A Terra das Sombras - Pov Jesse escrita por Ane Viz


Capítulo 10
Capítulo 7:


Notas iniciais do capítulo

No último capítulo:

Soltei seu pulso inesperadamente fazendo-a cambalear para trás. No segundo seguinte eu estava só. Receoso de a Heather ter ido atrás de Suzannah desmaterializei-me de lá indo dar uma espiada nela para saber como estava. Desejando que nenhum mal lhe acontecesse senti estremecer e sumir de vista.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/78423/chapter/10

      Apareci no jardim perto da estátua de Junipero Serra e dei uma olhada a minha volta. Tudo estava tranqüilo. Caminhei um pouco por lá e parei ao ver os alunos sentados em mesas dispersas ao longo do jardim. Fitei as mesas uma por uma até encontrá-la. Várias pessoas estavam ao seu redor e pareciam indagá-la sobre diversos temas. Respirei aliviado vendo-a bem. Sem ter mais o que fazer eu saí de lá antes que fosse pego no flagra. No instante seguinte estava no meu quarto. Quero dizer no de Suzannah. Sentei no acento da janela e fechei meus olhos por um tempo.

     Lembrei-me do dia em que tudo mudou. Estava deitado no quarto da pensão dos O´Neil descansando depois da longa cavalgada que era da fazenda de minha família até Carmel. Havia colocado água para o meu cavalo no estábulo e entrado na pensão com o intuito de tomar um banho e dormir. Pois bem, lá estava eu deitado de olhos fechados tentando imaginar a reação de meu tio ao acabar com este casamento.

     Dios sei que está era uma postura que ninguém esperaria de mim, mas não tinha outra solução. Depois de saber da verdade não poderia seguir com o “acordo”. De fato, eu nunca havia me sentido animado com aquele compromisso. Faria isto por meu pai e devo dizer que manchar o nome dos De Silva era a última coisa que ele esperava. Éramos uma das famílias mais tradicionais e bem vistas. E eu tinha que tomar uma decisão.

     E eu a tomei. Rumei para Carmel e de lá seguiria para a fazenda deles. Adormeci depois de pensar na reação deles num sono profundo. Tive um pesadelo onde me sentia ser estrangulado e no susto abri meus olhos. E lá estava ele. Tentei retirá-lo de cima de mim, mas já não tinha forças. Fitei aqueles olhos negros com um tom sarcástico e não vi nada mais. Não sei precisar quanto tempo permaneci ali. Porém ao abrir os olhos e levantar desci do quarto para tomar meu café da manhã e cumprimentei a todos.

     E o choque me abateu conforme falava com as pessoas ao passar nenhuma me respondia e todos pareciam não me ver ou escutar. Chegando ao térreo avistei o senhor e senhora O´Neil e caminhei na direção deles para tentar entender o que acontecerá. Próximo a eles ergui minha voz e de nada serviu. Levei minha mão ao ombro do senhor O´Neil, porém minha mão simplesmente o atravessou. Fitei chocado o acontecido trocando olhares furtivos de minha mão para o senhor a minha frente.

     Passei os olhos pela sala e eu senti uma dor ao ver duas das pessoas mais importantes de minha vida abraçadas chorando. Aproximei-me deles com o intuito de acalmá-los e o que houve fez-me perder o chão.

-Mas, como não sabem onde... Onde o Jesse está.

-Desculpe senhor De Silva. , mas desde ontem a noite ele sumiu.

-Não, não pode ser. – dizia sofregamente minha mãe nos braços de meu pai.

-Calma, nós vamos encontrá-lo. -dizia sem nenhuma certeza na voz.

    Havia um murmúrio perto de onde a cena se desenrolava e pude escutar alguns sussurros dizendo.

-Coitados.

-Pobrezinhos.

   Ninguém parecia notar-me ali. Era... Era como se eu não existisse. As palavras pareciam ecoar em meus ouvidos e os soluços de minha mãe pareciam cada vez mais altos.

-E era tão moço.

   Estes comentários deixaram-me totalmente desarmado. Um nó se formou em minha garganta e eu queria gritar que estava ali, porém eu sabia que de nada adiantaria. Os soluços de minha mãe aumentaram deixando-me sem saber o que fazer. Tentei tocá-la e minha mão atravessou seu corpo e ele arrepiou-se. Afastei-me imediatamente com uma agonia incessante. A partir deste dia tudo mudaria. Observei meu pai tentando manter a calma para deixar minha mãe menos sensível.

     E a partir daí eu descobri que não estava mais vivo. Eu não entendia o porquê de continuar ali e não ser capaz de amenizar a dor daqueles que me amam. Pude acompanhar o tempo passar e notar que dor não sumia. A solidão cada vez mais apertava meu peito. A falta de minha família queima meu coração. O tempo não cura as feridas como dizem, mas elas diminuem. A cicatriz como a de uma perda grande permanece intacta na alma para sempre. E com isto refiro-me ao presenciar a morte de todos aqueles a quem eu amava.

    E a felicidade e a dor tomavam conta de meu ser ao notar que não os veria novamente. Nenhum deles teve o mesmo fim que eu. Vendo cada um dos meus entes morrerem sentindo a dor e raiva fazendo assim com que eu aprendesse muitas coisas. Uma delas foi ver que eu tinha poder. E que meu descontrole fazia-me perigoso para os outros. A cada nova sensação eu aprendia a dominá-los e em pouco tempo controlava-os sem dificuldade alguma. O tempo passou e eu não tinha mais vontade de prosseguir e sabia não ter escolha. Balancei a cabeça retirando os pensamentos de minha mente.

    A dor agora me parece menor, pois a luz da esperança apareceu. E a minha foi totalmente inesperada. Devo dizer que ela reflete-se em olhos esmeraldas. Finalmente, vejo um motivo para estar aqui. Sento-me útil novamente. Estou ainda aqui para cuidar dela. Proteger Suzannah de qualquer mal. Não imaginei que depois daquele barulho de carro despertando-me de meus devaneios tudo seria diferente. Como uma simples garota poderia deixar minha vida, ou melhor, eternidade de cabeça para baixo?

    A única afirmação que posso fazer neste momento é irrevogavelmente verdadeira e sincera. Nunca quis tanto estar vivo. Tudo agora girava em torno de uma só coisa: Suzannah. E por ela faria o impossível para deixá-la feliz... Quero dizer... Quase tudo. Menos ir embora como ela quer. Eu não posso deixá-la. Sinto-me como se houvesse um imã prendendo-me a ela. E eu não faria nada para impedir-me de continuar ao seu lado.

   Senti uma necessidade imensa de vê-la outra vez. Não deveria fazer isso, mas devo culpar a Heather. Ela deixou-me preocupado com Suzannah. Pude notar em seus olhos a raiva que sentia por ela. Refleti e cheguei à conclusão que dar apenas uma olhadela não faria tão mal. Não deixaria ver-me. Simplesmente certificaria que estava bem e sairia de lá. Certo. Eu vou. Desmaterializei-me de casa e apareci na escola.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi gente, gostaria de agradecer a Milaa-07 e Suze pelos reviews. E perguntar as outras leitoras o que houve. Não gostaram do capítulo? Sei que é chato, mas eu realmente gosto de saber como estou indo.
Mesmo que não gostem do capítulo comentem por favor, pois assim poderei tentar melhor no próximo, ok? É que levei um susto porque a quantidade de reviews tinham aumentado e nesta aconteceu isto.
Bom, espero que gostem do capítulo, ok? E deixem sua opinião.

Beijoos, e até o próximo capítulo!