The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 21
Capítulo vinte




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Estava, definitivamente, fugindo de Harry.

Na última semana saía mais cedo e chegava mais tarde, sempre com a desculpa ensaiada: os orientadores a estavam testando, já havia jantado e precisava finalizar alguns relatórios para o ministério. Fazia de tudo para não ter que passar mais de cinco minutos com o amigo, e apesar de parecer simples, a rotina de fugas e escapadas estavam deixando-a exausta. Sentia o corpo no limite, nem mesmo as quinze xícaras de café que tomava durante o dia surtiam algum efeito.

— Você precisa descansar!

Já ouvira aquela mesma frase tantas vezes que perdera as contas. E tinha de admitir para si mesma, a situação em que se enfiara era ridícula em tantos aspectos que pontuá-los levaria horas. Mas ao mesmo tempo sabia que não seria capaz de encarar o que acontecera, ao menos não até que tivesse uma justificativa ou qualquer coisa que fizesse algum sentido em sua cabeça.

Estava mais uma vez sentada na cantina do Hospital, descansando nos vinte minutos de intervalo que teria durante toda a tarde. Em sua frente uma xícara e chá fumegava pela metade, mas sua cabeça mantinha-se longe, flutuando nas lembranças do último sábado.

Haviam concordado que sentiam falta de uma programação trouxa, resolveram então por um cinema no fim da tarde daquele sábado nublado e gélido. Eram dois estranhos na sala de cinema rodeados de pessoas normais, mas apesar do estranhamento inicial, o filme fora divertido e puderam aproveitar a experiência.

Enquanto faziam o caminho de volta para casa uma chuva fina passou a cair misturada ao vento frio, mas com o grande fluxo de pessoas correndo e buscando abrigo não podiam desaparatar de volta ao Largo. Hermione empurrou Harry em direção a uma cabine telefônica e apertou-se lá dentro com o amigo.

— Acho que podemos aparatar daqui! — Esticou o braço para fechar a portinhola da cabine. — O que foi?

Notou que Harry a encarava de maneira curiosa, não soube identificar o significado do seu olhar.

— Isso me lembra aquela noite em que fomos encontrar Draco e você bebeu um pouco demais. — Disse sem tirar os olhos de Hermione, buscando por uma reação, mesmo que mínima. — Você não lembra, não é?

— De pouca coisa.

Harry ajeitou-se, ficando de frente para Hermione e deixando que seus corpos se encostassem em alguns pontos. Encenava exatamente o que acontecera naquela noite, esperando que encontrasse a resposta que tanto buscava.

— Da cabine telefônica? — Seu tom de voz adotou um timbre mais brando e rouco, seu olhar pousou diretamente nos olhos de Hermione e intercalou atenção com seus lábios.

Não conseguiu responder, sua voz entalada na garganta tamanha intensidade com que ele a observava. Instintivamente seus corpos se encaixaram, os braços de Harry circundando sua cintura como se já o tivesse feito outras vezes enquanto passou a segurar-se nos braços firmes. Os olhares que intercalavam entre olhos e lábios se fecharam, guiados somente pelo desejo. Os lábios roçaram delicadamente um no outro, como se testando o toque suave e a eletricidade que vibrava.

Não foram capazes, no entanto, de dar seguimento. Uma buzina do lado de fora os assustou, fazendo com que voltassem e percebessem onde estavam.

— Podemos desaparatar daqui. — Hermione olhou para fora, conferindo se alguém os olhava e quando se deu por satisfeita, estendeu a mão numa oferta silenciosa.

Sacudiu a cabeça, livrando-se das lembranças que atormentavam até mesmo seu sono. Não entendia como chegaram àquele ponto, sempre foram amigos, mas um beijo estava longe de ser algo que cogitara alguma vez em sua vida.

— Srta. Granger?

Levantou a cabeça para a auxiliar que se aproximava, bastante agitada.

— Dr. Malfoy precisa de você na emergência!

Saltou nos calcanhares e saiu apressada acompanhando a garota. Ao sair do elevador foi fácil encontrar Draco e dois de seus orientadores conversando em frente a um dos consultórios, mas um vulto no corredor a sua direita chamou atenção, fazendo com que parasse.

— Harry?

— Hermione! — Aproximou-se da amiga e a abraçou com força, quase com saudade. — Rony foi atacado, acabei de trazê-lo.

— Eu...

