Filho, Meu Filho escrita por unalternagi


Capítulo 7
Capítulo VII. O peso do seu mundo está descansando sobre mim


Notas iniciais do capítulo

E então?

Curiosxs sobre a história de Isabella?

Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/783090/chapter/7

Capítulo VII. O peso do seu mundo está descansando sobre mim

Para Edward, estar ali se assemelhava a algo próximo de um sonho excêntrico.

Dentre as diversas formas que ele pensara que poderia chegar à Dinamarca, decerto estar procurando sua esposa fugitiva não era uma das suas optadas.

Talvez se deixasse seu orgulho de lado, não se sentiria tão tolo por estar atrás de alguém que, claramente, não queria ser encontrada. Sem o orgulho enxergaria que aquele era um simples ato de um marido preocupado, um companheiro que prezava o bem da pessoa que amava, mas Edward era mesmo muito orgulhoso, sempre o fora.

Reparou no carro que estacionava no meio fio do outro lado da rua. O mesmo que Jenks garantiu que era o que eles usavam. Edward sentiu os nervos do ciúme o tomarem por completo quando viu Isabella saindo do carro com o homem musculado. O homem era boa pinta e bem diferente de Edward. Foi um golpe na autoestima dele ver o homem com quem ela vinha viajando.

Edward se aproximou sem tentar ser discreto, o homem o percebeu e, antes que falasse algo, Edward chamou por Isabella que, com o susto, deixou uma chave cair no chão.

Se antes se sentia um tolo, agora gostaria de pensar num melhor adjetivo, porque demorara todo aquele tempo para reparar que, depois de oito anos, Isabella voltara a usar os cabelos em sua cor natural.

Ele odiava admitir, mas ela ficava muito bem com aquela cor. E ele sentiu tanta falta dela, por completo, estava tão perto e tudo o que queria era andar até ela e a tomar em seus braços num abraço forte que demonstrasse toda a adoração que sentia. Queria lhe falar que a amava também, que tinha lido o recado no banheiro do quarto deles e queria pedir desculpas antes de contar que eles teriam que comprar um novo, mas todos os seus devaneios foram cortados quando o homem se apresentou a ele.

Como se Edward já não soubesse o nome do estranho que vinha viajando com sua esposa. Apreciou poder esclarecer em voz alta para o homem sobre o estado civil de Isabella e ficou ainda mais contente quando viu que o tal Emmett percebeu a aliança em seu dedo anelar.

Edward voltou à atenção para sua esposa que parecia mais dentro de si agora. Ela pegou a chave do chão e se virou para Edward, o rosto impassível.

—O que faz aqui? – perguntou irrequieta.

Foi um golpe contra o homem. Ele começou a pensar que talvez ela não estivesse em perigo, talvez todos estivessem certo e ela, simplesmente, tinha cansado de brincar de casinha com ele e Riley. A percepção da falta da aliança que ela usava o deixou quase nocauteado, os golpes vinham sem folga, mas ele não se deixou tombar, não demonstraria o que sentia se aquilo o fizesse parecer fraco.

—É quase engraçado que seja esse o teu questionamento, pois posso devolver o mesmo a você – ele falou irônico.

Isabella se virou e andou para dentro da casa, depois de destrancá-la. Edward estava desconfortável, não sabia se a acompanhava ou não, a mochila em seu ombro começava a aporrinhá-lo. Tinha esquecido que não estava sozinho, por isso se surpreendeu ao escutar a voz grossa do homem que acompanhava Isabella.

—Vamos entrar – o homem disse apontando para a casa.

Edward ficou desconcertado com a simplicidade do homem, imaginou que ficaria com ciúme, mas se estava viajando há tanto tempo com Isabella, deveria imaginar que ela era casada.

—Agradeço – Edward se limitou a dizer.

