Ouvi Edward gemer ao meu lado, mas eu estava paralisada demais para olhar para ele. Talvez, ele não fosse o único pego de surpresa. Foi por isso que coube a mim a missão de espera-lo no aeroporto, para que eles pudessem estar todos ali.

Quando Alice havia planejado tudo aquilo? Com suas habilidades deveria ter sido em uma semana. Eu arrisquei olhar para Edward e talvez ele não estivesse gostando tanto assim, mas não teve tempo de falar, pois no segundo seguinte, Alice tinha corrido até ele e se jogado em seus braços e agora o enchia de beijos.

Uma fila já se formava atrás dela, vi quando Esme, com lagrimas nos olhos deu um longo abraço em Edward e isso foi a deixa para eu me afastar deles.

A porta de vidro que dava acesso para a sacada estava aberta, então eu dei uma espiada ali. Era de tirar o folego, podia ver Los Angeles quase que inteira dali, e aquela sacada tinha um poder, quase como uma propensão a fazer as pessoas se sentirem grandiosas e poderosas. Afastei os pensamentos, eu nunca chegaria aquele patamar.

Morava no prédio ao lado do que Edward moraria, mas ainda assim não se comparava com tudo aquilo a minha frente.

Lembro quando Alice havia ficado tão empolgada com a volta do irmão e ela me contava enquanto estávamos em meu apartamento, ela não parava de pular em meu sofá e eu jurava que naquele dia ela teria um colapso, o que a salvou foi ocupar a mente transformando essa cobertura na coisa mais luxuosa que eu já pisara.

Tornei a observar a cena entre Edward e os familiares, eles estavam muito felizes evidentemente. Agora olhando Edward e os irmãos lado a lado eu pude definir as semelhanças, eram os mesmos traços, a mesma beleza e os mesmos olhos, Alice e Emmett tinham o cabelo da mãe, era escuro, Emmett tinha cachos e Alice fios lisos na altura dos ombros, mas Edward, puxara a Carlisle, era loiro como o pai. Os olhos vieram definitivamente de Carlisle, que era ainda mais claro que os dos filhos. Esme possuía traços mais delicados, um rosto em forma de coração e olhos calorosos e quase dourados.

 Eu sabia que Alice e Esme o tinha visto fazia apenas um mês, porque elas saíram de férias para o Japão, disse que precisava resolver umas coisas para seu irmão poder voltar.

—Bella, vem aqui, não te cumprimentei. –Alice disse se aproximando de mim e me tomando num abraço.

—Oi Alice, desde quando você planejou essa festa? –eu disse quando ela se afastou.

—Bella, é so uma recepção de boas-vindas, não é uma festa. –ela franziu o cenho. –A festa será mais para a frente. Eu preciso de tempo para organizar tudo que está na minha cabeça, mas não queria deixar que passasse em branco, então resolvi fazer essa recepção para ele.

—E eu fui a cobaia de vocês.

—Desculpe, mas alguém de fora precisava busca-lo, para que não desconfiasse. –ela disse com os olhos extremamente gentis e inocentes.

Desviei meus olhos e voltei a observar Edward, agora algumas pessoas desconhecidas falavam com ele.

—Você vai ficar e aproveitar a festa, né?

Os olhos de Alice eram hipnóticos também, mas de uma forma diferente, ainda assim eu faria qualquer coisa por ela.

—Sim, vou ficar.

Enquanto os convidados eram servidos, eu aproveitei para dar uma boa visualizada na cobertura, o que me dava uma visão apenas da enorme sala. As portas do elevador se abriam diretamente em sua cobertura, dando uma vista direta para um cantinho onde havia uma lareira, algumas poltronas e um tapete fofo no chão, ao fundo da sala havia apenas vidros, que eu percebi que conforme a noite caia os vidros se escureciam, havia três sofás espalhados, algumas poltronas e um lustre enorme de cristal pendurado no meio da sala. Na outra extremidade tinha uma escada que dava acesso para o segundo andar e um corredor que levava a outro cômodo.

Cumprimentei Emmett, Rosalie e Esme quando passei por eles, e emendei uma conversa com eles, que falavam alguma coisa sobre as festas da California quando cheguei. Edward ainda dava atenção para novos convidados quando me desviei da sua família para conseguir mais bebida, no meio do caminho fui abordada por Alice.

