Quando as Máscaras Caem escrita por Luana de Mello


Capítulo 6
Um Largo Tempo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, obrigada a todos que estão acompanhando essa fic!
Agora mais um capítulo pra vocês, esse é bem grande e tem bastante diálogos, espero que gostem, beijão!!!



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— Ele está bem? — essa é a primeira coisa que eles ouvem Marinette perguntar, assim que recupera fôlego o suficiente pra falar.

— Ah sim, nesse primeiro momento, não notamos nada diferente, ele é todo perfeitinho. — uma das enfermeiras responde e pega algumas gases e passa a limpar delicadamente o pequeno bebê — Mas claro que ele terá que passar por mais alguns exames de rotina, e outros pra descartar qualquer possível lesão, devido a sua queda.

— Mas ele é tão pequeno, tem certeza que ele está bem? — Marinette volta a questionar, sem nunca desviar os olhos do bebê, e nem nota os olhares encantados que recebe.

— Sim mamãe coruja, ele está super bem ao que tudo indica, é normal que você tenha dúvidas, ainda mais com a sua condição delicada, mas agora nós vamos nos focar em te ajudar nesses primeiros momentos. — a enfermeira responde meiga e então vira seus olhos para Adrien, que assistia a cena todo bobo, sem conseguir acreditar nos seus olhos — Alias, você é o papai? Também vai ter que aprender muitas coisas, ainda mais que essa mãezinha está ferida, ela vai precisar de muita ajuda.

— Sim, acho que tenho que aprender muita coisa. — Adrien murmura perdido, sentia as pernas bambas e mal se aguentava em pé.

— Então, vamos cortar o cordão? Depois você pode segurar o bebê. — a enfermeira fala e já passa a preparar os utensílios naturalmente, sem ligar para o tom esverdeado que tomou conta do rosto do jovem Agreste —Agora você segura aqui, e corta bem aqui, nesse vão.

— Mas eles não vão sentir dor? Acho que não consigo, e se eu os machuco? — Adrien se afasta um pouco, sentia todo seu corpo tremendo, todo estresse e nervosismo que ele segurou até agora, estavam começando a tomar conta de si.

— Vai ficar tudo bem, garanto que eles não vão sentir nada, só faça como eu disse. — a enfermeira instruí com calma, compadecida com o nervosismo do rapaz.

Se sentindo mole e a ponto de desmaiar, Adrien faz o que a mulher pediu, posiciona a tesoura no local indicado, fecha os olhos e corta o cordão que ainda ligava mãe e filho, quando não ouve nenhum choro ou protesto, abre-os novamente; a enfermeira ri discretamente para não envergonha-lo, em todos aqueles anos, já tinha visto muitos pais desmaiando na hora do parto, mas nunca um que fechasse os olhos para cortar o cordão umbilical. O Agreste olha para Marinette, ele estava nervoso e sabia que ela também, aquele olhar tinha muitos significados, continha várias perguntas e expressava a mais profunda saudade; Adrien sabia que eles teriam muito o que conversar, mas no momento, tudo que lhe importava era o sorriso fraquinho que recebera da Dupain-Cheng, e o pequeno ser que estava sendo posto em seus braços trêmulos.

— Assim, agora você o segura com uma mão passando pelas costas e a outra dando apoio a cabecinha, isso. — a enfermeira o ajuda e mesmo sentindo um grande pavor, temendo derrubá-lo no chão, Adrien sustenta o bebê junto ao seu peito e se emociona ao sentir o calor do seu corpinho junto ao seu — Agora vá com a Eliza, ela vai te ajudar e ensinar a dar o banho dele, enquanto isso eu vou cuidar da mamãe.

— Você vai ficar bem se eu for, Marin? — Adrien pergunta preocupado, agora que o susto inicial passara, ele nota o quanto Marinette continua um pouco apática.

— Eu vou ficar bem, Tikki vai ficar comigo. — ela responde e a Kwami pousa em seu ombro esquerdo, e isso causa outro baque no Agreste, ele teria que lidar com mais essa descoberta mais tarde — Vá lá, Hugo vai ficar com frio se continuar sem roupa. Mestre, o senhor sabe onde estão as coisinhas dele?

— Sim, estão no outro quarto, venha Adrien. — Fu responde e sinaliza para Adrien o seguir, o que ele faz juntamente com a outra enfermeira, Eliza, seu pai e seus amigos — Marinette deixou uma bolsa pronta aqui, para o caso de uma emergência, vai encontrar tudo que ele precisa aí dentro, e aqui está a banheira.

Assim, ele passa os próximos minutos, aprendendo a preparar a água do banho, os cuidados que deve ter com a temperatura, com o resto do cordão que ainda estava ligado ao corpo do bebê, como limpar essa região delicada, como segurá-lo na banheira, os cuidados com a pele; depois do banho, Adrien deitou o bebê sobre a cama, aprenderia a secá-lo e vesti-lo. O Agreste estava nervoso, para não dizer apavorado, e por mais que estivesse com uma profissional bem ao seu lado, não conseguia parar de pensar o quanto aquele serzinho era pequeno e indefeso, e que teria que ser muito cuidadoso e ter muita atenção em tudo que fizesse, e o peso dessa realidade começa a se acumular em seus ombros, afinal era uma vida que dependeria inteiramente dele; não era como nas vezes em que já salvara um bebê como Cat Noir, onde ele sempre os devolvia para os pais, aquele bebê não tinha a quem devolver, era responsabilidade dele. Dar-se conta disso era tão assombroso e magnífico ao mesmo tempo, que mesmo assustado como estava, Adrien involuntariamente começou a sorrir, ainda mais quando o pequeno Hugo abriu os olhinhos, olhos tão verdes quanto os dele, e enquanto aprendia a prender a fralda e vesti-lo adequadamente, o Agreste deixou-se levar um pouco pelas emoções, e logo seu rosto era banhado por lágrimas que escorriam silenciosas dos seus olhos; quando o pega novamente nos braços, com o pequeno o fitando fixamente, como se já soubesse quem ele era, Adrien percebe que aquela minúscula pessoa, que mal começara a vida, era todo seu mundo, tudo que tinha de mais precioso, cabia em um abraço.

— Cara, que loucura! — Nino fala pela primeira vez desde que chegaram ali — Eu acabo de descobrir que meus melhores amigos são a Ladybug e o Cat Noir, e ainda por cima eles já são pais!

— Schh, Nino! Fala baixo, vai assustar o bebê. — Alya o repreende e também sai do seu modo "robô".

— Pai. — Adrien fala e olha para Gabriel emocionado — Eu sou pai, meu Deus, eu sou pai!

— Sim Adrien, você é. — Gabriel fala e abraça o filho chorando, já não estava mais aguentando segurar tanta emoção, quando se afasta, olha para o bebê nos braços de Adrien — Olho só para ele, é a sua cópia exata.

— Mas esse narizinho arrebitado é da Marin. — Adrien rebate encantado, não conseguia parar de admirar o seu filho, e seu coração dá um solavanco com esse pensamento, aquele em seus braços era seu filho — Olha como ele é perfeitinho pai, quase nem dá pra acreditar que é real, ah como eu queria ter acompanhado a gravidez da Marin desde o começo!

— Espera um segundo aí! — Chloé não conseguiu se manter em silencio diante daquilo — Está dizendo que você não sabia que a Dupain-Cheng carregava um filho seu, e que só foi saber disso hoje?!

— É uma longa história Chloé, mas acredito que já sei os motivos para a Marin ter mantido segredo, mais tarde, com calma e depois que eu conversar com ela, vamos conversar com vocês também. — Adrien fala olhando para a amiga pela primeira vez, e fica com medo da reação da garota, que parecia estar furiosa no momento — Acho que é o mínimo que podemos fazer, afinal além de serem nossos amigos, são nossa equipe também!

