A Amorosa Bizarra Aventura de Bucciarati escrita por Mayara Silva


Capítulo 5
Amor em jogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/782331/chapter/5

Praça pública de Nápoles – 20/01, 15:55hrs.

 

Fazia algumas semanas que Bruno e Giorno estavam saindo. Como ambos haviam acabado de sair de relacionamentos que não deram certo, agora, estavam caminhando nesse caso com mais paciência. O trabalho os impedia de se ver com frequência, mas, sempre que tinham a chance, saíam para lugares privados e tinham uma noite só deles.

Naquele dia em específico, Giorno se encontrou com Bruno. O moreno já o esperava em um dos bancos da praça e, para a alegria deles, naquele dia havia pouco movimento. O loiro se surpreendeu ao vê-lo tão cedo no local combinado, alguém havia o superado em pontualidade.

— Eu... eu demorei muito?

Bruno deixou um sorriso doce escapar de seus lábios. Naquele dia não havia chovido muito e um lindo sol estampava o céu. Não era muito comum isso acontecer naquela época do ano e as pessoas precisavam aproveitar. Bruno, para aquela ocasião, vestia uma camisa de tecido quente e mangas até os cotovelos. Era de gola alta, com o peitoral exposto em um belo coração, similar ao seu traje casual. Ele também usava uma calça social cinza médio de cintura alta e sapatos sociais. Já Giorno ostentava uma camisa de tecido leve e mangas dois dedos mais curtas que as de Bruno, juntamente com calças sociais brancas e sapatos sociais, além de um lindo e discreto lenço no pescoço. Ambos estavam de óculos escuros para desfrutar melhor daquele dia ensolarado.

Giorno deu uma boa olhada em Bruno. Vê-lo em trajes distintos dos cotidianos era bem inovador. Acima disso, era bem sexy. Bruno era um homem elegante e cheio de cultura, e tinha um teor feminino em seu estilo e aparência. Aquilo atraía Giorno como um imã, ele não admitia, mas lhe dava tesão. Mal sabia ele que Bruno pensava dessa mesma forma para consigo.

— Está dois minutos atrasado. Irei lhe castigar por isso, ouviu?

Brincou o capo, e ambos deixaram uma risada fluir. Giorno sentou-se ao lado dele, ainda introvertido. Não tinha vergonha de Bucciarati, mas aquela experiência com ele era nova. Ele temia terminar do mesmo jeito que Fugo, temia que algo desse errado. Seus pensamentos foram interrompidos quando Bruno se aproximou para lhe roubar um beijo. Foi um beijo romântico, mas o sabor doce de morango que a boca do loiro tinha o instigou a intensificar aquele carinho.

Giorno lentamente perdeu a timidez e entrelaçou os braços ao redor do pescoço do moreno, retribuindo todo o seu carinho. Estava louco para jogar o seu rosto no pescoço dele e inspirar o seu perfume cítrico, porém aquele momento foi interrompido com a chegada de um casal improvável: Squalo e Tiziano.

— Humm... Ah, que delícia de visão...

Comentou Tiziano, puxando seu companheiro para ver os rapazes.

— Quem diria... O capo e o chefe estão de casinho.

Comentou Squalo. Bruno revirou os olhos e levantou os óculos de sol.

— Não se cansaram de levar uma surra?

— Ai, precisa dessa grosseria? Não estamos zombando, até achamos bonitinho. Esperamos que vocês sejam felizes.

Respondeu o moreno, agarrando um dos braços de seu homem logo após. Squalo não teve reação.

— Irei parabenizá-los se contarem. Dar uns pegas é a parte mais fácil, quero ver se vocês têm culhões pra assumir isso, como nós tivemos.

— Isso não diz respeito a vocês.

Respondeu Giorno, agora se levantando. Tiziano segurou o braço de seu amado e o puxou para mais perto de si. Queira ou quer não, Giorno era o chefe, portanto, seu principal mentor. Eles deviam respeito. Além do mais, a morte poderia se tornar uma benção nas mãos de Giorno. O loiro possuía, simplesmente, o stand mais impiedoso que se podia ter ideia. Quem caísse nas mãos dele, certamente, pediria por uma morte definitiva.

Felizmente o loiro só o utilizava em casos estritamente necessários.

— N-nos perdoe...

Tiziano implorou pelo seu amado, Squalo não parecia fazer o mesmo esforço. Bruno, não querendo que aquela confusão piorasse, se levantou e levou uma mão ao ombro do loiro.

— Esqueça isso. Venha, estou com fome e quero comer contigo.

O arrastou para longe dos dois, onde, enfim, poderiam comer algo doce e relaxar.

—- x --

17:10hrs.

 

Havia uma pasticceria & caffetteria ali perto. Obviamente, Bruno e Giorno foram recebidos com extrema atenção e respeito, além de terem recebido um lugar reservado e privado, longe dos demais clientes.

Bruno havia pedido uma fondue de frutas e chocolate, perfeito para aquelas ocasiões românticas. Imergiu um morango na densa e saborosa calda de chocolate 70% cacau e levou à própria boca. Dessa forma, Giorno se aproximou para morder o pedaço que faltara, e seus lábios acabaram se encontrando.

