A Terra das Sombras - Pov Jesse escrita por Ane Viz


Capítulo 27
Capítulo Bônus - O melhor natal de todos!


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores, estou morrendo de saudades de vocês. Então, como pedido de desculpas a vocês, minhas lindas leitoras, e está data comemorativa especial, lhes escrevi um ESPECIAL DE NATAL!
Siim! Quem já imaginou como seria o natal de Jesse junto a família de Silva? Pois bem, eu imaginei e aí está o resultado.
Nos falamos mais nas notas finais, deem uma olhada é importante!
Boa leitura!



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 Especial de natal

Capítulo Bônus: O melhor natal de todos!

 ~ 1850 ~

~ 24 de dezembro ~

Ao longe se via uma casa enorme, toda enfeitada delicadamente com as cores vermelhas, verde e branco. As luzes da varanda estavam ligadas e o vento balançava a guirlanda presa à porta. Alguns sussurros podiam ser ouvidos, mas ninguém notou um jovem de dezessete anos, encostada a uma das árvores próximas a entrada da casa. Estava com o olhar distante e com os braços cruzados. Sua expressão não era das melhores e de certa forma se sentia triste por não estar sorrindo com sua família numa data como está.

O vento passou brincando com seus cabelos negros curtos e soltou um breve suspiro se preparando para voltar à comemoração. Passou a mão pelo cabelo e lentamente começou a se dirigir para o lado de dentro até que sentiu um vulto passar por ele e se virar procurando ver algo a sua frente. Estava de noite, e as árvores tornavam mais difíceis notar a presença de pessoas. Dei um passo à frente, e viu que o vulto passou novamente se escondendo atrás de uma árvore a quatro passos de distância. Com uma analise mais detalhada viu um rabo de cabelo negro, aparecendo e sorriu.

Andou sem fazer barulho dando a volta por trás da árvore, parou atrás da pessoa que queria lhe assustar e a viu tentando segurar a risada, porém do nada parou e começou a se mexer inquietamente. E o rapaz sorriu com o canto da boca, sem fazer ruído, e passou os braços pela cintura da menina que soltou um gritinho assustado. Fez com que ela o visse, e começo um ataque de cócegas fazendo garota em seus braços soltar gargalhadas animadas. Colocou-a no chão com cuidado e a puxou para junto de si, levando-a para o lado de dentro.

-Jesse? – A pequena o chamou colocando sua mãozinha sobre o braço do mais velho.

-Sim Marta? –Perguntou parando com ela na varanda.

-O que houve com você e o papai? Você nunca fica triste no natal e...

-Não foi nada, apenas preciso aceitar... - Respondeu a interrompendo. – Não é possível lutar contra tudo.

Acariciou os cabelos da irmã e entraram na sala. Hector nem havia prestado atenção ao fato de que algumas senhoritas olhavam-no interessadas. O jovem acenou educadamente e desapareceu no interior do cômodo sem olhar para trás. Sendo assim ele não notou o olhar dolorido de uma senhora que o fitava com a expressão triste. Ela queria saber o que tinha acontecido com o seu menino, mas sabia que tinha de deixá-lo quieto. Caso fosse a sua vontade iria se abrir. Algo a dizia que não era somente um problema familiar algo agoniava e temia não poder ajudar.

Um tempo depois o Sr. De Silva o patriarca e dono daquela família festejou a chegada de uns parentes em especial e buscou por seu único herdeiro. Logo chamou sua esposa aos sussurros dizendo-a para levar o filho até ali. Mesmo contra a vontade a Sra. De Silva afastou-se da festa e dirigiu-se até a parte de trás do terreno de sua casa. E como esperava ali estava quem queria. Aproximou-se bem lentamente procurando por indícios do que tanto atormentava um garoto daquela idade. Suspirou e tocou-lhe o ombro.

-Jesse!

-Oi mãe. – Ele falou desanimado.

-Posso? – Perguntou a senhora com um pequeno sorriso apontando para o lugar no banco ao seu lado.

-Claro, a Sra sempre pode. – Sorriu.

-O que tens filho?

-Não é nada, mesmo.

-Não acredito, mas vou respeitar o seu tempo.

O moreno olhou para a mãe deu-lhe um beijo na testa voltando a olhar para o campo que se estendia também por aquela parte da fazenda. Onde podia se ver ainda alguns enfeites de natal. Além daquela parte de cultivo, mais atrás, tinha a casa de alguns dos empregados da casa. E ali o olhar dele ficou. A Sra. De Silva mexeu-se ajeitando seu vestido, como se precisasse estar mais confortável para tocar naquele assunto em especial. Vendo não encontrar um conforto maior, um em respeito à maneira de tocar no assunto, deu-se por vencida e comentou num tom baixo e doce.

-Sente falta dela, não é isso?

-O quê? – Fez-se de desentendido mantendo o olhar afastado.

-Srta. Fernandez. – Disse simplesmente.

