Apenas o tempo escrita por Peggie


Capítulo 7
Capítulo 6 - Inferno Fairchild


Notas iniciais do capítulo

HEY EVERYBODY! Como estão indo nessa quarentena? Como está a saúde mental de vocês? Isso é uma pergunta séria, vi muitas pessoas passando por problemas devido ao tempo em casa, vocês estão conseguindo lidar com isso? Eu espero que sim. Espero que todos estejam bem.

Sei que faz um tempinho desde a última publicação... Mas queria agradecer à Isabella Fray que comentou no último capítulo. Para quem lê as notas finais sabe que eu não andava fazendo os agradecimentos individualmente porque tinha ficado com uma dúvida a respeito no regulamento, sanei a dúvida? Não! Mas... É a vida, lerei mais uma vez.

Gostaria de agradecer às meninas Anny, Alexandralu que favoritaram e upside down, Vitória 20 e MSB que estão acompanhando. Muito obrigada! Sei que já agradeci a algumas em outras notas iniciais, mas não queria deixar de falar o nome de ninguém por desatenção então disse tudo mais uma vez!

ANTES DE COMEÇARMOS QUERIA FAZER UMA RECAPITULAÇÃO - No capítulo passado "As mentiras de fevereiro" a Izzy começou a passar um tempo com a Clary enquanto a Maryse viaja a trabalho, certo? Certo! A Clary só passou por dois dias, esse será um deles, o terceiro no caso. Vou continuar a sequência dos dias em que a Izzy ficar com elas? Ainda não sei. Mas... É isso por hoje

Vamos ao capítulo!

Espero que estejam bem e façam uma boa leitura ♥



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Capítulo 6 - Inferno Fairchild

 Terceiro dia. 6 de fevereiro.

Quarta - feira

Muitos acreditam em horóscopo, signos, céu e inferno astral. Eu acredito na minha mãe e na sua capacidade e transformar minha vida em um verdadeiro inferno. É apenas um fato que minha relação parental com Jocelyn não é a melhor do mundo há anos, mas é suportável. Acredito que seja uma relação mútua de respeito, as tarefas são compartilhadas entre nós para manter a casa em ordem, as compras são feitas frequentemente, tudo ocorre perfeitamente nesse âmbito. Exceto por nossa relação que deixa a desejar por não nos falarmos de forma muito civilizada ao nossas opiniões divergirem. É como se tivéssemos que evitar o diálogo para o bem comum. O nosso bem. 

Nosso relacionamento é capaz de se manter estável caso uma variável se mantenha constante, meus relacionamentos. Há quatro anos tínhamos inúmeros conflitos que reduziram com o passar do tempo, moldei-me da forma mais severa apenas para evitar que o caos tomasse conta, dei o “braço a torcer” acreditando que era melhor ter paz a ter razão. Alcançamos um certo equilíbrio, que mais soava com o silêncio e indiferença do que com uma relação harmônica. 

É sistema frágil, com um “equilíbrio” totalmente deturpado e instável. Basta uma simples mudança para que Jocelyn revele sua capacidade de foder com tudo. Kyle e Simon foram meus únicos interesses amorosos ao longo da minha vida, e mesmo que tenhamos retornado à amizade mais tarde e ambos tenham se interessado por pessoas diferentes algum tempo depois, na época do nosso envolvimento foi como se eu voltasse a ter treze anos. Foi como se Jocelyn e eu regredíssemos em questão de semanas quatro anos de uma relação semi - estável apenas porque eu “ousei” me interessar por alguém. 

Os detalhes foram sutis a princípio, os dias em que costumávamos sair pareciam trocados assim como as tarefas semanais, sempre tardes demais e ocupando os finais de semanas muitas vezes. Crises de perfeccionismo direcionadas a mim, no quesito, roupas, postura e alimentação. A limpeza excessiva, onde mesmo que a casa estivesse impecável Jocelyn nunca parecia satisfeita, principalmente com a organização do meu quarto. A decoração, a ordem dos meus livros, nada era o suficiente, mesmo que isso não afetasse na limpeza da casa era algo que a incomodava.

Depois de um certo episódio passei a trancar a porta ao sair para evitar as inspeções. Nos piores dias ela tentava forçar a entrada, as marcas de tentativa de arrombamento eram visíveis na fechadura. Já tinha passado por isso uma vez e não esperava ter que passar novamente, principalmente por algo tão simples como arrumar um “namorado”. Mas episódios se repetem de formas surpreendentes.

