The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 18
Capítulo Dezessete




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— Harry, você viu meu cachecol? — Levantava as almofadas do sofá, mas desistira de encontra-lo.

— Não. — Respondeu de maneira simples, já vestindo sua capa preta. — Mas use o meu, está aqui.

Hermione entrou no corredor e sorriu para o amigo que enlaçou-a com o cachecol escarlate e dourado, aproximando-a de si de forma sutil, para arrumá-lo em seu pescoço.

— Isso está péssimo! — Referia-se ao óculos tortos sob o nariz do amigo.

Sacudiu a cabeça e tirou-o do rosto de Harry. Enquanto pegava a varinha para consertar as hastes desniveladas, não percebeu quando o bruxo aproveitou sua distração para puxá-la um pouco mais em direção ao seu abraço. Estava testando a distância de seus corpos e o que a proximidade causava.

Desde a noite em que fora beijado dentro de uma cabine telefônica sua cabeça ficava passando imagens dos dois juntos, desde os tempos de Hogwarts até os últimos momentos que dividiram, como um filme, as imagens se repetiam durante o dia inteiro. Sem pausa. Sem ordem. 

As lembranças, no entanto, agora pareciam ter um significado diferente que jamais se dera conta.

Quando dormiram juntos no sofá pequeno sentiu a mágoa e ressentimento desaparecem de seu peito. E naquele dia, experimentou, pela primeira vez em muitos meses desde que iniciara o processo de divórcio, seu coração bater novamente. Como se algo o fizesse voltar à normalidade, à vida.

Mas tão rápido Hermione ajeitou seus óculos, se afastou e saiu pela porta. Como se nada tivesse acontecido.

Mas Harry estava disposto a descobrir o que aquilo significava.

***

— Potter não falou nada?

Hermione tirava as luvas para jogá-las na lixeira. Acabara de limpar brotoejas causadas por uma planta venenosa do corpo de um bruxo, as bolhas explodiam em um pus verde com cheiro extremamente forte. Seu jaleco saíra intacto, mas tinha certeza de que sentiria o odor forte o dia todo.

— Sobre o quê?

— Sobre você ter voltado acompanhada para casa ontem. — Cruzou os braços enquanto a observava fazer as devidas anotações no prontuário.

Com a sobrancelha arqueada o olhou e revirou os olhos.

— Acompanhada por você?

— Potter está marcando território. E não foi apenas ontem! — Disse com firmeza e seriedade. — Quando saímos ele não tirava os olhos de você.

— Engraçado você dizer isso, foi a mesma coisa que Harry me comentou. — Jogou a varinha dentro do bolso do jaleco e agarrou a prancheta com mais força do que gostaria. — Minha opinião: vocês são duas crianças mimadas que não suportam me ver dar atenção para o outro.

Irritada com o comentário de Draco, saiu do consultório com passos firmes, encaminhando-se para a cantina onde poderia almoçar em silencio e tentar retomar sua calma e paciência.

A verdade era que começava a levar em consideração o comentário de Draco, não era a primeira vez que o ouvia, mas agora parecia um pouco mais concreto. No entanto, acreditava que Harry estava apenas sendo protetor quanto ao Sonserino, não havia motivos para qualquer outra explicação.

Sacudiu a cabeça, sentia-se bastante frustrada com tudo aquilo.

***

No fim do expediente não encontrou Draco, que a designara para casos mais simples durante o restante da tarde. Provavelmente deduziu que ela não gostaria de conversar e a deixou trabalhar sozinha.

Quando chegou no Largo encontrou uma pilha de revistas e exemplares embalados em papel pardo em frente a porta. Pegou-os e entrou, tirando o casaco pesado e pendurando-o no gancho — o cachecol teve o mesmo destino.

— Não sabia que assinava revistas bruxas! — Carregava a pilha nos braços e sentou ao lado de Harry no sofá.

— Não assino! — Disse simplesmente. — Deixe me ver.

Hermione abria uma embalagem, mas desejou não tê-lo feito, ao menos não ao lado de Harry.

Idiota!

— Harry eu não acho que seja...

— Demorou, não é mesmo? — Olhava para a capa da revista, mas seu semblante não expressava absolutamente nenhuma emoção.

Ambas as revistas tinham como capa uma imagem de Harry e Gina em algum evento social, em letras garrafais falavam sobre o “escandaloso” divórcio dos heróis de guerra. A revista que segurava prometia inúmeras informações de amigos do casal sobre o relacionamento e as causas. Mentiras.

“De quem é a culpa?”, era o título da revista que Harry observava fixamente. Quase como se pensasse sobre o a resposta.

Hermione olhou a pilha em seu colo, tinha certeza de que todos os outros embrulhos continham revistas com o mesmo teor. Era cruel que houvessem sido enviados para Harry, imaginou se Gina também recebera e qual fora sua reação.

— Agora todos sabem. — Resmungou e soltou a revista no sofá quando se levantou.

