A Terra das Sombras - Pov Jesse escrita por Ane Viz


Capítulo 5
Capítulo 3:


Notas iniciais do capítulo

No último capítulo:

Um barulho do lado de fora fez-me paralisar. Olhei pela janela a tempo de ver todos deixando o carro. Por último saiu o que pensei ser a garota. Em nada parecia com uma. Usava uma roupa estranha tão diferente das damas que eu conheci em minha época. A decisão de afastá-la de lá aumento ao perceber que era quase uma mulher formada. Precisava saber mais sobre ela. Claro, que com o intuito de descobrir melhor uma maneira de tirá-la de lá.

Boa leitura!



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      Desta vez o ruído seguinte denunciou-me que ainda estavam do lado de fora da casa. Apurei os ouvidos e notei que estavam conversando. Deixei o que falavam de lado e voltei a observar a janela. Iria fazer com que a garota saísse do quarto o mais rápido possível.  Os minutos se passavam e nada acontecia. A família provavelmente estava recepcionando-a. Os passos na escada fizeram com que eu ficasse mais ansioso. Enfim, a porta se abriu e eu permaneci um pouco de costas para eles.

      Afinal de contas, era um momento familiar e eu era o intruso, digamos assim, dali. Quando me virei pude analisar melhor a garota. Ela usava uma calça preta e uma jaqueta estranha por cima.  Sua figura pequena era curiosa. Seu rosto mostrava um misto de carinho e surpresa. Pareceu-me que não gostou muito do quarto, mas tentava mostrar que gostava. Acredito eu, por querer ver os dois felizes.  A menina começou a caminhar pelo quarto até que em certo momento ela se virou na minha direção e ficou com os olhos focados em mim por um momento. Quero dizer, com o olhar na janela, pois ela não poderia me ver. Ninguém vê.

     Sua atitude seguinte foi a que mais me deixou curioso. Sua feição estava engraçada. Não sabia o que tinha de fato acontecido. Ela fitou logo depois o seu padrasto procurando por respostas que pelo visto não poderia lhe conceder. E por último para a sua mãe que parecia saber tanto quanto o primeiro. E nós dois, eu e a mãe dela, notamos algo de errado pela sua expressão nada agradável.  A mãe disse num suspiro:

- Ah, Suze,  outra vez?!...

    Não preciso nem dizer que está frase me confundiu. O que ela quis dizer com isso? A cada minuto me via mais curioso em relação a ela. Sua mãe olhava-a aflita. Devia estar receosa dela não ter gostado do quarto, mas as inúmeras vezes em que adentrou ali ficou claro a sua vontade de vê-la feliz. Por um momento ela ficou parada olhando para a minha direção e sua mãe para ela. Por Dios! O que essa menina tem? Peguei pensando em como tirá-la de meu quarto e fui retirado de meus pensamentos pela conversa das duas. A garota deu as costas para a janela e falou com sua mãe.

- Deixa pra lá, mãe. Está tudo bem. O quarto é maravilhoso. Obrigada mesmo.

    Deu para perceber que a mãe dela não estava acreditando nela tanto quanto eu. Ela olhava desconfiada para a filha e parecia receosa em não conseguir fazê-la feliz. Tive pena desta mulher que parecia ser uma boa pessoa. Sua feição estava triste. Então para tirar a tensão do ar ela decidiu falar com a filha e tentar despistar o que sentia no momento. Iria entrar na “brincadeira” e tornar esta mudança mais fácil o possível.

- Que bom, que bom que você gostou- disse ela. – Eu estava meio preocupada. Isto é, sabendo como você não gosta...bem, de lugares antigos.

     A curiosidade voltou. Qual era o problema dela com lugares antigos? Isto não me parecia algo normal. Fitei a garota procurando por resposta. E dei-me conta que ela evitava olhar para mim. Quero dizer, ah vocês já me entenderam. Só não entendia o motivo de não olhar na direção desta vista incrível. Seu jeito era diferente e dava-me vontade de entendê-la. Naquele momento me vi curioso por ela. Outra vez a voz doce da menina tirou-me dos meus devaneios.

- Na boa, mamãe – a garota disse. – Muito bom. Adorei.

    Devo deixar bem claro aqui que somente a sua voz me parecia doce. Tudo bem, não a conheço. Não devia julgá-la assim, mas o que aconteceu com as boas maneiras? Porque não dizer “ Oh mãe, eu adorei meu quarto. Obrigada por se esforçar tanto para me ver feliz.” ou qualquer coisa. Afinal, “na boa”? Isso é vocabulário desde quando? Venho reparado como não só a vida caiu de qualidade como o vocabulário. Balancei a cabeça e voltei a prestar atenção neles.

    O padrasto até então quieto começou a andar agitado para todos os lados e mostrando tudo. Até mesmo que as luzes podiam ser acesas e apagadas com palmas. Dios, não tem mais o que inventar nesse mundo. Ela parecia decidida a agradar aos seus pais. Estava tentando parecer animada e ia seguindo-o por todos os lados e sorrindo. Talvez não fosse tão diferente de uma garota de meu tempo. Após uns segundos e vê-la sorrindo para ele o Andy saiu para preparar um churrasco em homenagem a chegada dela. Creio que ele queria deixá-las um pouco a sós.