A mente do garoto voltou um ano atrás. Era dezembro, dia vinte e quatro, noite de natal. A fazenda estava toda enfeitada e podia se escutar o riso de todas as pessoas presentes. Um garoto estava sentado com uma expressão muito irritada. Ele olhava para os seus sapatos enquanto a música preenchia o local. Os casais dançavam e outras vezes insistiam para os mais velhos convidassem certas moças para uma dança. Ele tinha feito isso umas quatro vezes e todas pareciam chatas e frescas a única que queria não poderia convidar. Fechou os olhos e apoiou a cabeça na parede até sentir uma cutucada em suas costas.

-Jesse, venha! – Uma voz delicada e baixa despertou o garoto do seu torpor.

-Agora? – Perguntou preocupado e animado ao mesmo tempo.

-Sim, aproveita que estão distraídos.

A resposta para a garota foi um sorriso de lado que fez com que esta ficasse com as bochechas coradas. Num piscar de olhos, os dois corriam em direção a parte de trás da casa. Um sorriso enorme estampava o rosto dos dois enquanto riam, brincavam e conversavam. Laura, a jovem, tinha uma pele alva, olhos azuis acinzentados e lábios rosados que pareciam atrair a atenção do jovem sem o mesmo se dar conta. Ela era filha de médicos, e por conta disto, sabia muito da profissão. E ajudava o jovem Sr. De Silva em suas fugas e cuidava de seus machucados lhe ensinando tudo o que sabia.

Tinham uma bela amizade. E por parte do moreno até algo mais, porém duas semanas depois a garota fora encontrada morta em sua casa. O luto na fazenda havia sido geral, todos lamentavam a morte da pequena médica que levava a todos alegria e conforto. Voltando ao presente balançou a cabeça e assentiu para sua mãe. Essa data o trazia lembranças que logo se juntavam e chocavam com decisões que o colocavam para baixo. Ele queria ser médico, poder ajudar os outros, assim como ela. Sentir-se útil e importante.

-Não fique assim ela não gostaria de te ver assim. – Sua mãe disse-lhe com um sorriso contido acariciando os cabelos escuros.

-Vou ficar bem, prometo! –Assegurou-lhe, mesmo sem acreditar em suas próprias palavras.

-Eu sei que vai.

A resposta de sua mãe o fez acreditar e estendeu a mão para ajudá-la a levantar e voltar para a festa. Hector sabia que não poderia concretizar seu sonho, tornar-se médico, pois algo muito mais valioso o prendia a suas terras, a sua família. Andaram de braços dados a festa e o olhar dele encontrou-se com o de uma garota um pouco mais nova. Ela usava um vestido longo, vinho, cheio de babados. E seu cabelo se dividia ao meio deixando os cachos caírem suavemente em volta de seu rosto.  Com um nó na garganta ele reconhecera. Aquela seria a sua noiva.

Notou o olhar de seu pai em suas costas e se aproximou lentamente sentindo todos os seus músculos tornarem-se rígidos. Fez uma reverência para a jovem e cumprimentou o pai da mesma que tinha um sorriso de satisfação estampado em seus olhos.

~ Carmel  ~

~24 de dezembro – dias atuais  ~

O jovem de vinte anos se levantou do acento em frente à janela onde lia um livro, fechando-o e colocando onde há poucos instantes estivera sentado. Esticou os braços e pernas, se espreguiçando, num costume que tivera desde pequeno depois dele passar muito tempo sentado no mesmo lugar. Virou o corpo e o olhou o relógio. Era meia noite em ponto. Sentiu seu corpo tremulizar e apareceu no andar de baixo, somente como espírito. Impedindo que certa garota de olhos verdes que parecia impaciente o visse. Os olhos verdes estavam num tom claro indicando que ela estava com raiva. Balançou a cabeça rindo da situação e sussurrou baixinho.

-Feliz natal, mi hermosa.

Então voltou a tremulizar e se viu novamente no mesmo local de antes. Pegou o livro e sentou-se, antes de ler, encarou a imensa baia de Carmel e sorriu. Apesar de tudo ele tinha um motivo para comemorar a data. Seus pensamentos foram interrompidos pela porta que foi aberta de forma abrupta. A recém chegada tinha os cabelos castanhos, e uma franja que caia sobre seus olhos verdes, que agora tinham um tom mais escuro. Suzannah estava emocionada. Ele ergueu a sobrancelha e a garota a sua frente deu de ombros. Ele riu e fechou o livro.

-Não deveria estar com sua família hermosa? – Perguntou calmante.

-Bom, eu estava lá, certo? – Perguntou mexendo no cabelo e a franja tampou seus olhos.

-Sim, mas é uma data especial, não acha? – Jesse disse se aproximando e colocando delicadamente a mecha atrás da orelha.

Ela apenas acenou.

-Eu sei, mas... – Começou a falar e olhou seus pés como se fossem incrivelmente interessantes.

Assim Suzannah não notou o repentino brilho que os olhos negros ganharam ao ouvi-la se interromper. E muito menos o fato dele ter dado um sorriso ao ver as suas bochechas ganharem um tom avermelhado. Interessado no assunto incentivou.