— É bom existir um ótimo motivo mesmo Agreste, tem que ser muito bom pra fazer você deixar a minha diva passar por uma gravidez sozinha! — Chloé declara, para o espanto de todos, ninguém esperava aquela reação dela — O que foi? Por que me olham assim? Eu não estou louca; pra informação de vocês, a Marinette também é minha amiga, e ainda é a minha heroína, acho que tenho direito de estar brava com você, bichano!

— Ei, vai com calma Chloé, ele já disse que não sabia. — Nino intervém, defendendo o amigo.

— Está tudo bem Nino, eu também estou furioso comigo mesmo. — Adrien confessa e suspira alto, era realmente verdade — Eu estive todo esse tempo procurando pela Marin, e ela estava bem do meu lado praticamente todos os dias, e o pior de tudo, ela e o meu filho estiveram em perigo tantas vezes, que nem posso contar! Eu fui realmente negligente, você tem razão de estar brava comigo Chloé.

— Não se cobre tanto assim Adrien, não é como se você tivesse abandonado os dois, você simplesmente não sabia. — Alya tenta consolar e acalmar o amigo.

A atenção de todos é chamada de volta ao assunto principal do dia, quando um choro fino inunda o quarto, fazendo Adrien com seu recém adquirido instinto de pai, ficar em alerta e outra vez nervoso; o bebê que antes estivera calmo, passa a se remexer inquieto em seus braços, e seu rostinho fica cada vez mais vermelho enquanto chora.

— Ei, ei, o que foi? Calma, o que ele tem? — Adrien pergunta para Elize em desespero.

— Está na hora de levá-lo de volta para a mamãe. — a enfermeira explica, tentando não rir da expressão no rosto de Adrien.

Ele nem espera por mais explicações, sai do quarto o mais rápido que se permite andar com o filho nos braços, e volta até o cômodo onde se encontrava Marinette.

— Vamos também? — Nino pergunta perdido.

— Acho melhor não, acho que esse é um daqueles momentos entre os pais e a cria, vamos dar privacidade a eles. — Alya argumenta.

— Mas e se ainda precisarem de nós? — Chloé pergunta, estava se mordendo de vontade de ir atrás.

— Vamos esperar aqui na recepção, caso precisem. — a Césaire sentencia e já se encaminha para lá.

— E o senhor, Sr. Agreste? — Nino questiona o homem, que ainda mantinha um sorriso bobo no rosto.

— Eu vou acompanhar vocês, preciso fazer algumas ligações. — Gabriel responde e acompanha os jovens.

Na outra sala, já limpa de todo dejeto do parto e suor, Marinette tentava se levantar da maca se apoiando no suporte do soro ligado a sua mão; tinha ouvido o choro do filho e ignorando os protestos da enfermeira Michelle, estava a ponto de ir atrás de Adrien, quando o mesmo entrou na sala com a expressão mais assustada que ela já vira.

— Pronto Marinette, ele já chegou, agora deita aí. — Michelle fala, a auxiliando a voltar para a maca — Você ainda não pode fazer esforço.

— O que ele têm Adrien? Por que está chorando assim? — Marinette pergunta, a voz tingida de preocupação.

— Eu não sei, ele estava quietinho e do nada começou a chorar. — Adrien responde no mesmo tom que ela, deposita o bebê delicadamente em seus braços já estendidos.

— Acalmem-se papais, não entrem em pânico. — Elize toma a frente da situação — O choro dele é por um motivo bem simples, ele está com fome, vamos tentar alimentar esse garoto exigente, mãezinha?

— Você quer dizer, dar de mamar? Eu não sei se consigo. — Marinette pergunta, estava começando a se sentir muito insegura.

— Tente ficar calma Marinette, esse é o segredo, você não precisa ficar insegura, o seu corpo vai fazer tudo sozinho. — Michelle se aproxima dela e lhe ajuda a desatar a bata que vestia — Agora você segura o Hugo assim, e apoia a cabeça dele em seu braço, deixe a barriguinha dele colada a sua, e a outra mão você usa para direcionar a mama até a boquinha dele e o estimule um pouco, mantenha um espaço para ele respirar e é só deixar o bebê fazer o resto, viu só? Não é difícil.

No momento seguinte, Hugo estava abocanhando o seio da mãe e instintivamente passou a sugá-lo avidamente; ao mesmo tempo, Marinette se encolhia um pouco, e não pode evitar de proferir um leve gemido, devido as fisgadas inesperadas que sentiu.

— O que foi Marin? O que aconteceu? — Adrien, que observava tudo atentamente, pede preocupado.

— Isso dói um pouco. — Marinette responde com o cenho franzido, realmente não esperava por aquilo.

— Não se preocupem, é absolutamente normal e mais comum do que pensam, durante as primeiras mamadas do bebê, a mãe sente um pouco de dor, mas isso logo passa. — Michelle fala com calma e faz um sinal para Adrien se aproximar — Agora nos primeiros dias, você deve ter um cuidado especial, essa é uma área muito sensível, você pode ter rachaduras e isso causa a recusa do bebê em pegar o seio e o faz desmamar mais cedo do que o recomendado. Você têm tomado os banhos de sol?

— Sim, toda manhã, devo continuar? — Marinette questiona.

— Sim, continue, mas agora aumente para duas vezes ao dia. Como a sucção pode irritar a pele do mamilo, você também deve fazer a higienização somente com água e quando for se secar, faça toques suaves, não faça nenhuma fricção com a toalha. — Eliza explica e a conversa delas deixa Adrien perdido, mas ele perguntaria a Marinette depois, agora ele tinha que gravar todos os momentos da cena mais linda de sua vida na memória.

Enquanto ouvia as recomendações das enfermeiras para Marinette conseguir amamentar o filho, Adrien se colocou ao seu lado na cabeceira da maca, uma das mãos ele passou pelos ombros da Dupain-Cheng e acariciava o braço que ela usava para sustentar o bebê, a outra mão estava com um dos dedos capturados por uma minúscula mãozinha; Adrien estava agindo tão naturalmente àquela situação, que quem os via assim, não seria capaz de dizer que ele descobriu ser pai daquela criança, à pouco mais de uma hora. O amor, o carinho e a ternura com que ele admirava o filho se alimentando, comoveu as duas mulheres, que resolveram deixar o jovem casal sozinhos, para desfrutarem daquele momento único, como papais de primeira viagem; e quando elas deixam a pequena família a sós, os dois estão tão entretidos no bebê, que nem as veem saindo.

— Ele é tão lindo Marin, eu nem acredito, tudo parece muito surreal pra mim. — Adrien fala baixinho e chama a atenção de Marinette, que ergue seus olhos para fitá-lo — Ontem eu acordei e tinha um enorme problema pra resolver, e hoje eu tenho você de volta e ainda tenho um filho, é como se fosse um sonho!

— Adrien, você não pode tratar as coisas assim, nós temos muito o que conversar, eu tenho muitas explicações para dar e tem seu pai também. — Marinette vai falando e o sorriso de Adrien vai sumindo — Num dia eu fui embora sem te dar nenhuma satisfação e no outro eu estou de volta com um filho a tira colo, eu sei que o que fiz foi errado, mas era o que eu podia fazer no momento, e eu não entrei em contato nem pra contar sobre o Hugo, se o Sr. Agreste quiser fazer um exame de DNA, eu vou entender...

— Para Marinette! — Adrien retruca sério e mesmo seu tom de voz estando baixo, faz a Dupain-Cheng se calar — Olha para ele, o Hugo é uma cópia minha, sem tirar nem por, ele é meu filho Marinette, eu sei que é, e isso me basta. Eu sei de tudo, vi as gravações, sei de cor e salteado o que aconteceu naquele dia, meu pai também sabe, e ele não te culpa, nem eu. Marin, tudo que me importa é você, você e esse garoto que já amo, eu já o amo como se sempre soubesse que ele estava vindo ao mundo Marinette, e só preciso saber se você ainda me ama.