    Caso minha mãe visse o que estava fazendo teria levado uma bronca tremenda, porém elas não tinham a mínima noção de estarem com mais alguém ali. Sim, elas pensavam que estavam a sós. Os olhos da mulher diante da garota encontravam-se em uma guerra interna. A menina seguia quieta então sua mãe iniciou um diálogo um tanto o quanto preocupado.

- Está tudo bem mesmo, Suze? – quis saber ela. – Eu sei que é uma mudança muito grande. Sei que é pedir muito de você...

    O assunto estava me interessando, mas não deixei de estranhar. Suze? Que nome ela teria? Seria Susan?Sooze? Este nome me parece bem diferente. Do nada ela começou a tirar a jaqueta e eu me espantei. O que estava fazendo? Recomponha-se gritava mentalmente sabendo ser totalmente incoerente, pois de nada adiantaria eu pensar ou falar ela não me ouviria.

-Está tudo bem, mãe. – respondeu-lhe. – Mesmo.

   Ignorou-a e continuou seu discurso anterior. O fato era claro. Não estava acreditando na menina.

- Estou querendo dizer que pedir que você se separasse da vovó, da Gina, de Nova York...Foi egoísmo meu, eu sei. Sei que as coisas não têm sido...como dizer, fáceis para você. Especialmente desde que papai morreu.

    Senti pena desta menina. Talvez esta fosse a razão para usar estas roupas. Ou até mesmo para seu jeito. Perder um pai devia ser uma coisa insuportável. Meu pai estava doente quando eu ...morri. Estava tudo de cabeça para baixo e minha mãe e decidimos não contar as minhas irmãs. Não serviria de nada contá-las. Seria simplesmente mais pessoas sofrendo por algo inevitável. Foquei novamente na conversa que acontecia em minha frente. Por um momento senti-me mal por estar escutando, porém precisava saber sobre ela para tirar de meu quarto, não? Precisava ter informações.

   A mulher continuava a dissertar sobre “começar do zero” e minha impressão era que a garota estava com o pensamento longe enquanto olhava sua mãe sentada na cama. Tentava mostrar a filha como tudo seria melhor na Califórnia. Ela seguia apenas escutando. Devia querer deixar sua mãe desabafar as angustias. Sentia tentar provar o quanto queria vê-la bem e que este era seu plano em relação à nova vida diante de seus olhos. Seguiu dizendo sobre a atitude da mesma. Explicou-lhe que não faria amigos se não fosse simpática. Concordei de imediato com o que dizia.

- Bom – fez ela olhando para a filha meio sem fôlego depois do longo discurso- Então, se você não quer ajuda para desfazer as malas, acho que vou ver como é que o Andy está se saindo com o jantar.

-Isso aí, mãe. Faça isso. Vou só me ajeitar um pouco aqui e daqui a pouco desço.

   Outra vez usava palavras totalmente impertinentes. O correto seria algo como "Obrigada mãe, me parece uma boa ideia mesmo. Pode ir que vou refrescar-me e desço ao encontro de vocês”. Definitivamente esta garota tinha problema com vocabulários. Qual era a grande dificuldade? Observei a cena e a mãe assentiu silenciosamente, mas pude notar que estava saindo no exatao momento que ia passar pela porta, voltou-se e disse , com os olhos azuis cheios de lágrimas.

- Eu só quero que você seja feliz, Suzinha. É a única coisa que eu sempre quis. Você acha que vai ser feliz aqui?

   A menina abraçou a mãe e responde o que poderia dizer emocionada.

- Claro, mãe. – respondeu.- É claro que vou ser feliz aqui. Já estou me sentindo em casa.

    Sua atitude me fez avaliar a situação. Ela devia ser uma menina delicada, mas tentava passar a idéia de ser assim tão...como devo dizer? Diferente. Percebi por seu cuidado com a mãe que ela não devia ser tão difícil de lidar. E que não seria tão difícil tirá-la dali quanto imaginei ao vê-la saindo do carro.

- É mesmo? – fez a mulher fungando.- Jura?

  Perguntou procurando por uma confirmação nos olhos da filha.

- Juro.

    Após isto ela saiu do quarto e fechou a porta. A menina, estranhamente, ficou parada escutando os barulhos dos passos dela se afastarem do quarto enquanto descia e escada. Cada segundo que passava entendia menos desta garota que estava diante meus olhos. Suas atitudes eram sempre inusitadas, mas o que veio a seguir foi o que mais me chocou. Nunca, me minha vida...morte... eu pensei que poderia acontecer. Ela se voltou então na minha direção e falou de forma rude.

- Ok – disse olhando para mim – Quem diabos é você?


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Notas finais do capítulo

Oii, queria agradecer os reviews da Srta_Rose e Mila!Obrigada meninas!

E, por favor, aos outros leitores da fic lhes peço que deixem um review,ok? A opinião de vocês é importante!

Beeeijoos,
até o próximo capítulo!