Estranha Sensação escrita por Loreh Rodrigues


Capítulo 15
Atrevendo-se


Notas iniciais do capítulo

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Acompanha o capítulo a canção Si tú te atreves de Luis Miguel

"A única maneira de libertar-se de uma tentação é entregar-se a ela. Resista, e sua alma adoecerá de desejo das coisas que ela a si mesma se proibiu."
Oscar Wilde

***
Apesar de Antonieta acreditar que a presença de Heriberto acalmaria Victoria, ao ouvir o nome daquele homem, foi como se todos aqueles monstros que inconscientemente a habitavam e faziam parte dela, tomassem forma e irrompessem em sua circulação através de seu coração que pareceu esquecer-se que sua função era bombear o sangue ritmadamente e passasse a trabalhar contra seu próprio corpo. Ela estava à beira de um colapso, o controle que sempre havia tido sobre si, já não existia.

Havia uma razão para que, para Victoria, fosse tão importante manter o autocontrole. Ela sabia que possuía um furacão de instintos incontroláveis dentro de si e odiava imaginar até onde esses instintos poderiam levá-la. Bom... Não era verdade que ela odiava pensar nisso, é que se sentia quase doente de desejo quando imaginava, quando recordava, quando pensava em tudo o que teve que sufocar dentro de si.

 Me he dado cuenta
Que ha ido surgiendo, poquito a poco
Entre los dos
Una corriente, que nos desborda
Y no contenemos, ni tú ni yo 

Antonieta não quis esperar que ela reagisse, aliás, o próprio fato de que ela tenha ficado sem reação já denotava que ela tinha razão, falar com Heriberto era imprescindível para que Victoria recuperasse a razão ou que a perdesse de vez. Saiu da sala e pediu que Heriberto entrasse. Quando ele entrou, aqueles dois pares de olhos verdes ficaram se digladiando indomáveis. Heriberto suspirou profundo e, finalmente, conseguiu dizer o mínimo.

— Como vai, Victoria? — Era um cumprimento padrão, mas estava cheio de significados implícitos, ocultos resguardados por razões óbvias.

— Eu odeio quando você me faz perguntas óbvias das quais já sabe a resposta. — Ela reagiu já incômoda por haver se mantido tanto tempo em silêncio em meio àquele turbilhão. Tudo que ela precisava era falar para extravasar toda aquela fúria contida. Ou, pelo menos, isso era o que ela pensava.

— Você não atendeu minhas ligações... Precisávamos conversar. — Ele finalmente conseguiu dizer o real motivo de estar ali.

— Você não a viu? Não viu sua mãe saindo daqui? Não pensei que me procuraria, afinal, a situação se repetiu. — Espezinhar era uma das especialidades de Victoria.

— Minha mãe? O que ela veio fazer aqui? — Surpreendeu-se Heriberto.

— Ah, por favor, Heriberto! Ela é sua mãe. Não sou eu que tenho que te responder porque Ana Joaquina faz as coisas. E muito menos quando você já sabe. — Ela disse caminhando até a outra extremidade da sala. Não conseguia manter o olhar em Heriberto enquanto trocavam farpas porque era impossível pensar unicamente no que saía à luz através do diálogo.

— Você tem razão, Victoria. Ela é minha mãe. Mas você não acha injusto que eu tenha que responder pelo que ela fez? Eu imagino que tenha sido muito complicado enfrentar minha mãe depois daquela noite, mas... eu não sou responsável pelas loucuras dela, pelo menos não totalmente. — Defendeu-se Heriberto.

— Vinte anos se passaram e ela fez a mesma coisa, Heriberto. — Victoria se virou. — Algo que ela não faria se você não desse esse direito a ela. Naquela época ela me procurou por causa da sua covardia. Por causa da sua incapacidade de me olhar nos olhos depois de ir para a cama comigo. — Caminhou até ele e parou a centímetros dele, brincando com fogo, desesperada para se queimar. — E fez a mesma coisa hoje, depois de que nos beijamos outro dia. O que há de diferente, Heriberto? O quê? — Desafiou-o.

 Ya todos notan, cuando nos vemos
Y yo te presto más atención
Es el momento o fuera o dentro
No hay otra forma, seguir o adiós 

— Eu! — Respondeu ele segurando-a pelos ombros e se deteve nos seus olhos que possuíam aquele magnetismo ao qual ele não podia resistir. — Eu não devia ter permitido que minha mãe conduzisse a situação daquele modo tão covarde e injusto há vinte anos. Eu não vou permitir que minha mãe conduza a situação agora, Victoria.