— Adrien, é claro que eu te amo! Te amo de todo meu coração, e ter que me afastar de você, foi a coisa mais difícil que já fiz em toda minha vida. — Marinette responde e o Agreste não evita abrir um grande sorriso —Eu sofri muito enquanto estava longe, todos esse meses, e quando descobri a gravidez eu fiquei com tanto medo da sua reação, fiquei com medo de te contar, medo do que os outros iriam pensar, afinal a gente nem namorava e de uma hora para outra eu engravidei...

— Marin, nunca mais quero te ouvir falar sobre DNA, sobre explicar o que quer que seja, pra quem quer que for, e eu acho que você está muito desinformada, você é minha namorada a quase um ano. — Adrien brinca um pouco para descontrair e recebe um sorriso fraquinho de volta — Olha só Marin, eu sei que nós nem conversamos como deveríamos aquele dia, e você realmente estava certa quando se afastou, isso não é ponto discutível, mas eu disse a você que nunca me arrependeria daquela noite, e não me arrependo; na verdade eu tenho que agradecer de joelhos o cara que batizou as bebidas do nosso baile, a ele e uma certa Designer que se vestiu literalmente para me matar de ciúmes àquela noite. Eu amo você, Marinette Dupain-Cheng!

Sem saber direito o que mais tinha efeito sobre ela, se eram os hormônios ou as emoções a flor da pele, Marinette se deixou levar e derramou tudo que estava em seu coração; a tensão das ultimas horas, o medo, o desespero, a incerteza, a saudade, o alivio, todos os sentimentos que ela acumulou durante os meses, tudo que tomou conta do seu ser durante esses dois dias, tudo isso ia embora com suas lágrimas, libertando sua alma dessas amarras tão pesadas. Levado pelas emoções que via passar pelos lindos olhos de sua amada, Adrien seguiu seu coração, e com calma e certo cuidado, beijou os lábios maltratados de Marinette; sentiu o peito aquecendo, o mundo a sua volta ficou em silencio e cada molécula do seu ser gritou um protesto de saudade. Ele sabia que aquele beijo, tão delicado e cálido, marcava o dia em que seu mundo e seu coração voltaram a vida, ali era o recomeço da história que os dois deixaram em pausa, e que agora finalmente poderiam apartar o play.

— Eu senti tanta saudade, my Lady. — Adrien fala ao encerrar o beijo, e quando Marinette faz menção de responder, sente o bebê largando o seu peito — Olho só, acho que ele terminou, o que a gente faz agora?

— Ah isso eu sei pelo menos. — Marinette responde e com uma agilidade que impressiona o Agreste, apoia o filho nos dois braços e o coloca na vertical, a passa a dar leves palmadas em suas costas — Ele precisa arrotar depois de mamar, se não fizer isso, ele vai ter cólicas depois.

Em poucos segundos, Hugo expele o ar ingerido junto com o leite, o que deixa Marinette aliviada, ela fizera a primeira tarefa de mãe sem ajuda de outra pessoa.

— Acho que eu vou ter que estudar muito, pra recuperar os nove meses que você teve pra se preparar. — Adrien fala encantado, ele estava irremediavelmente apaixonado pela sua nova perspectiva de vida.

— Mas tem muitas coisas que eu também não sei, acho que vamos aprender juntos. — Marinette responde e sorri docemente para o bebê — Você vai ter que ter muita paciência com o papai e a mamãe, Hugo. Olha só, ele já está quase dormindo, acho que não deve ter ficado com fome.

— Falando em fome, você não comeu nada ainda Marin? Eu posso não saber sobre bebês, mas tenho certeza que aquele trabalho todo te deixou com fome. — o Agreste comenta e faz uma careta ao se lembrar do parto, aquela com certeza foi uma experiência marcante — E a ferida, não está doendo? Ah sim, isso me leva a outro assunto, meu Deus Marinette, que ideia foi aquela de entrar na frente do ataque da Kyoko?! Mas deixa isso pra lá por enquanto, vamos ter muito tempo pra conversar sobre essas coisas, eu vou comprar algo pra você, o que quer comer?

— Não precisa se preocupar Adrien. — Fu entra na sala com uma bandeja em mãos — Enquanto vocês se ocupavam do pequeno aí, eu fui preparar algo nutritivo pra mais nova mamãe de Paris, Tikki disse que você não estava conseguindo comer muitas coisas, então fiz uma sopa de legumes, os seus amigos e seu pai já estão almoçando também, afinal já é quase meio dia.

— Não precisava se incomodar mestre. — Marinette agradece — O cheiro está muito bom, mas não sei se consigo comer nada, só de pensar meu estômago revira.

— Me dê ele aqui Marin, não precisa ter pressa, coma de pouco em pouco. — Adrien estende os braços e pega o filho quase adormecido, agora com mais confiança que antes — Oi de novo garotão!

— Você precisa se alimentar direito Marinette, quero ver esse prato limpo. — Fu lhe alcança o prato de sopa — Vou buscar o moisés pra vocês.

— Ah Marin, eu não me canso de olhar pra ele. — o Agreste fala ao ninar o bebê — Posso fazer isso o dia todo, e não vai ser suficiente.

— E você ainda tinha medo da reação dele, Marinette. — Tikki comenta sobrevoando o ombro de Adrien, para poder ver o bebê — Olha que carinha mais fofa.

— É verdade, quem diria que você faria uma criança tão bonita garoto! — Plagg debocha e ri da própria piada.

— Vai fazendo graça Plagg, se continuar, vai ficar sem Camembert hoje. — Adrien rebate levemente irritado.

— Tá legal, já parei. — o Kwami responde erguendo as mãos — E afinal, onde está meu lindo Camembert, Adrien? Até o bebê já está alimentado e eu não, estou com fome também.

— Como é dramático! Vai ter que pegar você mesmo Plagg, estou com as mãos ocupadas agora. — ele responde e o gatinho imediatamente entra no bolso dele a procura do queijo.

— Aí, não aguento mais esse queijo! — Tikki fala irritada, fazendo os dois a olharem confusos — Desculpe, é que eu enjoei dele.

— Como assim Tikki? Você nunca comeu Camembert, nunca quis provar essa maravilha, como pode enjoar? — Plagg questiona mais perdido ainda.

— Eu não, mas a Marinette comeu praticamente só isso durante dois dias inteiros. — a Kwami conta e tanto Plagg, quanto Adrien ficam literalmente de boca aberta — E isso não é nada, esperem para ouvir os desejos malucos dela.

— Tikki, você sabe que eu não controlava isso. — Marinette protesta, deixando a refeição de lado — E nem eram tão ruins assim.

— Pimentão com melado não era ruim, Marinette?! — Tikki rebate indignada — Não consigo nem imaginar o gosto disso.

— Meu Deus Marin! De onde você tirou essa mistura? — Adrien pergunta e não segura o riso.

Depois de ouvir um 'nem eu sei' desanimado, e de Wang Fu trazer o moisés para Adrien por o bebê, ele também tratou de almoçar, os dois apreciaram a refeição feita com tanto carinho para todos, enquanto olhavam abobalhados a sua cria dormindo serena; nenhuma palavra foi dita por algum tempo, como se qualquer ruído fosse uma ofensa à tranquilidade daquele pequeno anjo. Quando já estava satisfeita, e após explicar a Adrien que não conseguia ingerir porções muito grandes de comida por enquanto, Marinette decidiu tomar um banho antes de receber o médico, que Gabriel fizera questão de chamar ali para examinar ela e o neto, sem a necessidade de se deslocarem para um hospital; e contrariando os protestos de todos os presentes, ela se levantou da maca e estava pronta para andar até o banheiro, quando o jovem Agreste a pegou nos braços e a levou até lá, com a ajuda de Alya, que carregava o suporte do soro. Adrien ignorou totalmente as reclamações dela, e mesmo quando Marinette fez a maior cara de birrenta, ele fingiu que não via; Alya deixou o suporte ao lado do box, e saiu do banheiro dizendo que repararia o pequeno Hugo para eles, e enquanto o Agreste ajustava a temperatura do chuveiro, Chloé entrou discretamente e entregou a Marinette a sua bolsa de roupas. Se sentindo extremamente envergonhada e amedrontada por se despir na frente de Adrien, a Dupain-Cheng começou a tremer dos pés a cabeça involuntariamente; claro que era ilógico sentir-se envergonhada, visto que os dois acabaram de ter um filho, mas ela não podia negar que estava insegura, a única noite de amor deles fora meses atrás, e agora seu corpo estava mudado e certamente não era o mesmo de antes, isso sem falar que ela não tivera tempo de se habituar a esse tipo de intimidade entre eles.

