Bella gostava de acordar cedo para aproveitar melhor o dia. Dessa vez, no entanto, ela queria levantar cedo para poder evitar encontrar com Edward. Estava com raiva por ele ter estragado o encontro dela e ao mesmo tempo estava feliz por ele o ter feito. Gemeu frustrada pela bagunça que estava os sentimentos dela e pegou a bolsa para ir embora. O plano estava dando certo, mas ela se esqueceu de que o dia em uma fazenda começa bem cedo. A família toda estava reunida em volta da mesa da cozinha e ela não conseguiu passar despercebida. 

—Bom dia, Bella. - Alice a cumprimentou. - Dormiu bem? 

—Não está mais molhada. - O vovô comentou e Bella corou dando uma rápida olhada em Edward. 

—Como foi o encontro? - Esme perguntou curiosa. 

—Não acho que teremos um segundo encontro. - Ajeitou a bolsa no ombro. - Não quero atrapalhar o café de você. Obrigada pela hospitalidade. 

—Você não pode ir sem tomar pelo menos um café. - Esme indicou a cadeira ao lado de Edward. 

—Obrigada, mas tenho que ir ou chegarei atrasada no aeroporto. 

—Pegue pelo menos um pãozinho. - Esme insistiu naquele tom maternal que não deixava espaço para protestos. 

—E não se esqueça de levar os doces do Seth. - Alice completou. - E Edward tem um presente para ele. 

—Está no estábulo, vou pegar. - Levantou e já ia sair, mas Alice o deteve. 

—É melhor a Bella ir junto. Para não perderem tempo. - Deu um sorriso malicioso e Jasper sussurrou: não force a barra, querida. - Não estou forçando, só estou ajudando. - Sussurrou de volta. 

—Bem, que seja então. - Não tinha como fugir, então era bom resolver tudo logo de uma vez. - Vejo vocês em breve. - Acenou alegremente depois de pegar um pãozinho, ela gostava da família Cullen. 

—Até mais, minha jovem. E não façam nada estranho. – O vovô alertou os dois que saíram apressadamente. 

Edward pegou os doces e entregou para Bella. Os dois caminharam em silêncio até os estábulos. Edward precisava se desculpar, mas não sabia como começar.

—Por que você fez aquilo? - Bella perguntou por fim e ele tropeçou, a ressaca o deixou com dor de cabeça. Ele esfregou a têmpora, tentando ganhar um pouco de tempo e assim escolher as palavras com sabedoria. 

—Eu fui um idiota e o meu comportamento foi imperdoável. - Ele a encarou. - Eu só queria ver se estava tudo bem. Conheço o Emmett há muito tempo e ele gosta de ir direto ao ponto. - Bella o olhou sem entender. - Ele tentaria dormir com você. 

—E você achou que deveria me proteger? - Colocou a bolsa no chão e agitou as mãos, completava irritada com ele. - Já tenho um pai e um irmão super protetor, não preciso que você também banque o herói. 

—Eu não queria impedir para te proteger. Queria impedir porque não gostei da ideia de ele ter você. - Bella deu um passo para trás. 

—Ontem no carro, antes de apagar, você disse que queria estar no lugar dele. Estava falando sério? 

—Sim. Eu queria beijar você. Ainda quero, na verdade. - Sussurrou e aproximou dela, lentamente. - Sei que não há a menor possibilidade de termos um relacionamento, mas isso não me impede de querer beijar você e nem me dá o direito de impedir que outro a beije. Peço que me perdoe. Prometo que nunca mais vou fazer nada do tipo. - Ergueu a mão direita. 

—Tudo bem. Não gostei do seu comportamento, mas você não cometeu nenhum crime grave. - Sorriu o tranquilizando. 

—Emmett é uma boa pessoa. Poderia dar uma segunda chance a ele. - Virou e caminhou até o estábulo. 

—Acho que chega de caubóis. 

—Ele não é um completo caubói. Eu sou. - Edward estufou o peito e os músculos dele ficaram em evidência. 

—Tenho a certeza de que é. - Ela pegou o chapéu da mão dele e colocou na própria cabeça. - Obrigada pelo presente. - Tocou no chapéu como já o viu fazer. - Seth vai ficar muito feliz. - Bella girou nos calcanhares e pegou a bolsa. 

—Quer uma carona?