—E então, o que achou? -ela perguntou, especulando sobre a cobertura.

—É linda, você fez um trabalho perfeito aqui, como sempre. –seu sorriso era mais iluminado que luzes de natal.  -Eu só fico me perguntando como uma pessoa mora sozinha em um lugar tão grande.

—Bella, não é grande, Edward precisa de espaço. –disse simplesmente.

—Disse uma pessoa que mora em uma mansão.

—Você sabe que será por pouco tempo, Jasper e eu vamos nos casar ano que vem.

—Sim, e eu posso imaginar sua futura casa.

—Grande o bastante para caber todos nossos amigos. –ela disse sorrindo e eu balancei a cabeça incrédula.

—Alice! –Emmett gritou o nome da irmã.

—Vou ver o que ele quer, já volto, está bem?

—Claro. –eu disse indicando com a mão.

Enquanto eu observava através da janela novamente, fui pega de surpresa por uma voz que soou diferente atrás de mim.

—Vocês se conhecem?

Me virei para olha-lo. Edward parecia não ser de verdade, mas devia ser porque eu não estava acostumada em ver homens parecidos com ele. Ele estava sem a gravata de antes, com dois botões da camisa abertos. Por que tudo nele ficava perfeito, quente e sexy?

—Hmm? –murmurei sem entender.

—Você e Alice, pareciam bem intimas.

—Nós somos amigas, Edward.

—Desde quando exatamente?

—Eu não acho que devo alguma informação da minha vida para você, visto que não o conheço, mas...

—Sério Isabella? –ele me olhou e sorriu de lado. –É por isso que estou aqui.

Franzi o cenho.

—Essa não é uma abordagem muito boa. Acredito que minha vida pessoal não influencie no seu trabalho. –Edward tombou a cabeça e esperou, ele abriu um sorriso longo e então riu. –Você deveria estar conversando com outras pessoas.

—Essa é uma maneira educada de me mandar embora?

Eu revirei os olhos.

—O que exatamente você quer de mim?

—Te conhecer melhor, já disse.

Aqueles olhos extremamente hipnóticos me fizeram não pensar, talvez ele já devesse ter percebido o que causava com o olhar nas mulheres.

 -Desde que comecei a trabalhar com seu pai, e conheço seu irmão e Rosalie também. Alice me convida com frequência para as festas na mansão.

Ele olhou por cima do ombro e depois voltou a me olhar, pareceu chateado.

—Eu disse alguma coisa errada? –perguntei.

—Hmm, não. Eu só me pergunto porque não sabia disso.

—Bom talvez não fosse nada interessante para contar. –disse dando de ombros.

Mas, queria entender porque ele havia ficado chateado.

—Sim, talvez seja. Mas, Alice sempre me contava as coisas.

—Ai está um ponto ruim em morar longe, nem sempre você vai saber de tudo.

Ele me observou por um tempo.

—Mas, por que a minha amizade com sua irmã desperta sua curiosidade?

Seu olhar me dizia que ele sabia o que responder, mas era cauteloso e havia duvida, por fim não disse nada.

—Por nada, como você disse, curiosidade. –ele sorriu, sem atingir os olhos. –Estou feliz em estar de volta.

—Uma festa e tanto, ein? –comentei e depois beberiquei minha bebida.

—Eu deveria ter imaginado que ela faria algo assim, qual outro motivo ela mandaria a estagiaria me buscar?

Eu bufei revirando os olhos.

—Qual o seu problema com estagiários?

Ele riu e aquele sorriso emoldurava perfeitamente seu rosto.

—Não é nada, é só que você se irrita muito com isso e é engraçado.

—Que bom que minha irritação te diverte, Edward Cullen. O mais engraçado é como você me oportuna sem nem me conhecer.

—Se você não quisesse conversar comigo já tinha saído daqui, não concorda?

—Isso é ridículo. –eu murmurei.

—Isabella, eu gosto de conhecer com quem vou trabalhar, acredito nas relações estreitamente profissionais e acho que deve ser assim, mas gostei de conversar com você.

Eu cerrei meus olhos para ele, Edward estava sendo sincero, mas...

—Você está me passando uma cantada?

Ele piscou os olhos rapidamente e então pareceu entender meu raciocínio.