— Sinto muito, Harry. — Juntos todas as revistas e suspirou.

— Não sinta. Estou bem, de verdade! — Virou-se e sorriu, como se quisesse provar o que dizia. — Eu sabia que isso aconteceria em algum momento, esconder o divórcio nunca foi planejado, mas durou um bom tempo. Apenas não gosto de ver meu nome nas revistas!

— Bem, isso é algo que temos em comum!

Harry sorriu.

— Vamos sair para jantar?

— Será ótimo!

Em poucos minutos trocara de roupa e acompanhava Harry para o lado de fora. Ela guiaria a desaparatação e surpreendeu-se quando, ao invés de segurar sua mão, ele a abraçou pela cintura e puxou-a em direção a seu peito.

Sequer teve tempo de suspirar, no segundo seguinte seus pés tocavam a calçada ao lado do restaurante onde jantariam, meio cambaleante se equilibrou em Harry e sacudiu a cabeça.

— Acho que nunca vou me acostumar a aparatações. — Piscou repetidamente buscando certa nitidez.

— Acho que te peguei de surpresa! — Segurou-a pelos ombros com delicadeza e olhou em seus olhos. — Melhor?

Assentiu e olhou ao redor.

— Mesa para dois! — Harry informou ao maitre, que rapidamente olhou para o livro em sua frente.

— A mesa de vocês ficará pronta em alguns minutos, enquanto aguardam podem se encaminhar para o bar!  — Indicou com a mão o ambiente ao lado.

Sentaram-se nos bancos altos e Harry pediu duas doses de uísque.

— Então, como foi seu dia?

— Bastante agitado! — Sorriu e tocou o copo. — Draco tem me passado alguns pacientes para que eu comece a atendê-los sozinha. É um desafio constante e ainda sinto medo de fazer algo errado em algum momento, mas estou me saindo realmente bem!

— E você tinha alguma dúvida quanto a isso?

Sorriu timidamente.

— Vocês me dão crédito demais!

— Você merece! — Bebeu seu uísque. — Então você vai ficar?

Hermione o olhou em dúvida.

— Já que está se saindo bem no St. Mungos imaginei que ficaria aqui. Voltaria para Londres...

— Não tenho pensando no assunto. — Falou com desinteresse, como se preferisse mudar o rumo da conversa, mas suspirou e olhou o amigo. Sabia que não conseguiria fugir daquela conversa. — Na verdade não quero ter que pensar sobre isso. Voltar para Amisterdam ou ficar em Londres é uma decisão que terei de tomar em algum momento, mas não me sinto pronta para escolher ainda.

— Não entendo, Hermione. — Olhou-a e inclinou o corpo em direção à amiga. — Você não parece gostar de seu trabalho no Ministério, sei que os resultados estão sendo positivos, mas não te faz feliz. Ao menos não parece. Pensei que em comparação ao que tem feito no St. Mungos, a escolha fosse óbvia.

— Não é tão simples, minha vida está na Holanda!

— Eu...

No entanto, antes que pudesse falar, o maitre informou que a mesa estava pronta.

O silencio durou mais tempo do que Harry esperava, mas nada parecia uma boa forma de puxar assunto. Claramente, questioná-la sobre ficar ou voltar para Holanda era um assunto delicado, o qual não poderia simplesmente dar sua opinião e esperar que Hermione aceitasse. Bebericou o vinho escolhido e voltou-se para seu prato.

— Você disse que havia um caso novo, como andam as investigações? — Hermione perguntou de supetão, como se não suportasse mais o silêncio.

— Complicadas! — Estava aliviado. — Temos poucas informações e as investigações nos levam a lugares inabitados, é muito estranho.

— Como sabem que são inabitados? — Estava realmente interessada no que Harry dizia.

Investigações eram, nada mais, que grandes quebra-cabeças a serem montados.

— Tivemos aurors de tocaia por quase uma semana, e ninguém foi visto entrando ou saindo. — Explicou.

— Feitiços anti-aparatação?

— Sim!

— Revistaram os locais?

— Sim.

— Algo de interessante?

— Apesar dos móveis estarem empoeirados, o piso parecia limpo.

Hermione parou de mexer na comida e soltou os talheres lentamente, movimentos estes sob o olhar de escrutínio de Harry.

— Não é inabitado! — Disse como se fosse óbvio. — Procuraram por alçapões? Alguma entrada subterrânea? Algo como na Casa dos Gritos.

 Harry parecia atordoado com a informação.

— Hã... Tenho certeza de que foi verificado possíveis entradas e... — Revirou os olhos. — Mandarei que voltem ao lugar!

Sorriu satisfeita.

— Você já pensou em trabalhar como Auror?

Hermione gargalhou longamente e Harry notou que adorava aquele som, o qual foi capaz de fazê-lo rir junto.


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Notas finais do capítulo

Mil perdões pela demora, mas tive que mandar meu notebook para o conserto...
Mas agora já está tudo resolvido, e voltarei com as postagens!
Espero que gostem e até logo



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