A canção de Sakura e Tomoyo: melhor chamar Sakura escrita por Braunjakga


Capítulo 38
Encontros e desencontros




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Capítulo 36

Encontros e desencontros

 

I

 

Estação Cosmosquare, Osaka/Praça de Les Glòries, Barcelona

Mais de meia noite/Manhã de 22 de dezembro de 2010

 

Depois dos ataques da Ordem, a poeira começava a baixar na praça dos dois mundos conectados entre si. Nenhum agente morreu, mas ainda haviam muitos feridos por lá. As viaturas estavam arruinadas por causa das magias poderosas usadas na praça e os serviços de emergência mágica já foram acionados, mas, apesar de todo o estresse que aconteceu naquela noite, um clima festivo de confraternização surgiu entre os agentes das duas nações.

Sakura estava com Sonomi, Meiling, Syaoran, Fujitaka, Touya, Nakuru, Kero e Yue, paparicando o pequeno Chitatsu nm clima festivo, familiar e aconchegante. 

No mesmo clima, em outro ponto da praça, El Rey Felipe VII e Tomoyo estavam reunidos com Gotzone, Nerea, Lorenzo e Ágatha quando o ministro de assuntos especiais do governo da Espanha, Alfredo Bosch, apareceu para eles:

— Majestade, Gotzone… Minha filha é uma grande fã da senhora, mas não é disso que eu quero falar… — dizia o ministro. A Interventora cortou-o no meio e respondeu:

— Já sei o que você quer falar com a gente e eu já vou te respondendo: nem eu, nem ninguém aqui da Ordem tem nada a declarar. A única pessoa que eu devo explicações é ao Rei e… qualquer um que ele queira como companhia, da mesma forma que eu me explicava para a Rainha Helena! — disse a loira, com o olhar firme para o estadista, olhando de relance para Tomoyo. A roxinha percebeu e ficou um pouco encabulada. 

— Não estamos começando isso bem… — disse o ministro. — Vocês estão agindo além da esfera de qualquer organização mágica do lado cinza da vida e isso está afetando a vida de muita gente! Tem gente morrendo por conta da ação de vocês! 

Ninguém falou nada, exceto Lorenzo:

— Ministro, o senhor mesmo viu que nem todo mundo da Ordem tá por trás disso! Não generalize!

— Mas eles ainda são da Ordem, não são?

Ninguém respondeu mais e o ministro ficou agoniado.

— Majestade! Comande seus subordinados a falar! — gritou Alfredo. 

— Você já ouviu a “neska” e o "mutila", ministro! A gente tá enfrentando um probleminha agora, um probleminha só nosso, sabe? E a gente não quer a autoridade mágica no meio dele… — disse uma voz vinda do fundo da praça. Era um homem de cabelos grisalhos rebeldes e olhos cinzas. Sua pele era extremamente branca, mais branca que a de Tomoyo, e usava uma armadura vermelha como sangue, com uma capa ondulando ao vento. Havia uma espada enorme em suas costas e uma barbicha no queixo. 

— Zigor! — disse Sakura, arregalando os olhos. — Agora eu me lembro dele! Ele tentou pegar as cartas faz três anos de mim!

— E você ia pensar que eu ia deixar esse cara levar elas? — disse ele, olhando para a cardcaptor. — Na cadeia! Só dei corda pra ele pra que vocês vissem quem é o inimigo de verdade, ministro, pra você separar o joio do trigo, o que você está se recusando a fazer… 

— Me recusando a fazer? Me poupe! É o meu dever prender todos vocês! Até mesmo El Rey! — disse Alfredo. Todos se preocuparam, mas o homem grisalho parecia não se preocupar.

— E também… — disse Zigor, dando um gole no gargalo de uma garrafa de uísque. — … Deixei que vocês se divertissem um pouquinho. A quanto tempo o senhor não mostrava porque é o chefe dos magos desse país?

— Hunf! Não me venha com essa, Zigor Iñigitz! O homem que vive 400 anos vagando em Guipúscoa… Seu nome é uma lenda até mesmo fora do País Basco! Nunca imaginei vê-lo pessoalmente… — disse o ministro. 

— Nem eu! A última vez que eu vi um ministro na minha vida só deu merda! Ha! — disse o Interventor, sorrindo.