Entraram na casa e Emmett fechou a porta. Edward reparou que a casa era miúda e ficou desconfortável com aquilo, mas reparou que tinham portas de mais para ser uma casa com apenas um quarto, então aquilo o abrandou.

Isabella não estava em nenhum lugar à vista, ele reparou insatisfeito.

—Não imagino como seja a relação de vocês ou porque ela tem andado sozinha por todo esse tempo, mas nunca a vi tão confortável aqui até agora – Emmett falou e Edward o encarou confuso – Eu não sabia que ela era casada. Quer dizer, tive uma ideia disso quando vi que ela tinha crescido na vida, mas imaginei que fosse por interesse e não por amor – o grandão falou, desconcertando Edward, ele pegou um copo de água – Aceita?

Edward negou de pronto, ainda pensando no que o homem dizia. Reparou que não ia dizer mais nada, então Edward resolveu perguntar o que queria saber.

—Quem é você? – inquiriu sério.

—Emmett McCarthy – o grandão falou, parecendo duvidoso com a pergunta.

—Perguntei quem é, não o seu nome – Edward falou, não da forma rude que pensava que soaria.

—Sou agente da CIA, fui eu quem encontrou Marie quando toda a história aconteceu.

CIA? Marie? História?

Edward não quis esconder a confusão que o tomou com a quantidade de informações que Emmett depositou nele com aquela simples explicação que o deu. Reparou em Emmett sentando no sofá, ainda com o olhar investigativo sobre ele.

—O quarto dela é esse daí – falou contou apontando para a porta – Não te conheço, mas não acho que a vá machucar. De qualquer forma – o agente sorriu sombriamente – Minha arma sente saudades de ser disparada – disse como quem conta sobre as mudanças climáticas.

Edward não se importou, nem processou bem o que Emmett disse depois de mostrar o quarto de Isabella para ele, era o que queria.

—Obrigado – Edward falou, mais do que por ele ter mostrado o quarto de Bella, mas porque aquele homem parecia alguém disposto a cuidar e protegê-la – Vou tentar falar com ela. Com licença – anunciou se encaminhando para o quarto.

Com duas batidas na porta ele se colocou dentro do quarto pequeno. Viu uma mala deles de mão e pequena no canto do quarto, escutou o chuveiro ligado e suspirou, precisava relaxar se queria conversar com ela.

Tirou os sapatos e sentou na cama de casal pequena que tinha no quarto. Imaginou se a cama era pequena ou se ele apenas tinha ficado mal acostumado com a cama imensa que eles tinham na casa deles.

A casa deles.

Edward não pôde deixar de pensar se ele conseguiria levar Bella de volta para casa. Tinha prometido a Riley que voltaria com ela, mas e se ele não conseguisse? Quando prometeu, imaginou que Bella corria perigo e, contra o mundo externo, Edward a protegeria, não deixaria ninguém a machucar ou tirá-la dele e de Riley, mas novamente não pode deixar de imaginar: e se o problema não fosse o mundo externo e sim, simplesmente, ela?

E se ela não quisesse mais estar com Edward e Riley? Quem o protegeria da nova negação?

Escutou a água parar de correr, pensou que ele mesmo mataria por um banho. Será que ela o deixaria fazer isso antes de expulsá-lo dali?

O final da tarde deixava o clima um pouco mais frígido e Edward sentiu aquilo. Estava fatigado, queria dormir e queria que Bella estivesse ali, ele queria voltar a dormir bem e a noite toda, precisava ter certeza de que o que faltava para noites bem dormidas era o corpo dela junto ao dele ou se, simplesmente, ele nunca mais iria dormir bem.

Todas suas inseguranças e incertezas desabaram quando Bella saiu do banheiro. O pijama de Edward que ela trajava significou muito para ele e ele percebeu que sequer tinha dado falta dele, mas sorriu quando a viu o usando.

Depois de tudo, talvez eles ainda tivessem salvação. Tudo o que ela tinha que dizer era que queria que ele ficasse.