— O que foi Marin? Você está sentindo alguma dor? — Adrien pergunta preocupado.

— Não, eu estou bem. — ela responde baixinho.

— O que foi então? — ele volta a perguntar.

— É que, muita coisa mudou... — Marinette deixa a frase no ar e baixa o rosto.

— Você ainda é o amor da minha vida, my Lady! — Adrien declara e ergue seu rosto delicadamente, tinha entendido os receios dela, e trataria de dissipá-los imediatamente — Ainda é a mesma Marin que esteve deslumbrante naquele baile, ainda é a minha Marinette!

Àquelas palavras tão meigas e carinhosas, acalmam o coração dela, a fazem se sentir mais confortável, e ajudou também o fato dela manter o foco apenas no rosto do rapaz, mais precisamente em seus olhos, que ela sentira tanta saudade de fitar; assim Marinette se deixou guiar e permitiu que Adrien a ajudasse, e se apoiando nele para não fazer esforço, se lavou com calma, cuidando para não molhar a ferida no ombro e higienizando as mamas como as enfermeiras lhe ensinaram. Quando a água morninha tocou seu corpo, ela não resistiu e soltou um gemido de alivio, sentindo todos os seus músculos doloridos se descontraindo; esse ato corriqueiro, é claro que deixou o Agreste preocupado, mas ele também relaxou quando percebeu que ela estava apenas aproveitando o banho. Na hora de se vestir foi mais complicado, visto que Marinette ainda não conseguia se abaixar direito, por causa da barriga que estava extremamente dolorida e estranha, era como se tudo dentro dela balançasse ao menor movimento e houvesse um grande vazio logo abaixo do estômago; por isso ela teve que explicar a Adrien como fixar corretamente o absorvente na calcinha, e ainda ficou toda desconcertada, quando ele comentou com seu jeito 'Cat Noir' de ser, que eram iguais às fraldas do bebê. Finalmente limpa e vestida confortavelmente, Marinette foi carregada de volta ao cômodo que ocupara mais cedo, onde todos os aguardavam pacientemente, Hugo ainda dormia no moisés, e seu sono era velado por Alya e Chloé; Gabriel foi o primeiro a vê-los voltar e sorriu abertamente para ambos, dava para dizer por sua expressão, que depois de Adrien, ele era quem estava mais feliz com a surpresa. Ao depositar Marinette na maca, o jovem Agreste nota mais uma presença no pequeno grupo, e fica contentíssimo por ele já ter chegado, assim sua Marin poderia descansar logo.

— Dr. Kaleu, que bom que já chegou. — Adrien cumprimenta o homem e aperta sua mão.

— Adrien, quanto tempo não te vejo, meu rapaz! Não sabe como fiquei surpreso com a ligação do Gabriel. — o homem, que aparentava estar na faixa dos cinquenta anos, calvo, grisalho e de expressões gentis; cumprimenta de volta — E dizer que eu te trouxe ao mundo, e agora descubro que você acaba de se tornar pai, meus parabéns Adrien! E você deve ser a mamãe, muito prazer, eu sou o especialista em obstetrícia, ginecologia e pediatria, Kaleu Rosiett.

— Muito prazer Dr. Rosiett, eu sou Marinette Dupain-Cheng. — Marinette o cumprimenta formal.

— Bom Marinette, as Srtas. Chapelle e Gerard já me adiantaram como foi o parto, me corrija se eu estiver equivocado: foi um parto normal, sem uso de anestesia local, o trabalho de parto começou ontem por volta das seis da tarde e entrou na fase final hoje, após as nove da manhã, com duração de cerca de uma hora; isso? — o médico questiona e Marinette assente — Bem, preciso saber mais detalhes, me diga como eram suas contrações e a que intervalos ocorreram.

— A principio não dava pra dizer que eram contrações, pareciam mais cólicas, elas seguiram leves até dez da noite, depois diminuíram de frequência e intensidade, elas ficaram mais fortes por volta das quatro e dez da manhã e só aumentaram. — Marinette explica e Adrien cerra o maxilar, lembrando que aquele fora o horário que eles estiveram lutando contra o Akumatizado — Seguiram aumentando até as seis e cinquenta da manhã e depois disso pararam completamente, até as oito, quando o parto em si começou, depois disso elas aumentaram sem parar, chegando ao intervalo de três minutos.

— Aqui no seu prontuário diz que as contrações das quatro e dez, foram causadas por uma queda, qual foi o motivo da queda e como ela ocorreu? — Kaleu questiona curioso.

 Adrien volta a se irritar consigo mesmo, ao lembrar do momento em que o Akumatizado jogara Ladybug contra a parede, é então que ele se dá conta que nunca vira a barriga de grávida nela transformada, o que era muito inusitado, pra não dizer esquisito; mas teria que esperar para perguntar a Marinette como isso foi possível.

— Sim, eu levantei com aquela falsa vontade de ir ao banheiro e acabei escorregando no corredor, quando ia subindo no quarto degrau da escada, cai com as costas no chão. — Marinette mente, e conta uma história que se assemelha em intensidade ao que aconteceu de verdade.

— E vocês não foram para um hospital por que? — o doutor fica mais intrigado, e todos entendem a desconfiança do homem.

— É que no momento eu não estou morando em Paris, Dr. Rosiett. Cai quando voltava para o meu quarto, no dormitório feminino da Mod'art, onde faço faculdade. Devido ao horário, não tinha ninguém no corredor e eu mal podia chamar por ajuda, por causa das dores, até minhas colegas me encontrarem e conseguirem um carro para me trazer de Boulogne-Billancourt, se passaram quase duas horas, quando cheguei na casa do meu padrinho, as contrações já tinham passado, ele chamou Michelle e Eliza e elas me examinaram e examinaram o bebê, vendo que estava tudo bem, decidi ficar aqui até que fosse hora do bebê nascer, mas não deu tempo de ir para o hospital depois disso. — Marinette cria uma história em segundos e respira aliviada quando vê o doutor ficar envergonhado por suas suspeitas — Quando conseguimos avisar Adrien e o Sr. Agreste, que estavam no meio daquela confusão com o Akumatizado, Hugo já estava nascendo aqui mesmo.

Gabriel fica embasbacado com a facilidade que Marinette contou aquela história, mas a questão é que a Dupain-Cheng já se preparara de antemão pra esses tipos de questionamentos, sabia que poderia entrar em trabalho a qualquer momento enquanto estava transformada em Ladybug, por isso mesmo já deixara tudo pronto na casa de Wang Fu; incluindo os equipamentos que precisariam e as duas enfermeiras de confiança, que assim que souberam da vinda do Dr. Kaleu, trataram de desmontar todos os equipamentos e guardá-los, para não levantar mais perguntas, assim como alegaram ser primas do velho sábio.

— Me perdoem, eu supus que vocês moravam juntos. — Kaleu fala constrangido.

— Não se preocupe com isso Dr. Kaleu, depois de hoje eles não saem mais das minhas vistas. — Adrien declara firme e surpreende Marinette.

— Bom, então como era o seu quadro clínico? O seu pré-natal? — o doutor volta a questionar e a Dupain-Cheng suspira alto, sabia que aquela seria a parte mais difícil de contar e torcia para Adrien medir suas reações.

— Descobri a gestação apenas no final do terceiro trimestre, quando quase sofri um aborto. — ela conta calma e vê de esguelha, Adrien cerrando os punhos com força — Fui internada por alguns dias e o obstetra descobriu um leve deslocamento de placenta, quando estava quase fechando o segundo trimestre, fui diagnosticada com principio de pré-eclâmpsia e passei o restante da gestação tomando medicamentos para tratá-la, para controlar a pressão alta e a retenção de líquidos, estive internada quatro vezes depois disso, a última foi há um mês, minha pressão subiu a 14.8 na ocasião.