— Quem sabe não é por que vocês não estão com a consciência pesada e devem algumas explicações… 

— Explicação? Tô fora! Faço não! Ha! Vão indo na frente, “umeak”, eu resolvo as coisas aqui! 

— Deixe que eles resolvam, Homem! Já são adultos! — disse o ministro. 

— Eu sou o comandante da Ordem do Dragão! Eu sou o comandante da Ordem leal à sua majestade! Resolva comigo! — replicou Zigor, sacando a grande espada nas costas. Aquilo era um claro sinal de desafio para um duelo. Alfredo bateu com o báculo no chão com força, e todo mundo ficou atônito.

— Eu nunca vou permitir que vocês fiquem com as cartas! Nem atormentem a vida dessa menina mais!

— Se essa menina for a consorte de El Rey, Vamos defendê-la com a nossa vida! E quanto as cartas, eu que nunca tive interesse nelas! Que o diabo as carregue pro inferno! — respondeu Zigor, com o olhar firme para ele, sem tremer, nem temer nada. Vendo a sinceridade no olhar dele, a tensão entre os dois começou a diminuir. El Rey interveio:

— Ministro, eu assumo a responsabilidade por qualquer ação da Ordem do Dragão cuja origem seja Leão, Euskadi, Navarra e as Canárias! Mas não posso garantir nada com relação aos outros! 

— Entendi… Teve um racha na Ordem… E nós temos que limpar a merda que vocês estão fazendo! Paciência, essa passa. Eu vou estar de olho em vocês! Mas, da próxima, eu prendo vocês! Não vou tremer a mão pra prender nem mesmo o senhor, Majestade! — disse o Ministro, dando as costas para eles. — Vocês não sabem como o mundo dos magos é cruel… — O ministro andou um pouco e sumiu no ar, teleportando-se.

 

II

 

Sakura e o resto do pessoal se aproximou dos interventores da Ordem, de Tomoyo e de Zigor.

— Agora já tem gente demais aqui… “neska”. Sakura, você não ouviu o que eu te disse? Que mais gente com armadura vermelha viria atrás das cartas? Você tinha que ter ficado mais forte! Com certeza, já teria acabado com ele hoje! Escuta o que eu tô te dizendo! — repreendeu Zigor.

— Eu ouvi sim! Eu me lembro muito bem do príncipe também e eu ganhei de todos eles até agora! Porque eu tenho toda a força que eu preciso aqui comigo! Pra acabar com ele a qualquer hora! — disse Sakura, indicando com a cabeça a família e o filho que segurava no colo. 

— Isso não é suficiente… Te falta foco! Enquanto você não tiver isso, o lado negro da Ordem vai ser um espinho no seu pé! — disse Zigor, bebendo uísque no gargalo. — Vamos! 

Sakura saiu do meio deles e correu até Gotzone.

— Agora eu te entendo… Eu entendo o que você me disse aqui naquele dia… 

— Você entende? Então você está pronta pro meu desafio! — disse Goti, sacando a espada enorme das costas. Todo mundo arregalou os olhos. A loira sorriu.

— Brincadeira! Acho que todos estamos cansados disso tudo e precisamos descansar… E também… eu sempre estive acompanhando você, Sakura!

— Hoe! Como é que é? Sempre esteve me acompanhando? 

— Sim, sem você perceber… Por isso que eu te disse… Por isso que eu te disse que eu não tenho interesse nas cartas, eu poderia ter tomado de você faz tempo… E também… Tenho muito a falar sobre… Outras coisas… — disse a jogadora. Os olhares sérios e frios dela se tornaram em olhares quentes de ternura. Meiling ficou incomodada com aquilo e se adiantou, cortando-a.

— Acho que você já falou demais, não é? Já chega! — Disse a chinesa. Ninguém entendeu por quê ela falou daquele jeito e ficaram olhando para ela confusos.

— Você está certa… Até a próxima, pessoal… Quem sabe a gente não se encontra ainda… — disse Gotzone, dando um tchau com as mãos. Asas transparentes vermelhas apareceram nas costas dela e dos demais e todos os Interventores saltaram no ar da mesma forma que vieram, deixando um rastro de luz vermelho por onde voavam. Depois de um tempo pareciam estrelas rubis no horizonte.

 

III

 

Em outro lado da praça, Alfredo e Hinoto conversavam.

