Dia 1

Naruto corria cheio de pressa rumo ao portão de entrada de Konoha. Ele estava atrasado! Sairia em missão com Sakura e já deveria estar no local combinado para encontrá-la. Certamente a kunoichi iria repreendê-lo. 

Enquanto dirigia-se até lá, o Uzumaki também não foi capaz de conter o frio na barriga ao pensar que passaria alguns dias a sós com antiga companheira de time. Por mais que se esforçasse, ainda não havia conseguido reprimir a paixão que nutria por ela desde a infância. E tentou bastante! Chegou até a permitir-se ter alguns encontros com outras garotas que se declararam para ele ao longo dos anos, entretanto, nunca aconteceu de sentir por elas da mesma maneira que sentia-se por Sakura. 

Quando Sasuke retornou para a vila, Naruto acreditou que a teria perdido para sempre. Todavia, o Uchiha rejeitou a declaração de Sakura. E a kunoichi, ao invés de persistir e se manter tentando conquistá-lo, apenas aceitou e seguiu em frente. Isso fez com que a esperança se reacendesse no coração do Uzumaki, mas ele não sabia mais como abordá-la, visto que pedira tantas vezes por um encontro romântico com ela e sempre foi recusado. 

Seria aquela missão a oportunidade perfeita para tentar se aproximar do coração dela? Sakura foi designada para ir na vila Oculta da Cachoeira com a tarefa de curar algumas pessoas feridas em um ataque recente à região, e por mais competente que a Haruno fosse — bem sabiam que ela o era —, mandaram o candidato a Hokage acompanhá-la para que não tivesse de lutar sozinha no caso de tentarem atacá-la também.

Naruto locomovia-se velozmente, ao mesmo tempo em que elaborava estratégias no intuito de ganhar o coração dela durante aquela missão. Após mais alguns minutos, finalmente ele chegou ao destino.

Como era de se esperar, avistou Sakura com os braços cruzados, aguardando com impaciência. O Uzumaki parou na frente dela, ofegante, apoiando as mãos nos joelhos. 

— Sakura-chan! — ele falou quase sem fôlego. 

— Naruto! Você tá 17 minutos atrasado! — Sakura respondeu em um tom reclamão. Os grandes olhos verde-esmeralda dela estavam fixados nele, e nos lábios a garota tinha um bico de aborrecimento. 

Naruto ofereceu-a um grande sorriso e, tentando impressioná-la, disse:

— Ah, desculpa! É que fiquei até tarde ontem lendo detalhes sobre a missão. 

— Você pensa que não te conheço?! Tenho certeza que ficou vendo algum filme até tarde!

— Sakura-chan realmente me conhece! — ele riu sem graça e coçou a cabeça — Assisti várias vezes o filme com a história do livro do Velho Tarado.

— Naruto, seu pervertido! — Sakura corou e esmurrou o rapaz, acreditando que ele se referia ao “Icha Icha”.

Ele corou também e meneou a cabeça negando fortemente.

— N-nada disso! Aquele do ninja destemido, sabe? Me inspira muito quando assisto antes de uma missão! E também me lembra do Vovô Tarado.

Sakura suspirou profundamente, riu e pôs-se a caminhar. Naruto a seguiu e ela passou a informá-lo com minúcia detalhes sobre a missão. 

Ao chegarem na Vila Oculta da Cachoeira, ficaram maravilhados com o que encontraram por lá. Era uma região na qual a natureza imperava. Os gramados, as flores, os lagos. Tudo isso em meio às casas e ao comércio. Diante daquele cenário, era fácil para Naruto e Sakura compreenderem os motivos do ataque: uma vila tão pequena e tão promissora!

Não demorou para que alguém fosse recepcioná-los. Ela possuía longos cabelos grisalhos, as íris dos olhos alaranjadas e vestia uma yukata estampada com flores cor-de-rosa. 

— Vocês são os ninjas da Folha, certo?! — sua voz era bastante doce e as características de uma idade avançada estavam presentes tanto em sua fala quanto em sua face. Ela era bonita, independente das marcas de expressão no rosto dela. — Prazer, o meu nome é Harumi Yamamoto. Eu diria para descansarem e se acomodarem antes de ir prestar socorros aos que foram machucados. Entretanto, a situação é crítica. 

— O meu nome é Sakura Haruno e o dele é Naruto Uzumaki. E não precisa se preocupar com a gente! Os dois tiveram uma boa noite de sono e a viagem até aqui não foi tão longa, Yamamoto-sama. — Sakura respondeu com o tom mais gentil que pôde. 

Naruto sorriu e fez-lhe um sinal positivo com a mão.

— Fique tranquila, vovó Harumi! Esses feridos vão ficar sob os cuidados da melhor das ninjas médicas! 

Ao ouvir isso, Sakura corou e Harumi suspirou aliviada. 

— Sakura-san, não precisa ser tão formal. Pode me chamar de Harumi.

