A canção de Sakura e Tomoyo: melhor chamar Sakura escrita por Braunjakga


Capítulo 14
A hora menos esperada




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Capítulo 12

A hora menos esperada

 

Osaka, Japão

10 de dezembro de 2010

 

I

 

Era tarde, o sol começava a se pôr no horizonte. Os pequenos flocos de neve caíam rapidamente pela rua. Uma forte rajada de vento dificultava olhar para frente. Com esse clima, não havia mais ninguém na frente delas. 

Sakura e Meiling caminhavam pela via protegendo-se daquela rajada com o braço. As duas estavam bem agasalhadas, e Sakura era a mais incomodada com o clima.  

— Puxa vida, será que tem que ter aula na faculdade com um tempo desses, hein? — disse a cardcaptor. Meiling sorria.

— Você não faz nem ideia do que eu tive que enfrentar no exército! Esse vento não é nada comparado aos dez negativos que tive que enfrentar no Tibete… 

— Dez negativos!? Hoe! — disse Sakura, surpresa. Depois, Sakura ficou séria que só. — Você não acha estranho, Meiling? — perguntou Sakura. A chinesa entendeu o que ela quis dizer. 

— Faz três meses que a gente sofreu aquele ataque, né? Até agora nada deles aparecerem… — disse a Chinesa. — Nem aqui, nem em Barcelona… 

— Bela conclusão a de vocês… Mas agora é hora de aparecer… — disse uma voz saída da neve. De repente, uma silhueta surgiu no meio da tempestade. Um homem de armadura vermelha como sangue surgiu no meio da ventania. Ele caminhava por ela sem dificuldades. Era ocidental, barba e cabelos pretos e olhos cinzas. — Gostaram da minha tempestade de neve?

— Então foi você! — exclamou Meiling.

— Ordem do Dragão! — disse Sakura. Ela logo tocou no pescoço e sacou o báculo.

— Faz quanto tempo, Sakura, que a gente não se encontra… Uns oito anos? Tempo demais, não acham… — disse o homem. Sakura e Meiling estranharam. 

— Pois é, não sei quanto tempo se passou, mas eu sei que eu venci de vocês da última vez! — disse Sakura, com raiva na face. O homem aplaudiu com ironia. 

— Muita ingenuidade sua pensar que a gente não veio preparado dessa vez… Cláudio era só um enviado estrangeiro da Ordem, mas eu, o Subinterventor de Lleida, Jordi Bonvehi posso acabar com vocês sem usar magia nenhuma! — disse o homem. Asas transparentes vermelhas apareceram nas costas dele e ele voou com tudo contra Sakura. Quando menos esperava, ele já tinha dado um soco forte na barriga da cardcaptor. Ela ficou sem ar enquanto que o soldado da Ordem afundava mais e mais o punho contra o abdômen delgado dela.

— Sakura! — gritou Meiling, desesperada com a situação da cardcaptor.

— Quer terminar como ela? — Jordi jogou o punho para trás com o corpo de Sakura, e a cardcaptor bateu com tudo contra uma árvore. Estava inconsciente. O soldado andou sorrindo até o corpo dela e começou a dar pisões e mais pisões no rosto da mãe de Chitatsu. — Apagou! — disse ele, sorrindo. — Se ela, que é uma maga tão poderosa, acabou assim, imagina você, sua comum de merda! — disse Jordi. Ele voou velozmente até Meiling e agarrou o queixo dela. — Você até que é mais bonitinha, hein? — finalizou. A chinesa fez um movimento rápido com as mãos e se soltou dele.

— Não vai pensando que eu não sou acostumada com isso! Eu já enfrentei magia na porrada uma porção de vezes, seu escroto! 

— Eu entendo… Você é uma maga que não desenvolveu seus poderes… Sei… Já parou pra pensar em quantos irmãos nossos, como você, querem desenvolver seus poderes mágicos e não podem? A gente tem a solução! Se você facilitar as coisas pra gente, eu posso te mostrar o caminho… — disse Jordi, estendendo a mão para ela. Meiling ficou olhando para aquele gesto, incrédula e deu um chute na mão dele.       