—O que faz aqui? – ela perguntou direta.

—Emmett me deixou entrar – ele explicou.

Isabella revirou os olhos.

—Quis dizer: o que faz na Dinamarca? – ela voltou a perguntar, colocando a roupa em cima da mala no canto do quarto.

Edward não pode deixar de reparar que ela colocou as roupas na mala dele. Mesmo que fosse sem querer, ele apreciou. Levantou-se e se aproximou dela com certa cautela, parou a alguns passos de distância. Tão próximo e tão distante ao mesmo tempo.

—Precisava vir atrás de você, ter certeza que estava bem e que não corria perigo – ele explicou – Não aceito lhe perder, Bella, o que quer que esteja fazendo, eu quero que me deixe ajudar. Quando eu interpretei tua mensagem na foto do quarto de Ril-

Isabella ficou desconfortável, colocando a mão na boca dele antes dele terminar de falar e o empurrou para se sentar na cama. O toque o fez querer sorrir, mas se segurou.

—Não fale o nome dele aqui – ela cochichou.

—O que quer dizer com isso? – pediu confuso.

—Emmett não pode saber de Riley – ela falou rapidamente, no mesmo tom de antes.

O peito de Edward comprimiu com aquela afirmação, a mesma coisa que sentira quando Jenks contou para ele – pela primeira vez – sobre Emmett.

—Ele é o pai de Riley? – Edward indagou, no mesmo tom baixo de voz que Isabella usava.

—Claro que não – ela respondeu rapidamente – O único pai de Riley é você – ela falou fundamentada.

Edward sentiu seu coração se encher com a colocação dela. Segurou as mãos de sua esposa com adoração, ele adorava quando ela falava aquilo.

—Sei disso, mas pergunto se ele...

—Emmett não tem nada a ver com Riley, só... Ele é um policial, Edward – ela falou e Edward assentiu, entendendo aquilo.

—Certo, nós não falaremos do nosso filho perto dele então – Edward sussurrou.

Não soltaram as mãos, parecia bom estarem juntos novamente, mas Edward fora para aquele país com apenas uma vontade, sabia que não podia passar mais tempo sem cumprir seu intuito ali. Eles tinham que conversar.

Tomou coragem, com a cabeça abaixada encarando as mãos dos dois, entrelaçadas. Olhou para cima, mas todos os seus devaneios e questionamentos foram apagados porque, o que recebeu ao levantar a cabeça foram os lábios de Isabella moldando-se aos seus. Aquilo o surpreendeu, mas antes que Bella se arrependesse de beijá-lo, ele segurou seu rosto como se fosse porcelana, toda a delicadeza que tinha em seu corpo, beijou-a delicadamente como eles tinham feito tantas vezes antes. Bella se sentia em casa e segurou os cabelos de Edward para mantê-lo ali.

Os dois pensaram, no momento em que se separaram, que gostariam de ter ficado juntos por um tempo mais longo.

—Eu preciso que converse comigo – ele sussurrou. s testas coladas uma na outra.

—Edward, o que você faz aqui? – ela voltou a perguntar sem querer entrar em qualquer outro assunto, tinha medo do que poderia se originar caso a conversa fosse para o ponto que ele queria.

—Eu já te falei, Bella, estou na Dinamarca porque eu amo você e me preocupo como um tolo. Eu te falei que da primeira vez que você sumiu eu tentei lhe encontrar, mas dessa vez tive mais pistas e ajuda – ele falou simplesmente.

—E Riley? Pedi-te para ficar com ele, Edward – ela falou ansiosa, indo para mais perto para falarem do filho deles, o assunto que Isabella sabia que distraía Edward de qualquer coisa.

—Victoria e Laurent estão em casa, ficarão com Riley pelo tempo que precisarmos, eles só querem que eu te leve de volta – Edward falou baixo – Todos eles – ele falou sério e ela entendeu que ele se referia a Riley.