— Desculpe. É que a senhora é para a vila oculta da Cachoeira como uma Hokage é para Konoha. — Sakura justificou-se e Naruto arqueou as sobrancelhas, chocado. Só naquele momento deu-se conta de que Sakura havia falado de Harumi no caminho até ali.

— Não gosto dessas formalidades, elas nos distanciam. Vamos, irei levá-los ao hospital. Infelizmente, quase não temos ninjas médicos por aqui.

Os dois assentiram e acompanharam-na. Sakura passou algumas horas concentrando chakras nas feridas dos pacientes, fazendo antídotos contra venenos introjetados através de kunais, entre outras coisas típicas da função de uma ninja médica. Recebeu o auxílio dos moradores que normalmente cuidavam da saúde dos habitantes da vila e também de Naruto, que ajudou-a incansavelmente, ainda que à sua maneira, um tanto desajeitado. 

Descobriram que as outras nações não tinham conhecimento da existência do País das Águas Cristalinas. Sendo assim, desconfiavam que tratava-se de um problema interno, algum tipo de rebelião. Talvez alguém não estivesse de acordo com a maneira pacífica e discreta de Harumi ao conduzir a administração da vila.

…

Após longas horas de trabalho, Naruto e Sakura foram levados até a hospedaria. Era toda feita de madeira, cheia de flores em variados tipos e tons, presentes tanto do lado de dentro quanto do lado de fora. O cheiro agradável que elas emanavam tomava o local.

— Sejam bem-vindos! Sabemos o que estão fazendo por nós e disponibilizamos tudo o que temos de melhor a oferecer. Tomem um belo banho nas fontes termais e depois vão servir-se de um banquete preparado com o maior carinho. — disse uma moça bronzeada e dona de curtos cabelos castanhos. Ela encontrava-se atrás de um balcão de recepção.

Os dois jovens ninjas assentiram com animação e logo já estavam a guardar suas roupas nos armários, cada um em um cômodo. As fontes termais ali não eram mistas. 

Por fim, Naruto deixou a toalha cair e mergulhou na água quente, sentindo cada um dos músculos do corpo dele relaxarem. Chegou a cogitar dar uma espiada em Sakura. O muro que os dividia era tão pequeno! Não exigia muito esforço para ter uma visão do outro lado. Entretanto, queria mostrar para a amada que amadureceu, então resolveu manter a postura. Abandonou-se ali, apenas aproveitando o momento.

O que ele não esperava era que iria vislumbrar um vulto aparecendo rapidamente acima do muro e logo em seguida desaparecendo. Acreditou até mesmo estar delirando, imaginando coisas. Todavia, não estava equivocado. Tratava-se de Sakura! 

Logo após espiar Naruto no banho, a garota deixou-se cair na água totalmente enrubescida e constrangida. Já fazia algum tempo que andava mais interessada do que deveria no antigo companheiro de time.

Pouco a pouco, estava a notar sutis mudanças no comportamento do Uzumaki. Além disso, percebeu que não era apenas as atitudes dele que estavam diferentes... a aparência também estava somente melhorando com o passar do tempo. Naruto ficava cada vez mais atraente! E Sakura se punia por ter esse tipo de pensamento.

Ela correu para o armário, vestiu um pijama branco e confortável oferecido pela hospedaria, então foi até a mesa onde a comida seria servida. A kunoichi não sabia como encarar o Uzumaki após o ato impensado nas fontes termais. 

Sentada no chão, ela pensava incansavelmente em alguma desculpa que pudesse justificar o que fizera. Todavia, foi interrompida pela chegada de Naruto, que a fez corar.

— Sakura-chan! Acho que tem algo estranho no banho daqui. Parecia que tinha alguém mais ali. Você teve essa impressão também? 

Sakura riu nervosamente e tentou controlar-se e contornar a situação.

— Naruto, você não ouviu falar? Esse lugar é mal-assombrado!

Naruto estremeceu.

— Q-que papo é esse?! 

Então, a kunoichi começou a contar uma cabulosa história de terror que acabara de inventar. Os serventes colocaram a comida na mesa diante deles.

Os dois ninjas se deliciavam com takoyaki, onigiris e uma variedade de pratos que levou-os ao êxtase. Naruto, ainda apavorado com o papo sobre fantasmas, e Sakura, divertindo-se com a situação. A kunoichi concluiu que o rapaz era um tanto quanto lerdo e que ele definitivamente não descobriu que foi ela quem o espiou.

Estava aliviada, porém também preocupada. Fazia já algum tempo que evitava lidar com as sensações que Naruto vinha lhe causando. Contudo, ali, em uma missão que os colocou em situação tão íntima, ficava cada vez mais difícil de esquivar-se. Cada minuto que passavam juntos instigava nela uma emoção diferente. Sentia no coração um estranho calor. Nunca antes lhe havia ocorrido uma sensação como aquela. Do que se tratava?