A canção de Sakura e Tomoyo: melhor chamar Sakura escrita por Braunjakga


Capítulo 13
Equipe




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Capítulo 11

Equipe

 

Mollet del Vallès, Espanha

9 de setembro de 2010

 

Institut de Seguretat pública de Catalunya

 

I

 

Um agente dos mossos, gordinho, cabelo preto e liso, óculos na cara e rosto redondo, passava um giz de cera na ponta de um taco. Estavam na sala de jogos do Instituto. Uma porção de outros agentes novatos também estava lá, sentando-se nos bancos à espera da sua vez para jogar sinuca. Tomoyo estava no meio deles. O adversário do outro agente era, pasmem, um Guardia Civil, branco e corpulento. A sala estava em euforia para ver quem ganharia a partida.

— Hey, Cris, vai perder pro espanhordo mesmo? — disse um dos agentes nos bancos.

— Que espanhordo o que! Sou catalão que nem vocês! Aqui é do nordeste! Sou de Ripoll! — disse o Guardia Civil corpulento, orgulhoso de suas origens. Todo mundo riu dele. Ele ignorou os risos, deu uma tacada na bola branca e derrubou uma bola, a última do adversário.

— Hey, Cris, você ganhou! — disse o “Guardia Civil”. 

— Ganhei o quê, Naldo? — perguntou o agente gordinho.

— Outra lambreta! — disse Naldo, rachando de rir. Tomoyo riu da piada também e os agentes dos mossos de esquadra saíram da sala e não quiseram mais desafiar Naldo. A roxinha se levantou do banco, pegou o taco, e Naldo começou a pegar as bolas da gaveta e colocar em cima da mesa.

— Você não quis ir com eles não, doutora? 

— Achei engraçado o que você disse… Além disso, você foi o agente que tentou deter os caras que tentaram me levar… 

— A gente faz o nosso trabalho, doutora! 

— Eu só queria saber quando vou sair daqui, tenho que voltar pra faculdade dia 12… 

— Não esquenta com isso não, doutora, você vai voltar logo, logo! Vamos se divertir um pouquinho aí enquanto os caras ficam enrolando… 

Tomoyo olhava triste para as bolas de sinuca ajeitadas na mesa e sentia um pouco de empatia por elas. De certa forma, se sentia movida e manipulada por uma mão invisível que a movia não se sabe para onde. Parou de pensar e resolveu escutar os conselhos de Naldo, que dizia:

— Começa aí, Doutora! — disse ele, olhando para a porta da sala de jogos. — Olha quem tá vindo aí, ei, Natanael! — O segundo Guardia Civil que Tomoyo viu na calçada apareceu por lá. Ele era gordinho, de andar vagaroso, cabelos crespos e uma barriga bem saliente e visível pela farda verde de Guardia Civil.

— Depois de vocês eu sou o próximo aí! — disse ele, se sentando desleixadamente no banco. 

   

II

 

Uma moça, loira, de óculos e cabelos muito curtos, pintava um báculo num quadro preso num cavalete. O báculo tinha um par de asas e uma estrela na ponta rodeada por um aro, da mesma forma que o báculo de Sakura. Estava na sala de artesanato do instituto. Aquilo chamou a atenção de Tomoyo e ela perguntou:

— Moça, você já viu esse báculo antes?

— Sim. É da minha vó. Ela fazia umas magias com o poder das estrelas, sabe? Daí, resolvi fazer um quadro sobre isso. É aniversário dela hoje… 

— Sei… Você verá ela hoje, Irá sair para alguma festa?

— Não, não tem como. Meu trabalho aqui dificulta um pouco… Sou do sul, de Deltebre. Não tem como eu ir lá…

— Mas nem no fim de semana? Não é muito longe daqui… 

— No final do ano eu vou ver ela e daí eu entrego… Mas agora não… — A agente sorriu e continuou a pintar o quadro. — Não enquanto a gente não garantir a sua segurança… 

Tomoyo arregalou os olhos de surpresa. 

 “É, realmente eu sou uma bola de sinuca presa num triângulo de madeira…”, pensou.

— Layle, para de assustar a menina! — disse uma agente de cabelos loiros e longos. Pelas ombreiras, dava para ver que ela era mais velha, pois era Subinspetora dos mossos d’esquadra.  — Não liga com ela não, Tomoyo, ela que é procastinadora e tem preguiça de pegar o carro e andar uns cem quilômetros até a casa dela! 