Mais um beijo apaixonado.

Fizeram isso com todas as frutas, até que resolveram se divertir com a calda. Bruno levou uma pequena colher de chocolate à boca do loiro e propositalmente manchou o canto de seus lábios. Passou o indicador por eles e os resquícios que ainda ficaram, do doce, foram removidos pela língua do moreno. Bruno lambeu o canto de sua boca e mais um beijo surgiu naquele momento. Giorno segurou a mão do capo e voluntariamente chupou o seu indicador, limpando o chocolate que havia ali.

Aquele encontro estava quase se resultando em sexo. Giorno resolveu interromper antes que as coisas esquentassem, e então pagaram a conta.

Queriam continuar o resto em casa.

—----------------------------- X ------------------------------

Nápoles: 03/02, 14:00hrs.

 

Fazia apenas algumas semanas que Bruno e Giorno estavam juntos e, embora não houvessem assumido nada ainda, Fugo, Trish e Abbacchio já desconfiavam.

Naquele fatídico dia, Trish e Fugo se reuniram. Tinham interesses em comum: reconquistar seus bem-amados. É aquele velho ditado: só damos valor às coisas quando perdemos. Essa frase resumia exatamente o que eles estavam sentindo, mas eram orgulhosos demais para admitir. Felizmente, nenhum julgava o outro.

— O que você pensa em fazer, Fugo?

Indagou Trish, de braços cruzados. Lembrava que não havia conseguido se adaptar à vida de casados, mesmo que esta não tivesse durado muito. Havia escolhido o divórcio como a solução mais fácil, embora agora preferia ter tentado. O amor deles devia superar quaisquer dificuldades.

Ela queria reverter aquilo de alguma forma.

— Você quer o Bucciarati de volta, eu quero o Giorno. Vamos trabalhar em conjunto, então.

Disse o ruivo. Fugo ainda não assumira sua bissexualidade para os amigos, com apenas Trish como confidente. Não queria que essa informação se espalhasse, mas o desejo pelo loiro falava mais alto que o seu orgulho e sua resistência. Às vezes pegava-se desprevenido, pensando, arfando, gemendo o nome dele.

A saudade era maior que o orgulho.

— Com certeza nós ainda estamos nos pensamentos deles. Meu único plano é ir até lá e fazer dar certo.

— E torcer para que eles sintam o mesmo... vai que Bruno ficou com o Giorno porque queriam nos esquecer, apenas. Se for só isso, separá-los será fácil.

Após essa conversa, se separaram.

—- x --

14:33hrs.

 

Trish seguiu até os aposentos de Bucciarati, lugar esse que ela conhecia muito bem. Foi ali que diversas noites de amor aconteceram, ali foi o lugar no qual os lábios do moreno exploraram as suas coxas, e sua língua provou de seus sucos. Trish ainda sentia arrepios ao relembrar as coisas que fizeram naquela cama, naquele sofá, naquela mesa...

Agora estava ali, em busca da reconquista de seu amado. Torcia ela para dar certo, contudo, mal sabia que outra pessoa havia chegado primeiro...

—- x --

Flashback: aposentos do Bucciarati - 14:10hrs.

 

Bruno havia ouvido a campainha tocar. Não costumava ficar muito em casa, temia ser perseguido – afinal um gangster deve ser sempre cauteloso – por isso, deixou o Sticky Fingers ativo e foi averiguar quem era.

Leone Abbacchio.

Não precisava mais do alerta, não o via a tempos e queria matar essa saudade.

— Abbacchio, quanto tempo...

Disse o moreno, com aquele sorriso apaziguador nos lábios. De fato, a semana corrida os separou por alguns dias, ou talvez alguém havia os separado. De qualquer forma, estavam ali, juntos, e Abbacchio não podia negar: Bruno parecia mais belo, mais jovial. O que será que o Giorno fez?

— Eu que o diga, Bucciarati.

O homem entrou no local e fechou a porta para o capo, já era praticamente da casa. Trish não era a única a guardar boas experiências naquele lugar, Abbacchio também já havia se encontrado ali diversas vezes com Bruno e, no final desses encontros, eles sempre acordavam nus.

Bruno adentrou e foi até o aparador bar, que ficava na sala, para servir vinho ao amigo. Porém, mal chegou a tocar na taça, sentiu os braços fortes de Abbacchio envolver a sua cintura.

— A-Abbac...

— Shh... Eu estava com saudades...

Sussurrou o homem. Bruno começou a suar de nervosismo. Logo, levou as mãos até os braços de Abbacchio e tentou se desvencilhar dele, mas o homem insistiu. Abbacchio pressionou o corpo contra o dele e beijou a sua nuca. Ele sabia que Bruno tinha um ponto sensível na nuca, era um lugar mais fácil de arrancar um arrepio seu. Abbacchio conhecia todo o corpo de Bruno, todas as áreas sensíveis, os carinhos que ele gostava e os que não gostava, o que o excitava e o que o desestimulava. Ele o conhecia muito, muito.

