The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 2
Capítulo Um




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784245/chapter/2

O estalar da madeira a acordou, abriu os olhos rapidamente e mirou a varinha sobre o criado-mudo ao lado da cama, seus instintos defensivos muito acelerados. Demorou a lembrar-se onde estava e o que significava sua estada ali, e somente depois que seus batimentos voltaram ao normal foi que saiu da cama. Suas roupas continuavam dentro da bolsinha, não tinha certeza de quanto tempo ficaria, e desfazer a mala significava muito mais do que gostaria de se preocupar por ora.

Terminava de pentear o cabelo quando pelo espelho notou a sombra de baixo da porta, dois pés parados de frente para seu quarto. Harry devia estar cogitando a ideia de bater ou deixa-la dormindo, e para poupá-lo de tomar uma decisão, caminhou até a porta e abriu-a.

— Ah, já está acordada. Ótimo! — Parecia incerto de como agir. — Eu só tenho que ir mais tarde, pensei em tomarmos café da manhã em algum lugar e depois fazer qualquer coisa, como nos velhos tempos.

— Desde que não tenhamos de procurar Horcruxes está ótimo para mim! — Notou os ombros de Harry caírem aliviados, assim como o sorriso se tornando uma risada natural. — Só vou pegar minha varinha e podemos ir.

— Certo! — Optou por espera-la no andar de baixo, ainda tentando entender aquela Hermione que abandonara o trabalho para socorrê-lo durante seu divórcio. Era bastante irônico que a única pessoa a procura-lo era aquela que estava mais distante de sua vida.

Fazia seis anos que não convivia com Hermione, trocavam notícias e haviam visitado um ao outro nos últimos anos, mas parecia que não a conhecia mais. Além de sua aparência estar completamente mudada, sua personalidade parecia ter ido pelo mesmo caminho. Não conversaram muito no final do dia anterior, ainda estava instalando-se no Largo e agradeceu a ajuda de Hermione para organizar algumas coisas e limpar outras.

Quando acordou naquela manhã não tinha ânimo para aturar os novos recrutas e toda a papelada que sabia estar acumulada sobre sua escrivaninha. Tampouco estava com vontade de encarar aqueles olhares de julgamento ou pena, nenhum deles faria bem para sua sanidade já desequilibrada.

O casamento com Gina era bom, quase confortável demais, mas não os fazia felizes há muito. Vira durante os anos sua esposa perder o brilho nos olhos, afastar-se lenta e gradativamente, esquivar-se de determinadas situações e momentos que deviam dividir como um casal. Nada o machucou tanto quanto vê-la tornar-se radiante novamente, sorrir e cantarolar pela casa, não mais por ele. Quando a questionou sobre o novo homem em sua vida, ela não mentiu. Detalhou sobre a forma que sentia-se em relação ao médibruxo de seu time de quadribol.

“Ele não sabe de que forma me sinto. Ninguém sabe, ainda.” Dissera Gina, sem ressentimento algum.

A partir dali passara a dormir no sofá, quase duas semanas até que a ruiva lhe entregasse um envelope amarelo com os pergaminhos do divórcio. Não haviam contado para a família, sequer tiveram a chance, a notícia fora dada pelo Profeta Diário e dezenas de outras revistas e tabloides sensacionalistas.

— Aonde vamos? — Hermione descia as escadas, ajeitando o casaco de lã grossa nos ombros, a ponta da varinha saindo de um dos bolsos.

Harry notou que havia uma leveza nos movimentos de Hermione, como se sentisse segura de si e confortável. Não notara esse detalhe no dia anterior.

— Você é a visitante, tem algum lugar que queira ir?

— Promete não rir? — Pediu, mas suas bochechas já haviam se tornado rosadas. Harry assentiu. — A casa de chá Madame Puddifoot!

A expressão no rosto de Harry partiu de séria para sarcástica, onde transformou-se para algo entre diversão e indiferença, no fim das contas não conseguiu segurar a gargalhada.

— Você prometeu! — Acusou-o, um tanto constrangida com seu pedido.

— Por que, de todos os lugares no mundo, quer ir lá? Você nunca gostou daquele lugar! — Tentava controlar-se, mas a lembrança de seu terrível encontro com Cho Chang naquele café extremamente cor-de-rosa só fazia-o querer rir mais e mais.

— E continuo não gostando, mas tenho sonhado com aquela tortinha de nozes por anos. Não existe outra igual! — Suspirou, dissera a verdade, já provara tantas imitações, mas nenhuma chegara aos pés das tortas de nozes com chocolate da Madame Puddifoot. — Vai continuar rindo de mim ou sugerir outro lugar que não seja tão desagradável?

— Não disse que não a levaria lá, mas me prometa que vamos apenas pegar suas preciosas tortinhas e sair o mais rápido possível. — Pediu para a amiga que concordou com um grande sorriso no rosto. — Então vamos lá!

***

— Nunca mais entro nesse lugar! — Harry disse ao sentar-se numa mesa com toalha cor de rosa bem no fundo do estabelecimento.

