A Terra das Sombras - Pov Jesse escrita por Ane Viz


Capítulo 28
Capítulo 17 - Parte Final


Notas iniciais do capítulo

No último capítulo:
Suzannah, falei e completei o que você está querendo?
Nada. Respondeu, caminhando em direção à garagem e apanhando uma bicicleta. Preciso apenas acertar umas coisas.
Boa leitura!
P.S: Olhem as notas finais é super importante,ok?



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Sem querer deixá-la ir se meter em mais encrencas me aproximei enquanto ela se distraia colocando o capacete. Sorri sozinho pensando em como a situação era irônica. Não se preocupava em morrer pelas mãos de uma fantasma louca, mas não deixava de colocar o capacete para andar de bicicleta. Por Dios esta chica no va a cambiar... No mismo. Deixei meus pensamentos para outra hora enquanto ela lutava para ajeitar o aparato de segurança e falei querendo saber até que ponto pretendia ir.
-Com a Heather? – Usei todo o meu tom polido para convencê-la a me responder. Afinal de contas, Suzannah não responderia se fosse de outra forma. Ou melhor, se é que irá me responder.
-Isso aí. Com a Heather. – Disse sem problemas me fazendo temer por suas próximas palavras. – Sei que as coisas saíram do controle da última vez, mas dessa vez vai ser diferente...
Com a intenção de mantê-la em segurança tentei puxar assunto me fingindo de interessado. Sabia que vindo dela seria algo que a colocaria de frente com o perigo. E isto me deixava inquieto, muito.
- Como exatamente?
Observei-a passar a perna por cima daquela barra da bicicleta e se ajeitar no alto da rua, deixando seu caminho livre para descer por ela sem problemas, e por fim, colocou os dedos firmemente, fato que podia notar pela força que fazia ao pressionar, no guidão. Naquele instante eu soube que nem mesmo Suzannah tinha certeza do que estava fazendo. Apesar de tudo, sendo teimosa como sempre, decidiu se esclarecer. Mesmo sabendo que eu não concordaria. O que claro aconteceria de qualquer maneira.
-Tudo bem. – Falou decidida terminando. – Vou te dar uma colher. Vou fazer um exorcismo.
Mal pude acreditar no que ela dizia, porém podia ver em seus olhos que estava determinada. Ela faria isto. E eu sabia tão bem quanto ela que caso eu fosse nunca mais poderia voltar. Minha mão direita voou para o guidão e agarrei firme a barra entre as mãos dela. Impedindo-a de seguir com a ideia descabida. Procurei desesperado por algo para fazê-la entender o perigo. Temi por ela ao constatar o óbvio. As chances eram poucas dela sair ilesa. Tentando me certificar de ter ouvido certo tentei uma vez mais.
-Um o quê?! – Eu soltei a perguntas e nesta hora minha voz não tinha mais o tom leve de antes. Não havia mais nada de engraçado no fato de tê-la pego fugindo de casa.
Com uma enorme satisfação notei que ela engoliu em seco. Sinal de não estar tão certa de suas atitudes. ¿Que hago?Tinha a consciência de que ela queria parecer confiante com suas palavras, mas eu podia ler em seus olhos que aquilo era só fachada. Podia ver o receio em suas palavras. O medo do que suas atitudes poderiam causar, porém a decisão estava ali. Forte e traçada. Tinha um plano e iria colocá-lo em prática sem pensar duas vezes. Podia ler na expressão de seu rosto e em seus olhos o fato de acreditar que se ajudássemos seria mais fácil.
-Você não pode me ajudar. – Ela foi dizendo apressada, e completamente fria, por isso eu digo que nunca sei como ela vai reagir. – Vê se fica afastado de lá esta noite, Jesse, caso contrário poderá ser exorcizado também.
O tom frio dela não me abalou. Sabia que aquela era uma maneira de mostrar que não se preocupa com o que eu penso, mas também um jeito de me manter seguro. Como se eu precisasse disto. Ainda disposto a convencê-la a mudar de ideia troquei a maneira de persuadi-la. Ela quer mostrar que não se importa, certo? Vamos agir igual e prestar atenção em suas reações. E começo agora a jogar com as mesmas armas que ela. A diferença é que eu sei como manejar a situação e ela?
-Você perdeu o juízo. – Disse-lhe num tom indiferente e frio tal qual o que ela tinha passado a usar.
-Provavelmente. – Reconheceu e por seu tom notei que estava desanimada.