—Vai ter que fazer melhor do que isso, Edward. –eu ri diante do seu momento de fraqueza.

Edward ia dizer algo, mas fomos interrompidos com uma loira escultural e muito bonita, mas extremamente enjoativa, que agarrou Edward, bem na minha frente. Ela jogou seus braços em seu ombro, enquanto ele não parecia nada a vontade.

—Oi Tanya. –ele murmurou.

—Ah Edward... que saudade. Los Angeles não é a mesma sem você.

Ele a afastou, delicadamente, sem parecer rude.

—Estou tão feliz, aqui é seu lugar. –ela se jogou para ele novamente e eu trinquei os dentes. Eu sabia que não atraia sua atenção, mas uma mulher no seu porte deveria ter no mínimo educação.

Edward percebeu meu desconforto porque fitava meu olhos enquanto era abraçado, ele estava em pânico, seus olhos pediam socorro. Eu o ignorei. Ele a afastou novamente.

—Estou feliz em estar de volta. Já conhece a Isabella?

Tanya olhou para mim, me medindo dos pés a cabeça.

—Ela é estagiaria da Cullen’s, não é?

Eu trinquei os dentes novamente, pronta para agarrar o cabelo falsificado daquela mulher.

—Não, ela trabalha comigo. –Edward se apressou em dizer e eu cerrei os olhos para ele. Não estava entendendo mais nada.

—Aé? Nunca reparei. –disse sem emoção e se virou já sorrindo para Edward.

—Sorte a minha não ser reparada por alguém como você. –eu disse entre dentes.

Edward arregalou os olhos, eu havia dito muito baixo, mas ele provavelmente tinha ouvido, porque estava ao meu lado.

—O que disse, querida?

—Querida é uma ova...

Fui calada por Edward, ele empurrou seu corpo contra o meu, apertou minha mão na sua e me fez dar dois passos para trás, ficando entre mim e a loira. Sua mão era incrivelmente grande e cobria toda a minha, transmitia calor e seu toque era bom.

—Ela disse que é muito bom conhecer alguém como você. –Edward disse, ainda apertando minha mão, claramente sinalizando alguma coisa. –Se nos dê licença, eu estava indo apresentar algumas pessoas a Isabella.

Ele nem esperou pela sua resposta e praticamente me empurrou no meio da multidão para um outro canto. Quando paramos, ele estava na minha frente. Que ótima maneira para o primeiro dia!

—Você está louco? Disse coisas aquela mulher que eu nunca diria, tirou as palavras da minha boca! –eu quase gritei.

—Louca esta você, se você a conhece saberia que falar com ela naquele tom acarretaria algumas coisas na sua carreira na empresa. –ele disse um pouco urgente e preocupado.

—Ah então você salvou, puxa, obrigada. –eu disse sarcástica e cruzei meus braços em frente do meu corpo.

—Sim, você poderia me agradecer direito por salvar seu emprego. –disse duro.

— Nunca odiei tanto alguém somente por olhar. –murmurei.

—Tanya é filha de um dos maiores sócios e apoiadores de Carlisle.

—Mas que merda... –murmurei.

—Isabella, você tem muito o que aprender sobre seu gênio.

Olhei para ele, pronta para atacar, o fuzilando com meu olhar.

—Quem é você para me dizer o que eu tenho ou não que fazer? Você me conheceu faz duas horas!

—Duas longas horas para saber muitas coisas sobre você. –ele se aproximou mais de mim.

—É mesmo, me diga a principal então. –eu rebati.

Edward intensificou seu olhar e meu coração deu uma leve palpitada, eu podia sentir minha mão ficando pegajosa pelas gotículas de suor que se formava em sua palma, ele estava me deixando nervosa e sem controle.

Eu quase explodi quando vi seu sorriso divertido, ele estava rindo de mim, como se não bastasse isso percebi que ele desistiu do que ia falar.

—Você tem gênio forte, Isabella, será divertido ter você como companhia.

—Veremos. –murmurei.

Ele riu. Eu estava gostando muito do som da sua risada.

—Acho que ela está nos observando. –disse.

Edward olhou disfarçadamente por cima do ombro.

—Tem razão. Vamos.

Ele apontou para um outro lugar.

—Ela é sua namorada ou algo assim?