—Como ele está? – Bella pediu, preocupada.

—Triste, Bella, mais triste do que já o vi – Edward disse sincero – Nos primeiros dias teve febre, chorava para dormir toda noite... Nós sentimos a sua falta.

Ela suspirou, escondeu o rosto nas mãos, nervosa com tudo o que estava passando.

—Agora pode parar de tentar enrolar-me? Juro a você, eu não quero nada além de nos levar de volta para Riley e deixar tudo normal. Não quero me meter em sua vida, quero apenas que me fale no que eu poderia te ajudar, não precisa me falar mais do que o que quer – Edward falou querendo, mais que nunca, que ela o deixasse entrar.

Era o que Isabella também queria. Decidiu que poderia responder os questionamentos de Edward.

—O que quer saber?

Ele lhe lançou um sorriso torto, contente com a possibilidade de ganhar algumas respostas.

—Quem é Emmett? – Edward iniciou com a pergunta mais simples que tinha em mente. Poderia fazer inúmeras perguntas a ela, se era assim que ela queria conduzir a conversa, ele faria daquele jeito.

—Emmett faz parte do passado que eu lhe disse, uma vez, que já não importava – ela sussurrou.

Uma resposta.

—E verdadeiramente não importa? – ele perguntou incerto.

Porque, se de fato não importasse, por qual razão ela estava indo atrás daquilo agora?

—Acho que importa mais do que pensei que importaria em longo prazo.

Edward assentiu devagar, cauteloso para não ir com muita sede atrás das respostas. Bella suspirou, encostou a cabeça no peito dele que a abraçou. A pose não foi confortável por muito tempo, logo Edward se ajeitou na cama, encostando as costas na cabeceira e puxou Bella pelo braço que não demorou a se ajeitar no colo dele, a cabeça no pescoço cheiroso de seu marido.

—Onde está sua aliança? – ele perguntou, fugindo um pouco dos questionamentos mais complexos.

—Não queria que soubessem que eu era casada, você sendo um ponto cego, o Riley também o seria – ela falou, simplesmente.

Edward poderia se sentir culpado por estar a atrapalhando de alguma maneira, mas não entendia o porquê daquilo tudo.

—E por que temos que ser pontos cegos? – pediu calmo.

O suspiro que Isabella soltou deixou Edward preocupado, com medo de estar forçando demais, mas ambos sabiam que a situação já beirava o ridículo.

—É complicado – ela disse simplesmente.

Tudo bem, ele mudaria o foco.

—Da onde conhece Alice Brandon ou Jasper Whitlock? – pediu, sabendo que aquele caso foi o estopim para o sumiço dela, ficou aficionado nele por todo o tempo em que ela se ausentou, ainda mais quando o primeiro bilhete de viagem dela foi comprado para a Austrália, país da onde o casal era.

O silêncio o deixou preocupado, tentou encarar o rosto dela, mas ela se afundou ainda mais no pescoço.

—Amor, eu preciso que você converse comigo – Edward pediu.

Depois de uma respiração profunda, Bella se ajeitou nele.

—Eu não conhecia Jasper Whitlock quando saí de casa – ela falou simplesmente, cansada de lutar contra algo que teria que acontecer.

Edward ficou quieto, queria que ela contasse como queria contar. No tempo dela, do jeito dela.

—Fui atrás dele porque eu conhecia Alice, Edward – ela falou com a voz sofrida – A conheci até ela completar oito anos, foi quando ele a vendeu – Bella disse, Edward percebeu que ela começara a tremer, mas estava confuso com o que ela falava. Ele quem? – Nunca soubemos onde ela estava, mas quando a vi na televisão, soube que era ela. Eu a conheço, a reconheceria em qualquer lugar – Bella falava com a voz trêmula.

Edward a abraçou mais forte para ver se os tremores passavam.

