Meu antebraço esquerdo está ardendo como fogo em brasa, a marca negra está mais vívida do que nunca. Então, isso significa que, finalmente, chegou a noite do combate? Logo estarei ao lado do Lorde das Trevas, provando, novamente, que sou mais do que uma leal serva, sou sua admiradora e, melhor ainda, a única que entende suas ambições.

Desço as escadas rapidamente, já estou cansada por esperar algum convite para agir conforme as vontades do meu senhor, afinal, nunca fui do tipo que participa do espetáculo como plateia, sempre fui uma das atrizes, e das principais. E que mal há em ser assim? As lutas me fascinam, principalmente contra oponentes habilidosos que se sente superiores e que, no final, são um bando de bebês chorões, clamando por misericórdia antes de caírem um por um.

Só de imaginar uma longa noite de batalhas, me sinto revigorada e inspirada. Certamente iremos vencer, poderemos acabar com aqueles malditos sangues-ruins e alguns traidores de sangue. Por fim, é claro, o Lorde das Trevas ficará muito orgulhoso, principalmente comigo.

Ao chegar ao hall de entrada, grito ordens para os elfos domésticos, para que a mansão esteja organizada e muito bem preparada para as comemorações pós-guerra, e sou específica quanto a bebida que usarei para brindar nossos esforços, um vinho com cerejas vermelho sangue.

Estou prestes a sair, quando Rodolfo me pega pelo braço. Antigamente, gostava de suas demonstrações de carinho e preocupação, porém, nesse exato momento, uma fúria se instaura sobre mim, deixando-me inquieta, fazendo com que ele começasse a segurar, ainda mais forte, os dois braços.

— Bella, acho que seria melhor você ficar. O Lorde das Trevas ainda está insatisfeito com os últimos acontecimentos – ele me fala com um tom de afeição, mas sei que também há uma leve presença de ciúmes, sobretudo no modo como me encara e segura meus braços.

— Você quer dizer que ele está insatisfeito comigo? Ha, tolice, ele está somente um pouco desgosto com algumas trivialidades, que hoje terei o prazer de concertar – tento lhe dar as costas, mas ele pressiona-me contra a porta. – Você sabe como eu gosto dessa sensação de adrenalina, não sabe? – Envolvo com os braços e ele prepara para dar-me um longo beijo, porém, mordo seus lábios e o afasto de mim, saboreando o gosto do sangue.

Imediatamente, ele saca sua varinha, mas não é veloz o bastante para se defender do meu feitiço, que acaba por arranhar profundamente o lado esquerdo do rosto dele.  Vejo-o se ajoelhar e tentar comprimir o sangramento, enquanto me aproximo e lhe tiro a varinha.

— Sabe, sorte a sua de eu gostar um pouco de você – dou uma profunda gargalhada e passo o dedo indicador no sangue que está escorrendo pelo seu rosto, chupo o dedo e com um último sorriso, me despeço.

Honestamente, que burrice a dele pensar que poderia me vencer em um duelo, ou de ter achado que eu ficaria parada como outros comensais indignos. Estou confiante que a minha presença agradará o Milorde e fará com que muitos bruxos se estremeçam. Posso até imaginar-me ao lado dele, colocando várias marcas negras no céu, enquanto derrubamos nossos inimigos. Primeiro, terei o prazer de exterminar alguns familiares indesejados, acabarei com a vergonhada trazida para a nobre e pura casa dos Black, em seguida, talvez, possa fazer com que alguns traidores de sangue se arrependam, ou simplesmente matá-los, começando pelos Weasley. Por fim, quando já tivemos vencido, transmitiremos nossos ideais e colocaremos um basta na dominação feita pelos trouxas e sangues-ruins.