Uma Canção de Sakura e Tomoyo: Finalmente Juntas escrita por Braunjakga


Capítulo 13
O ataque da Ordem (parte I)




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Capítulo 11

O ataque da Ordem, parte I

 

Elgoibar, Espanha

2 de agosto de 2015

 

I

 

Aquela era a rodovia do cantábrico. Estavam numa região cheia de montanhas, vales e um rio passava a poucos metros da estrada. Andando por entre os carros e caminhões, os Interventores passavam com suas armaduras vermelhas como sangue. 

Ninguém levava a sério aquele bando de gente mascarada andando pelo acostamento. Nem mesmo uma viatura da Ertzaintza, a polícia local, prestou atenção neles, mesmo que estivessem segurando machados, lanças, porretes e escudos nas costas. Parecia que tudo era coisa de faz de conta.

Maitê ou Victor andavam sem capacete, sem medo de serem identificados, mas o restante estava com seus capacetes bem postos para evitar qualquer problema com a autoridade mágica, caso alguma coisa saísse errado. Até mesmo o próprio Interventor da Catalunha nunca foi visto sem máscara por qualquer um dos subordinados. Ninguém sabia quem era ele, mas revelar que havia matado os antigos Interventores para chegar ao poder dividiu muito os outros membros da Ordem que estavam ao seu comando. Ele sabia disso.

— O nosso objetivo deve ser cumprido a qualquer custo! Todos aqueles que estão em contra disso vão ser executados! — disse o Interventor chefe, segurando ameaçadoramente seuv arco e flecha.

Muitos daqueles interventores estavam assustados com o gesto e pensaram em fugir, baseados no que já havia feito Gotzone, Ágatha e Nerea, que recusaram o mando dele sobre a Ordem. Elas até mesmo o haviam enfrentado-o cara a cara. Mas o temor de uma guerra civil capaz de destruir a própria Ordem mais do que ela já estava dividida foi mais forte. Outro fator importante foi a forma brutal como foi tomado o Castelo de Guipúscoa. Até agora, ninguém havia entendido que espécie de poder estranho era aquele. Portanto, a resposta geral foi a seguinte:

— Sim senhor! Estamos cientes das consequências… — disseram todos, em coro.  

   

II

 

— Eu tô preocupada… — disse Sakura.

— Nenhum ataque dos caras vai parar a gente! Vamos chegar em Donostia daqui há meia hora e ponto final! — disse Kero.

— Há agentes infiltrados ao longos das montanhas e até o momento, ninguém disse nada pra gente! Isso é bom! — disse o ministro Alfredo, dirigindo a SUV onde estava a família Kinomoto. No banco da frente estava ele e Syaoran. Nos bancos do meio estavam Sakura, Chitatsu, Kero e Yue, e mais atrás estava Meiling.  

Um comboio de vários carros passavam em carreata pela rodovia e haviam motociclistas ladeando as viaturas. Se um ataque acontecesse, seriam os primeiros a serem vitimados. Naquela hora da tarde, era o único movimento em massa que havia no lugar.

— Acho que o único jeito de saber sobre a gente é se alguém tiver falado pra eles! Não confio muito nessa “Ordem do Dragão” que se diz leal ao rei… — disse Meiling.  

— Ao menos alguém concorda comigo… — disse Yue.

Do nada, o carro onde estavam sentiu uma forte tremedeira. O céu, antes azul, ficou vermelho e as nuvens ficaram cinzas. Os carros e caminhões da estrada viraram pó num piscar de olhos.

— O que será que tá acontecendo? — perguntou Meiling.

— A barreira… Ela tá repelindo os carros… — respondeu Syaoran, tenso. O rádio do carro chamou:

— Senhor Alfredo, detectamos a presença de uma barreira aqui! Ela é mais forte que a anterior!

— Entendido, detectamos aqui também. Vamos pro seu e ver o que tem adiante! Não adianta nada ficar aqui parado!

— Entendo, senhor!

— Como eu suspeitava, o plano vazou… 

Um clima de pesar e tensão pairou dentro do carro.