—Vamos por partes? Conhece Alice da onde? – ele perguntou.

Bella sentia o medo vir pelas beiradas de sua mente.

—Tenho medo que, te contando, você não vá querer ficar comigo – ela confessou em um tom mais alto que um suspiro.

Edward a abraçou mais forte ao escutar aquela besteira.

—Isabella, eu amo você – ele falou sério – Ou melhor... – ele se ajeitou para olhar para o rosto da desconhecida que se aninhou em seu peito – Que eu amo Isabella, ela sabe, mas quero lhe conhecer, Marie, eu quero que me permita entrar em sua vida para eu lhe mostrar que onde cabe a Isabella, cabe você também – ele falou com o rosto dela nas mãos dele – Pode confiar em mim?

Escutá-lo a chamar de Marie, era tudo o que ela precisava para tomar coragem.

Edward juntou um mais um, as assinaturas que ela deixou, tanto o M no espelho quanto na foto de Riley era um pequeno pedido de aceitação. E ele aceitou.

Aceitaria tudo.

—Estamos na Dinamarca por causa de Rosalie – ela falou e Edward começou a traçar tudo, todos os nomes – Rosalie foi a que mais sofreu, ela foi à única que ficou no cativeiro porque era a mais velha. Protegeu-nos por anos para que ele não nos violentasse, ele nos deixava frequentar sua casa durante a semana para que fôssemos à escola, Rose pediu isso a ele... Ele gostava de mim, mas Mary era mais complexa, ele não demorou em se livrar dela e tudo ficou pior, ganhamos fotos dela anualmente, duas vezes, uma no meu aniversário e uma no de Rose para sabermos que ela estava bem e crescendo, ele não a havia matado e, com aquilo, ele tinha mais uma arma para nos controlar... Eu não fazia nada de errado, o obedecia com medo de que Rose pagasse por meus pecados. Passava os finais de semana com ela e ela sempre parecia mais magra e branca, tinha medo do que aquilo significava, comecei a estudar mais e ensiná-la educação física, cuidar para que ela se fortalecesse e ficasse bem, não houve uma só noite em que não pensava em como fugir – as lágrimas que ela não percebia que caíam, mancharam a camisa de Edward sem que ele se importasse.

Ele finalmente entendeu tudo. Com o carinho ritmado entre suas costas e cabelos, Edward começou a traçar tudo o que já sabia e o que agora descobria sobre sua esposa. Ela tinha vivido em cativeiro, por isso ela não gostava de ambiente fechado ou escuro, por isso odiava gritos e discussões, por isso morava na rua quando se conheceram.

—Ela ficou muito mal, eu não podia deixá-la morrer, ela era tudo para mim desde que Mary se foi...

—Mary? – Edward pediu confuso.

Acompanhava a história, mas queria a entender na íntegra, tinha que entender todos os nomes e fatos em ordem cronológica.

—Alice – ela falou rapidamente.

Ele entendeu que, assim como Isabella, a garota tinha dois nomes.

—Certo – Edward disse pensativo – E como Emmett entra na história? – perguntou, curioso.

—Emmett me encontrou um dia, quando fugi da escola para ir falar com Rosalie. Eu precisava vê-la e me certificar de que estava bem. Emmett fazia ronda naquele dia com a parceira dele e eu me desesperei, chorei muito e contei de Rosalie, falei o porquê eu estava na rua, se eu não contasse eles ligariam para ele, contariam que eu não fui a escola e me deixariam detida na delegacia até ele vir me buscar – ela começou a hiperventilar, parecia reviver o momento – Eles acreditaram em mim, perguntaram se eu chegava no esconderijo e eu chegava, vinha decorando o caminho desde meus primeiros anos lá.

Edward a tentou acalmar, não foi fácil.

