Era o dia que teriam a aula de poções com a sala dividida entre alunos da grifinória e da sonserina. O professor Slughorn já havia dado a poção que seus alunos deveriam preparar naquele dia quando os marotos chegaram nas masmorras, atrasados como normalmente.

Após um bronca leve do professor, que era mais tolerante com eles por gostar muito de Remus, que ainda resmungava mal-humorado pelos amigos terem feito ele se atrasar, Sirius coloca os braços atrás da cabeça se alongando não dando muita atenção ao outro e James parecia nem ouvir, procurando uma certa ruiva pela sala, a encontrando sentada junto a Marlene McKinnon, uma garota bonita de cabelo castanho que era uma das melhores amigas dela.

Quando ele olhou para o lado onde os sonserinos estavam, viu que Snape o encarava com um olhar fatal enquanto cortava uma lesma. Sirius o cutucou e sussurrou para ele:

—Se ele se abaixar um pouco mais, a pobre lesma vai ficar coberta de ranho. –James tentou abafar o riso com dificuldade e começou a caminhar em direção da ruiva.

—Sentem-se logo rapazes. – O professor suspirou. –Estão causando baderna na sala. –Eles concordam com a cabeça, e vão procurar um lugar vago para sentar.

—Ei, vai me abandonar pontas? –Ele força um olhar de cachorro pidão na direção do outro.

—Faça dupla com o Aluado hoje. –Ele da de ombros.

—Ele já sentou com o Rabicho. –James se virou ignorando o drama do amigo, indo em direção da mesa que Lily estava, se debruçando na nela.

—Olá garotas. –James sorri sedutor, bagunçando o cabelo inconscientemente.

—James. –Lily falou indiferente, concentrada em sua poção.

—Potter.  – Marlene fez um aceno breve com a cabeça, picotando um punhado de algas e derramando no caldeirão. Ele olha para ela e torna a falar:

—Srta. McKinnon, o que diria se eu lhe perguntasse se quer trocar de dupla comigo.

—Eu diria que não estou interessada. –Ela lança para ele um olhar zombeteiro.

—Mas e se for uma boa proposta? –Ele tenta soar convincente.

—E quem esta com você? –James olha por cima do ombro para Sirius que ainda estava em pé, o outro olha para ele e acena com um sorriso maroto, entendendo a intenções do melhor amigo.

—Se me deixar sentar com a Evans, eu posso oferecer o Almofadinhas ali. O que me diz? –Marlene olha na direção que ele olhava vendo Sirius ali. Nunca tinha conversado diretamente com ele, analisou-o curiosa acabou deixando um sorriso levemente malicioso escapar e se levantou pegando suas coisas.

—Ei, Lene! –Lily a chamou indignada por ser abandonada.

—Desculpa Lily, não quero que você abandone seu namorado. – A garota passou por ela, andando até Sirius, que sorriu largamente para ela, e os dois foram para o fundo da sala para sentar em uma mesa vazia.

—É foi por isso mesmo... –James fala baixinho, sentando-se ao lado da ruiva que a olhava emburrada. – Não fique assim.

—Lene e eu estávamos quase terminando a poção! –Ele sorri para a namorada, tentando amenizar a situação, então  correu os olhos pela sala vendo que Snape agora basicamente esmagava um punhado de algas em sua mão, os encarando diretamente. “Ele nem disfarça mais” pensa James rindo em pensamento.

Foi tirado dos devaneios ao sentir um aviãozinho de papel ficar preso em seu cabelo, olhando discretamente para trás vendo Sirius no fundo da sala piscando para ele e Marlene ao seu lado tentando prender o riso.

Não olhe agora, mas o Ranhoso parece estar a beira de ter um colapso nervoso. Se duvidar até aquele nariz anormalmente grande deve estar vermelho.

Almofadinhas

James precisou usar a mão para conter a risada, chamando atenção da garota a seu lado, que parou momentaneamente o que fazia para observa-lo com o cenho franzido, enquanto se inclinava para ler o bilhete. James  alheio a expressão da outra, pegou uma folha de seu caderno e passou a escrever uma resposta.

Deve ser efeito do cabelo gorduroso dele. Eu sempre soube que passar um ano sem lavar o cabelo deve afetar o cérebro.

Pontas

De repente um papel amassado caiu na mesa deles, dessa vez para a surpresa de James, era de Remus.

Querem parar com isso? Daqui a pouco vão ter problemas! E fala para o Almofadinhas parar de me pedir cola, eu avisei para estudarem mais essa matéria.