— Eu não tenho palavras pra dizer o quanto estou surpreso, é um verdadeiro milagre que você e o bebê estejam vivos depois disso, ainda mais depois de um parto normal. — Kaleu fala embasbacado, e evidencia mais ainda para os dois Agrestes e os três amigos, o quão perto eles estiveram de perder os dois — Bem, agora que tudo já sucedeu, só nos resta fazer os exames de praxe e um acompanhamento da mãe e do bebê, para termos certeza que essa condição não afetou nenhum dos dois.

O médico passa a examinar Marinette, verifica sua pressão, ausculta seus batimentos e sua respiração, recolhe duas ampolas de sangue para exames de laboratório, faz mais algumas perguntas de rotina, para verificar o pós parto e por fim lhe receita vitaminas e suplementos de ferro e cálcio, e recomenda uma dieta equilibrada; na vez do pequeno Hugo, Adrien toma a frente, ele começava a se sentir confiante, pega o filho com cuidado do moisés, retira sua roupa e o Dr. Kaleu o pesa, faz as medições, exames de sensibilidade e reflexo. Quando o Agreste vê o médico puxando as perninhas do bebê, fica preocupado e quase toma a criança do homem, que se diverte ao ver as reações dos jovens pais; ele explica que aquele era um teste simples e cotidiano, para ver se o bebê possuía alguma lesão ou má formação. Mas os papais de primeira viagem se desesperam de verdade, quando o médico decide fazer ali mesmo, o teste do pezinho, e ao verem o filho tomar uma picada, ambos vão as lágrimas; tudo só piora com a aplicação da primeira vacina, quando Hugo realmente chorou pra valer, e só se acalmou depois de ser colocado deitado sob a barriga de Marinette, e ainda assim permaneceu dando alguns suspiros sentidos. Após todos os procedimentos e verificações, o Dr. Kaleu finalmente se deu por satisfeito, e emitiu o atestado de nascimento do bebê; e quando o homem sorriu tranquilamente, todos na sala respiraram aliviados, deixando ir embora a tensão e a preocupação que estavam sentindo.

— Parabéns papais, ele é um garotão forte e saudável, nasceu com três quilos e quatrocentas gramas, mede cinquenta e oito centímetros, os reflexos estão bons, considerando que é um recém nascido, a audição também está respondendo bem e não possuí nenhuma anomalia ou má formação. — o médico relata e o coração de Marinette se acalma e ela respira aliviada — Em três dias eu entro em contato, para informar os resultados dos exames de laboratório dos dois. Nesses primeiros dias, vocês vão criar uma rotina e se acostumar com os horários do recém nascido, precisam prestar atenção a qualquer alteração nele, principalmente hoje, já que a vacina pode causar febre; também tomem cuidado na hora das mamadas, é normal ele expelir algum dejeto do parto, tanto no vomito, quanto nas fezes, então não se assustem. Ele também pode ter cólicas nos primeiros dias, já que seu organismo vai estar se habituando ao leite materno, vou receitar um medicamento para isso, mas só usem em ultimo caso, o ideal é aplicar massagens na região da barriga; bom, no momento é isso, de agora em diante, vou acompanhar todo o crescimento do Hugo, minha secretária vai entrar em contato para avisar quando será a próxima consulta.

— Muito obrigado por ter vindo Kaleu. — Gabriel agradece, estava mais tranquilo depois de ouvir a sentença do médico.

— Não me agradeça Gabriel, sabe que é um prazer pra mim, agora aproveite e tire umas férias, vá ser um vovô babão. — o médico faz graça e depois de recomendar um bom descanso a Marinette, se despede de Adrien e vai embora.

Com a saída do médico, todos começam a relaxar e passam a pensar em coisas que, no meio da confusão e de todas aquelas revelações, eles foram deixando de lado, é nesse momento que a Dupain-Cheng se lembra de que ainda não avisou seus pais sobre o nascimento de Hugo, e que também tinha muitas coisas para preparar agora; assim como os três amigos, que acabaram de se dar conta, que deixaram suas casas sem avisar ninguém do seu paradeiro, e logo eles passam afazer isso. Adrien e Gabriel também precisavam verificar como terminou a operação e a prisão das Tsurugi's, além de que o jovem Agreste precisava providenciar tudo que Marinette e o bebê iriam precisar; foi quando pensava em tudo isso, que seu celular esquecido no bolso tocou, chamando a atenção dele, que o atendeu rápido para não assustar Hugo.

— Sim Fabian, o que você precisa? — Adrien saúda enquanto via Marinette conferindo a fralda do pequeno.

— Por Deus Adrien, você não veio hoje e isso aqui está uma loucura, os acionistas estão pedindo um balancete dos últimos três meses, mas não tenho ninguém pra conferir. — se ouve uma voz grave e desesperada do outro lado. — Achei que fosse vir pra empresa depois que operação que seu pai falou terminasse.

— Tem um salvo na minha área de trabalho, já está revisado e assinado. — Adrien responde, e segurando o celular prensado entre o ombro e a orelha, ajuda Marinette trocar o filho, e ao sentir os lenços gelados em contato com a pele, Hugo começa a resmungar — Ei garotão, só mais um pouquinho, você precisa ficar limpinho Hugo.

— Adrien, isso é um bebê?! — ele escuta seu supervisor perguntar estupefato do outro lado.

— Sim Fabian, eu iria ligar mais tarde pra explicar, mas já que você ligou, eu não fui esta manhã por que meu filho estava nascendo, desculpe não ter avisado antes. — Adrien explica e consegue ouvir as exclamações do outro lado, com certeza estava falando na linha fixa do escritório, que devia estar no viva voz — Qual pomada, Marin?

— Aquela do tubinho rosa. — Marinette responde ao ajustar a fralda no corpinho do filho.

— Hã... Adrien, nossa eu não sabia. Hã olha só, nem se preocupa com isso, e não precisa vir essa semana, tira a sua licença, a gente se vira por aqui. — o supervisor fala ainda meio perdido — Meus parabéns, eu acho.

Adrien nem se importa em desligar, apenas larga o celular em um canto e se ocupa de vestir o bebê, que após se sentir quentinho, parara de resmungar; Gabriel ainda estava falando com o detetive, e os amigos estavam conversando com mestre Fu.

— Adrien, eu preciso avisar meus pais, eles devem estar preocupados por eu não ter ligado ainda. — Marinette fala, após fechar os botões do macaquinho do filho.

— Vamos avisar eles, mas primeiro vamos pra casa, você ainda tem que descansar. — Adrien responde e já pega o bebê e o deita no moisés.

— Como assim, ir para casa Adrien? Eu só preciso ligar para os meus pais, eles vão nos buscar aqui e...

— Eu já disse antes Marinette, vocês nunca mais vão sair de perto de mim, nós somos uma família agora e vocês dois vão pra casa comigo. — Adrien decreta, para o espanto de Marinette, de tudo que ela imaginou que ele faria, isso nem passara por sua cabeça — Amanhã nos vamos registrar o Hugo, mas hoje você vai descansar, vou pedir para Nathalie buscar suas coisas na faculdade.

— Adrien, seu pai pode não gostar disso. — Marinette argumenta receosa.

— Marin, você e o nosso filho ficam comigo, isso não é discutível. — ele responde sério.

— Quando foi que você ficou tão mandão? — ela questiona e não evita rir fraquinho, estava apreciando aquele cuidado, aquele carinho, era muito melhor do que tinha imaginado durante seus meses longe.

— Acho que eu fiquei um pouco paranoico, Bugboo! E é culpa sua, ladra de corações, agora vou te prender por isso. — Adrien brinca e sua personalidade 'Cat Noir' fica um pouco mais evidente — O que precisa ser levado para o carro?

