A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 46
Verdade Revelada




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Os moradores de Los Angeles olhavam atentamente tudo o que acontecia em cima do palanque de madeira de quase dois metros de altura. Apesar de terem achado graça do fato de o Capitão ter confundido o Zorro com Don Diego, eles estavam curiosos para, quem sabe, finalmente conhecer o rosto de seu tão amado salvador.

Parecia que todos tinham parado de respirar no momento em que Zorro se voltou para eles e, surpreendentemente, começou calmamente a desamarrar sua máscara. O burburinho que percorria a praça desapareceu em questão de segundos e um silêncio mortal tomou conta do lugar.

Quando a máscara negra finalmente caiu e todos puderam ver quem é que estava atrás dela, a tensão inicial se foi, dando lugar a muitas gargalhadas. Para a surpresa da multidão, o Capitão estava certo, e era mesmo o desengonçado Don Diego de La Vega quem tentava se passava pelo Zorro.

— Eu sabia! – bradou Monastário em triunfo ao ver o rosto de seu inimigo.

— Sargento! Prenda esse homem por se passar pelo Zorro e transformar um ato solene em uma palhaçada e coloquem os prisioneiros de volta as suas celas! O Zorro não cumpriu sua palavra, então o acordo está desfeito.

Garcia foi apressadamente ao encontro de Diego, enquanto os outros soldados correram para recapturar todos que tinham acabado de ser soltos, antes que eles tivessem a oportunidade de escapar.

— Espere um momento, Capitão! – ordenou Diego.

— O que está fazendo, Don Diego? – perguntou Garcia, preocupado e sem entender nada – Por que o senhor está se passando pelo Zorro? O senhor não vê que só conseguiu piorar a situação de todos?

Diego sorriu ao ouvir as palavras preocupadas do amigo.

— Sargento Garcia, olhe bem para mim. – pediu Diego enquanto pousava as mãos nos ombros largos do soldado confuso - Eu não estou me passando pelo Zorro, eu sou mesmo o Zorro.

— Ah, pare com isso, Don Diego. Não brinque numa hora tão séria. – implorou o sargento, mas dessa vez, ao olhar melhor bem dentro dos olhos verdes do amigo, viu algo familiar neles e alguma coisa lhe dizia que aquilo talvez não fosse uma brincadeira. “Será possível que Don Diego seja realmente o Zorro?”— pensou ele.

Enquanto Diego se afastava, seguindo em direção a Monastário, Garcia parecia estar em choque. Ele não se movia nem emitia nenhum som, mas era quase possível ver seu cérebro trabalhando como nunca, envolto em um turbilhão de pensamentos. Seus olhos começaram a se arregalar cada vez mais no momento em que ele começou a pensar e a ligar os fatos. Muita coisa começava a fazer sentido.

 Era fato que ele nunca tinha visto Zorro e Don Diego juntos. Curiosamente, Zorro parecia estar sempre muito bem informado das coisas que aconteciam no quartel e agora ele entendia que ele próprio, inadvertidamente, poderia ter sido sua fonte de informações durante anos. Zorro também sempre lhe pareceu ser um homem culto e bastante educado, e isso era algo realmente incomum para um bandido. E principalmente: Zorro não o matou nem nunca o feriu seriamente, mesmo tendo incontáveis oportunidades para fazê-lo. Ele podia até mesmo dizer que tinha sido ajudado em várias ocasiões pelo fora da lei.

— Será possível? – indagou incrédulo para si mesmo.

— Solte-os, Capitão, e cumpra sua palavra! – ordenou Diego.

— E por que eu deveria, se isso tudo não passou de uma farsa? – perguntou Monastário cinicamente.

— isso não é uma farsa e o senhor sabe muito bem disso! – disse Diego, já começando a se irritar.

— Não me faça rir, De La Vega! Olhe o papel ridículo que está fazendo diante de todo o povoado. Todos estão rindo as suas custas. Veja! – respondeu enquanto apontava para a multidão que ainda gargalhava só de pensar que Don Diego tinha tentado se passar pelo Zorro. Justo ele, que não tinha absolutamente nada em comum com o bandido mascarado.

— Solte-os e vamos mostrar a todos que o senhor estava certo. – Disse Diego desembainhando a espada e apontando-a para o Capitão.

Os soldados, achando que seu capitão pudesse estar em perigo, foram imediatamente em seu auxílio.

— Não interfiram, soldados! – ordenou Garcia, para a surpresa de todos, inclusive de Monastário - Zorro e o Capitão marcaram um duelo e nós não podemos interferir.

— Mas ele nem é o Zorro de verdade, Sargento! – disse um dos soldados.

— Eu posso dizer que sou a pessoa que mais cruzou com o Zorro nesse povoado, e afirmo que Don Diego é o Zorro. Afastem-se e soltem os prisioneiros, porque o Zorro veio cumprir sua parte do acordo e nós vamos deixar que o Capitão cumpra a dele.

Gracias, Sargento! – disse Diego com um largo sorriso no rosto e o costumeiro aceno do Zorro. Garcia já não tinha mais dúvida alguma. Ele conhecia aquele sorriso zombeteiro.

Depois da surpreendente afirmação categórica do Sargento de que Don Diego era o Zorro, ninguém mais tinha tanta certeza se aquilo tudo era uma brincadeira ou não.

— Soldados, não se atrevam a desrespeitar minhas ordens! – berrou Monastário furioso. – Quem você pensa que é para passar por cima das minhas ordens, Garcia?

— Eu sou apenas um soldado de Sua Majestade e estou aqui para fazer valer a ordem. Pelo que eu sei, ninguém pode interferir em um duelo. É uma questão de honra.

— Exatamente, Sargento! – Concordou Diego. – Essa é uma questão de honra e nós vamos resolver nossas diferenças aqui e agora. Então, faça a gentileza de soltar o meu pai e os outros prisioneiros novamente, porque o senhor sabe muito bem que eu sou o Zorro e essa sua tentativa de se fazer de surpreso não deu certo. O senhor já conseguiu o que queria. Provou que estava certo e ainda fez com que eu me revelasse diante de todos, então solte-os agora para podermos terminar o que começamos há vários anos e finalmente consigamos nos livrar um do outro! – exigiu.

— Está certo, Sr. Zorro. – concordou Monastário – Então se prepare, porque hoje será o seu fim. Nada me dará mais prazer do que atravessá-lo com minha espada e vê-lo sangrar até a morte bem diante de seu pai!


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