The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 16
Capítulo quinze




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— Então você vai ficar?

Hermione assentiu, não olhava para Harry, sua concentração estava na fatia de torta espetada em seu garfo.

— Me lembre de agradecer Draco por isso! — Revirou os olhos. — Como ele te convenceu a ficar?

— Não tenho certeza! — Deu de ombros.

— Bem, o que importa é que você vai ficar comigo. — Disse com um sorriso sincero, e antes que Hermione pudesse sequer pensar sobre o que dissera, rebateu: — Quero que fique comigo, será bom para nós dois.

Baixou o rosto e soltou o garfo, não parecia certo.

— Harry, você tem sua vida. — Explicou, começando seu argumento. — Está solteiro e aposto que logo irá levar alguma garota para casa. Não quero estar lá para atrapalhar!  

Harry riu, como se tivesse ouvido uma piada.

— Não pretendo levar garotas para casa, ainda é muito cedo. — Murmurou as últimas palavras e então seu rosto tornou-se vermelho. — A não ser que você queira levar alguém e...

— Não, Harry. Não é isso! — Apressou-se em dizer. — Só pensei que talvez eu estivesse invadindo sua privacidade.

— Não está, Hermione. — Pegou a mão da amiga por cima da mesa. — De verdade.

***

A conversa com Harry fora há uma semana, e tinha de concordar com ele, estava sendo bom para os dois.

O programa de residência era em tempo integral, e fazia com que gastasse todas suas energias tentando acompanhar os jovens médibruxos. O desafio era constante, mas aprendia a cada dia e se esforçava para dar sempre o seu melhor. Quando retornava ao Largo, jantava na companhia de Harry e depois fazia seus relatórios para enviar ao Ministério Holandês.

Ainda não tinha certeza do que queria, mas ter sua cabeça ocupada daquela forma era um excelente começo.

Naquele dia chegara no horário de sempre, mas Harry tivera um imprevisto no trabalho e avisara que chegaria tarde. Portanto, jantou sozinha e tomou um longo banho relaxante. E somente após vestir o moletom e as calças do pijama foi que espalhou todos seus documentos sobre o tapete de frente para a lareira, onde sentou-se e começou a organizá-los e dividi-los por ordem de necessidade.

Perdera a noção da hora. Os relatórios levavam muito mais tempo do que gostaria de admitir, mas estava bastante impressionada com os resultados que recebera. O número de criaturas mágicas mantidas como escravas diminuíra exponencialmente, felicidade e orgulho aqueciam seu peito.

Harry entrou uma hora depois, cansado e com os ombros pesando toneladas, mas sorriu com a imagem em sua sala.

Hermione estava sentada no tapete com as pernas cruzadas, uma pena segurava seu cabelo enrolado de forma bagunçada no topo da cabeça. Pilhas de pergaminhos espalhados ao seu redor e a varinha, girada entre os dedos, soltava faíscas coloridas.

— Isso me lembra Hogwarts! — Comentou e recebeu um sorriso amplo da amiga. — Não deveria estar dormindo?

— Ainda tenho trabalho a fazer.

Jogou-se no sofá atrás de Hermione e observou suas extensas anotações.

— Como foi seu dia no St. Mungos?

Aquela pergunta a faria falar por longos minutos. Sabia porque fizera daquilo um hábito há alguns dias, ouvi-la falar com entusiasmo sobre as coisas que estava vivendo e aprendendo dentro do hospital se tornara a melhor parte do seu dia. Hermione perdia todo o freio e simplesmente falava e gesticulava com tanta espontaneidade que se perdia e apenas a observava.

— Hoje tirei a varinha do ombro de um bruxo! — Exclamou fascinada. — Ele brigou com o vizinho e então foi apunhalado com a própria varinha. Nem sabia que era possível! Eu...

Mexia a cabeça vez ou outra, indicando que prestava atenção. Ou então exclamava surpreso quando a expressão em seu rosto mudava, mas não conseguia evitar de sorrir. Gostava de observá-la.