— Olha o que eu faço com essa sua porcaria de proposta. Sim, eu nasci maga, mas sem poderes mágicos. Mas também, eu sempre fui ensinada que não existe saída fácil na magia! Não vai pensando que vocês podem despertar meus poderes sem consequências! — respondeu Meiling. Jordi não desistiu e agarrou os ombros dela.

— Meiling, presta atenção! Isso foi o que os comuns colocaram na sua cabeça, na cabeça de todos nós! Têm uma saída, a gente só precisa das cartas! Olha elas aí, tão fácil! — disse Jordi, agitando o corpo dela.

— E vocês vão sacrificar a Sakura, uma mãe de família, pra um negócio egoísta desses?  

— E o seu primo vai bem? O que essa mãe de família já tirou de você até agora? Esse filho dela era para ter sido gerado na sua barriga, e você sabe disso. Era para você ter vindo aqui com o Syaoran pegar as cartas do lado dele… Quanta coisa você perdeu só por não ter magia, quanto você pode recuperar. Basta um gesto, um gesto apenas… — disse Jordi, sorrindo. Por um segundo, um segundo, Meiling hesitou. A moça de olhos rubis cruzou os braços na altura do peito e deu mais um golpe contra os braços dele, soltando-se.

— É uma proposta bonita essa de forçar as pessoas se amarem, mas não. Não dá pra fazer isso… — disse Meiling, com pena no olhar e lamento no rosto. Sakura, encostada no tronco da árvore, despertou e tentava se levantar com dificuldade. A cardcaptor levantou o rosto para eles e a chinesa viu que Sakura queria chorar. Meiling se agachou, agarrou os cabelos castanhos dela e disse: 

— Você é tão feia, tão fraca e tão chorona, Sakura! Não dá pra entender como você é a mestra das cartas! Não dá mesmo! Mas eu não posso deixar que elas sejam roubadas! Foi o Shoran que quis que você ficasse com elas! Vou fazer de tudo pra manter essa vontade dele! — disse Meiling, soltando a cabeça da estudante. Ela ficou em posição de combate na frente de Jordi, preparando-se para dar um golpe a qualquer momento. O Interventor sorria.

— Meiling… — disse Sakura com a mão na barriga, sentindo muita dor por causa do golpe.

— Se é assim, então morra como uma comum. Pior que um mago que não tem poderes, é um mago que pensa que é comum! Morra por favor! — disse Jordi, investindo como um touro contra a chinesa.

— Meiling! — gritou Sakura.

 

II

 

Das janelas do apartamento, Syaoran olhava a neve cair. Estava segurando um copo de chá preto quente. Yue estava com ele, bebendo no sofá da sala. O chinês já estava olhando por um longo tempo a neve caindo lá fora. Yue percebeu e disse:

— O chá tá esfriando… 

— Meiling… Eu estou preocupado com ela… Ela ainda não voltou… — respondeu Syaoran.

— Deve estar tudo bem com ela. Ela foi com a Sakura, eu saberia se acontecesse alguma coisa. — disse Yue. O anjo branco se levantou para pegar mais chá e, do nada, seu corpo congelou e deixou o copo cair, quebrando o objeto no chão. Syaoran arregalou os olhos na hora.

— Eu vou atrás delas! — disse o chinês. Ele pegou o rashinban e saiu apressado do apartamento.

 

III

 

— Meiling! — gritou Sakura.

Jordi Bonvehí socou Meiling com tudo. A chinesa sentia que sua barriga era sugada para um triturador. Fechou os olhos, curvou o corpo e caiu no chão. Estava dura como as pedras cobertas pela neve.

— Meiling, Meiling! — Sakura voltou a gritar novamente. Conseguiu apoiar-se nos joelhos, mas o soldado da Ordem deu um chute no rosto dela e ela caiu para trás. Sangue escorria pelo nariz, pelos lábios e pelos dentes cerrados de raiva da cardcaptor. 