Aluado

James olhou para trás vendo Sirius sorrateiramente jogar mais um papelzinho na mesa de Remus que se virou para ele com um olhar fulminante antes de rasga-lo sem nem se dar o trabalho de ler. Sacanamente tirou outra folha do seu caderno e começou a escrever.

Querido Aluado,

Como espera que eu pare de trocar bilhetes e ao mesmo tempo pede para eu dar um aviso a Almofadinhas?

Você já foi mais coerente meu amigo.

Pontas

James então dobrou o papel em formato de barquinho e por baixo das cadeiras fez ele “navegar” até a mesa de Remus e Peter. Lily o deu um cutucão:

—Se o professor nos ver, eu vou dizer a ele que não tenho nada haver com isso. –Enquanto ela voltava a cortar os ingredientes da poção ela se assusta quando um papel amassado cai diretamente em sua mesa.

Será que teriam a imensa bondade de ajudar uma pobre garota a finalizar sua poção?

Poderiam me ajudar me dizendo o que se mistura com o que. Não quero que meu caldeirão exploda.

Lene

Antes mesmo da Lily processar o que leu, um novo papelzinho cai em sua mesa.

Não fui eu que escrevi o outro bilhete, foi o Almofadinhas.

Ele está desesperado.

Mas honestamente, eu também não me lembro se é pra misturar a alga com o soro de morcego.

Lene

Lily faz uma expressão emburrada antes de recortar uma folha de seu caderno e começar a escrever com uma letra bonita e redondinha uma resposta que devia ser muito longa para um mero “bilhetinho”.

Caros Lene e Almofadinhas,

Ao invés de me pedir cola, essa é uma oportunidade excelente para estudarem. O que já deviam ter feito antes, é claro. O livro contém todas as instruções do preparo das poções. E o professor existe para que as dúvidas serem tiradas. Tenho certeza que o Prof. Slughorn ficará imensamente feliz em ajuda-los. E por favor parem de infernizar Aluado, o coitado parece que a qualquer momento vai jogar o caldeirão em vocês.

Com afeto,

Lírio

Ela assinou, lembrando que não devia usar seu próprio nome, caso o bilhete seja interceptado, não que fosse muito difícil decifrar os apelidos. Os dos marotos mesmo, a grifinória toda já deve ter ouvido eles se chamarem assim. Mesmo assim, era melhor ter cuidado.

Não demorou muito para um resposta vir. James e a ruiva discretamente, quando o professor parou de observar a classe para se aproximar de um aluno da sonserina que pediu ajuda, se aproximaram para ler a carta.

Bom, ninguém é bondoso nesse grupo aparentemente. Mesmo assim meu coração é grande, e vou informar a vocês que o Ranhoso viu o último bilhete que tentei mandar para o Aluado. Pela cara que ele fez ele vai nos dedar. Abortar missão.

Almofadinhas

O casal se entreolha preocupado, James discretamente tenta olhar para mesa de Snape, que estava olhando para ele, um semblante maldoso desenhado em sua feição. Ele levanta a mão e  o professor que terminava  de ajudar o colega se dirigire a ele.

—Sr. Snape alguma pergunta? – O professor pergunta alegremente para ele. Era mais um de seus queridinhos.

—Na verdade senhor, devo informar que tem alunos trocando bilhetes. – Ele fala com um olhar de falsa inocência. James o observava seriamente e olha com o canto do olhos para os amigos no fundo da sala. Sirius parecia prestes a jogar uma a mesa em cima dele, Remus observa com a sobrancelha arqueada numa expressão que dizia “eu sabia que algo ia dar errado” e Peter roía as unhas nervosamente. O restante da classe se entreolhava querendo saber de quem ele estava falando.

—Oh. – O professor exclamou. —Quem está trocando bilhetes? –Snape estufou o peito e abriu a boca para falar quando Lily o interrompe:

—Foi minha culpa professor Slughorn. –Todos os olhares se voltam para ela. James a encara com os olhos arregalados, Snape também parecia assustado. O professor se aproxima dela.

—Srta. Evans... Pode se explicar, por favor? –O professor parecia crer que sua aluna favorita devia ter um bom motivo para o que fez.

—É que eu sei que meu amigo, o Sr. Black me disse ontem estava com vergonha de pedir ajuda, mesmo estando com dificuldades na matéria, por achar que e uma poção simples. Então mandei um bilhete para ele com algumas instruções. Peço desculpas por fazer isso durante a aula. –Lily faz uma expressão de arrependimento que surpreende até o namorado a seu lado.

