Amor e acaso escrita por Madame Pontmercy


Capítulo 7
Primeira aula


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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— O quê? – Miss Darcy perguntou sem saber como responder a suposição de Elizabeth.

— Não tente me enganar, ele sorriu como se a conhecesse e nem sabia o motivo de estar aqui já que trabalha na construção, por isso achou que Will iria reprovar a tutoria? Jamais pensei que se utilizaria de artimanha para manter um romance sem nossa ciência.

— Por favor, Lizzie, não se exalte pela sua saúde – implorou Georgiana levando de sua cadeira para manter Elizabeth sentada – Te asseguro que não há interesse romântico nessa situação, eu realmente o conheci há alguns dias, somente estou interessada em aprender desenhos arquitetônicos e estar sua companhia de forma adequada.

— Como assim? – indagou um pouco mais tranquila.

Georgiana faria de tudo para acalmar Elizabeth e convencê-la que não estava cometendo o mesmo erro que cometera com Wickham, portanto, contou tudo que aconteceu desde o recebimento da carta extraviada de Miss Heywood até o momento que retornou à Sea House no dia anterior, ao fim da narrativa a moça estava aos prantos.

— Perdoe-me por te decepcionado com essa artimanha para que Mr. Stringer conquistasse a confiança de vocês, eu não queria ter que lidar com mais desdobramentos da verdade, só desejava manter um amigo que pretende me ajudar a melhorar a arte que me faz sentir bem.

— Oh Georgiana, eu não estou decepcionada contigo, entendo que a situação evoluiu a esse ponto sem seu controle e fico tranquila em saber que continua agindo da forma mais prudente possível – abraçou a moça que soluçava – Também entendo que escondeu tudo aquilo que achou que nos perturbaria, não precisa fazer isso comigo pois sempre vou tentar compreendê-la e não me fará infeliz por contar algo que a incomoda, somos irmãs. E lamento ter dado mais uma mentira para carregar.

— Não sinta nenhuma culpa por causa de mim, Lizzie, não sou tão ingênua ao ponto de pensar que podemos viver na absoluta sinceridade, apenas não me sinto preparada para lidar com tanta coisa. De qualquer forma, eu entendo a importância de mantermos Will na ignorância por enquanto e farei de tudo para garantir que se sinta melhor, como disse somos irmãs.

— Você é perspicaz e inteligente, tenho certeza de que vai encontrar força para lidar com que te deprime e eu farei de tudo para ajudá-la, minha querida – Elizabeth secou o rastro de lágrimas no rosto de Georgiana – Primeiramente, devo te aconselhar a escrever para Miss Heywood para que ela entenda sua perspectiva.

— Eu não sei se funcionará, ela estava bastante magoada…

— Mas sofrer sozinha por amor e fingir que tudo bem, é muito pior.

Georgiana estranhou a autoridade com a qual Elizabeth afirmou sobre esconder os sentimentos, sabia que Fitzwilliam não havia a conquistado imediatamente por conta de seu comportamento orgulhoso e intrometido, mas não sabia nada sobre a perspectiva dela, talvez Lizzie entenda passado por algo parecido.

— Adoramos Mr. Stringer! – declarou Eloise entrando no jardim com uma animação que não lhe era usual – Meu amado Edward já está o contratando para planejar nossa casa, ainda que Mr. Stringer não tenha trabalhado diretamente como arquiteto, suas plantas são espetaculares e entendeu perfeitamente o que nós queremos, razão pela qual sugerimos a ele dar uma aula breve agora para você, Georgiana, e depois avalia se ele dará um tutor para contratarmos.

— Que notícias maravilhosas! – comemorou Elizabeth.

— Fico muito feliz por vocês, Eloise. Posso conhecê-lo então? – perguntou Georgiana.

— Claro. Está tudo bem? Parece abatida – questionou Mrs. Fitzwilliam enquanto elas caminhavam para o interior da casa.