— E de que maneira você vai nos conduzir a um caminho diferente, Heriberto? — Victoria fingiu ignorar o nervosismo que sua proximidade lhe provocava e seguiu firme naquele desafio de olhar nos olhos dele. Até onde ela pudesse ir. Até onde ele pudesse resistir. Ou não.

Victoria vestia um blazer com um único feche central abaixo dos seios sobre uma blusa de seda cinza presa somente por alças que ele podia adivinhar em cada segundo de como dançavam nos ombros dela aos que ele se desesperava por revelar. Heriberto, sem tirar os olhos dos olhos dela, tirou uma das mãos de seu ombro e abriu aquele feche de brilhante que adereçava sua roupa.

Victoria surpreendeu-se por sua atitude e, com os olhos arregalados, baixou o olhar que fixou sobre seu blazer aberto. Depois voltou a levantar o rosto e encarar Heriberto que, agora, tirou sua mão esquerda de sobre seu ombro, e delicada e selvagemente, sem preocupação com a contradição tão gritante, deslizou as suas mãos por sobre os ombros de Victoria e viu a peça cair por seus braços deixando a vestida somente com aquela blusa larga de seda e uma saia que ia até um pouco acima dos joelhos.

 Jamás pensamos, que haríamos daño 
No somos libres, es un error 
Más quién le pone puertas al campo 
Y quién le dice que no al amor 

— Ah, Heriberto... — A reação de Victoria foi quase gemer com o calafrio que sentiu percorrer seu rosto somente pelos olhares daquele homem sobre ela. Ele, efetivamente, nem sequer a havia tocado e já a fazia tremer.

Mas ela queria que ele o fizesse! Queria não, ansiava, desejava com um desespero que ela jamais havia sentido para ser preenchida por um homem. Para que ele a fizesse gemer, tremer e delirar. Porque o que havia entre ela e Heriberto, era muito mais que desejo, era muito mais que paixão, era uma conexão que ia além de qualquer explicação racional. Aliás, a única pessoa que fazia com que Victoria fugisse um pouco àquela racionalidade severa. E, para Heriberto, a recíproca era infinitamente verdadeira.

Sem tirar seus olhos do rosto perfeito da musa de seus mais intensos desejos, Heriberto levemente puxou sua blusa de seda que estava por dentro da saia e acariciou a cintura de Victoria. Ela revirou os olhos pela excitação. Deus, como era possível que aquele homem lhe provocasse tantas sensações somente com um toque? Ele, então, a puxou para junto de si e a encarou mais uma vez antes de beijá-la com voracidade enquanto desabotoava seu sutiã por baixo da blusa.

Victoria envolveu o pescoço de Heriberto já sem controle de si, beijando-o com toda a sua paixão de mulher que, para sua desgraça, pertencia unicamente à ele. Ele foi conduzindo-a, lentamente, alguns passos para trás antes de abrir o ziper da saia dela e colocá-la sentada sobre aquela grande e sofisticada mesa de carvalho que, neste momento, parecia o lugar perfeito para ver desbordar aquela intensa paixão. Ele parou de beijá-la e voltou a encarar seu rosto que parecia ainda mais perfeito com a expressão deixada por um beijo tão libidinoso.

— Você quer mesmo saber, Victoria? Quer mesmo saber onde eu vou nos conduzir desta vez? — Rumorou ele levemente ofegante.

— Oh, Heriberto, pelo amor de Deus! — Victoria quase implorou arfante, desejando que aquela pausa não houvesse existido. — Pelo amor de Deus eu quero que você me faça sua agora e que nada mais importe.

 Si tú te atreves, por mi vida que te sigo 
Si tú me olvidas, te prometo que te olvido 
Después de todo, sólo queda un sueño roto 
Y evitamos mil héridas, que jamás podrían cerrar

Si tú te atreves, yo renuncio al paraíso 
A amar contigo, a soñarte, a que me sueñes 
Que al fin y al cabo, más que a nadie nos amamos 
Son pasiones ya tan fuertes 
Que lo nuestro hay que olvidarlo 
Si tú te atreves 

***




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