O sentimento de gratidão que Edward direcionou ao homem sentado na sala foi sufocante quase, queria poder o agradecer por tudo, mas ainda aprendia o resto da história de sua esposa. Ela contou de quanto foram ao hospital, de como foi impedida de ver Rosalie pelos pais da mesma e, então, quando a mãe de Rosalie impediu Bella de falar sobre Mary, a convenceu que era o melhor a fazer, esquecer tudo o que tinha acontecido.

—Isso é obstrução de justiça – Edward murmurou e Bella assentiu.

—Mas eu fiz, porque pensei que mostrando a ela que eu poderia ser obediente ela poderia me deixar ficar com Rosalie, eu não queria dizer adeus para a única pessoa que eu conhecia – Bella falou e Edward a abraçou mais forte.

—Como foi parar em Cambridge? – ele perguntou curioso.

Bella respirou fundo, decidiu que não havia mais razão de esconder nada de seu marido. Ele estava com ela, provou mais de uma vez que não sairia do lado dela, não importa o que ela fizesse para magoá-lo. Era bom sentir-se parte de algo, poder dividir com alguém mais tudo o que aconteceu, a história que ninguém sabia, só ela.

Contou sobre a família Uley – uma família de La Push que a adotou, Emmett mesmo tinha escolhido a família para ela. Não havia nada de errado com eles, mas no mundo havia o bebê, Riley, Bella teve que ir atrás dele. Edward perguntou quem era Riley. A resposta o deixou sem chão por um tempo, muita coisa encaixou na cabeça dele, entendeu por que o achava parecido com Bella, mesmo que não fossem semelhanças óbvias. Por fim, Bella contou o que fazia nas redondezas de Harvard e tudo o que fez com que os dois estivessem, naquele momento, juntos, abraçados naquela cama.

Tudo fazia sentido, ele entendia agora o porquê do medo crônico de Isabella, porque ela pensou que fugir seria o melhor e, principalmente, o pânico recorrente dela no sentido de achar Mary.

—Um homem inocente está preso enquanto Mary pode estar morta – ela falou já rouca de tanto chorar.

Edward a abraçou mais forte e a fez deitar, junto com ele. Cobriu o corpo dela que já não tremia e ficou conversando com ela, disse que entendeu tudo o que contou, reforçou que a amava ainda mais naquele momento, que a entendia, que a admirava. Foi muito importante para Isabella escutar aquilo tudo.

A história era forte demais, ela havia sofrido muito. Ele se sentiu um tolo, um completo imbecil por ter se deixado levar por Esme, por ter acreditado – pelo menor tempo que fosse – que Isabella era menos do que uma vítima.

—Vou fazer alguma coisa para comermos, está bem? – Edward falou e Bella o agarrou mais forte.

—Quero que fique – ela sussurrou.

—Eu não vou a lugar nenhum – ele falou sorrindo – Só até a cozinha porque estou com fome e você também deve estar, eu trago para você comer no quarto, imagino que não queira que o agente Swan a veja assim? – ele perguntou e ela assentiu depressa – Está com fome?

Ela assentiu novamente, Edward sorriu e beijou sua testa.

Levantou da cama, e prometeu que voltava o quanto antes para Bella que sorriu de canto, sentindo-se quase leve demais por finalmente ter dividido com Edward tudo o que escondeu por tantos anos.

Foi para a sala encontrando Emmett no telefone, não o quis atrapalhar, então seguiu para a cozinha e fez uma sopa com as coisas que tinham na geladeira e armário. Aquela realmente parecia uma casa na qual Isabella ficaria, porque as coisas favoritas dela cozinhar estavam ali.

Não reparou quando Emmett se sentou no balcão, mas logo sentiu os olhos avaliadores em suas costas.

—Onde está Marie? – o agente perguntou sério.

—Está um pouco indisposta – Edward falou puramente, fechando a panela – Vou fazer sopa para o jantar, espero que não se importe – o homem disse e Emmett deu de ombros, realmente não se importava.

—Como a conheceu? – Emmett perguntou.

