Pequenas Mentiras escrita por unalternagi


Capítulo 1
Primeira Coisa: o que poderia ter sido


Notas iniciais do capítulo

Olá,

Estou tentando algo novo com todas essas fanfics. Essa aqui tem a ver com as duas previamente postadas: Olhos Solitários e Filho, Meu Filho. Vão saber como elas se ligarão.

Espero que gostem!



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Primeira Coisa: o que poderia ter sido

O clima estava perfeito. O verão no hemisfério sul do planeta, como sempre, fazia Jasper agradecer por ter nascido em dezembro.

A praia que ele tinha conseguido fechar para o evento do seu aniversário estava lotada de pessoas, desde famosos até desconhecidos, dos melhores amigos de Jasper até penetras. Ele nem ao menos se importava. Via tudo de cima da cabine do DJ famoso que tocava na festa dele como um presente de aniversário.

Jasper chegou mais perto do amigo com uma cerveja gelada.

—Tira isso daqui, maluco – o DJ ordenou com receio de qualquer líquido perto da aparelhagem cara que havia trazido para animar a festa sem hora para acabar.

—Não pode ficar aí a noite toda – Jasper riu tomando a cerveja que pegou para o amigo.

—Sei que não, mas mais duas horas o set é meu. Maria não irá me substituir? – perguntou o rapaz, curioso.

Sem muitos neurônios trabalhadores, Jasper não evitou a careta que se formou em seu rosto.

Maria.

—Ó não, problemas no paraíso? – o DJ perguntou debochado.

—Não seja estúpido, Steve. Não é paraíso algum quando elas começam a pensar que são mais do que minha transa casual – Jasper falou aborrecido, tomando mais da cerveja – Se eu digo que é casual, é porque o é, não entendo como as pessoas continuam achando que podem mudar nossas crenças só porque são bonitas ou transam bem. Entende o que eu digo?

Jasper estava bêbado, o amigo logo percebeu então se contentou em rir e assentir para não criar uma discussão, porque não concordava ao todo com o surfista.

—Desce e vai aproveitar a sua festa, estarei com você logo – o DJ pediu ainda desconfortável com a cerveja que Jasper segurava sem muita firmeza.

Jasper era um surfista renomado no meio, ganhara inúmeros troféus e seu reconhecimento mundial era muito forte em seu país de origem, a Austrália. Desde criança surfava naquelas praias então sempre sentia a sensação de pertencimento no país, amava estar lá, no meio de uma festa com seus amigos enquanto comemoravam sua vida parecia apenas ainda mais correto e, logo, Jasper foi ficando entorpecido, bebendo mais e mais.

No canto da praia, com um grupo de pessoas, uma garota dançava graciosamente, o ritmo da música parecia perfeito para os passos que ela fazia, ela parecia completamente entregue e a atenção de Jasper foi dela por completo por um longo período de tempo, parecia que a luz brilhava na pele bronzeada da garota e que os cabelos tingidos refletiam todas as cores dos jogos de luzes caros que Jasper contratou para a pista de dança.

Ele deixou alguns conhecidos falando sozinhos para ir atrás da mulher. Ela usava um biquíni bonito e Jasper adorou ver como ela parecia espontânea.

—O que está bebendo? – ele perguntou quando alcançou a mulher.

Para ela, ele era apenas um desconhecido, mas seus amigos começaram a se cutucar ao repararem que o aniversariante estava no meio da roda deles.

Cosmopolitan— ela disse simplesmente.

Tinha mandado muitos outros homens saírem de perto, mas aquele desconhecido parecia interessante o bastante para ela ter vontade de respondê-lo educadamente.

Jasper sorriu para ela e a mulher sentiu algo diferente, devolveu o sorriso instantaneamente e, com as mãos entrelaçadas, eles seguiram para o bar próximo à pista de dança – apenas um dos seis espalhados pela praia.

—Boa noite, um Cosmopolitan e uma água com gás, por gentileza – Jasper pediu.

Sabia que se quisesse estar com a mulher aquela noite, não poderia estar completamente bêbado.

—Ó, não, não é justo. Se eu irei beber você também tem que. É rude deixar uma dama beber sozinha – a mulher disse bem humorada – Por favor – ela pediu ao bartender – Ao invés da água, teremos um Whisky Cobler— a mulher disse e Jasper se surpreendeu com o pedido dela, era o drink favorito dele, mas ele quase nunca tomava.