O lugar estava quase vazio, e a simpática atendente acabou por convencê-lo a ficar e experimentar o chocolate quente — disse que ninguém se arrependia após beber uma xícara — e enrolou-o com seu papo até conseguir levá-los para a mesa nos fundos.

— Está feliz? — Hermione mordia a tortinha que tanto desejara, sua expressão era de puro prazer e deleite.

— Não faz ideia do quanto eu sonhei com isso aqui! — Indicou o doce em sua mão e lambeu os lábios. — Não faça essa cara, até aceito dividi-las com você!

Harry sorriu.

— É o preço a se pagar por me forçar a ficar nesse espaço cor-de-rosa por mais de cinco minutos! — Olhou a decoração exageradamente monocromática e produziu uma careta. — Isso deve fazer mal, não é possível que seja normal.

— Umbridge tinha problemas, talvez fosse a única prova viva de que exagerar no uso de rosa pode ser prejudicial à sanidade! — Comentou despreocupada, mas riu de sua própria teoria e foi acompanhado por Harry.

— Certo, já que vai me obrigar a ficar aqui, quero que me conte como é a sua vida em Amsterdã. Quero detalhes que não comenta em suas cartas! — Pediu quando suas bebidas chegaram.

Hermione mordeu os lábios e suspirou apaixonadamente.

— Amsterdã é incrível de tantas maneiras diferentes! — Começou a contar sobre como vivia lá, seu trabalho no Ministério Holandês, viagens que fizera, pessoas que conhecera. Harry ouvia cada palavra sua atentamente, e durante seu monólogo percebeu a falta que aquilo fizera em sua vida, ter alguém para quem contar tudo que acontecia, alguém que palpitava e ria de alguma história engraçada. — E é isso!

Suas xícaras já estavam pela metade quanto terminou, Harry ainda sorria por conta da última história contada por Hermione.

—Sabe, Harry, gosto da sua barba, mas o bigode não ficou muito bom. — Sorriu divertidamente.

— O quê? — Passou a mão pelos lábios rapidamente, enquanto Hermione controlava-se para não rir de suas falhas tentativas de se livrar do chocolate.

— Espere aí. — Inclinou-se sobre a mesinha e usou o guardanapo de renda rosa para limpar o restante. — Perfeito.

Agradeceu-a.

— Se importa de irmos? Gostaria de caminhar pelo vilarejo.

— Nem um pouco! — Levantou-se rapidamente, deixando algumas moedas como pagamento pelo o que consumiram. Sequer despediu-se da atendente, queria sair dali o mais rápido possível, e de preferência, nunca mais pisar na casa de chás.

Do lado de fora a neve batia pouco acima de seus calcanhares, dificultando a caminhada, que apesar dos transtornos, foi encarada com animação por Hermione que arrastava-o pelo vilarejo.

— Avisou alguém que viria para Londres? Rony? — Harry perguntou enquanto caminhavam pela clareira em direção à Casa dos Gritos, seu braço entrelaçado ao da amiga como nos velhos tempos.

— Na verdade não, mas quero vê-lo. — Falou, abaixando-se para que o galho não a acertasse. — Gostaria de conversar com Gina, também.

— Ela é sua amiga, não irei impedi-la, você sabe. — Mas no fundo, partilhar Hermione com Gina era algo que não lhe agradava muito. Queria manter a amiga somente para si, um meio de tirá-lo do olho do furacão e distrair-lhe do mundo que continuava girando cruelmente ao seu redor.

— Esse lugar não mudou nada. — Soltou Harry e seguiu em passos vacilantes pela neve funda até aproximar-se da cerca de arame farpado. A nostalgia em sua voz, assim como o carinho pelo lugar o fez sorrir. — Está exatamente como me lembro!

Sentaram-se num tronco caído e passaram bons minutos apreciando o lugar, Harry não ia ali há muitos anos, e observar a casa novamente o fazia reviver bons momentos em suas lembranças. E com Hermione podia compartilhá-las, viveram a maior parte delas juntos, afinal de contas.

Depois do café da manhã sentia como se ela nunca tivesse deixado Londres, e as mudanças que reparara anteriormente foram esquecidas por tudo aquilo que já conhecia. Contou então sobre a Gemialidades Weasley e o sucesso que os produtos faziam, o noivado de Rony, e a filha de Bill e Fleur. Teddy que já sabia montar numa vassoura com maestria, e seu trabalho como Chefe dos Aurors.

Hermione absorvia as informações com deleite, perdera tanto naqueles seis anos que achava ser impossível encontrar-se e continuar de onde parara. Mas Harry começara a lhe mostrar o contrário, no entanto, tinha tempo para inteirar-se, resolveu que não o atrasaria para o trabalho e mandou que fosse logo.

— Ainda sei me virar em Londres, fique tranquilo! — Disse pouco antes de vê-lo aparatar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Acho que somente o prólogo não dá muita ideia do que vai acontecer. Então, espero que gostem ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Divorce" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.