— Você não consegue usar magia por si mesma, né? Você depende desse báculo e dessas cartas! Então, só basta que você não pegue neles! — Jordi deu um pisão tão forte na mão direita de Sakura que ela gritou. Sons de ossos trincados eram escutados. O soldado ficou tão distraído e tão empolgado com a maldade que fazia que não viu o punho de Meiling chegando perto da orelha dele. A oficial bateu com tanta força que ele ficou zonzo. Ela deu outro e mais outro chute nele até que ele conseguiu se defender de um. Ele olhou para ela e já estava ofegante. Um pouco de sangue saía por um corte nos lábios dele.

— Maldita! Era pra você ter caído! 

— E não era você que me venceria sem usar magia, não é? 

— Você descobriu? — perguntou ele, sorrindo.

— Eu sempre uso uma blusa com resistência mágica. Se não fosse por isso, eu tava perdida! 

— Agora vamos ver se você vai aguentar o próximo… 

Jordi deu um soco e mais outro no ar. Meiling desviou dos golpes e tentou dar um chute nele. O soldado acabou por rasgar um pouco da calça dela com as mãos enquanto tentava dar um jab. Um ficava olhando para o outro, a espera do próximo golpe. Meiling começou a correr e Jordi fez a mesma coisa. O soldado deu um chute e mais outro no rosto de Meiling, mas ela se defendeu com os braços. Assim que ela viu uma abertura, deu um chute direto no rosto dele. Ele inclinou a cabeça para trás, mas não ficou zonzo. O nariz dele começou a sangrar. Jordi ficou com mais raiva ainda e partiu para a trocação. Conseguiu encaixar um e outro soco no rosto de Meiling, mas não sem antes levar também os mesmos golpes no rosto e um belo de um chute no queixo. Mesmo com esses golpes, ele não caia de tontura. Os dois se afastaram um do outro com a respiração ofegante. 

“Eu não posso desistir agora… Se eu baixar a guarda, tô frita!”, pensou Meiling. “Você me paga, Shoran! Tô fazendo isso por você!”

Meiling deu um salto no ar e tentou dar uma voadora nele. Jordi desviou e tentou socá-la no rosto, sem sucesso. Foi então que Meiling viu a abertura que queria. 

“Mesmo ele não ficando grogue com os chutes que eu dei, ele tá ficando lento… É agora!”, pensou.

Com o rosto desprotegido, Jordi levou um e levou outro soco nas têmporas e na orelha. meiling chegou mais perto dele e deu uma cotovelada na cabeça. Foi o bastante para ele cair. Quando ele caiu no chão, Meiling partiu para cima dele e ficou dando socos e mais socos no rosto dele até que ficou desfigurado de tanto sangue que saía dos hematomas. A preocupação de Sakura com a cunhada se tornou em horror diante daquela violência.

— Pára, Meiling! Pára! — Sakura levantou-se cambaleando e tentou agarrar o punho de Meiling. Assim que tocou no braço esquerdo fechado dela, a chinesa empurrou a cardcaptor com tudo, fazendo-a tropeçar e cair de novo. Sakura ainda estava tonta depois do golpe que levou, por isso, não tinha tanta força. Meiling continuou socando o homem, mesmo que os braços dele não se mexessem mais. Dava para ver pelos olhos dela que estava cansada e fazia aqueles movimentos repetitivos como se em sua mente rodasse um programa dentro dela pedindo para que ela fizesse isso.

— Meiling! — gritou Syaoran, correndo como um louco por aquele parque vazio e repleto de neve. Ele olhou para a massa disforme que se tornou o crânio do soldado da ordem e parou de correr na hora. O cansaço em sua face se tornou em pânico.

— Shoran! — disse Sakura, sorrindo. — A Meiling… Ela não consegue parar! 

O chinês apertou com força o punho da prima, quase espremendo os ossos do pulso, e disse energicamente:

— Basta, Meiling, já acabou! Você venceu! Você venceu! 

A chinesa voltou-se para ele sorrindo.

— Vencemos, né? Até que não foi tão difícil assim… — Meiling tentou se levantar, mas desmaiou nos braços do primo querido. Preocupado, Syaoran disse para Sakura, jogando o celular para ela:

— Chama a ambulância, por favor! A gente precisa falar com a Hikaru!

 

Continua…  


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