-Mas?

Ela nada disse, ficou simplesmente parada, e depois de alguns minutos finalmente ergueu o rosto.

-Nada.

E agora notou o sorriso no rosto moreno a sua frente e franziu o cenho. Ela se sentia uma boba por agir assim. Perguntava-se mentalmente “O que diabos estou fazendo? Por que ele está rindo?” Eram as questões que preenchiam a sua mente, mas não tinha sentido verbalizá-las. Respirou fundo e soltou a que estava a irritando. Ambos sabiam que ela odiava ver alguém rindo e olhando para lá. Sua cabeça logo dizia que riam de sua cara. Fez a sua melhor expressão zangada e apontou com o dedo em riste em direção a ele.

-Qual é a graça, hein Jesse?

-Nada. – Respondeu sorrindo.

Viu quando ela ia cruzar os braços e se aproximou a tomando nos seus. Abraçou-a com carinho, e sentiu quando o gesto foi retribuído. A menina que sempre se fazia de valentona soltou um suspiro fazendo com que desse um pequeno sorriso. Desde o beijo, aquele simples beijo, eles estavam se mantendo afastados. E isso o destruía, mas ele sabia perfeitamente bem que era o melhor, o melhor para ela. Apoiou sua cabeça sobre a dela sentindo o aroma dos cabelos castanhos, com um sorriso ainda maior em seus lábios. Falou num tom baixo e calmo a mesma frase dita no andar de baixo.

-Feliz natal, mi hermosa.

-Feliz natal, Jesse. – Suzannah respondeu baixinho e logo acrescentou. – Posso te pedir uma coisa? – Disse sem jeito.

-O quê?- Perguntou divertido, com os lábios próximos de sua cabeça. – Um presente de natal?

-Sim. – Respondeu soltando uma risadinha sem jeito.

-Claro, diga hermosa.

Ela levantou os olhos o encarando profundamente. A mão dele subiu para o queixo quando ela ia abaixar. Ele notou que Suzannah tinha perdido a coragem. Beijou-lhe a testa. Essa fora a primeira vez que tinham um contato mais próximo depois daquele dia. E sussurrou.

-O que quer hermosa?

A voz rouca dele por conta do momento fez com que se arrepiasse e ela balançou a cabeça tentando acalmar as batidas de seu coração.

-Não consigo. – Gaguejando acrescentou. – P-Posso mostrar?

-Sim. – Ele decretou por fim.

Mesmo com receio Suzannah ergueu os olhos, encontrando aquela imensidão negra. Somente por olhá-lo se sentia completa. E não conhecia um lugar mais seguro e confortável do que naqueles braços. No lugar que ela estava agora. Onde ela pertencia. Ela sentia seu rosto vermelho e puxou o ar lentamente enquanto aproximava seu rosto do dele. Pode notar o misto de surpresa e algo mais naqueles olhos, nos olhos que tanto amava. As respirações se misturavam e agora faltava pouco para os lábios se tocarem. Ela parou por ali, próxima, e querendo chegar mais perto.

Mas ela tinha tomado uma decisão. Iria mostrar, porém não tomaria a atitude. Mordeu o lábio inferior nervosa, e o viu se afastar. Uma lágrima escorreu por seus olhos a fazendo recuar. Sentindo-se boba e rejeitada virou de costas pronta para sair de lá, correndo. E somente voltar depois quando sentisse que não o encontraria mais ali. Ao chegar à porta estendeu a mão para abri-la quando sentiu seu corpo ser puxado e bater contra o peito de Jesse. Apesar da vontade de olhá-lo permaneceu fitando seus pés. Até a mão dele delicadamente levantar seu rosto e beijá-la com todo o carinho que tinha. Carinho não, amor. E a partir daquele dia, esta lembrança seria a única que os dois guardariam para sempre como a de melhor noite de natal de todas.


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Notas finais do capítulo

Olá meninas, quero primeiro, agradecer a TheMoonWriter por sua linda recomendação!Muito muito obrigada mesmo! E agradecer a Cintiacullen, Anna Carolina00, GLimaFeehily, Lizzy, BreeTaner e TheMoonWriter por seus reviews e imenso carinho! Vocês são mil!
E peço desculpas pela falta de postagem, mas estou na reta final da faculdade, e ano que vem me formo. Então, ando bem enrolada, mas não vou abandonar vocês, prometo! Aproveitarei as férias para postar seguido e escrever muito! Aí as postagens serão mais regulares.
Qualquer coisa aviso vocês. Espero que tenham gostado desse capítulos, pois para mim foi incrível escrevê-lo. Foi mágico! Aguardo ansiosa a opinião de vocês. E, claro, não se preocupem irei responder a todos os reviews com muito carinho como sempre!
Beeeeeijinhos, e até o próximo!
P.S: Espero que perdoem esta autora pela demora. Sinto muito! Espero que esse capítulo faça vocÊs me desculparem. ;)