Aquelas palavras não tinham sido o suficiente. Era hora de tentar algo um pouco mais pesado. Refleti por uns instantes e comecei pela parte obvia. Iria fazê-la ver o que estava claro para qualquer ser humano que parasse por um instante e visse a situação. Queria que o desanimo saísse de seus olhos, e visse o fato dela se dar por vencida. Eu estava certo e ela errada. E este era o ponto com o qual precisava por primeiro deixar bem claro.
-Ela vai matá-la. – Insisti, sua expressão continuava sem reação e tentei provocá-la. – Não está entendendo?  É isso que ela quer.
E para a minha surpresa Suzannah tinha uma resposta na ponta da língua. Surpreendendo-me uma vez mais. Sua espertava sempre tornava os nossos debates, ou melhor, discussões mais complicadas. Sua cabeça dura a impedia de notar certas coisas.
-Não. – Respondeu sacudindo a cabeça. – Ela não quer me matar. Primeiro, ela quer matar todo mundo que é importante para mim. – Veio em minha cabeça a imagem de minha família.
Um pouco de sua atitude era apenas de proteção. Algo que deve ser admirada, mas não na presente circunstância. Mesmo escutando a maneira como implica com seus irmãos e gosta de afirmar que na verdade são “meios-irmãos” sei o quanto se preocupa com seu bem-estar. Esta era uma característica que tínhamos em comum. Deixar nosso próprio bem para proteger aqueles a quem amamos. Ela estava agindo com o instinto protetor e não com a cabeça. Sua voz tirou-me dos pensamentos.
-Mas ela não vai conseguir, entendeu? – Continuou. – Eu vou impedi-la. Agora solte a minha bicicleta.
Simplesmente olhei-a incrédula. Parecia que tinha comentado com ela sobre o tempo. As minhas palavras não a deixaram pensar melhor em seus atos. Sacudi a cabeça. E uma vez mais e acabei soltando uma grosseria. Não devia ter falado assim com ela, porém precisava mostrar o quão tola estava sendo.
-Não, não. – Falei exasperado. – Nem mesmo você seria capaz de fazer uma coisa tão idiota.
Pude ver em seus olhos que havia a deixado chateada. E naquele instante me pareceu algo bobo. A minha prioridade era mantê-la segura. Notei que ela se mexeu e esperei por seu comentário.
-Nem mesmo eu? – Retrucou, confirmando minha teoria de estar chateada mesmo sem querer. – Muito obrigada.
O melhor a fazer era ignorá-la e assim o fiz.
-O padre está sabendo disso, Suzannah? Você contou ao padre?
Perguntei-a preocupada. Ela havia ido mais cedo ao hospital junto de seus amigos. O que provavelmente deve ter lhe dado tempo de conversar um pouco com ele. Aguardei por uma resposta.
-Hmm... Claro. Ele está sabendo. Ele, hmm... – Com essas pausas a fitei desconfiado, porém aguardei pelo desfecho. – Vai se encontrar comigo lá.
Fiz o possível para esconder a minha expressão incrédula. Suzannah estava mentindo para mim ao pensar que eu não sabia sobre o acidente. E tentou contornar a situação com um argumento que poderia aceitar... Se fosse verdade. Ali notei que não devia ter falado, ou caso tivesse, devia estar mentindo para ele. Tenho certeza que o padre Dominic não estaria de acordo com a ideia de um exorcismo.
-O padre vai se encontrar com você? – Tentei ver se notava alguma falha.
-Sim, claro, claro. – Ela falou rindo meio nervosa. – Você não está pensando que eu ia tentar uma coisa dessa sozinha, não é mesmo?
Ainda me controlando decidi entrar em seu joguinho, por enquanto. Sua risada nervosa era o incentivo que precisava para ver estar certo. E sua explicação continuou.
-Puxa, eu não sou tão burra assim, por mais que você pense. – Pude ver que minhas palavras a tinham machucado, mas depois resolveria isto.
Comecei a segurar a bicicleta com menos firmeza. Demonstrando que tinha acredita, mas não retirei minha mão do guidão. Sabia que era mentira. Soltei a isca esperando ver se ela continuaria.
-Bem, se o padre vai estar lá...
-Claro, claro. – Concordou. – Com toda certeza.
 Percebi uma leve mudança em seus olhos. Algo me dizia que ela pensava ter “vencido” a batalha, mas eu sabia perfeitamente bem que a estória era mentira. O Padre Dominic não estaria lá, estava hospitalizado assim como o garoto... Bryce. Sem hesitar tratei de logo demonstrar saber a verdade. Precisava mantê-la aquela conversa mesmo sabendo que acabaria numa briga. O que menos importava agora. Voltei a segurar firma na bicicleta antes de começar com o meu pequeno discurso. E com a oura mão ergui meu dedo e o sacudi bem diante de seu nariz enquanto dizia o que queria.