— Mas é sempre bom uma preguicinha, Kelly Cristina! — disse Layle, espreguiçando-se.

— Não me chama assim! — disse Kelly, batendo com uma pasta na cabeça da subordinada. — Vai lá pegar o banco de horas e entregar pro pessoal… 

— Já vou, já vou! — disse a agente, guardando o material de pintura.

— Esse negócio de preguiça sempre me atrasa… — disse Tomoyo, com o queixo entre o polegar e o indicador. — Me digam uma coisa: como vocês falam de magia e mais magia dentro de uma unidade comum e bem comum como essa aqui? Não tem como todo mundo no Instituto ser feiticeiro! — disse Tomoyo, um pouco desconfortável. 

Kelly e Layle se olharam.

— Vem cá… — Kelly puxou Tomoyo pelo braço e tirou a moça da sala.

 

III

 

Estavam no refeitório e um monte de agentes saiu para o almoço naquele momento. Não importava. O barulho das conversas abafava qualquer palavra secreta que aquelas duas falassem.

— Tomoyo, você pensa que tem um monte de gente que conhece magia? 

— Na verdade não… Mas eu tenho sorte de encontrar gente assim… 

— Magia atrai magia, nega! Quando eu era menina em Blanes, eu já sentia isso. Você também deve ter sentido também… 

— Mas eu não sou capaz de fazer magia! 

— Eu sei! Mas você conheceu uma pessoa forte o suficiente pra te passar magia. Um pouco da magia dela tá impregnada em você e só quem tem experiência com isso consegue ver… 

Tomoyo ficou em silêncio por um tempo só tomando um copo de suco. Kelly continuou:

— Voltando a sua pergunta, que tem relação com seu caso, não tem muita gente que conhece magia, Tomoyo, mas a gente sempre acha um jeito de entrar em contato, formar uma comunidade… 

— É que nem Hogsmeade do Harry Potter? 

— Mais ou menos… É meio complicado explicar isso, mas o que eu sei é: tem uma agência do governo, governo da Espanha mesmo, que sempre que eles precisam de agentes policiais que conhecem magia para missões que envolvem magia, eles chamam a gente. Daí, meio que a gente faz um bico pra eles, usando conhecimentos de polícia e de magia… 

— Puxa vida, isso é um jeito de conseguir uma polícia mágica barata! Terceirizaram até isso! — disse Tomoyo, surpresa.

— Não é bem isso, nega. Tem mago sangue puro que gosta de viver isolado no mundo no meio do mato, que nem Hogsmeade. Mas a maioria das pessoas com poderes mágicos vivem no meio das pessoas comuns, se casando, tendo filhos, sem se dar conta que tem poderes… 

— É, a Sakura é meio assim… 

— Tá vendo? Quando a gente descobre isso é um choque… 

— Um belo choque!

— Mas a agência do governo sempre sabe manter discrição das nossas atividades, sabe, pra que isso não vire um escândalo.

— Agora a ficha está caindo… Alfredo Bosch é o ministro de assuntos especiais do governo faz vinte anos! Entra governo, sai governo, ele ainda continua lá! 

Kelly inclinou-se para Tomoyo até ficar com a cara bem encostada na dela.

— Você tá entendendo como a coisa funciona? 

Tomoyo arregalou os olhos. Nesse instante, um agente dos mossos apareceu. Era Albert, o agente de pele escura que salvou Tomoyo no descampado.

— Desculpe Tomoyo, Subinspetora, mas o ministro em pessoa quer falar com a Tomoyo… 

— Vai lá, nega! Depois a gente se fala. — Disse Kelly, cumprimentando com um beijo a face de tomoyo, sorridente e otimista.

 

IV

 

Depois de tanto rodar as instalações, Tomoyo foi escoltada até o pátio de carros do Instituto.

— Me diz, ministro: o senhor é ministro de assuntos especiais da moncloa faz vinte anos mesmo?

O ministro sorriu. 

— Eu sou o ministro de assuntos especiais que cuida do palácio da moncloa porque o partido dos trabalhadores está no poder faz vinte anos! Se o partido conservador tomar o poder, vou ter que sair e dar o cargo pra um colega mago que tenha um poder equivalente ao meu… E também que seja a fim dos conservadores… 

— Mas o senhor não é o mago mais forte da Espanha?