Ele riu, enquanto andávamos.

—Não Bella, ela é um caso antigo.

—Quão antigo? –pressionei.

—Bem antigo. –disse, e logo após formou uma linha fina com a boca.

—Não é antigo para ela. –murmurei.

De repente, olhei para Edward e corei quando percebi que ele já estava me encarando.

—O que foi? –perguntei.

—Estava me perguntando porque me sinto tão a vontade com uma pessoa que acabei de conhecer. –ele deu de ombros. –Vou falar com alguns amigos.

Engoli em seco.

—Claro, eles devem estar com saudades.

Talvez eu sentisse a mesma coisa que ele, eu sentia como se já o conhecesse. Mas um fato sobre ele me intrigava, ele entrava em uma conversa sem sentido e saia dela quando tudo estava começando a fazer sentido?

.

A noite caiu e a festa estava indo de vento em poupa, uma música mais animada tocava ao fundo e percebi que as pessoas agora dançavam além de beber e conversar. Vi quando Esme e Carlisle andaram de encontro comigo, eles sorriram, quase que se desculpando.

—Bella querida, queria pedir desculpas por hoje. –Esme sorriu após falar.

—Err... esta tudo bem, Alice já me explicou.

—Ela queria fazer tudo milimetricamente perfeito, por isso achou melhor não irmos até la. –Carlisle comprometeu.

—Que bom que deu tudo certo no final. Sr. Carlisle. -disse me dirigindo a ele.

—Viemos falar com você sobre uma outra coisa também.

Eu sorri levemente, me atentando mais a Carlisle.

—Eu tenho uma nova proposta de emprego para você. Sei que é algo para se conversar melhor, mas queria que você pensasse sobre isso. Gostaria de te promover a vice presidente do novo CEO, meu filho Edward.

Eu fiquei um pouco atordoada com aquilo de repente.

—Como?

—Você terá um destaque maior, novas funções e responsabilidades, você não ficaria atrás de ninguém e sim ao lado.

—Isso é maravilhoso, mas, eu não sei se estou pronta. –disse remexendo as mãos nervosamente.

—Eu acredito em você, Isabella. Não poderia escolher pessoa melhor, porém, quero que pense sobre isso, me dê uma resposta na segunda feira e poderemos conversar mais a fundo.

—Obrigada Carlisle, nem sei como agradecer.

Esme sorriu para mim.

—Espero que você aceite, Bella. Você merece. –ela disse para mim e me deu um beijo da bochecha.

—Carlisle! 

Um homem de meia idade havia parado próximo de nos e chamou a atenção do anfitrião, Esme se virou junto com ele, provavelmente eram amigos.

Eu aproveitei aquela oportunidade para sair dali, e decidi por fim que iria para a casa. Eu percebi que Edward, Alice e Emmett eram extremamente populares e possuíam um monte de amigos, eles estavam a horas com alguns homens e mulheres conversando animadoramente. Percebi algumas mulheres se exibindo para Edward, outras aproveitando para passar a mão em seu peito, sob o terno, mas o que mais me impressionou foi que ele parecia alheio a qualquer uma que se mostrasse, talvez já fosse comprometido, mas não me lembrava de Alice mencionar esse fato.

Cheguei mais perto do grupo e tentei chamar a atenção de Alice, ela levantou os olhos para mim e eu acenei para ela.

—Eu preciso ir. –disse quando ela se aproximou.

—Ah Bella, tão cedo?

—Tenho umas coisas a fazer...-disse quero me safar.

—Me desculpe por não dar atenção para você, mas é tanta gente...-ela disse chateada.

—Fica tranquila, eu estou bem, curta a chegada do seu irmão, e a gente se fala depois. –eu disse sorrindo.

Alice me abraçou e agradeceu pela ajuda. Enquanto eu caminhava para o elevador, senti uma mão segurar de leve meu braço, me virei para ver quem era. Será que eu acostumaria com ele, vendo-o todos os dias?

—Bella, não ia se despedir?

—Eu... bom, você estava cercado de pessoas, não quis atrapalhar.

Ele ergueu uma sobrancelha.

—Uma loucura. Alice é irracional. –ele disse inconformado.

—Seja bonzinho com ela, Alice estava planejando a sua casa a meses e muito ansiosa por você.

