está corada.

Fechou os olhos como se pensasse uma última vez em sua estratégia e então firmou as mãos nos ombros de Harry e impulsionou seu tronco para cima. Mas desistiu tão rápido pôde quando notou o olhar do amigo pousar diretamente em seu peito nu.

— Harry. — Gemeu frustrada e escondeu o rosto na curva de seu pescoço.

Voltou a sentir o toque em seu corpo, dessa vez ele a abraçava, as mãos tocando-a nas costas logo acima da cintura. Delicado e suave, o toque parecia querer lhe tranquilizar.

— Hermione, podemos conversar se é o que quer. — Girou seus corpos e deitou-a lateralmente, mas não fez questão de soltá-la. — Vou levar a sério, dessa vez.

— Promete? — Afastou-se, o suficiente para olhá-lo.

— Prometo!

Olhava-a com atenção, buscando algum sinal de que mentia.

— Preciso me vestir, não vou conseguir me concentrar desse jeito. — Explicou-se e virou o corpo, puxando o lençol para se cobrir.

Harry jogou o corpo no colchão e cobriu os olhos com o antebraço.

— Você não pode falar esse tipo de coisa e esperar que eu fale algo sério.

Ignorou-o e analisou o quarto pela primeira vez desde que acordara. A palavra bagunça não fazia justiça ao estado do ambiente, tampouco tinha certeza se algum daqueles objetos não fora derrubado por eles na noite anterior enquanto buscavam pelo caminho até a cama. Suas roupas estavam fora de seu campo de visão, que imediatamente foi tomado por Harry, seminu, lhe oferecendo sua própria camisa.

— Não sei onde estão suas roupas, tenho certeza de que uma das nossas varinhas fez o estrago quando a joguei para fora da cama. — Olhava o quarto, mais diretamente para seu roupeiro explodido e as diversas peças de roupa espalhadas. — Vista isso por enquanto.

Fez o que Harry disse e sentiu-se um pouco melhor, mas preferia que suas pernas estivessem cobertas.

— Isso não pode acontecer novamente! — Disse com os braços cruzados em frente ao peito, a coluna alongada para parecer maior e mais confiante do que realmente sentia-se. — Ainda não tenho certeza de como foi acontecer, mas é errado, Harry.

— Errado? — Imitou-a e cruzou os braços sobre o peito, a sobrancelha arqueada parecia indagar sua decisão.

— Sim. — Exalou todo o ar de seus pulmões e tomou a coragem necessária para prosseguir. — Somos amigos desde os onze anos, por que agora? É estranho!

— Não foi estranho ontem à noite quando você tirou minha camisa, ou quando a toquei em...

— É errado. — Cortou-o. — Você acabou de se divorciar, está tudo tumultuado demais ainda, tenho certeza que foi só um momento de confusão.

Sacudiu a cabeça e soltou um riso incrédulo.

— Tudo bem, supondo que eu realmente estivesse confuso por causa do divórcio, e não porque te acho linda e estivesse desejando te beijar há dias. O que te motivou a dormir comigo? 

E lá estava Harry James Potter — auror condecorado, investigador nato com ótima capacidade em interrogatórios complexos, seminu — bem na sua frente. Analisando-a desde o segundo em que acordaram, encurralando-a cada vez mais. Empurrando-a para que se enrolasse nos próprios argumentos até que a resposta que tanto desejava ficasse clara e nítida.

Estava presa contra a parede. Dizer algo ou manter-se em silencio dariam no mesmo. Só o que podia era conservar o pingo de dignidade que restara e observá-lo, esperando que expusesse exatamente o que não dissera. Mas diferente do que imaginou, Harry também não disse nada, e quando se aproximou apenas baixou o rosto para selar seus lábios mais uma vez.

Deixou que o beijo se aprofundasse, inclusive permitiu-se passear as mãos pelo peito de Harry e então subir até alcançar-lhe o rosto. Mas não deixou que durasse mais que poucos segundos.

— Não podemos. — Disse enquanto sua mão ainda tocava-lhe o rosto.

Escorreu delicadamente para fora do abraço e caminhou em direção a porta. Não importava se estava sem suas roupas ou varinha, teria tempo para procurar por tudo depois, com calma e a cabeça mais clara.

— Um motivo.

— Gina é minha amiga!

— Não foi empecilho ontem à noite, por que seria agora?

Não respondeu, apenas saiu do quarto e bateu a porta com força.


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Notas finais do capítulo

Cá estamos!!!! Tenho adorado os comentários, vocês são incríveis. ♥
Até logo



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