Star Wars- Coração Rebelde escrita por Daniela Lopes


Capítulo 5
A presença


Notas iniciais do capítulo

A trégua entre Kylo Ren e Shae Wendallis terminou. Obediente à Primeira Ordem, o Comandante irá manter a rebelde como sua prisioneira, mas uma estranha força pretende usar a jovem para alterar o curso dos acontecimentos, contrariando a vontade de Snoke, Hux e do prórprio Ren.



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Kylo Ren caminhava pelos corredores da nave, quando sentiu uma estranha presença. Ele se concentra e tenta descobrir o que era e de onde vinha. Uma leitura da Força familiar e Ren se enfurece:

—SKYWALKER?

            Ele corre até a ala dos prisioneiros e se depara com um droid segurando uma bandeja vazia. O robô passa por ele e desaparece pela porta automática ao fim do corredor. Kylo acionou o sabre laser e seguiu cauteloso. A sensação havia passado, a presença desaparecera, mas a suspeita que seus inimigos estiveram atuando ali ainda era forte.

            Vasculhou cada cela e nada encontrou de suspeito. Por fim, seguiu até a cela de Shae e entrou de uma vez no local, encontrando a jovem ajoelhada no centro do cômodo, em profunda meditação. Os olhos estavam fechados e ela respirava pausadamente. A entrada abrupta do Comandante não a fez se mover um milímetro de onde estava.

            Kylo andou pela cela até parar frente à jovem:

—Sabe porque estou aqui?

            Ela abriu os olhos e o brilho neles era estranho:

—Você sabe?

            Ren continuou vasculhando cada canto do cômodo com a Força, tentando detectar algum sinal de invasão inimiga, quando se virou, Shae estava de pé, atrás dele. Kylo recuou, surpreso e a jovem avançou, tocando o elmo dele com as duas mãos, acionando o dispositivo que liberou-o da cabeça do Comandante.

            Shae deixou o pesado objeto cair no chão e tocou a ferida quase sã do rosto dele:

—Há tanta... Dúvida... e dor! Tanta raiva... E fogo.

            Ren se afasta dela:

—O que significa isso? O que pretende com...

            Ela mantêm os olhos nele:

—Ben...

            Ao ouvir o nome de batismo, Kylo deixa cair o sabre:

—Como você... Quem contou...?

            Shae aproximou-se mais, tocando o peito dele com delicadeza. Também ela se sentia estranha agindo daquela maneira. Havia uma energia diferente pulsando naquela cela e nublando seus pensamentos quanto ao que estava prestes a fazer. Tomou uma das mãos do Comandante e levou-a ao rosto, fechou os olhos e desamarrou o laço que prendia a túnica que vestia. A roupa caiu aos pés da jovem, enquanto ela ainda mantinha a mão de Ren em sua face.

            Naquele instante, ela olhou novamente para Ren, que percebeu-lhe as faces enrubescidas, a pele brilhando com gotículas de suor e o coração batendo tão rápido que ele podia ouvi-lo. Kylo ergueu a mão e segurou-a pelo ombro, afastando-se da moça:

            _Quem estava aqui? Diga-me agora ou irei...

            Ren lê os pensamentos de Shae e só encontra confusão de imagens e sensações. Algo estava errado com ela, algo havia mudado nela e isso perturbou o vilão. Aproveitando-se desse momento, Shae puxou-o pela capa e tomou os lábios dele num beijo desajeitado. Kylo desvencilhou-se dela e afastou-se rápido, caminhando até a porta da cela. Então ele parou e virou-se. O ar ao redor dele estava denso, quase viscoso, parecendo tentar mantê-lo ali.

            Shae estava imóvel, mãos cruzadas sobre o peito e os olhos brilhantes focados nele. A respiração ofegante e o corpo pequeno, agora nu, trêmulo como em febre. Ao fundo, pela janela, a nebulosa emprestava uma aura sobrenatural à silhueta da jovem.

            Ren respirou fundo e desprendeu a pesada capa. Retirou as luvas, o cinto e o casaco. A luz da cela apagou-se, restando a das estrelas e ele caminhou até Shae. Suas mãos nuas encontraram a pele da cintura dela, os olhos de Ren fixaram-se no olhar da prisioneira, lendo cada mensagem que transmitiam. Era uma donzela. 

            Os momentos passados na caverna vieram à tona e ele sentiu-se muito próximo à mente da jovem. Ódio e desejo se mesclaram naqueles segundos e Ren buscou sua boca, beijando-a com sofreguidão e angústia, mas encontrou doçura e entrega nela e isso desarmou seu espírito combativo. Inclinou-se e estreitou-a ainda mais em seus braços. Pouco a pouco, Shae conseguiu fazê-lo dispor de suas vestes e por fim, não havia mais nenhuma barreira entre eles.