— Sou um dos. Isso não significa que sou preso a cargos. Isso é tradição da comunidade mágica espanhola há séculos. Antigamente, quando um rei morria, os ministros eram trocados e meus antecessores cediam o seu lugar. Quando o rei deixou de ter poder absoluto, a gente acompanha os ministros, os presidentes, ou qualquer um com poder na época, o importante é manter a situação de normalidade e discrição. Nem todo mundo tá preparado pra aceitar que há pessoas com magia no meio da multidão e eu estou aqui no governo pra impedir que isso aconteça.  

— Sei… Mas o agente Albert Braun que me acompanhou não tem magia e acompanha vocês, correto? — disse Tomoyo apontando para o agente atrás de si, acenando para ele. O agente fez um sim com a cabeça.

— Sim, mas tem certas pessoas que já vivem há tanto tempo com pessoas com magia que isso não faz diferença pra nós, desde que mantenham a discrição, está entendendo? 

— Perfeitamente… Foi assim comigo e com a Sakura… 

— Ótimo! Agora vamos ver uma coisa interessante… — disse o ministro, apontando para o pátio de asfalto na frente deles. Havia um treinamento de perseguição em veículos acontecendo nesse instante. Os alunos prestes a se tornarem policiais dirigiam as viaturas enquanto que os instrutores estavam de moto, correndo na frente deles.

Um dos alunos acabou por capotar a viatura quando fazia a curva. Um dos agentes mais velhos pediu para eles saírem de lá e, com apenas uma mão, ele desvirou o carro. Todo mundo aplaudiu. 

— William, seu touro bandido, cabeça de cavalo, chifre de unicórnio! Vai trabalhar, cachorro sem vergonha! — disse um dos instrutores que estava de moto para o agente.

— Vai se lascar, Pelé! — respondeu William, nervoso com a brincadeira do colega.

— Aquele lá é o Touro bandido. — explicou o Ministro para ela.

— Por que chamam ele assim? 

— Por que ele matou um touro selvagem a unha quando tinha 13 anos… Você entende o porque disso, agora… 

— Puxa vida, ele deve ser incrível mesmo… — disse Tomoyo, um pouco entediada.

— Não está se divertindo, Tomoyo? — perguntou Alfredo.

— Eu tô cansada de esperar, ministro, só isso… Já vi esse treinamento deles várias vezes… Quero ver minha mãe, quero ir pra faculdade…  

  — É por isso que eu vim aqui hoje, pra te explicar como vai ser seu esquema de segurança de agora em diante, vamos Albert.   

 

V

 

Os três foram para um hangar. Não havia aeronaves lá, apenas alguns agentes dos mossos e os dois guardias civiles, que Tomoyo viu na sala de sinuca, enfileirados, escutando um agente mais velho de terno e quepe. Kelly e Layle, as duas agentes dos mossos que estavam com ela no ateliê e William que desviou o carro no pátio também estavam lá. Tomoyo, Albert e o Ministro chegaram perto deles:

— Agentes, o ministro espanhol dos assuntos especiais me pediu mais uma vez para liberar vocês para uma missão na Moncloa. Mais uma vez, eu estou cedendo vocês para eles e espero comportamento exemplar da parte de vocês durante esse período como foi da outra vez, está certo? 

— Sim, Major! — disseram William, Layle e Kelly, batendo continência. O chefe de polícia, de cabelos curtos e grisalhos, virou-se e fez uma continência ao ministro, saudando-o:

— Major Ferran López, comandante dos mossos, apresentando os agentes!  

— Apresentado, Major, pode descansar! — respondeu o ministro. O agente desfez a continência e cumprimentou Alfredo. 

— Sempre leais, ministro! — disse o Major.

— Muito bom ouvir isso… — respondeu Bosch.

O major deixou eles a vontade no hangar e Albert tomou posição junto com suas companheiras e companheiros. 

— Pelo menos um, né? Tô cansado de ficarem me olhando com cara feia aqui! Já tô querendo dá uma porrada em um! — disse Naldo.

— Esses mossos é tudo golpista, Naldo! — disse Natanael, o guardia civil gordinho.

— Peraê, nem todo mundo aqui é como você pensa! — disse Kelly, irritada com o comentário de Natan.