—Eu sei, eu passei tempo demais sozinho, tenho que me acostumar novamente com seus carinhos.

Eu percebi que estava gostando de conversar com ele, mas eu precisava sair.

—Bom, até breve então.

—Bella, não poderia deixar que fosse embora sem te agradecer, obrigado.

—Não precisa agradecer, é o meu trabalho. Nas horas vagas cumpro o papel da estagiaria. –eu pisquei e ele sorriu torto.

Antes que ele pudesse responder eu já caminhava para o elevador, quando me virei ele acenou e sorriu e eu retribui com meu sorriso de leve.

.

.

A campainha soava estridente, enquanto eu ainda saia do banheiro. Eu sabia que era Seth e sabia que ele não iria desistir, só fazia para me provocar. Vesti meu roupão de banho e fui até a porta, quando a abri, Seth sorriu para mim e me deu um abraço antes de passar por mim.

—Oi Bella! –disse muito animado.

—Oi Seth, é sério que você vai continuar com essa de quebrar minha campainha?

Ele riu.

—Você pode comprar outra, aliás.

Eu bufei.

—Eu quero que você me conte tudo, eu fico fora quatro dias e tudo isso acontece?

—Aliás, eu senti sua falta. –disse a ele.

—Eu sei, eu também senti a sua Bells, mas o Hawaii é incrível. Eu já fiz minha proposta de você vir trabalhar comigo, né?

Tirei do meu armário um vinho que eu havia comprado na semana passada, abri e despejei em duas taças, enquanto Seth se sentou no sofá e eu me sentei ao seu lado, passando uma das taças para ele.

—Eu gosto do meu emprego, Seth.

—Bella, pense em tantos lugares que você poderia conhecer, ao invés de ficar trancada em um escritório.

—É exatamente por isso que nos damos tão bem, uh? Você viaja pelo mundo, enquanto eu viajo nos papeis, é um equilíbrio.

Ele bufou e tomou um longo gole de vinho.

—Certo, eu ainda vou te convencer a ter uma vida melhor.

—Por falar em vida melhor, ontem fui buscar Edward Cullen recém chegado do Japão no aeroporto.

—Irmão da Alice Cullen? –ele arregalou os olhos.

—Ele mesmo. –disse com uma estranha animação.

Edward só começaria a trabalhar na próxima semana, e eu estava com uma sensação que não deveria, eu queria muito o rever.

—E ai, me conte como ele é.

Contei a ele sobre todas minhas impressões sobre Edward, sua festa de boas vindas e os futuros planos de Alice com uma festa na mansão- e essa foi a parte que ele realmente se animou-. Seth sorriu amplamente.

—O que é isso? –apontei para seu sorriso.

—Um sorriso?

—É um sorriso estranho, Seth.

Ele riu alto.

—É bom te ver animada com algo ou alguém Bells, faz tempo, talvez você não perceba a diferença, mas eu percebi nitidamente.

—Bom... talvez, mas não é nada demais. –disse me reenconstando no sofá.

Seth era meu melhor amigo desde minha infância em Forks, ele era descendente dos Quileutes e morou em La Push na maior parte de sua vida. Ele me conhecia melhor do que todo mundo que eu já havia conhecido, eu o considerava um irmão e ele igualmente, por isso, não conseguíamos ver um ao outro sem outra perspectiva. Muita gente olhava de fora e dizia que já havíamos dado algum passo a mais no decorrer da nossa amizade, mas aquilo definitivamente nunca aconteceria, eu o amava como se ele fosse meu irmão mais novo.

Quando me mudei de Forks para cursar finanças na universidade de Dartmouth em Hanover, nos distanciamos muito, afinal havia um pais inteiro nos separando. Fiz algumas amizades durante o curso, mas nada muito permanente, geralmente as pessoas se aproximavam por interesse ou curiosidade. Seth foi para a universidade de Atlanta dois anos depois, para cursar geografia, nos dias atuais ele trabalhava para a National Geographic, ele participava das gravações e pesquisas, e vivia viajando pelo mundo inteiro.

Durante o tempo da faculdade eu trabalhei em uma pequena empresa e não ganhava muito bem, mas era o suficiente para me manter, já que eu não podia mais contar com Charlie, depois que eu decidira sair sem sua permissão de casa. Depois que me formei, me mudei para California onde comecei a trabalhar em uma empresa maior, e assim foi até que Carlisle me fez sua oferta de emprego.