Jocelyn criticou minhas amizades, minhas roupas e até mesmo as escolhas que eu faria para o meu futuro, questionava com quem eu andava, por onde eu havia estado, questionava a veracidade dos meus laços afetivos mesmo que meu ciclo de amizade fosse o mesmo há anos.

Em primeiro plano achei que fosse apenas uma coincidência infeliz, até mesmo quando fomos ao mercado três vezes na semana, sem a menor necessidade, ou quando ela tirou folga no meio da semana e disse que iria me acompanhar durante o dia. Mas quando a frequência de certos acontecimentos começou eu soube que talvez não fosse apenas uma “coincidência infeliz”. Ela sabia. Claro que sabia.

Talvez tivesse visto, ou escutado minhas conversas com ao telefone, mas de alguma forma ela soube e foi o suficiente para que tudo piorasse.

Com Simon suas atitudes foram mais brandas, porém quando Jordan Kyle entrou na equação… O pior aconteceu. Talvez fosse porque Simon já era um dos meus amigos mais próximos, meu melhor amigo, vivia por aqui, o “controle” e conhecimento dela sobre ele era bem maior, mas Jordan era uma incógnita, e isso não auxiliou em nada.

É claro que em nenhum momento eu tive coragem de revelar meus sentimentos sobre eles à Jocelyn, porque antes mesmo de se desenvolverem eu já estava exausta de tentar sair de casa, exausta de mentir e ficar no mesmo lugar. Estava realmente cansada. Parecia que eu tinha voltado aos treze onde eu era extremamente controlável e vulnerável à suas atitudes que me fragilizavam facilmente. 

A semana em que eu desisti foi nítido, Izzy passou quase a semana inteira comigo, lamentava-me frequentemente, deu pra saber, lágrimas não seriam desperdiçadas à toa. Quando tudo acabou com Jordan a única coisa que eu disse era que eu simplesmente não aguentava mais, não dava. Mesmo que fôssemos incompatíveis em inúmeros âmbitos senti que faltavam experiências, faltava a vontade de descobrir até onde aquele relacionamento poderia ir porque em semanas eu já estava exausta. 

Era por isso que ninguém poderia saber. Por isso que mantenho às sete chaves o que acontece entre mim e Jace. Porque eu não tenho coragem de abrir mão de algo tão bom, que me traz tanta paz. Porque eu não sou capaz de sentir que estou perdendo novamente, de ter a sensação que não descobri até onde poderíamos ir. 

(>>>)

Luke Garroway poderia ser uma ótima pessoa. Bom com animais. Bom com crianças. Ter ótimos livros para recomendar. Um bom cidadão e um bom amigo para Jocelyn. Mas ele tinha um problema, um defeito que talvez eu pudesse ignorar se não tivesse me afetado tanto. Me incomodado mais que tudo depois desta tarde: a sua língua grande. 

Aparentemente Luke não reconhecia todos os malefícios que poderia desencadear com essa simples informação: “Vi Clary saindo hoje da casa do Jonathan”. Pouquíssimas pessoas tinham conhecimento do ser humano que Jocelyn se tornava ao descobrir que eu poderia me interessar romanticamente por alguém. Com certeza ele não sabia… Não era possível que um ser são desejasse alimentar a loucura de outro sabendo que isso prejudicaria alguém. 

Garroway provavelmente só queria ajudar minha mãe, sabendo que ela responsável por mim e talvez não soubesse onde eu estava durante aquela tarde devido ao plantão no hospital. Deve ter comentado por alto e apenas não sabia o quanto isso me prejudicaria. Foi um erro. Um erro que me deixou extremamente puta, com certeza. Um erro que talvez me deixasse à mercê da vulnerabilidade mais uma vez. Jocelyn estava estranha ultimamente, o simples fato de começar a chegar mais cedo que o habitual era um dos motivos para que eu me preocupasse mesmo que fosse algo simples. 

Queria poder subir as escadas rapidamente ao chegar em casa. Queria passar um tempo fora. Queria inúmeras coisas apenas para fugir de algo que eu nem ao menos teria certeza que aconteceria. Eu sentia que Luke tinha contado à ela, algo crescente em meu peito avisava que ele teria feito. 

Era uma sensação tão ruim que parecia invalidar tudo que havia acontecido durante a tarde entre Jace e eu.