Todo mundo começou a discutir e o ministro pediu silêncio. Os agentes voltaram a ficar alinhados, em posição de sentido.

— Agentes, essas briguinhas infantis de vocês refletem o estado em que se encontra o nosso país: cheio de briguinhas sobre independência, república e outras barbaridades mais. Enquanto que gente de fora violam mulheres nas ruas, há menores desacompanhados nas ruas tendo que mendigar por pão pra sobreviver e o desemprego atinge quarenta por cento da nossa população jovem com essa crise mundial dos bancos… Vamos parar pra pensar mais antes de abrir a boca? — Todos os agentes olharam para o chão, cabisbaixos. O ministro continuou. — Isso não é hora para se lamentar. Temos um problema aqui e temos um problema de verdade. A Ordem do Dragão resolveu mostrar as garras no nosso país e começaram a sequestrar pessoas na Espanha… Aqui está uma pessoa que vocês devem manter fora das mãos deles a qualquer custo! — disse o ministro, apontando para Tomoyo. Ela ficou envergonhada na hora. — Agente Albert Braun, você vai escoltar a senhora Sonomi Daidouji em qualquer lugar que ela for, entendido! 

— Sim senhor! — disse Braun, batendo continência para o ministro.

— Os demais vão ficar encarregados da segurança da Tomoyo em qualquer canto que ela for! Vocês gostariam de se apresentar para ela? 

Os agentes e os guardas ficaram se olhando entre si, envergonhados, mas depois foram se abrindo para a roxinha.

— Sou Larissa Ciuró Subirá i Lewis, ou Layle se preferir. Minha mãe é inglesa, mas sou nativa daqui mesmo, do sul, do delta do Rio Ebro, daí o nome da minha cidade: Deltebre. — disse Larissa, a agente de cabelos curtos loiros que pintava um báculo igual ao de Sakura. 

— Puxa, pensei que seu nome fosse Layle mesmo! — comentou Tomoyo, espantada. Todo mundo riu. 

— Sou Albert Braun i Sant. Nasci em Barcelona, mas passei a minha vida inteira em Badalona. É uma honra servir a senhora! Gosto muito da cultura do seu país e sei falar um pouco de japonês…  — disse ele. Tomoyo ficou um pouco envergonhada com o que ele disse.

— Aqui é de Girona! Sou do Nordeste! Sou de Ripoll, Meu nome é Ednaldo Conesa! Tenho um moleque que tá jogando bola no Girona FC. Prazer, doutora! — disse Naldo, o guardia civil branquelo e corpulento, cumprimentando Tomoyo e tirando o chapéu. 

Natan, o guardia civil gordinho, deu um passo à frente e apertou a mão dela. 

— Natanael Calvet de Olot, Girona, nordeste da Catalunya.

— Bem nega, sou Kelly Cristina Madrenas i Puig, sou de Blanes, Girona, trabalho nos mossos faz 15 anos. Tenho dois filhos, um menino e uma menina e gosto muito de ir pra praia no fim de semana! — as duas se cumprimentaram com um aperto de mão.  

— Bem, Sou o William Recorder, tô nos mossos faz oito anos, até por isso sou sargento daqui, agora tô explicando pros novatos como ser um mosso de esquada competente, e… minha família toda vem de Figueres, mas nasci aqui mesmo em Sant Joan Despí, do lado de Barcelona. — disse William, mexendo o pescoço e mexendo as mãos uma contra a outra.

— Bem, acho que é isso! Agora só falta eu! Sou Alfredo Bosch i Puigcerdá, sou de Valência e tenho 60 anos. Sou membro do partido dos trabalhadores faz 30 anos e sou casado com uma comum, tenho três filhos com ela. Atualmente, sou eu quem comando os magos da Espanha e juntei todo mundo aqui pra essa missão. Você vai ser nossa isca, Tomoyo, e a gente vai ser os caçadores que vão abater a caça. Eu espero que, para essa operação, vocês dediquem seus corações, está bem?

Todo mundo respondeu sim.

— A gente tá aqui pra o que der e vier! — disse Naldo. Os demais agentes fizeram coro para Naldo

— Excelente! Quer dizer alguma coisa, Tomoyo? 

— Só espero não ficar para trás… Não é por que eu sou comum que eu não posso ajudar vocês. — disse Tomoyo. Todos gargalharam. 

 

Continua…  




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