Seth se mudou para California um ano após formado, ainda que estivéssemos longe nossa amizade nunca havia sido encerrada e portanto ela continuava como sempre fora. Todos os dias que eu o via ali comigo, me lembrava dos dias mais solitários que passei quando estava em Hanover, me lembrava de lamentar sobre minha decisão de sair de Forks, mas eu sabia que eu não poderia mais continuar ali, não suportava mais carregar um fardo tão pesado. Eu precisava fazer alguma coisa por mim, e comecei deixando tudo para trás. Seth não era o único amigo que eu fizera, eu tinha amizade com todos seus amigos também, Jacob, Leah, Jared, Paul, Quill, Sam e Emilly, então dar as costas para Forks, foi dar as costas a minha vida e tudo o que eu já havia sido então.

Nos dias atuais, todos eles haviam se mudado de La Push para a California, e por um milagre todos haviam se aperfeiçoado pelo lugar e vivam melhor do que nunca. Eu os via toda semana, era algo sagrado, ou estávamos na praia com uma fogueira ou em algum pub bebendo uma rodada de cerveja. E aquilo era perfeitamente bom para mim.

—Me conte sobre o tal do Edward. –Seth pediu.

—Eu já contei. –disse enchendo minha quinta taça de vinho.

—Sim, mas agora você não está sóbria e vai me contar mais sobre ele.

Eu ri sem sentido algum.

—Ele deve ser o homem mais lindo e sensual que eu já vira. –disse cobrindo meus olhos com as mãos.

—E olha que foram bastantes. –Seth disse gargalhando.

Olhei para ele cerrando os olhos, fechei o punho dando um soco de leve em seu braço.

—Nós vamos falar mesmo sobre nossos relacionamentos casuais? –eu disse erguendo uma sobrancelha para ele.

—Não, Bella. Continue. –ele ainda ria e esfregava o braço.

—Ele é...como posso dizer? Lindo, mas ao mesmo tempo irritante e muito inteligente.

—Deixe me adivinhar, ele te irritou fazendo uma pré descrição de você.

—Ele me irritou, porque ele me oportuna sem nem me conhecer. E porque ele é muito muito quente. Eu quis transar com ele no primeiro momento que o vi.

Soltei uma gargalhada quando vi os olhos arregalados de Seth, ele riu junto comigo.

—Isso foi inusitado.

—Você não pode me deixar beber perto dele, porque certamente eu falarei coisas sem sentidos.

Seth encostou sua cabeça no sofá e riu de leve.

—Eu já ouvi essa história antes, Bells. A mulher conhece o cara dos sonhos, fodidamente bom em tudo, mas incrivelmente irritante e ai a paixão chega e são felizes para sempre.

Franzi o cenho e encaro meu amigo, como se ele fosse a maior besta do mundo.

—Não me olhe como se tudo o que eu disse fosse a maior besteira do mundo.

—Bom, é exatamente isso. Edward é incrivelmente bonito e é meu chefe, Seth. Não vai acontecer nada demais.

—Ok...Se você não ficar bêbada perto dele.

Dei de ombros.

—Chega de baboseiras e me conta como foi sua breve viagem.

Agradeci que por hora o assunto Edward, estava esquecido. Seth começou sua longa história sobre sua viagem ao Hawaii.

.

.

Se antes da chegada do Edward aquele escritório estava uma agitação, com a chegada dele aquilo havia se transformado em uma espécie de caos.

Ele havia desembarcado em Los Angeles no meio da semana, por isso Carlisle havia nos comunicado que ele começaria apenas na semana seguinte. A sala que fora arrumada para ser seu escritório ficava bem de frente com a minha, se era bom ou ruim eu ainda iria decidir.

No domingo, Seth, Jacob, Leah, Sam, Emilly e eu havíamos saído para tomar umas cervejas em um pub a 15 minutos do meu apartamento, estar com eles era minha realidade. Eu amava Alice como se fosse uma irmã para mim, sabia reconhecer que ela fazia de tudo para que eu me sentisse a vontade em qualquer lugar que fossemos, mas ainda assim era impossível, eu sempre me senti deslocada em relação a ela.