“Estávamos em seu quarto, mais especificamente sua cama enquanto Jace encontrava-se deitado, eu estava sentada na beirada tentando escolher um filme que pudéssemos assistir.

— Você gosta de que tipo de filme? – perguntei ao observar o catálogo a nossa frente. Mas não obtive resposta, apenas senti uma movimentação na cama, ele então repousou sua cabeça em meu ombro, dando-me um beijo rápido na bochecha – Você vai me ajudar a escolher? – perguntei sorrindo, então ele abraçou minha cintura, deitando-nos e escondeu seu rosto em meu pescoço – É sério Jace. Nós precisamos escolher – virei-me para ele, que pareceu ignorar o que eu disse enquanto mexia em meus cabelos, depositando um beijo rápido em minha testa, que o levou para beijar demoradamente minha boca – O filme, Jace… – continuei, contudo ele me interrompeu mais uma vez, dessa vez tendo seu beijo retribuído.” 

“– Ei, Clary – senti algo encostar levemente em meu rosto. Abri os olhos lentamente e observei que Jace mexia em meu rosto – Nós pegamos no sono… – espreguicei-me. Estávamos deitados de frente a frente, seu braço encontrava-se embaixo do meu corpo, provavelmente havia dormido enquanto estava encostada em seu peito. Encostou em meu nariz, fazendo com que eu franzisse a testa 

— Que horas são? – perguntei ainda sonolenta. 

— Um pouco tarde… – disse, mas meu olhar revelou que a resposta não havia sido o suficiente então continuou – Eu tenho que encontrar com o Sebastian agora…

— Então é bem tarde... –  sorri e comecei a me levantar lentamente. Velarc e Jace costumavam a se encontrar para treinar ou se exercitar, fazia parte da rotina. Jonathan me ofereceu um sorriso e um beijo em minha testa. Olhei para o relógio ao lado da cama que marcava cinco e cinquenta e sete e pude sentir o alívio tomar-me temia que fosse mais tarde que o esperado”

Ao sair pude ver alguém acenando para mim enquanto estava ao telefone, desconfiadamente acenei de volta enquanto tentava identificar quem era o homem do outro lado da rua, ao reconhecê-lo parei o movimento e comecei andar o mais rápido que pude.

 Saí mais tarde que o previsto, seis e vinte estava me despedindo dele. Decidi seguir a pé mesmo que Jace não apoiasse a ideia devido ao clima, ambos já estávamos atrasados e eu não poderia contar com a sorte. Isto era um fato, porém eu não contava com a imprevisibilidade do acaso.

“Como eu saberia que Luke estaria por perto?”

O chão úmido fez que eu quase escorregasse duas vezes, o passo apressado ocasionava tropeços e minha cabeça estava a mil com as possibilidades. Mas eu tive certeza que não estava nervosa à toa, enquanto andava  até minha casa recebi uma mensagem que gelou minha espinha.

“Nós temos que conversar. 

Espero você em casa”

(>>>)

— O Instituto me ligou hoje… – disse Jocelyn ao me ver chegar em casa. Após trancar a porta coloquei minhas chaves no aparador e tentei manter a tranquilidade.

— O que eles queriam? – perguntei simplesmente enquanto me direcionava até a cozinha. Seu olhar me acompanhou, antes sentada na sala levantou-se para me acompanhar. 

— Avisar que você perdeu algumas aulas. – meu coração parou por alguns instantes. Fazia um tempo desde que eu havia burlado algumas aulas, era meio tarde para avisarem, não? – Eles disseram que você não deu ponto de saída. Apareceu nas primeiras aulas mas sumiu o resto do período. Por onde você esteve?

— Que dia foi isso? – questionei. Embora eu só tivesse perdido uma dos dias de aula logo quando Jace e eu começamos a sair valia a pena fazer essa pergunta.

— Você não me respondeu! – disse brava – Eu perguntei por onde esteve!

— Eu não sei! Porque eu não faço ideia do que você está falando.

— Estou falando sobre as aulas que você perdeu. 

— Mas isso faz quase um mês. Foi logo no início de janeiro! – lembrei-me – Eu passei mal durante uma das aulas e fiquei esperando a dor passar no banheiro. – inventei qualquer coisa 

— Por que não foi a enfermaria? Eles te liberariam…

— Eu sei, mas eu tomei um remédio pra dor e acabei cochilando por um bom tempo. Quando eu vi já estava tarde e só fui embora. Não quis pegar a carteirinha que estava no armário para marcar o horário de saída e pedi para que a Maia passasse comigo. – disse a primeira coisa que me veio em mente – Mas foi só isso.