Edward virou para o homem sentindo quase uma reverência por ele, por seu trabalho e pelo que tinha feito por aquelas mulheres. Nunca tinha admirado tanto alguém quanto admirava agora o agente que largou sua vida para procurar uma desconhecida.

Apesar de todo o sentimento que tinha pelo agente, não poderia ser completamente sincero com ele. Tinha que esconder Riley.

Contou para Emmett uma versão resumida e reparou no ódio do agente quando Edward contou do quase estupro que ela sofreu na noite em que dormiram juntos pela primeira vez.

—É uma cabeça dura – Emmett falou com o maxilar travado – Consegui uma boa família para ela e ela fugiu a troco do que?

Edward sabia.

—Ela é um espírito livre, passou muito tempo presa e, talvez, queria gozar da liberdade de fato – Edward mentiu.

Era um bom mentiroso, sempre considerou isso. Desde pequeno mentia sobre o porquê da mãe dele não aparecer nas reuniões de pais e mestres e o porquê do pai dele ter morrido. Sua história mesmo não era muito bonita.

Emmett negou com a cabeça, ainda desgostoso com tudo o que aprendeu sobre ela naquela noite.

—Agora, se não se importar – Edward começou educadamente – Eu posso lhe questionar algo que vem martelando em minha mente?

—Manda.

—Por que Jasper continua preso? Se você é um agente da CIA e já sabe que a garota só pode ter sequestrada pelo tal-

—Escute, não sabemos de nada. Tudo o que Marie e eu fazemos é por baixo dos panos, extraoficial – o agente contou e se calou, pensativo – Vai ficar conosco? – ele perguntou.

—Só volto para casa com Isabella – Edward garantiu.

Isabella. Marie. Uma mulher. Cada um a chamava como se sentia mais confortável.

—Tudo bem, eu vou te contar o mesmo que falei para... Bella? – o agente perguntou e Edward assentiu – Certo. Jasper sabe de mais do que nos conta, isso serve de algo, mais que isso, nós precisamos do bode expiatório para que o psicopata que talvez esteja com Alice se mantenha confiante de que conseguiu sair ileso do sequestro...

—Mas enquanto faz suposições dois inocentes estão em posição de perigo – Edward o cortou rapidamente – Alice pode estar morta e Jasper corre perigo de enfrentar uma prisão perpétua – o médico apontou, preocupado.

—Um agente amigo meu pegou o caso de Jasper, ele vai empurrar o julgamento para longe, não há provas que culpem Jasper, tanto quanto não há provas que o absolva. Ele é um ponto cego – Emmett falou e Edward ficou pensativo, Bella tinha usado a mesma colocação – Alice sumiu no Havaí, o que nos faz pensar que ele deve ter sido teatral o bastante para ter voltado para Forks – o agente contou e Edward franziu o cenho.

—O que o faz ter certeza que ela não está morta? – o médico pediu.

—Alice e Isabella eram apenas cordas para a marionete – Emmett aludiu.

—Perdão?

—Rosalie é a marionete, é a ela que o desgraçado quer. Unicamente ela. Alice e Isabella são formas de atingir Rosalie, ela é a mais velha das três e sempre foi muito protetiva.

Fazia sentido na mente com tudo o que Isabella tinha falado e ele encostou-se à bancada.

—E eu posso ajudá-los? – Edward perguntou.

Emmett não era burro, tinha puxado a ficha completa de Edward Anthony, antigo Masen e agora, Cullen enquanto o médico conversava com Marie. Depois discutiu por telefone com sua antiga parceira sobre todas as chances deles. O marido de Marie era médico e aquilo seria importante para um resgate. Emmett só pensava em como faria aquilo sem colocar nenhum deles em perigo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Com tudo o que vamos aprendendo... O que estão achando?

Estou muito curiosa para saber a opinião de vocês! Não deixem de comentar.