— As bolsas, a banheira, o moisés, acho que é isso. — ela responde no momento que os outros se aproximam.

— Deixa com a gente, Ladybug! O seu time está aqui pra isso. — Chloé fala empolgada e causa uma onde de risos em todos — Vocês estão rindo, mas estão tão animados quanto eu!

Os três amigos começam a recolher os pertences de Marinette e levam para o carro, conversando animados sobre os acontecimentos do dia, Gabriel tratava de contactar os pais de Marinette, assim como pedia para Nathalie providenciar algumas coisas, Wang Fu entregava aos dois, alguns unguentos e pomadas que ele tinha preparado para Marinette se recuperar do seu ferimento, e as duas enfermeiras faziam várias recomendações aos jovens papais; quando tudo estava preparado para partir, Alya, Nino e Chloé entregaram a Fu, os seus Miraculous, e se despediram dos pequenos Kwamis, Gabriel segurava pela primeira vez o neto nos braços, enquanto Adrien se encarregava de colocar Marinette no carro; apesar dos protestos dela, ele não permitiu que fosse andando até lá.

— Muito obrigada mestre, por tudo que o senhor fez por mim todos esses meses, eu nem sei o que seria do meu filho se não fosse o senhor. — Marinette agradece emocionada.

— Você tem razão Marin, se não fosse o mestre, nós nunca seriamos quem somos e nunca teríamos a nossa família. — Adrien concorda e abraça o velho sábio.

— Eu disse a você minha filha, vocês dois são meus filhos do coração, e foram escolhidos justamente por estarem destinados um ao outro. — Fu fala igualmente emocionado e fixa seus olhos amendoados nos dois Kwamis junto ao casal — Agora a missão de vocês ficou mais importante ainda, além de proteger essa cidade, devem proteger o herdeiro da linhagem. 

— Sim Mestre. — o gatinho e a joaninha concordam juntos.

Após deixarem os amigos em casa, Gabriel ruma para a mansão Agreste, no rádio as noticias não paravam, em todas as estações haviam repórteres especulando sobre o estado de saúde de Ladybug e para onde Cat Noir a tinha levado, e parecia que no meio do tumulto, ninguém notou que fora o renomado Sr. Agreste quem levou os heróis embora; também haviam noticias sobre a prisão das Tsurugi's, com um agravante da tentativa de assassinato de Kyoko. Enquanto escutavam as noticias, Adrien e Marinette se entreolharam, sabiam que teriam que fazer uma aparição logo, para acalmar os ânimos de todos, e evitar que Paris inteira fosse Akumatizada, como ocorrera anos atrás, no dia dos heróis. Ao chegarem na mansão, Nathalie os aguardava na porta, ela tinha estado preocupada toda a manhã, e quase surtou quando viu as noticias sobre a operação, principalmente depois que não soube mais nada sobre os dois; antes de Adrien descer do carro, Plagg se escondeu em suas roupas, e vendo o que o gatinho fazia, a joaninha o imitou e se escondeu nos cabelos de Marinette. Gabriel estacionou bem na entrada da casa e desceu do carro todo sorridente, coisa que só deixou Nathalie mais confusa ainda, ela nunca vira o Agreste sorrindo daquela forma; não desde que Emillie falecera. Ele e Adrien se dirigem para a traseira do carro, fazem o mesmo de antes, Gabriel pega Hugo do colo de Marinette, e Adrien a carrega nos braços; mesmo ouvindo todos os seus protestos e reclamações, ele não permitiria que ela fosse andando, nem que fizesse o menor esforço. Ao ver a Dupain-Cheng, Nathalie arregala os olhos, estava surpresa de ver a garota ali, pensara que demoraria alguns dias para ela voltar depois que a operação fosse concluída; mas ela realmente fica abismada, quando vê Gabriel Agreste carregando aquele bebê, Nathalie formula várias perguntas, mas nenhuma sai de sua boca, ela não consegue emitir nenhum som, tamanho é o seu espanto. Adrien sobe as escadas com Marinette, e ruma direto para o seu quarto, e ao fazer isso, desperta nela várias lembranças, lembranças da ultima vez em que esteve naquela casa; o carinho que Adrien tivera com ela, o cuidado, tudo naquele dia tinha sido tão especial, até ser arruinado pela Tsurugi.

— Está confortável assim, Marin? — Adrien pergunta ao colocá-la na cama, e arruma vários travesseiros nas suas costas.

— Adrien, eu já estou bem, não precisa se preocupar tanto. — Marinette responde, e por mais que quisesse muito que ele parasse de exagero, não podia negar que era fofo vê-lo assim.

— Marin, você ouviu o que as enfermeiras disseram, não pode fazer esforço. — Adrien rebate calmo, mas seu rosto assume uma expressão tão triste — E também, eu não estive com você desde o começo, olha quantas coisas você passou sozinha, só por que eu fui idiota o bastante pra não ver que a minha parceira, era também a mulher que eu amo. Agora eu quero cuidar de você Marin, de você e do nosso filho, quero fazer tudo que não fiz durante todos esses meses.

Essa pequena confissão dele, carregada de tristeza e magoa, também machuca Marinette, saber que ele se culpava por algo que nem estava ao seu alcance de resolver era inadmissível, e por mais difícil que àqueles tempos tenham sido, ela jamais o culparia, e não permitiria que ele também se culpasse; em meio a lágrimas, Marinette o abraça apertado, com carinho e ternura, acaricia os fios louros do Agreste, consolando e curando toda dor que restara em seu coração. O calor daquele abraço, a forma terna e simples de Marinette lhe dizer que estava tudo bem, foi a gota d'água para Adrien; ele estivera se segurando quase o dia todo, calando seus sentimentos e oprimindo suas emoções, mas com ela, o Agreste sabia que não precisaria se segurar, com Marinette ele sempre pode ser verdadeiro, sempre pode demonstrar o que sentia, e foi o que ele fez, derramou toda dor, raiva e magoa nos ombros da sua amada.

— Está tudo bem agora Adrien, estamos bem. — Marinette lhe acaricia a face — Não vou mentir e dizer que foi fácil, por que não foi, várias vezes eu pensei em desistir, pensei em jogar tudo pro alto e voltar embora, mas eu não podia, não podia nem pensar em ver meus pais em perigo, você, o seu pai, e depois o nosso filho, todos seriam prejudicados. Eu aguentei como pude, Tikki me ajudou muito nessas horas, e quando ficava insuportável, era em você que eu pensava, era você que me dava forças pra continuar. Sei que foi perigoso eu continuar como Ladybug, mas essa é a minha cidade, eu não poderia deixar a responsabilidade pra outra pessoa, que tipo de mãe eu seria, se abandonasse minhas responsabilidades, meus deveres? Eu tomei o máximo cuidado, me precavi para todas as situações, sabia que lutar ficaria quase impossível e muito arriscado, então confiei nas habilidades do meu parceiro e passei a encarregar Cat Noir mais seguido das lutas, acho que nesse ponto eu acertei, mesmo que sem saber que era você. Não quero mais que se culpe Adrien, você não sabia, eu preferi não te contar até tudo estar resolvido, claro que também fiquei com medo e insegura imaginando a sua reação, mas principal foi por que eu achei que seria melhor você lidar com uma questão de cada vez.

— Quando você coloca as coisas assim, eu acho que realmente teria perdido totalmente o foco da investigação, mas ainda assim, eu queria ter acompanhado sua gravidez, queria ter visto nosso bebê crescendo aqui. — Adrien responde já mais calmo, e pousa sua mão no ventre vazio dela.

— Estava certa ao pensar que você reagiria assim, eu sei que não foi justo, eu te privei de muitas coisas, e peço desculpas por isso. — Marinette pede sincera, tinha tirado de Adrien muitas experiências e momentos que não podia recuperar — E apesar de que não vai ser a mesma coisa, eu gravei muitas coisas, muitos acontecimentos pra você, se quiser assistir, salvei tudo no meu e-mail.