— Você dormiu no banheiro da escola? 

— Foi só por alguns tempos de aula. 

— Por que não me contou? – ainda parecia brava e desconfiada, mas aparentemente eu havia conseguido mentir suficientemente bem.

— Por que não era importante, mãe. – suspirei – Você seria a primeira a saber caso fosse. – saí da cozinha direcionando-me as escadas. – Era só isso? – perguntei querendo demonstrar tranquilidade. 

— É. É só isso sim – olhou-me de cima a baixo e assentiu, virando-se e indo em direção à sala. Mas aparentemente desistiu e fez seu caminho de volta até mim. Meu coração gelou, porque sua feição não me parecia amigável – Você sabe quem mais me ligou? – essa pergunta fez com que eu quisesse desistir, fingir que nunca existiu um diálogo e simplesmente sumir, mas eu não poderia fazer isso. Tinha suspeitas de quem poderia ter ligado, mas não poderia dizer.

— Além do Instituto? – minha voz quase travou, mas tentei me manter o mais calma possível – Não faço a mínima ideia. Era sobre a bolsa de estudos? – tentei.

 – O Luke me ligou. – fingi estar surpresa e antes que eu pudesse terminar minha frase de praxe como “ah, como ele está indo?” Jocelyn me interrompeu – Disse que te viu hoje – não arriscaria a perguntar, apenas deixei que falasse. Qualquer informação que eu fornecesse poderia prejudicar o restante da conversa. 

Luke seu filho da puta!

— Sim! – fingi estar contente – Ele acenou para mim. 

— O que você fazia naquela casa? – mesmo que minha boca quisesse abrir sentia-me incapaz para tal ato, tantos pensamentos e desculpas rodeavam minha mente que era impossível que eu expressasse uma resposta coerente – Na casa dos Herondale? Pensei que eles estivessem viajando. – é… acho que não tem um jeito dessa conversa ficar muito agradável 

— Estão? – comecei – Só passei lá para pegar meu material que estava com o filho deles, o Jonathan. Ele passou o Natal com a gente no ano passado. 

— Eu sei quem ele é, Clarissa. – respirou profundamente – Quero saber o que você fazia dentro da casa desse menino enquanto mais ninguém estava por lá!

— Então! Só esperei que ele me entregasse meu material e fui embora. Ele me ofereceu uma carona, mas eu recusei porque ele o Sebastian iriam se encontrar para treinar ou algo do tipo.  – tentei – Foi só isso! – minha resposta não parecia ter deixado-a contente

Silêncio. Jocelyn olhou-me e não disse mais nada. Meu coração acelerava a cada instante, era como se eu participasse de uma maratona. A quietude estava me matando aos poucos de uma maneira que eu era incapaz de suportar. 

Era como se eu estivesse prestes a chorar. Não era a conversa em si, mas a tensão que pairava no ar, seu olhar, sua voz, tudo. Lembrava-me de como as coisas tinham sido há alguns anos e eu não quero passar por isso mais uma vez. Não queria sentir como se estivesse de volta aos meus 13 ou 15 anos.

— Certo – olhou-me mais uma vez – Era só isso. – apenas assenti e subi as escadas. Ao adentrar meu quarto fechei a porta e examinei o lugar. 

Tudo em perfeito estado. Jocelyn não poderia mexer em nada enquanto Izzy estivesse conosco. Encostei na porta e respirei profundamente tentando regular as batidas aceleradas do meu coração. Botei a mão na boca para abafar os sons, afinal Iz já estava em casa, precisava me acalmar, era algo meu naquele momento, e mesmo que a Lightwood soubesse muito sobre mim era algo que eu ainda preferia manter para mim, pelo menos até que eu me estabilizasse novamente. Passei as mãos pelo meu rosto algumas vezes. Pus minha bolsa em algum lugar no quarto e sentei na cama.

Eu preciso respirar.

Preciso me acalmar.


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Notas finais do capítulo

E aí pessoal! O que acharam? Comentem, deixem-me saber o que estão pensando sobre "Apenas o tempo". Acham que os acontecimentos estão confusos? Parecem desordenados ou sem cabimento?
Preciso saber.
Espero que tenham gostado.
A história está chegando ao fim, eu tenho esse sensação...

Beijos e abraços.
Mr. Secret

Postado dia: 05/04/2020



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