—Não sobreviverei se tomar um desses agora – Jasper falou próximo ao rosto perfeito da mulher.

O rosto era fino, o nariz bonito e os olhos acinzentados que bateram nele fizeram com que ele perdesse uma ou duas batidas de coração, antes do órgão se acelerar como nunca acontecera antes, mas o surfista estava bêbado demais para se importar.

—Não falei que a bebida seria para você – ela sorriu quando o bartender colocou os dois drinks no balcão.

A festa era open bar, então a mulher apenas sorriu agradecendo ao rapaz e pegou as bebidas oferecendo o drink vermelho para Jasper.

—Ora, não seja tola, isso é drink de mulher e...

A careta que a mulher fez não passou despercebida.

—Mais um com masculinidade frágil? – ela debochou – Achei que era mais interessante que isso, desculpe por estar errada – ela falou tirando a bebida da mão dele e saindo com ambos os drinks.

Voltou para sua roda de amigos completamente desgostosa com o desconhecido. Se tinha algo que não suportava era o tipo de pessoa que falava sobre mulheres como se fosse um xingamento. O que significava “drink de mulher”, afinal? A garota provou que nada ao entornar o drink vermelho e depois começar a beber em parcelas o Whisky que tinha pedido um momento mais cedo.

Jasper odiou a prepotência dela e, por isso, desviou o caminho indo conversar com um cantor amigo seu. A mulher voltou a dançar com os amigos que logo a deixaram saber que o homem que ela dispensou era, ninguém mais ninguém menos, que o dono daquela festa toda.

Para ela, diferença nenhuma aquela informação fez. Se era um babaca ela não estava interessada.

Jasper parou de beber depois do stress com a desconhecida interessante, conversou com quase todo mundo antes de ser surpreendido com um bolo imenso e um coro de “feliz aniversário”. Maria parou ao lado dele, a posição de “namorada” era o que ela mais queria ganhar e lutava diariamente por ela. Desde saber toda a agenda de Jasper, até estar em cada competição e premiação em que ele participava, ela se esforçava para ficar com o surfista que já não aguentava mais a situação.

Quando Maria foi substituir Steve no comando de som da festa, Jasper relaxou. Finalmente um tempo para si mesmo, ele queria encontrar alguém para levar para casa e, com Maria bancando a esposa, não conseguiria nada.

Ela era uma excelente DJ, daquilo nunca poderia discordar. Se movimentando com a música, ele parou em um bar, pediu mais uma água com gás. Encostou-se à uma banqueta assistindo Maria ao longe, ela sorria amplamente enquanto fazia a mudança das músicas e remixes nos mais variados tipos, ele não deixou de reparar que o repertório todo foi feito a partir do gosto particular dele, ela o conhecia muito bem, Jasper ficou assustado ao pensar que já completaria um ano que a conhecia. Havia sido em alguma festa de virada de ano, em algum lugar do mundo.

Para Jasper, o grande problema dentro de relacionamentos amorosos era a falta de liberdade e a liberdade era uma das coisas que ele dava mais valor na vida.

Maria mesmo, era ótima, companheira, bonita, inteligente e simpática. O apoiava em diversas coisas e, apesar de sua natureza fútil, suas qualidade suprimiam qualquer defeito que ele conhecesse, a não ser um, o ciúme. Por vezes se nomearam “amigos com benefícios” e, mesmo assim, Jasper presenciara mais shows de ciúme do que o que gostaria de assumir para si mesmo, não aguentava aquilo, agora mesmo começara a perceber nela o procurando pela multidão e, por suas costas, por mais de uma vez, via amigos e conhecidos citando os dois como se fossem um casal. Jasper não gostava daquela pressão, nem daquela ideia.

Com cautela e discrição, saiu do local da festa e parou no estacionamento da praia, sentou na guia olhando para o horizonte com o céu estrelado. Gostava de estar sozinho às vezes, de pensar em silêncio, sem precisar se explicar.

Estava distraído demais antes de sentir uma aproximação e se virou rapidamente para ver que o incomodava, gostou de ver a garota de mais cedo. A estúpida nervosinha.

—Feliz aniversário – foi o que ela disse e ele riu.

Antes então ela não sabia quem ele era então agora, provavelmente, daria mole para ele e ele sabia que era o que precisava para leva-la para casa. Ele queria aquilo, se ela lhe desse condições para o fazer, ele gostaria daquilo.