— Mas não se preocupem, eu já estava preparado pra isso! Estamos mais fortes que antes! — disse o ministro, sorridente. — Antes disso… — o ministro estalou os dedos e o pequeno Chitatsu desapareceu da frente deles, num passe de mágica. Sakura e Syaoran arregalaram os olhos. — Vamos deixar as crianças fora disso. 

— Onde é que ele foi? — perguntou Nakuru.

— Ele está numa dimensão paralela, basta pedirem e ele vai aparecer. — explicou o ministro. Todo mundo ficou admirado quando, de repente, a porta do porta-malas da SUV foi aberta como uma lata de sardinha. Meiling saiu voando do banco e bateu com a cabeça no carro de trás.

— Meiling! — disse Sakura.

— Meiling! — todos exclamaram.

Uma mulher de armadura vermelha como sangue apareceu flutuando no ar. Suas mãos não eram humanas, lembravam mais as garras de um jacaré ou qualquer outro réptil. Na outra mão, a interventora carregava uma maça. A esfera de metal rodopiava na corrente e estava prestes a atacar a qualquer momento.

— Raitei Shourai! — disse Syaoran, soltando uma rajada de raios contra a interventora. Ele se afastou um pouco, mas não por muito tempo. Na frente deles, uma fileira de homens e mulheres de armadura vermelha como sangue os aguardava. 

 

III

 

— O que vocês estão esperando?Atacar! — disse o Interventor comandante. Ele disparou flechas contra as viaturas da comunidade mágica e muitas delas perderam o controle e foram parar no rio ao lado da rodovia. As poucas que não perderam o controle frearam. De dentro delas, homens e mulheres de farda branca saíam com fuzis nas mãos, atirando contra os soldados da Ordem. Eles usavam um colete a prova de balas, luvas e capacete como as forças especiais dos soldados comuns. Os tiros disparados por eles começaram a perfurar a blindagem das armaduras de sangue da Ordem do dragão e o Interventor líder ficou preocupado.

— Maitê! Proteja nosso ataque! Formação em cunha! 

Maitê Ferrer correu com o escudo na frente e Victor Delgado veio com a lança logo atrás. O comandante da Ordem atirava com o arco, derrubando um ou outro dos soldados da autoridade mágica que disparavam, mas não todos e nem com a mesma facilidade de antes, quando atacaram em Tomoeda pela primeira vez, há 13 anos.

— Laura, vai atrás das cartas! 

— Entendido, senhor! — A mulher colocou o capacete e seu braço se transformou em uma garra de dragão. Ela voou para o meio do comboio, sob a chuva de tiros que os soldados da autoridade mágica disparava. 

 

IV

 

— O que aconteceu com a Meiling, eu não sinto mais a presença dela! — berrava Sakura, desesperada. Todo mundo dentro da SUV se olhava preocupado, perguntando silenciosamente quem falaria primeiro. Dom Alfredo pôs o pé no freio e disse:

— Sakura, prepare seu báculo e suas cartas! — O ministro de assuntos especiais colocou o pé para fora do carro e se transformou de imediato. O terno que usava virou o grande robe e o báculo que ostentava nas mãos apareceu num piscar de olhos. Syaoran, Kero, Ruby Moon e Yue saíram do carro e viram o caos na frente deles. 

Maitê se aproximou de um grupo de soldados e jogou o escudo contra eles, batendo em uns cinco. Victor caminhava como um touro no meio da fileira de soldados, sem se importar com os tiros. Mesmo levando tiros na cabeça, o Interventor se regenerava e uma parte da sua face estava coberta com escamas de Dragão. Ele espetava um e outro soldado como se fosse carne num palito de churrasco. 

Das fileiras de trás, flechas e mais flechas caíam aleatoriamente na rodovia. De repente, duas mulheres apareceram diante deles. Uma tinha espada nas mãos e a outra tinha uma maça. Era a mesma mulher que tinha aberto a porta de trás do carro e empurrado Meiling para fora. 

— Eu fico com a da espada! — disse Yue. — Kero, proteja a Sakura! 