- Você está mentindo, não está? – Perguntei dando a chance dela de se explicar, mas apenas vi aqueles olhos verdes se tornarem mais claros. Estava ficando irritada por prendê-la em casa. – O padre não vai estar lá coisa nenhuma. – Deixei escapar, porém ela nada comentou. Por sorte. – Ela o machucou, não é mesmo, hoje de manhã? – Soltei depressa e deixei o meu temor ficar claro por minhas palavras. – Foi o que eu pensei. Ela o matou?
Suzannah balançou a cabeça parecendo não ter vontade de falar nada. Concluí ser medo de perder alguém como o bom padre. Estava mais do que claro a relação de carinho que os dois possuíam. Ele a ajudava a melhorar, e acredito eu, a aprender lidar melhor com os problemas de mediação. Observei-a atentamente e perguntei com a voz mais baixa e calma. Estava pensativo e queria confirmar minhas suspeitas.
-Por isso é que você está com tanta raiva- refleti comigo mesmo, mas falando num tom que ela pudesse escutar. – Eu devia ter imaginado. Você está indo lá para acertar contas com ela pelo que ela fez com o padre.
Interrompi meu pensamento antes de falar o que não queria. Bryce. Esse menino já estava começando a me irritar. Não iria colocá-lo na conversa. Se fizesse isto... Bem, não seria um assunto possível de debate. Antes de formular algo para dizer ela explodiu.
-E se for isto? – Disse-me num tom de desafio. – Ela bem que merece! – Acrescentou mostrando seu ponto de vista.
Abaixei o dedo na mesma hora para segurar com mais força o guidão da bicicleta para impedi-la de fugir. Isto é um absurdo até mesmo para ela. Apertei mais o objeto querendo me certificar de que não conseguiria se mover nem mesmo um pouco. Pude sentir quando ela fez força para sair de perto de mim. E tentei convencê-la.
-Suzannah, – disse-lhe com um tom calmo – não é assim que se fazem as coisas. Não foi para isto que você recebeu este extraordinário dom, não para fazer coisas assim...
Ela me interrompeu com os olhos verdes em alguns tons bem mais claros e isso não era um bom sinal, não mesmo.
- Dom?! – Exclamou apertando os dentes para não começar a gargalhar. – É isso aí, Jesse. – Completou sarcástica. – Eu recebi mesmo um dom dos mais preciosos. – Ironizou. – E sabe o que mais? – Questionou com falsa alegria. – Estou de saco cheio. Mas estou mesmo. – Explodiu. – Eu achei que vindo para cá poderia começar tudo de novo. – Falou ainda nervosa. – E sabe o que mais? – Debochou. – São diferentes mesmo. São muito piores!
Senti um nó em minha garganta. Eu era parte dessa mudança e consequentemente era uma das coisas piores. Apesar do aperto que senti em meu peito e tentei chamá-la a razão. Não importa o quanto suas palavras me machucassem iria protegê-la.
-Suzannah...
-O que você acha que eu devo fazer, Jesse? – Indagou estressada. – Amar a Heather pelo que ela fez? Abraçar seu espírito ferido? Sinto muito, mas é impossível. Talvez o padre Dom fosse capaz, mas eu não, e ele está fora da jogada, de modo que vamos fazer as coisas do meu jeito. Vou me livrar dela, e se você quer o seu próprio bem, Jesse, fica fora dessa.
Suas palavras me pegarem desprevenido. Não a parte sobre fazer de seu jeito ou de não querer “abraçar o espírito ferido”, mas sim o final. Estava querendo me manter afastado de lá para que eu não fosse exorcizado também. Mesmo com seu tom duro podia ver em seus olhos que ela queria que eu não aparecesse pela escola. Logo deu um tranco bem forte no pedal e ao mesmo tempo agarrou o guidão com força entre as minhas mãos. Quando senti sua pele junto a minha soltei a bicicleta involuntariamente. E quando vi era tarde demais.


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Notas finais do capítulo

Olá meus amores, mil perdões pela demora. Tive uns problemas, mas acredito agora estarem resolvidos. Então... Voltei! Queria agradecer a Dinha, Anna Carolina, Bree Taner e Willidiany pelos reviews. Aguardo ansiosa a opinião de vocês.
Agora quero pedir um super favor. Nossa fica aqui está concorrendo num concurso de fanfics e queria pedir que votassem nela. O link é: http://www.enquetes.com.br/enquete.asp?opcao=5450353&id=1018531 espero que votem. E se puderem vejam se conseguem mais pessoas, ok?
Bom, desde já agradeço pelo carinho de vocês pela fic, e principalmente comigo. A todos que leem, deixam reviews, e claro, recomendações. Obrigada por tudo!
Fico por aqui, esperando para matar saudades de vocês.
Beeijos, e até o próximo capítulo.



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