Kako no Iro - A Cor do Passado escrita por Kochira


Capítulo 3
"Se eu pudesse voltar no tempo"




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A cerimônia já estava quase no fim e Koshigaya não estava nada bem; pensamentos do passado circulavam em sua mente, e a última coisa que queria ver outras pessoas. Infelizmente para ela, isso era exatamente o que sua mãe esperava de si, e percebendo o desinteresse da filha, uma bronca logo surgiria. Para não piorar mais a situação, Koshigaya dá a desculpa de que precisa ir no banheiro e foge para seu quarto. Ao chegar lá, ela se joga em sua cama como se despenca-se. As vozes na sala ainda eram audíveis, por conta disso, se encolher mais e mais até chegar em posição quase fetal foi a ação natural para tentar diminuir essa agonia. Depois de permanecer imóvel por um tempo, pensando em seus monstros do passado, Koshigaya se recorda de sua foto com suas duas amigas de infância. Ela a havia guardado em uma caixinha que costuma deixar dentro de uma gaveta, pois apesar de ter muito carinho pela foto, essa intensificava seus sentimentos de culpa. Apesar disso, ela se levanta para observá-la mais uma vez. Após segurar a foto que ainda está em perfeito estado, Koshigaya a fita intensamente, as três crianças se abraçando. Ela era a do canto esquerdo da foto, mas sua atenção estava quase toda na menina do meio, que tinha cabelo razoavelmente cumprido e rosa. A culpa aparece novamente e em um ato de compaixão consigo mesma, Koshigaya aperta a foto contra seu peito, como se a abraça-se.

            As vozes do resto da casa fazem Koshigaya se lembrar de sua realidade presente. Ela guarda a foto na caixinha novamente com muito cuidado e então se dirige até a sala.

“Kotomi!”  — Koshigaya mal chega na sala e já ouve um grito de sua mãe chamando por seu nome. Para agir desse jeito na frente dos convidados, significava que havia algo errado, pois há uma preocupação enorme em não corromper a imagem da família. Koshigaya nota que uma tia está junto dela e logo percebe que essa era o motivo, pois se tratava daquela que é a mais próxima de seu avô materno, cujo sua mãe teme absurdamente.

“Desculpe a demora, eu es-“ — Koshigaya tenta justificar a ausência prolongada, mas é imediatamente interrompida pela tia assustadora.

“Está tudo bem, querida, não fique se desculpando” — Falou enquanto olhava para Koshigaya com um olhar irônico e colocava a mão embaixo do queixo da menina. — “Você é jovem, por isso quer ser livre e fazer o que quiser, não é?” — Continuou, com um sorriso maquiavélico no rosto.

“N-não senhora, eu-“

“Oh! Como não, querida? O pouco que te observei e os relatos de sua mãe são mais do que suficientes para concluir que você tem desvios sérios de comportamento.”

Koshigaya permanece em silêncio.

“Está mais do que claro que você não está sendo educada apropriadamente nesta casa, e eu não posso permitir que uma coisinha sem importância como você acabe arruinando a imagem que meu pai trabalhou tanto para construir para essa família.”

Koshigaya continuava a ouvir sem expressão alguma em seu rosto, e sua mãe estava imóvel, como se não houvesse ninguém a dar uma bronca em sua própria filha bem na sua frente.

“Eu falei com meu pai, e ele chegou à conclusão que a melhor solução para o seu caso é te levar para morar com sua avó novamente. Sua mãe entendeu que é o melhor a se fazer, e eu já informei seu pai.”

Koshigaya fica em choque por um momento. Sua avó ainda morava no mesmo lugar de antes, o que significava que iria voltar para onde passou a maior parte de sua infância. Apesar de sua situação, voltar àquela cidade era muito maior que isso. Seu coração começou a acelerar, e uma pequena gota de suor desceu a lateral de seu rosto.

“Entendeu o que eu disse, mocinha?”

Muito embora fosse questionada, Koshigaya não escutava mais nada naquele momento. Mil pensamentos passavam em sua cabeça. Devia voltar? Conseguiria aguentar a dor de estar naquele ambiente novamente? Essas e outras perguntas lhe atormentavam, porém, ela já pensava em enfrentar seu passado a algum tempo, e ao lembrar dos rostos na foto que vira a pouco, toma uma decisão:

“Sim, senhora. Eu vou para lá.” — Disse Koshigaya com determinação.

“Hm... Muito bem, você irá assim que a cerimônia acabar, eu mesma te levarei. Anda, vá arrumar suas coisas.”

Sem nem olhar para a reação de sua mãe ou de mais ninguém ali, Koshigaya move-se para o seu quarto, destemida a resolver os conflitos mais profundos que estão dentro de sua mente, e com a esperança de que regressar ao passado seja como abraçar aquela foto antiga...


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