— Estou sim, apenas continuo um pouco cansada – respondeu e seguiu para sala de estar.

— Ah aqui está minha prima, imagino que Eloise já tenha a informado das novidades, não é? – supôs alegremente Coronel Fitzwilliam.

Ela assentiu e prosseguiu em direção à mesa cheia de folhas das plantas que Georgiana havia derrubado na rua, disfarçou o meio sorriso causado pela lembrança, enquanto os homens educadamente a esperavam em pé até ela se sentar.

Mr. Stringer aceitou fazer uma demonstração como tutor esta tarde para que decida se quer continuar com sua tutoria, eu a acompanharia, mas temos que ir logo para Sanditon House, também não seria útil opinar sobre um estudo que não estou familiarizado.

— Não há problema algum, Edward. Poderia pedir à Rose para trazer meu material de desenho e os livros que encomendei?

— Claro. Novamente, é um prazer tê-lo aqui, Mr. Stringer. Com suas licenças – disse Coronel Fitzwilliam e se retirou da sala após inclinar a cabeça rapidamente em cumprimento.

— Estou impressionado com a rapidez da implementação de seu plano, Miss Darcy, quando recebi um recado em nome do Coronel Fitzwilliam não imaginei que teria algo relacionado à senhorita – confessou James tentando inutilmente disfarçar o sorriso.

— Faz sentido, não mencionei nosso parentesco, mas o senhor podia ter fingido melhor que não me conhecia, felizmente apenas minha cunhada estava presente e tive que contar absolutamente tudo para poupar sua saúde de especulações descabidas – censurou Georgiana franzindo o cenho desmanchando o sorriso do rapaz.

— Me perdoe, Miss Darcy, estou um homem simples, não estou acostumado às sutilezas sociais. Tentei parecer um desconhecido quando percebi que esta era sua casa, lamento muito que não tenha sido suficiente e tenha arriscado à saúde de Mrs. Darcy – disse cabisbaixo.

— Não se sinta mal, eu também não te informei com antecedência do plano e a gravidez de Elizabeth… ah não – reclamou Georgiana com as mãos no rosto – por favor, haja realmente como se não soubesse. Ninguém pode saber dessa notícia, nem mesmo meu irmão.

— Tudo bem… eu acho – respondeu confuso e a jovem suspirou conformada que teria que explicar o descuido.

— Depois de muito sofrimento por conta de alguns abortos, Elizabeth descobriu há alguns dias que está esperando um bebê e deseja evitar pressão intensa e involuntária dos familiares e, acredito, não ter que lidar com a pena e tristeza de todos se o pior acontecer. Acabei de provar que não conseguirei manter o segredo, meu irmão chega em dois dias! – exclamou em tom baixo.

— Calma, ainda tem tempo para treinar sua mente. Se eu sou a primeira pessoa com quem conversou sobre isso que não sabia da notícia, não é um absurdo que tenha esquecido de manter o sigilo.

— Está certo, não irei me desesperar – recitou Georgiana respirando fundo ao passo que mergulhava na imensidão esverdeada de seus olhos.

— Vai ficar tudo bem, Miss Darcy – disse com um meio sorriso empático – A partir de agora mantenha sempre em mente que não pode agir como se sua cunhada estivesse grávida.

A moça se concentrou no sorriso acolhedor de James e sentiu a calma lhe transmitia, dessa vez não se constrangeu com a beleza do jovem desenhista, mas ficou hipnotizada pela intensidade do olhar que nem percebeu que Rose entrou rapidamente com o material necessário.

Os familiares de Georgiana se despediram e foram para Sanditon House, restando os dois sozinhos sem manter contato visual, ela não sabia o que significava aquele constrangimento, no entanto, ele sabia que estava se apaixonando pela jovem. O clima estranho que deu lugar à aula com as equações essenciais para desenhar uma construção factível e segura.