— Você gravou? Nossa, obrigado my Lady! Não sabe como eu queria ver a sua barriga de grávida. — Adrien muda totalmente de humor, indo de melancolia a euforia em segundos — Alias, como é que você não tinha barriga nenhuma, quando transformada em Ladybug?

— Mestre Fu me preparava algumas poções pra disfarçar a aparência, outras para os enjoos e tonturas, eu sempre tomava antes das transformações, era melhor para o meu desempenho e também seria muito perigoso Holk Moth descobrir que Ladybug tem um filho. — Marinette explica de forma simples.

Enquanto Adrien absorvia a informação, Gabriel entrou no quarto um pouco afobado, faziam anos que não interagia com nenhuma criança, e quando o pequeno Hugo começou a dar indícios de que iria chorar, o Agreste tratou de entregá-lo a mãe rápido; mesmo que quisesse ficar um tempo com seu neto, sabia que o choro dele, deveria ser algo que não estava ao seu alcance resolver.

— Tentei acalmá-lo, mas como estou meio enferrujado, não sei bem o que fazer. — Gabriel brinca meio sem jeito, queria ter dado mais tempo para o filho e Marinette conversarem despreocupados.

— O senhor foi muito bem, o problema é que acho que ele está com fome, afinal já faz duas horas desde Hugo mamou. — a Dupain-Cheng estende os braços para pegar o bebê — Você está com fome, meu amor? A mamãe já vai te alimentar meu príncipe.

Adrien fica pasmo ao notar que Hugo se acalmou apenas por ouvir a voz de Marinette, ao ouvi-la falando, ele cessou os resmungos e manteve os olhinhos verdes bem abertos, como se buscasse de onde vinha o som.

— Ele reconhece a sua voz, Marin. — Adrien afirma admirado.

— Acho que é por que eu conversava com ele durante a gestação, vi que isso era bom em uns vídeos sobre maternidade, tinha dias que Hugo ficava muito agitado, então eu lia alguma história ou contava alguma coisa do dia, ele se acalmava rapidinho. — Marinette conta e vai se preparando para amamenta-lo — Você gosta de histórias, não é meu amor?

Os dois Agrestes ficam totalmente bobos ao ver o bebê sorrindo, o sorriso sem dentes mais lindo do mundo; quando o filho pega o seio, Marinette ainda sente o mesmo desconforto de antes, mas agora, já sabendo o que esperar, não se retrai nem fica surpresa. Ela concentra toda sua atenção em Hugo, e inconscientemente começa a cantarolar, a mesma canção que cantava, quando ele estava em seu ventre; aquele momento era especial e somente dos dois, era como se nada mais existisse no mundo, apenas Marinette e Hugo, que enquanto era alimentado, tinha os seus cachinhos louros acariciados pela mãe. Aquela cena era a mais pura, a mais doce e linda que Adrien já tinha visto, e tentando não chamar a atenção de Marinette, ele puxou discretamente seu celular e tirou várias fotos sem que ela notasse, e depois passou a gravar um vídeo.

— Marin? — ele chama e a Dupain-Cheng ergue seus olhos azuis — Eu amo você, my Lady!

A declaração espontânea dele e o modo carinhoso como fora chamada, faz Marinette sorrir lindamente, as duas safiras em seu rosto se iluminam, brilhando como duas estrelas, a expressão suave e terna de sua face, assim como o leve rubor em suas bochechas, causa em Adrien um efeito bem mais devastador do que ele esperava; era como se tivesse voltado aos quatorze anos, quando vira Ladybug pela primeira vez, as mãos suaram, as pernas tremeram, uma eletricidade lhe percorreu dos pés a cabeça e o coração chegou a beira de um ataque. Foi assim que se apaixonara por ela naquele dia, era assim que estava se apaixonando por ela mais uma vez, quando reconhece a verdadeira Ladybug, sem a máscara e os poderes do Miraculous, a Ladybug que era só dele e que ninguém mais via, a garota gentil, corajosa, justa e belíssima que esteve ao seu lado desde que se conheceram, e que ele tivera o privilégio de ver se tornar uma mulher estonteante e encantadora, e que os céus o abençoaram para que fosse sua mulher.

— Eu também amo você, Adrien! — Marinette declara mesmo estando envergonhada por Gabriel estar presente.

— Adrien, Sr. Agreste, com licença. — Nathalie chama na porta do quarto e dá passagem para alguém mais entrar — Eles chegaram, por favor entrem, Sr. e Sra. Dupain-Cheng. 

Meio acanhados e sem saber como agir direito, ou o que esperar daquele convite tão inesperado vindo de Gabriel Agreste, para que os dois fossem até sua casa, Tom e Sabine adentram o cômodo a passos lentos; mas se apressam quando avistam Marinette sentada na cama, eles ficam sem palavras, jamais imaginaram que encontrariam a filha ali, e quando estão perto o bastante para conseguir ver o pequeno Hugo nos braços dela, ambos vão as lágrimas imediatamente.

— Filha...— Sabine tenta dizer algo, mas a voz falha e tudo que pode fazer, é segurar a mão que Marinette lhe estende.

— Mamãe, papai, venham conhecer seu neto. — Marinette os chama carinhosa, já faziam dez dias que não via os pais, também sentia saudade deles.

— Filha... como isso?... quando? — Sabine pergunta perdida, os olhos fixos no bebê que ainda mamava tranquilamente.

— Eu estava indo para o hospital para mais uma consulta, quando o taxista viu, estávamos no meio da confusão com o Akumatizado, eu entrei em trabalho de parto e Cat Noir nos tirou de lá, foi quando encontrei Adrien e o Sr. Agreste. — Marinette inventa uma explicação, é nesse momento que Gabriel entende o porquê é Ladybug quem pensa nos planos da dupla de heróis.

— Não achei que seria uma notícia que devia ser dada por telefone, por isso meu pai enviou alguém para buscá-los. — Adrien conta e não consegue esconder o sorriso, o que deixa Tom emburrado.

— Mas as coisas que você disse, Marinette eu pensei que... — Tom tenta achar as palavras, queria muito encontrar uma desculpa para levar sua filhinha embora dali.

— Papai, tem muitas coisas que eu não contei pra vocês dois, e a mais importante de todas é que eu nunca estive brigada com Adrien. — Marinette conta e deixa os dois muito confusos, mas ela para de falar assim que sente o filho largar o peito, finalmente com a fome saciada.

— Deixa que eu faço Marin. — Adrien se prontifica animado, estava só aguardando uma chance para pegar o filho novamente — Oi filhão, vamos por o ar pra fora?

Vendo o cuidado e animação de Adrien, Tom desfaz um pouco a carranca, pelo menos o rapaz estava mostrando ter responsabilidade e dava sinais de que assumiria as consequências; com Adrien cuidando do bebê, Marinette se ocupa de explicar aos pais tudo que ocorrera no dia que ela fora embora de Paris, tudo que ela e os dois Agrestes estiveram fazendo durante esse tempo, a investigação, a ameaça de Kyoko, que era o real motivo para ela esconder a gravidez de Adrien; a cada palavra dita pela filha, com o apoio de Gabriel e Adrien, que também contavam o que faziam enquanto Marinette estava longe, Tom e Sabine iam da incredulidade a fúria. Para eles era inadmissível que sua filha, sua princesinha, tenha sofrido e suportado tantas coisas, por conta de uma pessoa má intencionada; tudo que reverberava em suas mentes, eram todas as vezes que Marinette esteve a ponde de perder o bebê, todas as vezes que chegaram a Boulogne-Billancourt para uma visita, e a encontravam em uma situação deplorável, abatida e quase sem vida, eles sofreram tanto quando sua amada filha, e agora que a verdade saia a luz, se sentiam os pais mais incompetentes do mundo, que não foram capazes de perceber o que acontecia e não conseguiram proteger a filha.

— Marinette! Meu Deus minha filha! Por que não nos contou? Você aguentou tudo isso sozinha. — Sabine questiona pesarosa — E você Adrien? Você fez tudo isso pela nossa menina, eu nem sei como agradecer por isso, o senhor também, Sr. Agreste.