—Não. Pedi um táxi e ele já deve estar chegando. Até mais, Edward. 

—Nos vemos em breve. E, Bella? - Ela virou para olhá-lo. - Meu avô não pensa que você é uma pervertida. Ninguém pensa mal de você. Acho que minha família poderia mandar canonizar você. 

—Não seja exagerado. - Ela riu e ele a acompanhou. 

—Não estou exagerando. 

—O que quis dizer com isso? 

—Seu táxi chegou. - Apontou e ela acenou indo embora. 

—Eu disse. - Edward não percebeu que ainda estava parado olhando para a estrada, mesmo após não haver mais nenhum vestígio de Bella. 

—O que você disse? - Perguntou pegando uma cela e indo até o cavalo favorito dele. 

—Que você passou a sorrir depois que a conheceu. - Alice ergueu as mãos em sinal de rendição. - Prometo que é a última vez que insisto no assunto. - Edward ergueu uma sobrancelha. - A última vez no dia. Não abra mão da sua felicidade e lembre-se que com amor e respeito, quase tudo pode ser superado. 

—Até a distância e as diferenças? - Ele não estava certo daquilo. 

—Até mesmo isso. - Alice inclinou e deu um beijo na bochecha dele. 

—Vá distribuir os seus convites e me deixe trabalhar. - A empurrou de leve e Alice saiu rindo. Talvez ela estivesse certa. Ele pensaria sobre isso em outro momento. Agora era hora de pensar apenas no trabalho e tentar se concentrar em algo que não fosse uma morena com saltos altos que invadia os pensamentos dele. 

[...] 

—Não me diga que essas flores são do Eric. - Bella gemeu ao ver dois buquês de flores vermelhas em cima da mesa dela. 

—Não. São de um tal de Emmett. - Angela entregou uma pasta para ela. - Rosalie ligou e disse que está tudo certo com o casamento em Los Angeles. Ela deve voltar na terça. - Bella assentiu. Ela tinha três casamentos no mesmo dia e teve que dividir a equipe para atender a todos. 

—Algum problema? - Bella perguntou olhando para uma Angela inquieta que não parava de bater o pé direito no chão. 

—Estou esperando você me dizer quem é esse cara. - Puxou a cadeira e sentou. - Não vou sair daqui até me contar. 

—Você e Rosalie me irritam. - Pegou o cartão que estava em um dos buquês. 

Não tenho palavras para expressar o quanto sinto muito por ontem à noite. Você merecia uma noite melhor. Por favor, me perdoe e me dê uma segunda chance. 

Jantar na terça? 

—Então, vai aceitar sair com ele de novo? - Bella não estava surpresa por Angela saber o conteúdo do cartão. 

—Talvez. - Ela pensaria na proposta depois. Por hora, tinha muito serviço a fazer. 

—Agora é a hora que você me conta tudo. - Apontou e Bella respirou fundo. Só um relato completo era capaz de fazer Angela e Rosalie a deixarem em paz. 

—Eu conto, mas não vai dizer nada a Rosalie. Não vou aguentar vocês duas me perturbando. 

—Nossa, foi tão ruim assim? - Se acomodou melhor na cadeira pronta para a diversão.

[...]

Bella entrou na casa do pai e foi recebida por um Seth muito animado. 

—Ei, por que não respondeu a minha mensagem? Tive que perguntar para Alice se você ainda estava viva. 

—A sua preocupação é com o meu bem-estar ou com isso daqui? - Ela entregou uma sacola cheia de doces para ele. 

—Claro que é com você. - Respondeu olhando apenas para os doces. - E o presente que Edward mandou?  

—Céus! Garoto. - Entregou a sacola e o chapéu para ele. 

—Oi, Bella. - Sue a abraçou. Bella sempre a considerou como uma segunda mãe. - E como foi o encontro? - Charlie olhou para a filha com curiosidade. 

—Pior impossível. - Deu um beijo na bochecha do pai e se sentou ao lado dele, de frente para o irmão. 

—Ele não foi? Ou ele foi um babaca completo? - Seth estendeu um dos pacotes de doces para a irmã. Já estava pela metade.

—Ele é o melhor amigo do Edward, e os dois se encontraram no bar e começaram uma competição de bebida e eu fui completamente esquecida. 

—Nenhum dos dois serve para você. - Charlie a confortou. 