— Sempre querendo ser o primeiro… — disse o guardião, já em sua forma verdadeira de leão dourado.

— Isso não é brincadeira! Estão vindo! — Yue puxou o arco e flecha e disparou contra a mulher. Ela desviava, defendendo-se com a espada dos ataques do guardião. Ruby Moon foi atrás de um outro Interventor que vinha logo atrás.

Syaoran pegou um dos ofudas e conjurou um feitiço. Ele começou a flutuar e encarou a mulher da maça soltando uma magia com a espada.

— Katei Shourai! — Uma rajada de chamas saiu da arma, encobrindo o corpo da mulher com uma nuvem de fogo. 

— Tá todo mundo lutando… Eu também preciso fazer alguma coisa, mas eu não consigo! — disse Sakura, tremendo de medo. Do nada, um punho voou em sua direção, mas Kero ficou na frente dele. O guardião voou até uma rocha e bateu a cabeça, voltando a ficar na forma de boneco de pelúcia.

— Nunca pensei que fosse tão fácil assim! — disse um homem com um soco inglês nas mãos. 

— Marcos! Se concentra nas cartas! — gritou a mulher com a espada nas mãos. 

— Não brinca, cara! Nossa vida depende disso! — disse a mulher de maça.

— Idoia! Laura! Eu não sou vocês! Aqui é o Marcos de Ceuta! Tô aqui pra acabar com essa palhaçada das cartas de uma vez e não ficar de brincadeira!

Sakura estava assustada e não se mexia. O homem sorria. A qualquer momento ele podia pegar as cartas. Bastou Marcos dar um passo na direção de Sakura para que suas costas fossem alvejadas por uma rajada de tiros. Era um dos soldados de farda branca do ministério de assuntos especiais com fuzil nas mãos. Sakura percebeu que sangue saiu da boca dele, como se ele tivesse sentindo os tiros rasgando a armadura. 

"Dom Alfredo tá certo, o ministério estava mais preparado pra lidar com a Ordem" pensou Sakura.

— Malditos… 

Ele se voltou contra os soldados de farda branca e mais e mais tiros alvejaram o homem. Foram tantos os tiros que Sakura pensou que estivesse num campo de batalha. Não precisava pensar mais, aquilo era um campo de batalha. Depois de ser metralhado de forma brutal, o Interventor tombou no chão e a armadura saiu do corpo dele.

— Vencemos! — Comemoravam os soldados. mas a felicidade durou pouco, pois o Interventor comandante voou até eles e flechou-os pelas costas. Caíram mortos em instantes. Ele se voltou para Sakura, mas Dom Alfredo foi mais rápido e ficou na frente dele.

— Eu não vou permitir que você dê um passo a mais! Holy! — disse o ministro. Ele soltou uma explosão de magia branca contra o homem, mas o Interventor sobreviveu ao ataque.

— Eu vejo que o senhor voltou com truques novos, ministro, mas eu também tenho muitos truques. Ou melhor, truques que eu já tinha e me esqueci de usar… 

— Oras, o que está dizendo?

— Zona X! — disse o Interventor. Seu corpo foi sugado por um buraco que apareceu no chão e sumiu. O ministro ficou atordoado, sem entender nada.

— Magia dimensional? Deve ter escapado! Se ele não souber pra onde vai, pode se perder pelo resto da eternidade no vácuo! — disse o Ministro, olhando para toda parte para ver se ele aparecia.

— Eu disse, ministro! Um velho truque que brinca com a distração do senhor! — disse a voz do Interventor. Ninguém sabia de onde vinha, mas todo mundo conseguia escutar. Os soldados do ministério de assuntos especiais ficaram confusos e começaram a vasculhar a estrada para ver se ele aparecia, ao mesmo tempo que lutavam contra os demais Interventores.

— Sakura! Usa a carta “voo” e cai fora daqui! 

— Eu não posso sair daqui, ministro! Tá todo mundo lutando por mim! 

