Quando o último sinal do dia tocou, Hikari já se encontrava esgotada, o que era contraditório, considerando sua abstinência em fazer qualquer tarefa produtiva durante o dia inteiro. Hikari foi encontrada novamente por sua amiga caloura. Mina estava com seu amigo Taisuke dessa vez, um garoto magricelo de cabelo liso pro lado, da mesma turma dela. Usando de sua habilidade de ser escandalosa de um jeito quieto, Mina chega atrás de Hikari e fica parada ali com uma pose de Superman enquanto a fita seriamente. Hikari obviamente percebe a pequena atrás de si:

“Mina?”

Sem perder a pose, a caloura coloca a mão direita delicadamente no próprio rosto, deixando somente um olho a vista e responde a maior com algumas risadas simulando deboche:

“Vejo que ainda reconheces tua companheira milenar não é mesmo, senhorita Shiraishi?”

Com o pescoço torto igual um cachorro confuso, Hikari pensa consigo mesmo: “Chunibyouu. Sem dúvida.” Um pequeno silêncio surgiu no ambiente, e Taisuke que estava apenas observando com olhar de tédio golpeia a pequena na cabeça por cima, acabando com a cena.

“Ái, Ái, Ái, Ái!! TAISUKE! Que inconveniência!” — Exclamou Mina com as duas mãos sobre a cabeça, no lugar em que Taisuke a acertou. Em seguida, a mesma chuta a canela do colega de classe, que imediatamente cai no chão gritando todos os palavrões que conseguia lembrar no momento em direção a Mina. Hikari apenas dava algumas risadas internas observando aquilo tudo.

“Cof cof, a onde estávamos, moça? Ah, sim! Então Hikari, eu venho sendo muito otimista recentemente, sabe? Bom... eu queria dizer que acho que algo bom vai acontecer.” — Soltando um enorme sorriso, Mina disse essas palavras à veterana. Hikari ficou um pouco perplexa, e enxergando a genuína preocupação que Mina tinha consigo, desejou ter forças para cumprir suas expectativas, mas tudo o que pôde fazer foi dar um sorriso leve.

A multidão de alunos saindo da escola parecia andar mais rápido que Hikari. Ela pensava consigo mesmo como seguir em frente, como continuar a jornada mesmo carregando um fardo tão grande? Essa resposta Hikari não tinha encontrado e em sua mente, pensamentos autodepreciativos e até mesmo suicidas começavam a aparecer. Era um momento ruim, provavelmente uma recaída grande estava para atacá-la. De fato, Hikari é consigo deprimida o tempo todo, porém, como qualquer pessoa depressiva, há momentos de maior e menor intensidade dos sintomas. Talvez o pesadelo realista de mais cedo tenha estimulado parte deles. Foi nesse momento que Hikari levantou a cabeça para começar a andar e imediatamente uma sensação fortíssima surgiu sobre si. Olhou em volta procurando a origem de tal sentimento e encontrou uma garota que aparentava ter a mesma idade de si e um longo cabelo marrom claro, bem ao fundo da multidão. Balançou a cabeça horizontalmente buscando razão confiável, fitou-a intensamente desconfiada e começou a andar em sua direção lentamente. Quando a garota notou Hikari e retribui o olhar intenso de desconfiança, não havia mais dúvida: Hikari tinha certeza... era Koshigaya. Essa, instantaneamente faz uma expressão de que achou o que procurava e começa a buscar espaços entre os alunos, em passadas apressadas para se encontrar com a jovem de cabelos negros. E Hikari, em um impulso que não sentia há anos, pula em cima de Koshigaya, apertando-a com um abraço que foi prontamente retribuído à altura.

"NÃO ACREDITOO!!" - Berrou Hikari, já com as pernas e mãos nas costas de Koshigaya, que por sua vez estava emocionada demais enquanto segurava a menor para soltar qualquer palavra. Apenas soluços saiam.

O choro vindo das duas adolescentes chamou a atenção de todos em volta, especialmente de Mina, que via a cena toda com muita surpresa, era a primeira vez que via Hikari demonstrando emoção tão intensamente, e um sorriso de sincera felicidade pela amiga fez-se em seu rosto.

Após todo o escândalo coberto de lágrimas, a certeza que Koshigaya e Hikari tinham é de que havia muito o que conversar.