Bruno arrepiou-se.

— Abbacchio... não... não estou a fim...

Sussurrou o moreno. Leone suspirou, sabia que ele estava tentando resistir por Giorno, mas não seria errado se eles não estavam namorando oficialmente, pelo menos assim ele pensava.

— Por que não? Você se esqueceu das noites que eu passei nesse lugar, ao teu lado? Vai mesmo jogar tudo isso fora?

— Leone...

Murmurou Bruno. Ele raramente usava o primeiro nome de Abbacchio, era algo a se observar.

— Nunca esqueci...

Respondeu, em frases travadas. Com um beijo, Leone conseguia fazer todo o seu corpo reagir.

— Eu... eu queria namorar você.... Eu queria fazer disso oficial.... Você não quis...

E isso era fato. Leone adorava o seu capo, mas sua vontade era manter uma amizade colorida, pois ele não queria namorá-lo e arriscar a união do grupo. Viu suas suspeitas se concretizarem com o divórcio de Bruno e Trish, que agora mal se falavam. Ele não queria acabar assim.

— Você sabe o porquê...

Bruno ficou em silêncio. De fato, ele sabia, mas isso não vinha ao caso agora. Ele estava com Giorno, mesmo que não oficialmente. Ele não queria traí-lo, não queria fazer aquilo com o seu chefe, mas Abbacchio era difícil de se lidar, uma vez que ambos têm uma história forte, complexa e enraizada em seus corações.

— Abbacchio... pare... pare com isso...

Sussurrou o moreno. Leone continuou.

— Eu te amo. Eu não tenho vergonha alguma de dizer isso...

E Bruno cedeu.

—- x --

Trish:

 

A garota tocou a campainha. Nesse exato momento, Abbacchio estava aos beijos com o seu capo no sofá da sala. Sequer procuraram ir a um quarto, seus corpos estavam sedentos um pelo outro. Bruno estava parcialmente nu, com o peito exposto. Abbacchio estava se preparando para tirar-lhe o resto das roupas quando o som reconhecível do tilintar da campainha os assustou.

“Giorno. Era ele, era o Giorno. ”

O coração apertou em culpa.

— Mas quem porra é??

Indagou o homem. Bruno negou, pois embora tivesse suspeitas, não sabia. Com um pulo do sofá, rapidamente se vestiu e foi ver quem era.

Trish Una.

Por um segundo, um misto de alívio, curiosidade e o mantimento da culpa pousaram em seu coração. Por que estaria, ali, a Trish? O que ela quer dele agora?

Bruno abriu a porta.

— O-oi, Bruno...

Murmurou a garota, virando o rosto em vergonha e remorso. Ela sorriu, queria passar simpatia. Bruno percebeu, mas não sentia raiva dela.

— Olá, Trish. Houve algum problema?

— N-não, nenhum. Só... podemos conversar um pouco?

E Abbacchio apareceu logo em seguida.

— Ele está ocupado.

Respondeu o homem, rispidamente. Bruno suspirou, não queria que aquela confusão se estendesse. Por mais que tenha amado Trish, agora ela fazia parte do passado. Por mais que sinta algo por Abbacchio, suas intenções são completamente diferentes.

Ele queria estar com outra pessoa, ele queria se dedicar a essa outra pessoa. Ele não deixaria o destino levá-la de si novamente.

E, no meio daquela confusão, Bruno saiu, deixando os outros ali, sozinhos.

—----------------------------- X ------------------------------

Gabinete de Giovanna: 03/02, 14:50hrs.

 

— Se veio para me falar essas coisas, perdeu seu tempo.

Disse Giorno, a paciência já se esgotara. Enquanto Bruno cometia um deslize, o loiro estava completamente decidido em sua escolha. Giorno não toleraria que alguém caluniasse a pessoa quem ele ama.

— Não estou falando isso pra chatear você, Giorno...

— Não me chame assim. Para você, é Giovanna. Senhor Giovanna.

Fugo suspirou. Se Trish se saísse bem, então a mentira de que viu os dois juntos certamente se tornaria um fato concreto para pôr em dúvida a lealdade do capo. Fugo realmente queria jogar sujo, ele queria Giorno de volta.

— “Senhor Giovanna”. Se não confia em mim, pergunte a ele.

Giorno se levantou de sua cadeira, levando as mãos com força à mesa.

— Não tolero que calunie Bucciarati desse jeito. Ele é o seu capo, respeite-o.

Fugo percebeu como Bruno já estava tão enraizado no coração quente do loiro. Era a coisa mais especial em Giorno, que, porventura, ele havia perdido para a vergonha. Giorno iria até o fim pela pessoa quem ama.

Enquanto ia responder ao seu chefe, recebeu uma ligação da Trish. Fugo pediu licença e atendeu, mas não precisou de muito tempo para conversarem. Desligou em poucos minutos.

— Você sabe o que Bruno e Abbacchio fizeram?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Amorosa Bizarra Aventura de Bucciarati" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.