— Não imagino como deve ser trabalhar com tantas situações estranhas! — Comentou enquanto Hermione pulava para o sofá e sentava-se do seu lado.

— Por incrível que pareça é incrível. — Sorriu só de pensar no assunto. — Não saber o que vai acontecer em seguida é algo que eu estava procurando há algum tempo, acho que finalmente estou me encontrando!

As palavras escorregaram de sua boca, e notou que o amigo pareceu confuso com sua escolha de palavras. Somente Draco sabia sobre a forma que sentia-se na Holanda e até mesmo em Londres, antes de iniciar no programa de residência.

— E como foi o seu dia? Chegou bem tarde hoje! — Tirou o foco de si e tentou agir naturalmente, no fundo torcia para que Harry não tivesse prestado atenção no que dissera.

Coçou os olhos por de baixo dos óculos, um sinal claro de cansaço.

— Estamos com alguns casos novos, alguns mais complexos que outros. — Disse de forma simples. — Há alguns que teremos de nos reunir com estrategistas e verificar a melhor opção de abordagem. Estamos lidando com lobisomens e possivelmente animagos.

— Parece interessante!

— E é, mas os protocolos são cansativos!

Hermione olhou para os pergaminhos espalhados em assentiu.

— Sei bem!

Harry seguiu seu olhar e percebeu que havia uma pequena pilha de pastas amarelas. Pareciam não ter sido tocadas ainda.

— Você precisa terminar isso ainda hoje?

— Infelizmente sim. — Deixou seus ombros caírem com desanimo. — Ao menos preciso lê-los, posso fazer as anotações amanhã.

— Bem, então vou ficar com você!

Virou-se para olhá-lo.

— Vá descansar, Harry. Seu dia foi longo e cansativo, você mesmo disse!

Inclinou-se e pegou uma das pastas.

— Você também, e ainda assim vai ficar aqui até tarde lendo relatórios. — Sinalizou a pasta para que Hermione a pegasse. — Não me importo se quiser ler em voz alta.

Hermione abriu a pasta e coçou a garganta. Não era uma leitura agradável, mas sua voz pareceu aliviar a seriedade das palavras escritas em uma caligrafia extremamente rebuscada e desenhada. Harry a ouvia, mas não prestava atenção no que dizia, apenas no melódico som de suas diversas entonações.

Em algum momento, Hermione parou de ler em voz alta e sequer se deu conta. Harry passou a acompanhar suas expressões faciais e a forma que seus dedos brincavam com a ponta da pasta, dobrando-a e depois ajeitando-a, tudo inconscientemente.

A lareira crepitava incessável, assim como o relógio que continuava com seu trabalho e passava de minuto para minuto a cada tic e tac dos ponteiros. Cansado de sua postura rígida, Harry passou o braço por cima do encosto do sofá, mas a cada segundo seu braço caía um pouco mais, até estar completamente apoiado sobre os ombros de Hermione.

Abraçando-a lateralmente, ajeitou seu corpo mais próximo ao de Hermione que imersa nos documentos não notava nada além dos textos longos e maçantes que se forçara a ler.

Mais dois quartos de hora e Harry já estava completamente escorado no corpo de Hermione, que, por sua vez aconchegava-se nele. Sonolenta, deixou que seus olhos fechassem, prometendo que seria por apenas poucos segundos. Mas permitiu que a pasta em sua mão escorregasse para o chão e apertou-se no amigo já semi adormecido.

Com o som da pasta caindo e dos pergaminhos espalhando-se sobre o tapete, teve consciência da forma que abraçava e era abraçado. Com o rosto enterrado no cabelo de Hermione passou a mão livre por suas pernas e puxou-as para cima de seu corpo. De modo que pode deitá-los no sofá pequeno da forma mais confortável possível.

Com um feitiço não verbal as luzes se apagaram.

Apenas o movimento das chamas os iluminava, e com Hermione colada em seu corpo percebeu que aquela mágoa que normalmente o perseguia durante a noite não estava ali. Não naquele momento.


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Notas finais do capítulo

E eis mais um momento fofinho para alegrar a quarentena de vocês!!
Até logo



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