—Agradeço, madame – ele falou sorrindo e ela suspirou, se sentando ao lado dele.

Para a mulher, a falta dele havia sido grave de mais, mas não queria ficar sozinha naquele estacionamento quando a noite ainda se fazia tão presente então, sem pensar muito na gafe de mais cedo, se sentou perto do surfista.

—Para o novo ano, acho que lhe desejo saúde, muitas felicidades e um pouco melhor humor, porque algo ser de mulher não deveria lhe ser tão ofensivo assim, mesmo que sua orientação sexual o leve para longe da atração que sente por nós – ela disse e ele riu alto.

—Acha que sou gay?

—Pensei na possibilidade, mas contaram que a DJ que toca agora é sua namorada.

De todos os baldes de água fria que a garota poderia jogar nele naquela hora, a carta da “namorada” foi, de fato, o mais frio.

—Não namoro – ele falou simplesmente.

A garota ficou curiosa com a forma que aquilo foi dito e, mais que aquilo, o rosto emburrado do surfista que o deixou parecido com uma criança mimada.

—Ora essas, o que quer dizer com isso? Que não namora com Maria ou não namora no geral? – ela perguntou curiosa, o sorriso genuíno melhorou um pouco o humor de Jasper.

—Acho que eu não namoro, no geral – ele falou – Nada me prende em um lugar.

A mulher franziu o cenho e soltou uma risada que puxou a atenção de Jasper para ela.

—E o que uma coisa tem a ver com a outra? – ela indagou.

—O que quer dizer?

—Por que acha que um comprometimento amoroso te prenderia em algum lugar? – ela tornou a perguntar sem se deixar abalar.

A pergunta desconcertou Jasper.

—Bem, até onde sei, não há uma só mulher que não sinta ciúme e...

—Você é muito generalizador – a mulher o cortou, desgostosa.

—Não, estou apenas falando que as com que eu me relacionei, não foram fáceis de dobrar.

—Talvez porque não queriam ser dobradas, mas aí acho que nenhuma pessoa gostaria disso. Agora, uma coisa que você disse está correta e eu quero trazer sua atenção para isso... Você disse que todas as mulheres com quem se relacionou, ou seja, talvez deva mudar algum padrão dentro de suas preferências – a mulher disse sabiamente.

Jasper franziu o cenho.

Não encontrava nada de errado com as pessoas com quem saía, apenas queria que fossem menos ciumentas, se não o fossem, seriam perfeitas. O que a garota queria dizer com aquilo.

—Quantos anos está completando? – a garota perguntou e Jasper riu ao perceber que ela era uma das pessoas que não gostava de ficar em silêncio, por um segundo que fosse.

—Vinte e cinco – ele contou e ela assentiu, surpresa com a idade.

—Um senhor já – ela brincou.

Ao longe, um carro grande e preto começava a se aproximar. Jasper o ignorou por completo ao olhar para o rosto da garota que, realmente, não parecia ser menor de idade.

—Quantos anos você tem?

—Dezenove – ela respondeu de pronto

Jasper ficou surpreso, normalmente não ficava com meninas mais do que dois anos mais novas, achava que elas eram mais inocentes e, nunca era a intenção dele enganar ninguém. Tolamente, pensava que quanta mais nova a garota mais impressionável, então não gostaria de correr risco algo.

Reparou na mulher se levantando e acenando em direção ao carro que ele mesmo tinha percebido um momento mais cedo.

—Já vai?

—Amanhã pego um voo pela manhã – ela contou e sorriu quando o carro parou a alguns metros dela.

O vidro abaixou e um homem relativamente novo sorriu, acenando. Com sinais ela pediu um momento para o motorista.

—Foi um prazer conhece-lo – a garota disse simpática ao voltar a encarar Jasper, que ainda estava sentado – Realmente desejo-lhe boas coisas. Muito obrigada pela festa, estava tudo ótimo – ela disse educadamente e então Jasper se levantou também.

—Bem, eu a agradeço por vir e pelas felicitações. Também foi um prazer conhece-la...

Não sabia o nome dela, quase a deixou ir sem ao menos saber o nome da desconhecida, que palermice.

—Alice. Alice Brandon – ela falou com o sorriso reto e branco demais.


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Notas finais do capítulo

Passos de bebê, mas acho que gostaram do resultado com um todo.

Espero que gostem e, se gostarem, comentem! A fanfic independe de comentários, mas é sempre bom ter um retorno.

Nos vemos logo!