—E o que o Edward foi fazer lá? - Bella deu de ombros fingindo não saber o motivo. 

—Ah, não foi tão ruim assim. Aquela vez em que participou de um assalto foi a pior. - Bella o chutou por debaixo da mesa. 

—Eu não participei de um assalto. E não ria, eu quase fui presa. 

[...] 

—Se importa se passarmos antes em um lugar? - Bella sempre marcava os encontros em locais público, mas como aquele era o segundo encontro deles, ela resolveu abrir uma exceção e dar uma carona para Paul. Ele era gentil e galanteador, Bella achava que dessa vez tinha acertado. - Pegue a próxima direita. - Ele estava ansioso e cobriu a cabeça com o capuz da jaqueta. - Pare ali e deixe o carro ligado.  - Apontou para o banco e ela o olhou desconfiada. - Só vou pegar um dinheiro e não vou demorar. 

Bella esperou Paul descer do carro e pisou fundo no acelerador. Ela o viu tentar correr atrás dela, mas ela alcançou velocidade rapidamente e foi até a delegacia em que o pai trabalhava. 

Eles conseguiram prender Paul e ele a acusou de ser cúmplice dele. Levou algumas semanas, mas ela conseguiu provar que não estava envolvida e que mal o conhecia. 

[...]

—Nem me lembre disso. Tive vontade de matar aquele sujeito. - Charlie rosnou e Sue o abraçou. 

—Foi tudo resolvido, querido. 

—Ah, teve aquele que te convidou para aquelas vendas de pirâmide. 

[...]

—Que bom que você veio. -  Bella foi recepcionada por um homem alto e loiro. Era o terceiro encontro deles e ele a convidou para ir até o apartamento dele, faria um pequeno jantar para apresentá-la aos amigos. Bella estava confiante, se ela iria conhecer os amigos dele, era porque o relacionamento deles estava ficando sério. Caius era muito comunicativo e atencioso. 

—Desculpe pelo atraso. - Ele a ajudou a tirar o casaco. - Teve um acidente perto da ponte. 

—Não se preocupe. Não está muito atrasada. - Ele a levou até a sala e Bella se espantou com a quantidade de pessoas que estavam ali. - Fiquem à vontade. - Caius foi até o centro da sala. - Chamei vocês aqui para falar sobre uma forma de ganharem um dinheiro extra. Já ouviram falar dos produtos Volturi? - Ele exibiu um frasco. - Os produtos Volturi deixam você com uma pele maravilhosa. Vocês nunca mais vão envelhecer depois que começarem a usar os produtos Volturi. - Bella esperou todos estarem distraídos com os lucros que Caius ia mostrando, e saiu de fininho do apartamento dele. 

[...]

—Céus! Por que eu ainda continuo indo a esses encontros? Não dou a menor sorte. 

—Lembrei de outro. - Seth sorriu e Bella o chutou na canela. 

—Chega. Não quero ficar relembrando meus piores momentos. - Fungou e pegou mais um doce. - Alice quer que você vá ao casamento. 

—Eu sei. Mamãe vai me levar para comprar um terno novo. Devo usar meu chapéu? - Ele o colocou e virou a cabeça para que todos pudesse analisar e opinar. 

—Você não vai usar um chapéu dentro da igreja. - Charlie o advertiu. 

—O casamento não vai ser em uma igreja. - Bella explicou. - Mas concordo que não deve usar o chapéu.  

—Vou perguntar a Alice o que ela acha. 

—Não se esqueça de agradecer pelos presentes. - Sue o lembrou. - Bella quando você vai voltar ao rancho? Temos que mandar alguma coisa para eles. 

—O que acha de um vinho? Tenho uns muito bons na adega. - Charlie levou a mão ao queixo. - Se bem que não sei se seria adequado dado o problema desse rapaz com bebida. 

—Edward não tem problema com bebida. - Bella o defendeu com muita veemência. 

—Acho que ele estava era com ciúmes. - Sue sorriu e Bella corou. - Ele sabia que você estaria lá? 

—Ele me deu uma carona. Talvez só quisesse rever o amigo. Parece que eles não se viam há um tempo. - Tentou não deixar transparecer a verdade, Sue a conhecia muito bem. 

—Ainda acho que ele fez de propósito.  - Levantou e pegou um prato para Bella. 