Quando cheguei em casa naquela noite, vi a secretaria eletrônica piscando e quando ouvi o recado congelei.

“Oi Bella, sei que já faz algum tempo que não nos falamos, mas seu pai e eu estamos morrendo de saudade, por favor nos retorne. Eu te amo.”

A voz de minha mãe soou abafada e rouca como se ela estivesse prestes a chorar, eu não falava nunca com eles, a última vez que eu os havia visto tinha sido na colação de grau da faculdade que eles tinham descoberto, por algum motivo, que até hoje eu não sabia.

Eu me sentei no sofá, eu estava com saudade dela, queria muito que tudo pudesse ter sido diferente, mas não era. Fora melhor assim.

A proposta de Carlisle permeou meus pensamentos por todos os dias, eu não tinha duvidas sobre ela, eu aceitaria. Exatamente por ser um novo desafio.

Na segunda feira, levantei um pouco antes do normal, fiz meus exercícios matinais, tomei uma ducha e preparei meu café da manhã, sai de casa sem atrasos, chegando no escritório com sobra de tempo.

Eu não vi Edward chegando, mas pela agitação do lado de fora da minha sala pude imaginar. Abri uma fresta da porta para observar, ele estava rodeado de gente, eu via apenas um lampejo do seu cabelo, por ele ser mais alto que muitos. Edward se apresentava a todo mundo. A julgar pela forma com que Jessica voltou para sua mesa, eu sabia que ela havia sido afetada por ele.

A fila foi diminuindo até cessar e vi quando Carlisle e Edward seguiram em direção a sua nova sala.

—Bom dia, senhores. –disse.

Edward se virou para mim, ele andou até a minha frente, eu suspirei com a visão que tive dele, estava com um terno azul escuro e camisa preta, com gravata preta, aqueles tons destacavam seus incríveis olhos azuis e para terminar ele sorriu. Ele era muito quente e eu sabia que poderia ter qualquer mulher apenas com aqueles olhos e sorriso.

—Olá Isabella. É bom te ver aqui.  –Edward me direcionou sua mão e eu apertei.

O calor estava presente e eu tive a sensação de querer seu toque em todo meu corpo. Não encarei seu rosto quando voltei a falar.

—Eu trabalho aqui.

—Edward Cullen?

O senhor Antony parou há alguns centímetros de Edward, pela sua expressão, ele parecia muito feliz por vê-lo ali. Edward se virou para olhar, pediu licença para mim e foi falar com o homem.

—Bom dia Isabella. –Carlisle disse se aproximando de mim. –Queria mesmo falar com você antes da reunião.

—Podemos entrar se quiser. –indiquei a sala vazia atrás de mim.

—Vamos lá. –ele indicou. –Bom, espero que tenha pensado na minha proposta. –Carlisle continuou após eu fechar a porta atrás de mim.

—Claro. –eu sorri. –Estou disposta a aceitar a oferta de promoção.

—Isso é ótimo Isabella, não poderia pensar em outra pessoa para esse cargo.

—Qual será o meu cargo, exatamente?

—Edward estará começando hoje seu cargo de CEO  por aqui, ele precisa de uma pessoa que conheça da empresa para lhe auxiliar em suas decisões, metas e enfim, por isso pensei em você. Isabella, você conhece muito da nossa empresa e sempre foi dedicada, tendo certeza que ajudará muito a Edward. Você trabalhara na sala de Edward nas próximas semanas, será seu braço direito. Depois de algum tempo, você se mudará para um lugar mais privado.

Eu pisquei algumas vezes, não acreditando no que ouvia.

—Não vou mais ficar com Aro?

—Não. –Carlisle sorriu suavemente. –Pode se mudar hoje mesmo. Já providenciei sua mesa, aliás.  

—Claro, obrigada Carlisle.

—Se quiser pode se mudar hoje mesmo.

Eu assenti sorrindo.

—Bom, vamos para nossa reunião.

Ele sorriu em resposta e se afastou de mim.

Oh meu... eu não acreditava no que havia acabado de acontecer, não só trabalharia com Edward como passaria o dia todo na sua sala, olhando para ele. Aquilo seria difícil, mas bem interessante.