— Não precisam agradecer, agora somos todos família. — Gabriel responde, estava mais que feliz de resolver aquele problema logo, acabara de se descarregar de um peso enorme, e ver o filho feliz era mais que gratificante — Na verdade, eu que deveria agradecer, vocês criaram uma filha maravilhosa, Marinette é sem dúvidas a companheira perfeita para Adrien, e para comemorar esse dia tão esperado, eu os convido para transformar o almoço que não tivemos aquele dia, em um jantar.

— Não sei se podemos, nós devíamos... — Tom tenta achar uma desculpa, afinal estava muito envergonhado por sua atitude quando chegara ali.

— Papai, esqueça os problemas, já está tudo resolvido. — Marinette fala com calma, sabia exatamente o que ele estava fazendo — Não quer segurar seu neto?

— Eu posso? — Tom fala abobalhado, já com novas lágrimas molhando o rosto.

— Claro Sr. Dupain-Cheng. — Adrien se aproxima do homem e lhe entrega Hugo, que apesar de estar sendo ninado há alguns minutos, ainda estava bem desperto.

— Olha só querida, que menino mais lindo! — Tom fala para Sabine, que se aproximara para admirar o bebê — Oi Hugo, eu sou o seu vovô, quando você crescer, vou te ensinar a fazer os melhores macarons do mundo.

— Que coisinha mais linda da vovó! Mas filha, esse menino é a cópia de Adrien, olha esses cabelos e esses olhos. — Sabine comenta abismada.

— Meu pai também achou, mas esse nariz arrebitado é igualzinho o da Marin. — Adrien rebate, sentado ao lado da Dupain-Cheng na cama — A senhora vai ver quando ele sorrir, Hugo enruga o nariz igual Marin faz, e tem as mesmas sardinhas que ela.

— Com licença, Adrien os carregadores já chegaram com os pertences da Srta. Dupain-Cheng. — Nathalie entra no quarto novamente — Posso pedir para eles subirem?

— Sim Nathalie, peça que deixem tudo aqui, e enquanto eles descarregam tudo, vamos para a sala? —Adrien sugere e se coloca em pé, para levar Marinette até a sala.

— Espera um segundo ai. — Tom fixa seus olhos no rapaz — A minha filha e meu neto vão para casa conosco! Vocês nem tem um compromisso, e não é por que vocês têm um filho, que vou ser conivente com algo desse tipo!

— Tom, não tire conclusões precipitadas. — Sabine tenta acalmar o marido.

— Desculpe Sr. Dupain-Cheng, mas a única coisa que não concordo com o senhor, é levar Marinette embora, nem ela e nem Hugo sairão daqui! — Adrien responde firme, e sua postura autoritária se mostra pela primeira vez idêntica a de Gabriel, todos o fitam boquiabertos, já que Adrien nunca mostrara esse seu lado a ninguém — Entendo seus medos, sei que como pai está tentando proteger sua filha, mas Marinette é minha namorada e Hugo é meu filho, o lugar deles é ao meu lado! E não se preocupe, eu entendo que o senhor tem razão, não posso levar as coisas como estão, é por isso que assim que eu encontrar uma boa casa, vou me casar com Marinette, se assim ela quiser!

— Adrien! — Marinette exclama mais que surpresa.

— Tom, Marinette não é mais criança, ela pode decidir as coisas por ela mesma. — Sabine apela para a sensatez do marido.

— Mas ela é nossa menininha Sabine. — Tom reclama desolado.

— Nossa menininha agora é mãe, ela está construindo sua própria família e não temos direito de interferir. — Sabine responde firme e olha para Gabriel e Adrien — Desculpem por isso, ele não quis ser descortês, Tom sempre foi muito ciumento com Marinette, e agora vai ter que se acostumar com a ideia de que ela cresceu. Mas eu não sei se seria certo deixá-la aqui, não me entenda mal Adrien, não quero interferir, mas é nossa obrigação como pais, tomar conta deles.

— Não se preocupe com isso senhora, Marinette é filha única, assim como Adrien, acreditem eu entendo bem o que estão passando, é realmente um baque quando percebemos que eles cresceram. — Gabriel responde e olha para Marinette, que a essas alturas, estava vermelhíssima encarando Adrien — Mas como disse, ela cresceu e já é mãe, então por que não deixamos que ela decida sozinha o que quer?

— Filha, o que você quer fazer? — Sabine questiona, achando boa a ideia de Gabriel.

— Mãe, eu sei que vocês dois querem cuidar de mim, e eu agradeço muito isso, mas acho que está na hora de eu aprender a me virar. — Marinette responde sincera —Durante o tempo que estive longe, eu aprendi muitas coisas por mim mesma, se eu voltasse agora com vocês, tenho certeza que voltaria a ser mimada e cuidada, e nunca poderia aprender a ser mãe. Não fiquem magoados comigo, mas eu os conheço bem o suficiente para saber que no momento que Hugo chorasse, os dois estariam em cima dele, e por mais que isso seja bom, não é o correto; essa caminhada é minha e de Adrien, nós temos que aprender e descobrir como ser pais dele, sem a interferência de ninguém!

— Estou orgulhosa de você Marinette, poderia ter escolhido o conforto e o cuidado dos seus pais, mas escolheu crescer e se tornar mais madura do que já é, esse é o primeiro passo para se tornar uma boa mãe, e tenho certeza que Hugo terá orgulho de você quando crescer. — Sabine fala emociona e abraça a filha. — Então está decidido, Marinette fica.

— Quanto a casa Adrien, não precisa se preocupar. — Gabriel anuncia empolgado — Eu estava planejando te dar de presente quando se formasse, mas acho que essa ocasião é mais especial ainda, amanhã quando formos registrar Hugo, já passo a propriedade para os dois, a antiga casa de Emillie é perfeita para começar uma família!

— Pai, eu nem sei o que dizer, obrigado! — Adrien abraça o pai comovido.

— Não agradeça, ela já era sua de qualquer forma, sua mãe deixou pra você, eu só estava esperando o momento certo de te entregar. — Gabriel explica, o que deixa o ato mais comovente ainda, aquele era um presente especial de sua mãe — Agora vamos descer, tenho certeza que minha nora precisa se alimentar também.

— Aí, acho que só posso me conformar, você viu só Hugo? Sua mãe é tão teimosa, mas você não vai ser assim, não é? Você vai ser o meninão do vovô, só do vovô! — Tom conversa com o bebê e faz o maior drama, e como se entendesse tudo, Hugo sorri — Viram só? Ele concorda comigo.

Todos riem do drama daquele homem enorme, que podia matar qualquer um de susto só por chegar perto, mas que na verdade, era um tremendo coração mole. Eles descem para a sala de estar, os três avós entretidos em tentar fazer Hugo sorrir de novo, encantados com a maneira como eram fitados pelo bebê, que se mostrava bem ativo para um recém nascido; Adrien caminhava mais atrás, com Marinette nos braços, ela estava claramente nervosa, afinal a afirmação que o Agreste fizera antes, retumbava em sua mente.

— O que foi Marin, você parece nervosa. — Adrien questiona e não esconde o sorriso.

— Você não acha que tudo está acontecendo muito rápido? — ela pergunta sussurrando.

— Por quê? Eu tenho certeza do que quero, já temos um filho, não tem porquê enrolar mais Marin, a gente só adiaria o inevitável. — Adrien responde e fixa seus olhos verdes nela, ele estava eufórico com a ideia e deixava isso transparecer em suas expressões, e agora parecia mesmo um gato travesso, pronto para fazer alguma travessura — Você disse que não voltaria com seus pais para não ser mimada por eles, mas agora vai ser mimada por seu futuro marido, my Lady!

— Você é um gatinho mau! — Marinette fala estupefata pela audácia dele, o que só faz o jovem Agreste gargalhar divertido.

Depois de um largo tempo, sua vida finalmente voltava ao rumo certo, e dessa vez ele faria de tudo para mantê-la assim.


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