— Alfredo? Está bem? — perguntou a princesa Hinoto. 

— Nada bem… Me sinto impotente, fraco por dentro… 

— Você não tem que se sentir assim… A realidade é mais esmagadora que qualquer poder que nossos ancestrais inventaram… — disse a princesa. 

— Entendo… Afinal, somos humanos, apesar de tudo. Magos, mas humanos… O problema é: muitas vezes, a gente tem que lidar com o que não é humano… — disse o ministro.

— Já se perguntou o porquê, Alfredo? É pra lembrar que a gente é humano como os comuns que a gente lida contra o monstruoso… — disse a princesa, acariciando gentilmente as mãos do mago supremo. Ele sorriu.

— Vocês, japoneses, entendem disso mais que ninguém… 

— Pois é…  

 

IV 

 

O dia começava a raiar no outro lado da estação Cosmosquare. A família Kinomoto percebeu e todo mundo olhou para as nuvens alaranjadas da alvorada. Tomoyo andou com a mãe um pouco por aquela calçada que fazia divisa com o mar japonês.

— Faz quanto tempo que a gente não visita nossa terrinha, mamãe? — perguntou Tomoyo.

— A Catalunha é a nossa terrinha agora, minha filhota.

Fujitaka deu alguns passos e interrompeu as duas:

— Se me permite, Sonomi, nossa terra é o lugar onde está nosso coração… Enquanto seu coração clamar pelas cerejeiras daqui, pelo nosso sol, nossas montanhas, nossos rios, seu coração sempre vai estar aqui… — disse o professor. Sonomi olhou-o indignada e respondeu:

— Olha lá o senhor poeta vindo com o seu mesmo discursinho e papo furado que usou pra enrolar a Nadeshiko! Fala logo de uma vez: quando você sentir falta das coisas daqui, você pode visitar a gente, raios!

— Sonomi, sempre Sonomi! — comentou Felipe VII. 

Tomoyo não deixou de sorrir com a discussão dos dois e Sakura se aproximou da amiga e de El Rey com o filho no colo. Syaoran e Meiling estavam atrás dela:

— Eh… Como eu vou começar… — Sakura coçava a cabeça e buscava um jeito de falar com a amiga, mas depois conseguiu se desenrolar. — Você foi muito valente, Tomoyo-chan, muito valente mesmo… 

— Você… É a inspiração pra minha valentia… A menina mais forte que eu conheço… — disse Tomoyo, um pouco encabulada pela resposta. El Rey olhou um pouco desconfiado para a resposta dela e Meiling e Syaoran ficaram surpresos com aquela reação.

— Que é isso, Tomoyo-chan! Se não fosse… Se não fosse as suas roupas me vestindo, você me apoiando sempre… Eu não teria toda essa coragem… — disse Sakura, com as bochechas vermelhas. Depois, ela fez uma cara séria e gritou: — Você podia ter se machucado, tá? 

— Eu poderia ter me machucado de verdade… Mas eu sabia, de alguma forma… De alguma forma, você ia me salvar… — disse Tomoyo, encabulada.  

— Hoe! Como é que é? Você acreditava que eu ia te salvar? — perguntou Sakura, com a cara vermelha como pimenta. — Você tá maluca? Você podia ter morrido! 

— Eu sei… Eu já vi muita gente boa morrer na minha frente. Sabe o que isso me fez? Me fez pensar que… Que o sacrifício delas não foi em vão. Se a gente conseguiu vencer hoje é porque… É porque elas se sacrificaram na frente, sonhando com esse momento, nada mais justo do que dar um pouco do meu sangue pra ver esse sonho de paz realizado… — disse Tomoyo, sorrindo. Todos ficaram surpresos com a resposta dela. Sonomi deu um abração na filha.

— Essa é a minha filhota! — disse a executiva, orgulhosa.  

— Mas… Você pensa que seria fácil te perder? — perguntou Sakura, triste, mas um pouco envergonhada. 

— Não, não ia ser… Mas eu sei que, mesmo se eu morresse, você ia liberar seus poderes e… Acabar logo com aquilo… — disse Tomoyo, sorrindo. — Eu sabia que… A qualquer hora, você ia quebrar aquela barreira… Eu nunca duvidei de você… 

Sakura ficou tão vermelha como pimenta que nem soube o que responder. Felipe ficou com um pouco de ciúmes daquela conversa e se ajoelhou aos pés da roxinha.