            Kylo Ren ergueu a prisioneira nos braços e caminhou com ela até o leito suspenso na parede da cela. Pousou-a com cuidado e inclinou-se sobre ela. Tudo o que ocupava sua mente era a visão de Shae deitada ali, oferecendo os lábios num beijo tímido e os braços estendidos para um abraço suave, nos quais Kylo mergulhou sem pensar. O que os amantes recém-descobertos não perceberam foi a presença silenciosa do droid que atendeu a prisioneira e atrás dele, uma forma intangível, como se velasse por eles.

            Algum tempo depois, Shae despertou e voltou seu rosto na direção de Kylo Ren, adormecido ao lado dela. Ela tocou os cabelos negros e desalinhados que caíam sobre os olhos dele. Desvencilhou-se com cuidado de um braço dele que repousava em sua cintura e saiu do leito sem ruídos. Viu roupas dobradas numa mesa-painel e vestiu-as rapidamente. Ela ergueu o olhar e viu o droid parado à porta da cela. Sabia que ele estava esperando por ela e acenou com a cabeça.

            Aproximou-se do amante adormecido e inclinou-se para ele, analisou o rosto sereno e beijou-lhe a fronte. Sentiu necessidade de despedir-se e saiu em seguida na companhia do robô carcereiro. Caminharam calmamente pelos corredores rumo ao hangar onde as naves recebiam manutenção, saíam ou chegavam de suas missões. Troopers andavam por ali em grupos de quatro ou cinco indivíduos, mas curiosamente, nenhum deles prestou atenção na jovem com uniforme de manutenção, cap e botas ao lado de um droid, seguindo calmamente, sem pressa ou apreensão.

            Shae estava serena, quase em transe, enquanto passavam pelos guardas armados, vigilantes das naves e atentos a qualquer coisa que quebrasse a rotina, mas os dois invasores passaram despercebidos e chegaram à nave capturada pelo Destroyer. Ninguém os impediu de entrar na pequena nave e pouco perceberam quando o droid e Shae se sentaram na cabine de controle e ligaram os motores, fazendo o veículo levantar vôo suavemente e sair dali poucos segundos depois de outra nave da Primeira Ordem.

            Troopers, mecânicos, navegadores e comandantes estavam parados em seus postos quando sentiram uma leve tontura e todos ao mesmo tempo pestanejaram, como se tivessem saído de um transe repentino. General Hux ergueu-se se sua cadeira e tocou a testa. Olhou ao redor e não viu Kylo Ren. Olhou para sua a tripulação e percebeu que todos pareciam um tanto confusos.

            Naquele instante, o droid havia digitado as coordenadas para onde deveria levar Shae Wendallis e a nave da rebelde mergulhou no hiperespaço, sumindo dos radares do Cruzador Destroyer. Somente algum tempo depois é que a Primeira Ordem descobriria que perdeu sua prisioneira.

            O comandante Kylo Ren abriu os olhos e virou-se de barriga para cima. Tocou o peito nu e respirou profundamente. Sentia-se estranho, letárgico e vasculhou a nave com sua mente ainda embotada. Shae Wendallis não estava em lugar algum. Ela havia fugido e ele não sabia como. Mais estranho foi a sensação de não desejar segui-la, capturá-la novamente e puni-la por sua ousadia. O comandante percebeu que algo ou alguém ainda agia ali, sobre sua mente e vontade.

            Ergueu-se do leito e vestiu sua roupa, colocou seu elmo e saiu da cela. No caminho, o chamado de Snoke chegou até seus pensamentos e ele seguiu rumo ao salão do mestre. Ajoelhou-se e esperou. O imenso holograma tomou forma e a voz gutural de Snoke encheu o lugar:

—A prisioneira escapou...

—Sim, meu mestre.

—Algo perturba você... O que...

            Snoke sondou seu pupilo e inclinou-se na direção do jovem:

—Um Sith não tolera interferências, não há condescendência ou misericórdia em sua ações. No caminho que escolheu não há espaço para frivolidades, comandante Kylo Ren...

—Eu compreendo, mestre... E aceito a punição que achar adequada.

            Snoke sorri. Seu aprendiz possuía uma vontade obstinada e isso agradava o Líder Supremo:

—Capture a prisioneira. Eu a quero executada antes de sua volta.

—Como ordenar, meu senhor.

            Ren se inclina e sai dali, enquanto o holograma de Snoke permanece ativo no salão:

—A luz insiste em rondar meu pupilo, em manipulá-lo e tirá-lo de mim... Preciso acabar com isso o quanto antes!

            Então Snoke desaparece, deixando o salão mergulhado nas trevas.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Muitos podem estar se perguntando: _Mas já? A garota e o vilão nem se conhecem direito, vão lá e... Pimba!
Mas acalmem-se, jovens padawan!
Tudo faz parte do "plano"! A " Força" age por caminhos misteriosos e estou saindo do foco Reylo que tantos estão shipando por aí! Não quer dizer que Ren e Shae podem se tornar um casal, mas vai saber. Ainda tem muita água pra rolar, né?
Boa leitura!



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