A canção de Sakura e Tomoyo: melhor chamar Sakura escrita por Braunjakga


Capítulo 41
A semente (parte III)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781584/chapter/41

Capítulo 39 

A semente, parte 3

 

Tomoeda, Japão

30 de dezembro de 2010

 

I

 

Era quase meia noite. Um vento frio de inverno soprava na região e finos flocos de neve cobriam os telhados, as calçadas e as escadas. Quase ninguém andava pelas ruas da cidade com aquela temperatura e naquela hora.

Sentada nas escadarias do Templo Tsukimine, abraçada com Kero em sua forma de leão, Sakura não se importava com nada daquilo. Apenas contemplava o céu limpo de inverno e as infinitas estrelas que nele havia. O pequeno Chitatsu estava consigo, no seu colo, envolto numa bolsa canguru. Mesmo com o vento frio, ninguém congelava. Kero tinha dentro de si todo o calor para que ninguém sofresse com frio. A cardcaptor estava pensativa e um pouco melancólica. Kero reparou e perguntou:

— Já tá ficando tarde, Sakura. Não vai querer dormir pra ver os fogos de ano novo amanhã? 

— Só mais um pouco, Kero-chan. Eu só quero passar esse momento sozinha com você e com o Chi… 

— Mas faz quase três dias que você fica uma hora sentada nessas escadas sozinha! Eu já tô começando a ficar preocupado… 

Lágrimas escorreram dos olhos de Sakura quando Kero disse aquilo. 

— Kero-chan… Eu não sei se eu quero continuar com essas cartas! 

— Como assim não sabe? — O leão dourado ficou surpreso. 

— Quando eu era criança, eu achava que as cartas só eram travessas e tals, aprontava umas e depois era só pegar elas, mas quando a gente cresce, a gente tem filho pra criar, família pra cuidar… Então, a gente vai vendo que nossa vida não pode ser só feita de aventuras… Acho que eu não tenho mais idade pra isso, as cartas são muito perigosas pra mim, pra minha família… E você não me disse nada sobre isso, Kero-chan! — disse Sakura, um pouco estressada, fazendo de tudo para que Chitatsu não despertasse. 

Kero não sabia o que falar. Tudo o que fez foi se desculpar pelos erros do passado.

— Me desculpa, Sakura. Me desculpa se as cartas são perigosas e eu não te falei nada antes… Me desculpa se eu, sozinho, não sou forte o bastante pra te proteger, pra proteger o Chi, o pirralho, a encrenqueira… 

— Ele não é mais pirralho, Kero! Ele são o Shoran e a Meiling!

— Eu também pensava que tudo fosse mais tranquilo se as cartas despertassem nessa era… Mas os caras, o Ordem, são osso duro de roer… 

— Tô ligada, kero-chan! O que eu quero é solução… 

— Infelizmente, Sakura, minha solução é não conseguir ficar deprimido como você tá agora…

— Hoe? Você não conseguir ficar deprimido? 

— Eu fui criado por Clow pra sempre me manter pra cima e não ao contrário. Como é que um guardião que tem o sol por estrela guardiã consegue ficar deprimido?

Sakura tirou os olhos de Kero e olhou para a escada.

— Portanto, Sakura, eu posso até entender a sua deprê, mas não consigo me sentir assim. Se tem uma coisa que eu faria no seu lugar é continuar lutando e não parar, não me arrepender de ter as cartas… E ficar mais forte que o próprio mago Clow…  

— Como assim?

— Se arrepender de ter pegado as cartas é se arrepender do que você é, você é uma cardcaptor, Sakura! Uma capturadora de cartas! Se isso apareceu na sua vida e se tornou uma parte de você, eu acho meio uma coisa sem sentido esse seu arrependimento… É querer se arrepender da própria vida, sabe? 

Sakura voltou a olhar para Kero e para a neve nas escadas de novo.

— Você se arrepende de ser você, Sakura? Você se arrepende de ter nascido? 

— Kero-chan, não é bem assim! As cartas são uma coisa, eu sou outra! As cartas não dependem de mim pra existir!  

— Mas eu dependo! O Yue depende! O Yukito que você tanto gosta até hoje depende… 

Sakura murchou a boca quando Kero tocou no nome de Yukito. Parecia que seu lábios viraram uma grande letra xis.

— Você se arrepende de ter conhecido o pirralho? Você se arrepende das roupas que a Tomoyo vestiu em você esse tempo todo? Você se arrepende de ter me conhecido? 

— Não, não, não! Não é bem assim, Kero-chan! Você tá exagerando!

— Tá vendo? Essas cartas te trouxeram momentos preciosos, pessoas preciosas, Sakura! A gente só precisa lutar mais um pouquinho… Daí, a gente vai ter um pouco de paz e aproveitar com todo mundo junto… Eu prometo que vou estar sempre com você… Quando a hora da luta chegar… — disse Kero, sorrindo e lambendo o rosto da cardcaptor.

Sakura deu um tímido sorriso e se levantou da escada. Bateu a neve da roupa e chamou o guardião. 

— Vamos indo, Kero-chan! Tá ficando tarde! O Chi já tá se mexendo e tô com medo de ele acordar… 

O leão dourado alado baixou as costas e Sakura subiu nele. Rápido como um raio de luz, Kero voou pelos céus limpos daquele dia de inverno de Tomoeda. 

 

II

 

— Um dia, você me conta, Kero-chan? 

— Contar o que? 

— A primeira pessoa que usou essas cartas… Como ela era… 

— Tá… Eu conto… Mas não agora, mais tarde… 

— Eu vou querer saber, hein? 

 

Continua… 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A canção de Sakura e Tomoyo: melhor chamar Sakura" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.