— Tomoyo… Eu também procurei te ajudar no que eu pude… Eu me expus, revelei minha identidade como Rei pra todo mundo, chamei meu exército pra te ajudar… Eu também não saberia o que fazer se alguma coisa acontecesse com você… — disse El Rey, desesperado. Tomoyo ainda estava um pouco sentida por ele não ter dito a verdade desde o começo.

— Felipe, olha, eu não vou dizer que eu não estou chateada por você ter escondido essa história de ser rei de mim… Mas… Mesmo você não tendo dito a verdade, isso não apaga o que a gente viveu juntos… 

El Rey levantou a cabeça com um raio de esperança nos olhos.

— É mesmo? Será que… A gente pode conversar?

— Sim… Só me dá um tempo, tá? — respondeu Tomoyo, segurando as duas mãos dele e olhando olho no olho. El Rey se levantou e fez uma proposta:

— Se você quiser… Se você quiser… Duas horas da tarde, no dia de Natal, no palácio real? 

— Pode ser… — disse Tomoyo, com um sorriso tímido no rosto.

— Eu vou te esperar… — El Rey dei um beijo na bochecha dela e se aproximou de Sakura. Fez um gesto para segurar Chitatsu e pegou o menino no colo. O rapazinho abriu os olhos verdes, iguais aos de Sakura e nem estranhou aqueles braços.

— Chitatsu, é? Eu também tenho uma filha, rapaz! Será que algum dia vocês vão se conhecer e ser amigos? — perguntou o monarca, com a cara mais terna do mundo. O pequeno sorriu e esperneou nos braços dele, de tanta agitação que sentiu.

— Hoe! Eu acho que ele gostou de você… Não é com todo mundo que ele fica assim! Demorou uma semana pra ele se acostumar com a Rika! 

— Sorte… — comentou Touya.

— Vai lá saber… — disse El Rey, devolvendo o menino para Sakura.

— Qualquer dia desses, a gente pode conhecer a princesa… Se o senhor quiser, é claro… — disse Sakura.

— Vamos ver… Até mais, Sakura, pessoal, desculpa qualquer coisa…  — El Rey sorriu e desapareceu de lá da mesma forma que veio, saudando todos.

 

V

 

— Tô cansado, gente, tô morrendo de sono! — disse Kero, deitado no chão, no colo de Yue. O anjo abriu um pouco os olhos e parecia concordar com ele. 

— Isso é tudo por agora, pessoal! A nossa luta aqui apenas começou. — disse Hikaru. 

— Agora que a gente conhece melhor quem a gente tá lidando, vai ser mais fácil ir atrás deles… — disse Marcela. — Isso é, se El Rey cooperar…  

— Vai sim… Nossa força tarefa entre Japão e Espanha começa hoje! Nosso primeiro passo foi agora! — disse Dom Alfredo.

— Estou com o meu colega… Temos muita coisa a acertar e vamos fazendo isso com o tempo… — disse a princesa Hinoto. — E outra: o portal está se fechando, é hora de ir… 

Todos se despediram com abraços e beijos, até mesmo Sonomi abraçou Fujitaka e deu um apertão em Sakura. O aro de luz começou a encolher a ponto de só caber uma pessoa nele. Nesse ponto, Sakura fez sua despedida final para Tomoyo.

— Às vezes eu fico pensando se a gente tivesse se separado, quando você partiu daqui, o que teria acontecido… — disse Sakura.

— Felizmente isso não aconteceu, não é, Sakura? — disse Tomoyo.

— Não mesmo! Não sei o que eu faria sem você… — respondeu Sakura.

— Nem eu… — finalizou Tomoyo.

O portal se fechou. O dia amanhecia em Osaka. A noite ainda continuava em Barcelona. O futuro ainda era incerto na mente deles, nem mesmo sabiam quando seria o próximo ataque da Ordem, mas de uma certeza elas tinham:

— Puxa vida, ainda tenho que trabalhar hoje e não dormi nada! — disse Tomoyo, desde Barcelona.

 

VI

 

— Olha só… Tô atrasada pra aula! — disse Sakura, desde Osaka. 

— Olha quem fala! Quem tava disposta a ficar morrendo de frio e esperar! — disse Touya.

 

Continua… 


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