—Foi só uma coincidência. - Pegou o prato e encheu de macarrão. 

—Lembra daquele que te levou ao funeral da avó dele? - Charlie cutucou o filho o repreendendo. 

[...]

—Obrigado por vir tão em cima da hora. - Tyler abraçou Bella e ela olhou ao redor. A casa estava cheia e ela observou que a maioria das pessoas estavam chorando e todos vestindo preto. Ela se sentiu mal por estar usando uma blusa laranja. 

—Tudo bem. Você não me disse qual era a ocasião. Sinto que não estou vestida apropriadamente. - Ela viu duas senhoras a olharem com reprovação. 

—Você está ótima. É o velório da minha avó. 

—O quê? - Por que ele não disse antes? Bella piscou várias vezes e Tyler riu. 

—Relaxa, ela era uma megera. Deixou a herança para o gato idiota dela. É claro que vamos contestar. Te chamei porque não poderia ser o único desacompanhado. Meu primo Steve arrumou uma namorada modelo, todos só falam disso. A namorada do Gary é cirurgiã. Falei para eles que você tem uma casa em Aspen. Pode confirmar? 

—Não. - Ela afastou dele. - Não, eu não vou mentir para ninguém e muito menos vou ficar aqui. - Deu as costas para ele e correu até o carro. 

[...]

—Achei esse o mais insensível de todos. - Sue estava prestes a falar um palavrão, mas se conteve. 

—Agora eu realmente parei com isso. Vou recusar o convite do Emmett. 

—Então… - Seth coçou a nuca e deu um sorriso sem graça. - Eu meio que disse ao meu professor que você iria sair com ele. 

—Diga que está brincando. - Pediu torcendo para que fosse apenas uma piada. 

—Meus amigos estavam falando de você e mostrei a sua foto para o meu professor e ele pediu o seu número. 

—Você não deu, assim espero. - Bella o encarou e ele balançou a cabeça primeiro negando e depois assentindo. - Seth! 

—Desculpa. Não sabia que ia ficar com raiva. - Cruzou os braços na defensiva. - É melhor sair com ele do que com um desconhecido maníaco. O cara é boa pinta e muito inteligente. Um encontro ruim a mais não vai fazer diferença. 

—Você vai consertar isso. Diga que não quero sair com ele. 

—Já dei a minha palavra. - Argumentou e olhou para os pais em busca de apoio. 

—Vocês dois que se resolvam. - Sue apontou e levantou recolhendo os pratos. 

—Por favor, Bella. Vai pegar mal para mim se você der para trás. - Apelou para as covinhas. - Vai mesmo deixar o seu irmãozinho querido na mão? 

—Vou. - Bateu na mesa e ele bufou. 

—Tudo bem. Vou dizer ao meu professor que não pode sair com ele porque já saiu com o Peter.  

Peter era um dos amigos de Seth. Ele e os amigos criaram um perfil falso em um site de relacionamento e quando Bella chegou para o encontro, não era um homem de 30 anos que a esperava, mas sim um garoto de 12 anos. 

[...] 

—O senhor Smith já chegou? - A recepcionista a olhou de cima a baixo e deu uma risadinha. 

—Alguém claramente pregou uma peça em você. - Comentou em solidariedade. - Ela apontou para o canto do restaurante. - Aquele é o senhor Smith. - Bella arfou. - Imaginei que não era o que estava esperando. 

—Não mesmo. - Soltou vários palavrões, baixinho. 

—Quer que eu diga alguma coisa? 

—Vocês teriam achocolatado? - Perguntou em tom conspiratório. 

—Posso providenciar. - As duas olharam para o garoto que mexia nervosamente na gravata. 

—Pode me emprestar caneta e papel? 

Liguei para os seus pais e eles estão vindo te buscar. 

O garoto leu o bilhete e levantou discretamente, não sem antes tomar o achocolatado. Não iria esperar pelos pais. 

—Sabe quem armou para você? - A nova amiga de Bella perguntou. 

—Sei e já sei o castigo que ele merece. - Ela sorriu agradecida. 

[...] 

Nem Charlie e nem Sue interferiram e Seth aprendeu que não deveria mexer com a irmã. 

—Quer saber? Pode manter o encontro. Talvez eu possa contar algumas coisinhas ao seu professor. - Sorriu triunfante.