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A reunião com Carlisle e todos os membros da diretoria e gerencia ocupou a sala inteira de reuniões, Edward sentou-se ao lado do pai. Percebi que algumas pessoas estavam incomodadas, olhavam de relance para Edward, podia ver desconfiança em seus olhares, em outros eu via orgulho, em alguns descontentamento, e eu estranhamente fiquei com medo de que ele percebesse a mesma coisa que eu, não queria que nada estragasse seu momento.

Se ele percebeu, não demonstrou absolutamente nada, Carlisle deu seu discurso e depois foi a vez de Edward, foi anunciado também meu novo cargo e mais algumas outras estratégias que seriam implementadas. Depois, alguns repórteres esperavam na sala de conferencias para a entrevista, certamente aquilo daria uma ótima noticia, mas eu não havia pensado naquilo até o momento. A Cullen’s Enterpraise traria melhorias para o mundo da tecnologia, seria uma revolução.

.

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Eu não teria muito tempo para arrumar minha nova mesa e por sorte eu não tinha muita coisa, coloquei todos meus utensílios em uma caixa e fiquei aliviada por finalmente sair daquele setor, eu não iria para muito longe, a sala de Edward ficava um pouco mais a frente, mas só de não ter que trabalhar com Aro seria excelente.

Aro não era meu chefe, era apenas um supervisor, mas ele agia como se fosse um, era dono de uma enorme arrogância, mas eu tinha que admitir que era uma das melhores cabeças ali e Carlisle o mantinha por conta disso, ele era de confiança. Eu tinha um cargo bom, mas precisava sempre engolir meus pensamentos e ideias, porque nada servia para ele. Talvez, trabalhar com Edward seria melhor.

Levei minha caixa para dentro da nova sala, ela havia sido reformada por Alice, mas seguia o mesmo padrão das outras, mas era linda e cheirava a novo. A sala era imensa, atrás da mesa principal -com certeza a mesa de Edward-, a parede era formada por vidros dando uma visão da cidade em geral, no canto esquerdo havia uma mesa de centro, com sofás e poltronas em volta e uma TV plana pendurada na parede. A mesa que seria temporariamente minha, ficava a direita, mais ao canto e era um tanto menor. A sala era masculina e parecia combinar perfeitamente com Edward, era decorada com madeira e tom de azul nas paredes.

Comecei a desembrulhar minhas coisas colocando nos seus devidos lugares, quando vi a porta sendo aberta. Edward entrou na sala acompanhado de Carlisle, os dois me olhararam e eu tive medo de ter feito algo errado.

Mas, Carlisle sorriu no segundo seguinte.

—Vejo que esta adiantada, Isabella.

—Quis deixar tudo preparado para amanhã, Sr. Carlisle.

—Isso é ótimo, vocês terão um longo trabalho. Edward já esta ciente do seu trabalho, vou deixar vocês a sós. Todos nós temos muito o que fazer.

Carlisle se despediu com um tapinha nas costas de Edward e ele retribuiu com um aceno de cabeça.

Edward foi até sua mesa e se sentou na sua grande cadeira de couro. Ele ficava muito bem ali, hum...

—Você não consegue ficar muito tempo longe de mim? –ele disse olhando para mim, sorrindo de lado.

—O dever me chama.

Admirar aquele homem parecia muito errado, ele era inalcançável, por isso voltei a minha atenção ao meu trabalho.

—Entao, você prefere começar nosso trabalho agora ou amanhã?

Ele voltou a falar comigo.

—Se voce não se importar, acho que podemos começar amanhã, hoje foi um dia cansativo para você e preciso terminar minha organização para te mostrar.

—Organização?

—Fiz um organograma. –disse corando e me sentindo completamente estupida. –Só achei que seria melhor para você entender.

—Não fique envergonhada, sua atitude foi exemplar, amanhã começaremos com isso então.

Ele sorriu com simpatia. Eu não fiz nada além de suspirar.

Edward permaneceu ali, e eu fiquei um pouco nervosa com sua presença, mas ele se virou para se notebook se concentrando ali, uma hora ou outra eu lançava olhares em sua direção, e em alguns momentos ele puxava assunto aleatório comigo.

Ele precisou sair após uma ligação de Carlisle, se despediu de mim e me deixou sozinha com meus pensamentos.

Isso seria bem difícil.