— Granger! — Afastou-se e Harry e virou-se para Draco que já se aproximava. — Você vai para a emergência comigo, apenas acompanhar.

Concordou com a cabeça e prontamente o seguiu pelo corredor, deixando um olhar de desculpas para Harry. Assim que possível voltaria para informá-lo do estado clínico de Rony, mas agora estava de mãos atadas e em serviço.

Entrando na emergência prendeu o cabelo no alto da cabeça, posicionou a máscara sobre o nariz e boca, amarrando-a com firmeza no rosto. Vestiu o avental cirúrgico e as luvas, preparada para seguir Draco e os auxiliares que entravam confiantes na sala.

Sabia pouco sobre o prognóstico de Rony, um “ataque explosivo” foi tudo que Draco lhe dissera. Mas a sala de cirurgia só podia significar ferimentos grandes, lacerações e cuidados intensivos.

Foram duas horas na sala cirúrgica. Hermione não auxiliou diretamente, mas observava as ações médicas de Draco e dos auxiliares ao redor do corpo inconsciente de Rony com bastante atenção. Tentava prever alguns dos procedimentos e percebeu que faria a mesma coisa que os médibruxos.

Controlar os sentimentos em relação ao amigo era imensuravelmente mais difícil do que pensou que seria. Queria segurar sua mão pálida e confortá-lo, mas como médibruxa não podia, não naquele instante.

Quando saíram da sala e despiram-se dos aventais abraçou Draco com força, um agradecimento silencioso.

— Você está liberada por hoje, Granger.

Sorriu cansada.

— Se não se importar, vou avisar Harry sobre a cirurgia. — Recebeu como resposta um movimento simples de cabeça.

Surgiu no corredor com os ombros caídos, o corpo bastante cansado, mas sorriu quando Harry levantou-se para espera-la. Ao abraça-lo, deixou que todo o medo pelo amigo e tensão simplesmente desaparecessem.

— Ele vai ficar bem. — Murmurou contra o peito de Harry que acariciava suas costas gentilmente.

— Sei que vai, você estava lá com ele. — Separaram-se e Hermione sorriu minimamente. — Avisei os Weasley, pedi que não se preocupassem, mas seria bom informa-los.

— Claro. — Respondeu automaticamente. — Ele teve algumas perfurações de estilhaços na parte superior das costas, e posterior do braço direito. Foi tudo retirado e fechado, a cicatrização vai ser tranquila. Rony vai ficar em observação pelas próximas horas, depois de acordar faremos mais alguns exames. Provavelmente será liberado no início da noite de amanhã ou na manhã seguinte.

Respirou depois de todas as informações que acumulara. Harry sorriu lateralmente, bastante orgulhoso de seu discurso.

— Vou enviar um patrono!

Concordou e assim que Harry se afastou em direção à recepção, a maca onde Rony repousava dobrou o corredor, auxiliares os levavam até o quarto. Aproximou-se e sorriu um pouco mais tranquila. Odiava vê-los feridos, durante a guerra teve sua cota de preocupações e ferimentos ocasionais, mas era claro que agora não seria diferente.

Sentou-se nos bancos dispostos em frente ao quarto e deixou a cabeça pender para trás, mas antes que tivesse tempo de pensar em todos os fatos exaustivos que aconteceram em um único dia, Harry voltou.

— Avisei os Weasley que ele ficará bem. — Sentou-se ao lado de Hermione, ainda segurava a varinha. — Pedi para que Arthur e Molly ficassem em casa, não tem necessidade de passaram a noite no hospital. Gina está em viagem com o time e os gêmeos devem vir amanhã.

Concordou.

— Eu vou ficar essa noite, caso ele precise. Mas você tem que ir para casa!

— Vou ficar, Harry. — Afirmou contraditoriamente e embarcaram no mais tranquilo silêncio.

 

Já era bastante tarde, mal conseguia manter seus olhos abertos, apesar de lutar com sua consciência. Ouviu quando Harry riu baixinho, mas até mesmo para olhá-lo levou alguns segundos.

— Venha. — Segurou-a pelos ombros e puxou sua cabeça para baixo, até deitá-la em seu colo. — Pode dormir, Mione.

Queria lutar e dizer que não era necessário, principalmente depois de ter fugido uma semana inteira de qualquer contato físico com Harry, mas não era capaz. O cansaço a dominou rapidamente, e sequer teve noção do momento em que adormeceu.


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo para vocês!!
Até logo



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