— Eu te disse, ministro! Não baixe a defesa! — Era a voz do Interventor da Catalunha. Ele saiu de um buraco nas costas do ministro e acertou uma barra de ferro contra ele. O objeto perfurou as vestes brancas do ministro e ele cuspiu sangue. Alfredo Bosch caiu no chão e soltou o báculo.

— Dom Alfredo! 

— Da mesma forma que o velho Saul, assim eu acabo com mais um ministro de assuntos especiais de sua majestade! Morra, por favor! — O Interventor pegou seu arco e flecha e disparou contra a cabeça dele. Nesse instante, os olhos de Sakura abriram para o terror que via na autoestrada. Suas mãos tremiam e pegavam o báculo com espasmos. Seu sangue ferveu e Kero, desfalecido, percebeu. O guardião abriu os olhos e se espantou com o que via. Uma rajada de vento saía dos pés de Sakura e o círculo mágico da estrela brilhava com intensidade. Todos os que estavam na rodovia perceberam também o poder mágico monstruoso que saía de Sakura. 

— Sakura!

— Sakura!

Yue e Syaoran pararam de lutar para ver o que acontecia com a cardcaptor. Na mente dela, Kero falava por telepatia:

— Sakura! Junta toda sua raiva num só lugar! Ficar soltando magia assim não vai adiantar de nada! Você só vai se cansar! Pensa em alguma coisa pra vencer ele… 

A estrela na ponta do báculo girava freneticamente, a ponto de soltar raios. Todos pensaram que a arma mágica quebraria, mas não foi isso que aconteceu. O cajado de Sakura derreteu num redemoinho de vento que saía das mãos dela. O turbilhão de vento ficou rosado e nem dava para saber se o báculo ainda estava inteiro. 

— O que ela tá fazendo? — perguntou Yue.

— Ela tá… Transformando o báculo? — comentou Syaoran. 

Os olhos de Sakura brilhavam e o tufão rosado começava a tomar forma. Um fuzil, como os que os soldados de branco do lado dela usavam, apareceu nas mãos dela. 

— Isso aí, Sakura! — disse Kero. 

— Ela transformou o báculo da estrela num… fuzil? — comentou Yue.

— O poder dela passou o do Clow faz tempo… A Sakura foi feita pra superar o cara mesmo! — disse Syaoran, sorrindo timidamente. — Se bem que… Ela peca no controle, às vezes. Da onde ela tirou aquele fuzil?

— Ela deve ter olhado pros caras do lado… — comentou Yue.

Kero se transformou novamente num leão alado. Dessa vez, seu corpo estava transparente. Ele correu até Sakura e entrou no corpo da mestra. Uma aura dourada apareceu ao redor dela.

— Kero-chan, o que é isso? O que tá acontecendo comigo? Eu tô lendo seus pensamentos! Você tá vendo minhas memórias!

— Calma, Sakura! Você quase perdeu o controle da sua magia! Eu tô aqui pra ajudar! Por isso, eu tive que te possuir… 

— Me possuir? Hoe! 

— Calma, é por pouco tempo. Até a gente conseguir acabar com esses caras…  

— Sei… Mas, Kero-chan, cadê meu báculo? 

— Seu báculo agora é esse fuzil. 

— Mas o que eu vou fazer com esse fuzil? Eu nunca peguei numa arma na minha vida! 

— Oras, atira! A carta tiro serve pra quê se não tiver um fuzil pra atirar?

Sakura ficou pensativa por um tempo, mas depois disse:

— Carta criada pela valente Sakura! Abandone sua velha forma e venha servir à sua nova dona! Em nome de Sakura! Tiro!  

Toda a conversa de Sakura e Kero, a transformação do báculo em fuzil e a evocação da carta duraram apenas um segundo, um segundo apenas. O Interventor da Catalunha se aproximava de Sakura a passos largos. As duas Interventoras que lutavam com Syaoran e Yue perceberam a ameaça que a Cardcaptor representava e correram para ajudar o mestre, assim que perceberam o aumento anormal de poder mágico de Sakura. 

A cardcaptor apontou o fuzil para os três e disparou… 

 

Continua…   

         


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