— Suponho que duas horas de instrução sejam suficientes, mais um pouco eu iria entediá-la.

— O senhor não é enfadonho de forma alguma e eu estou acostumada a várias horas de estudo, mas me parece uma duração razoável – afirmou Georgiana – Perdoe minha intromissão, Mr. Stringer, encontrará com Mr. Parker em breve?

— Sim, quando sair daqui irei encontrá-lo em sua residência.

— E amanhã?

— Estarei boa parte do dia ocupado, acompanharei Coronel Fitzwilliam nas visitas de alguns terrenos, apresentarei o projeto com as alterações à Mrs. Fitzwilliam, além de nosso estudo sobre ângulos. Precisa de algo urgente do Mr. Parker?

— Não, apenas gostaria que Miss Heywood recebesse minha carta e fosse convencida a lê-la, mas ainda não a escrevi.

— Se me der um pedaço de papel para me distrair, eu espero enquanto escreve e mais tarde insisto para que Miss Heywood leia a carta.

— Provavelmente será longa, Mr. Stringer – disse receosa.

— Me dê um lápis também, Miss Darcy — incentivou James com sorriso aberto.

Apesar de se sentir levemente pressionada, Georgiana começou a escrever um pedido de desculpa para Charlotte à medida que ouvia James arrastar rapidamente o lápis no papel. Por diversas vezes, ela respirou fundo para que não começasse a chorar enquanto escrevia e James ao ouvi-la respirar profundamente lutava com a vontade de consolá-la e fazê-la se sentir melhor.

— Lamento a demora, Mr. Stringer – sussurrou Georgiana amarrando com uma fita as duas páginas recém-escritas e a carta extraviada de Charlotte.

— Eu não tenho nenhum compromisso marcado, apenas desejo informar Mr. Parker sobre o projeto de seus primos para que ele não se sinta ludibriado por mim de alguma forma. A senhorita está bem?

— Talvez a carga emocional tenha me afetado um pouco.

— Te deixarei descansar e pode ficar tranquila a carta será entregue e lida – assegurou James enquanto tentava organizar a grande quantidade de papéis.

— Agradeço muito, até logo, Mr. Stringer.

Após um cumprimento formal, ele se dirigiu à porta e foi subitamente interrompido por Rose.

 — Eu sei que não deveria me intrometer, mas Miss Darcy é uma moça gentil e gostaria de poupá-la de uma desilusão, na verdade, evitar a desilusão dos dois.

— Me desculpe, quem é você?

— Sou Rose Smith, criada da casa. Eu vi como se olhavam e não vejo como isso pode dar certo, o senhor não deve incentivar nenhuma paixão, imagino que saiba que não iriam aceitar um compromisso entre os dois e algo diferente disso iria arruiná-la.

James a encarou por alguns segundos buscando entender como ela percebeu que estava se apaixonando por Georgiana e aceitar que não tinha como refutar o argumento de Rose, ainda que fosse uma completa estranha tratando sobre algo que não lhe dizia a respeito.

— Eu manterei a relação adequada, não se preocupe – respondeu sério e saiu pela porta.

Sabia que Georgiana era um moça rica e jamais se ligaria a um homem sem importância como ele, não fazia muito tempo que sentira uma atração semelhante e dessa vez estava determinado a ignorar a paixonite para evitar mais uma rejeição. No meio do caminho para a residência de Mr. Parker, James praguejou mentalmente por ter esquecido o desenho que fez enquanto Georgiana escrevia, todavia, ao recolher seu material didático, a moça se surpreendeu ao descobrir o que tanto ele rabiscava.

Observou por alguns minutos se sentindo o coração aquecido pelo desenho, por fim, preferiu guardar o desenho com suas anotações e aguardou a volta de sua família resolvendo exercícios de seu novo livro. 


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Notas finais do capítulo

Leitores fantasmas, apareçam que sou curiosa hehehe



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