—Oh está tudo bem Srta. Evans. –O professor sorri com orgulho da atitude dela. – E o Sr. Black não precisa ter vergonha de fazer perguntas, estou aqui para ajudar. –Todos os olhos se voltam para Sirius que se encolhe na cadeira constrangido, assim que o professor torna a olhar para ela, Sirius lhe lança um olhar indignado. Marlene usa as mãos para abafar as risadas.

—Professor espere, não foi Li... A Evans foi Black,  Lup.... –O professor não o da ouvidos, mas preocupado em elogiar a iniciativa de Lily de ajudar o amigo.

Não demorou muito o professor foi até a mesa de Lene e Sirius dar instruções que os dois se esforçaram para entender. Snape olhava para James mortalmente, que ele devolvia com um olhar maroto e provocador. Lily a seu lado se concentrava em sua poção, sem dar atenção ao ex-amigo. James passou a ajuda-la a cortar os ingredientes finais.

Assim que a dupla acabou a poção chamaram o professor para ver, que estufou o peito de orgulho:

—Ficou excelente Srta. Evans, Sr. Potter. Estão de parabéns! –Não demorou muito para Severus Snape levantar a mão e anunciar que ele e sua dupla também terminaram a poção.

—Meus parabéns aos dois, a poção está impecável. – O professor elogia, fazendo ambos levantarem o queixo com orgulho.

Assim que a aula acabou James e Lily foram para o final da sala até a mesa de Lene e Sirius, vendo os dois discutindo enquanto tentavam limpar parte da poção que transbordou.

—Foi você que pôs mais alga do que devia! –Marlene o acusa, passando um pano ao redor do caldeirão.

—Eu coloquei o que você me deu para colocar! –Ele rebate também enxugando a mesa.

—Eu não falei para por tudo de uma vez, eu só te entreguei o que tinha cortado!

—Que bela briga de casal. –James se debruça na mesa com um olhar malicioso, os dois levantaram o olhar para ele com raiva dizendo em coro “não somos um casal!”. Logo Remus e Peter também se juntaram a eles enquanto aos poucos a sala esvaziava. Remus terminava de arrumar sua mochila enquanto começa a falar:

—Vocês tem sorte da Lily ter assumido a culpa, o jogo da grifinória é amanhã. Vai saber o aconteceria se tivessem pego uma detenção...

—É sim, tenho muita sorte de ter parecido um babaca na frente de todos. Ainda mais da sala da sonserina. –Sirius fala emburrado.

—Foi hilário. –James abraça os ombros de Lily. – Ela está mais do que pronta para ser um de nós.

—Sinto muito Sirius. Tive que escolher alguém para ter passado me bilhete. Fora que você foi flagrado pelo Sev...erus. –Se corrige ao perceber que chamou-o pelo antigo apelido que deu a ele. James percebe a expressão dela e aperta o seus ombros para conforta-la.

Lily não percebeu que Snape a encarou no fundo da sala enquanto conversava, antes dele sair pela porta.

—Então o que vamos fazer agora? –Sirius se espreguiça.

—Alguém ainda tem alguma aula hoje? –Lene pergunta olhando principalmente para Lily e Remus, que adoravam  se matricular em aulas extras.

—Não, hoje não. –A ruiva respondeu depois de pensar por um instante.

O grupo então resolveu se reunir no salão comunal da grifinória, brincando de lançar feitiços no ar e rindo. Logo acabaram por fazer o salão se se esvaziar pelos que estavam ali querendo apenas conversar em paz. Enquanto finalmente se acalmaram um pouco, James cutuca a namorada discretamente, apontando a saída do salão. Assim os dois se levantam discretamente, não percebendo que os olhares maliciosos dos amigos os acompanhavam.

Eles foram até o corujal, James alimentou sua própria coruja cor de mel, enquanto ela brincava com as corujas, acariciando delicadamente uma filhote que arrepiou as penas e fez um som de satisfação. Ele a observava de soslaio com um sorriso, então gentilmente alcança uma das mãos dela e a vira para ele. Lhe da um beijo nas mãos, com as bochechas vermelhas enquanto coloca uma pequena mecha de cabelo ruiva que caia sobre os olhos encantadoramente verdes da garota e se aproxima dela, assim iniciando um beijo profundo e apaixonado.