Era a primeira vez que eu me separaria deles.

Maya entrava sorrindo em meu quarto com algumas peças de roupas em suas mãos, eu nunca liguei para minhas roupas, mas ela sempre foi cautelosa e vivia dizendo que eu deveria me arrumar enquanto Naya falava o contrário e as duas sempre brigavam, era uma disputa de vaidade VS falta de vaidade.

— Oi! Minha voz parecia presa em minha garganta enquanto meu olhar estava fixo no nascer do sol, a noite havia sido longa eu não consegui dormir.

—Para quem vai ver o lobo dos seus sonhos e rever seus amados pais esse olhar é muito desanimador! Ela falou sorrindo enquanto as peças de roupas eram jogadas sobre a cama.

— Vou senti saudade de vocês! Falei baixando o olhar.

— Não seja boba Nessie, vamos nos ver em breve, esqueceu que assim que mudar a realidade nossas memórias serão restauradas?

—Nessie? Sussurrei erguendo meu olhar para ela, apesar de não me sentir o monstro do lago ness eu havia gostado do apelido.

— Todos estão a chamando assim, honestamente é bem mais prático! Ela respondia.

Levantei pegando a pequena bolsa e colocando algumas peças de roupas na mesma, eu não precisaria de muitas já que em algumas horas eu estaria no passado, ainda era tudo muito estranho para mim, como eu reagiria a rever meus pais? Terminei de arrumar a bolsa e então decidi mudar de roupa, minutos depois eu seguia para a sala onde já era esperada por Nahuel.

— Onde estão todos? Perguntei ao encontra-lo apenas com Naya.

— Seus tios foram na frente, me passaram as coordenadas do local onde devemos nos encontrar, precisamos nos apressar, pois temos um voou para daqui a duas horas.

—Temos? Perguntei.

— Acha mesmo que vou deixa-la ir sozinha? Naya falava sorrindo.

—Você pode até ser uma Cullen, mas ainda é nossa irmã caçula! Nahuel falava carinhosamente, o abracei apertando meus braços em volta de seu corpo.

— Eu amo muito vocês! Sussurrei.

Naya e Maya abraçavam Nahuel e ficamos alguns segundos em silencio, em um abraço grupal, em seguida saímos juntos, antes de fechar a porta olhei pela ultima vez para a casa simples a qual serviu de refugio durante esses quase oito anos, mas apesar da saudade que já sentia eu estava esperançosa.

Mais de uma hora depois finalmente chegávamos ao aeroporto de Berna, e não demorou para que finalmente embarcássemos, era a primeira vez a qual eu entrava em um avião e confesso que senti um pouco de medo, alguns olhares curiosos se voltavam para nós, ter um lado vampiro fazia com que chamássemos atenção, a beleza que tínhamos era como uma forma de sedução,os humanos ficavam hipnotizados, ao passar no corredor de poltronas em busca da qual eu devia sentar um homem me olhou fixamente quase que quebrando seu pescoço enquanto a mulher que o acompanhava lhe dava um tapa arrancando dele um gemido de dor, ri baixinho me divertindo com a situação, sim eu gostava quando os homens olhavam para mim, me sentia menos criança e muito mais mulher.

Finalmente eu sentava em minha poltrona, era bastante confortável já que estávamos em um voou de primeira classe, Nahuel sentou ao meu lado e me fuzilou com o olhar.

— O que eu fiz? Perguntei sem compreender.

— Você gosta que os homens a olhem assim? Ele perguntava aborrecido.

— Assim como? Perguntei sorrindo.

— Com pensamentos feios! Ele respondeu virando a cara.

— Desde quando lê mentes?

— Não preciso ler mentes para saber o que um homem pensa quando vê uma mulher como você? Ele respondia indignado.

Uma mulher como eu? Desde quando eu era mulher para ele? E quando foi que ele começou a se sentir incomodado com isso?

— Achei que eu era criança, sabe, matando aula, de castigo, essas coisas! Respondi ironicamente.

— Vamos mudar de assunto! Ele falou tentando disfarçar que estava chateado, durante a viagem não trocou uma só palavra comigo e como eu estava cansada por ter passado a noite acordada acabei adormecendo.

Não sei dizer ao certo quantas horas durou a viagem, acordei com a voz de Nahuel me chamando calmamente, dizendo que precisávamos desembarcar.

Levantei da poltrona um pouco sonolenta, dormir havia apenas me deixado mais cansada, logo saímos do avião caminhando pelo aeroporto de Seatle, Alice nos aguardava com um sorriso em seus lábios me puxando para um abraço.

—Que bom que chegaram! Ela falava ficando na ponta dos pés beijando minha testa em seguida – Nessie, porque tem que ser tão alta? Reclamou.

Ri baixinho então seguimos para o estacionamento, Jarper nos aguardava encostado em um volvo preto, e assim que nos viu abriu a porta do carro.

—Jasper não gosta de lugares cheios! Alice falava sorrindo enquanto entravamos no carro.

— Imagino por que! Respondi enquanto ele me olhava pelo retrovisor, Naya e Maya conversavam sobre o clima da cidade enquanto Alice me entregava uma mochila.

— O que é isso? Perguntei curiosa.

Abri a mochila e dentro havia alguns documentos, mas aquele não era o meu nome, além disso tinha muito dinheiro, meu olhar seu voltou para ela e então Jasper falava enquanto seu olhar se mantinha fixo na estrada.

— Vai precisar deu nome e dinheiro, não poderá ser Renesmee Cullen, não por algum tempo!

— Entendi! Sussurrei olhando os documentos.

— O que achou do nome? Alice perguntava empolgada como sempre.

— Sol Mills é um nome bem...diferente! falei achando estranho, teria que me acostumar a ser chamada por aquele nome.

— Você cresceu em uma comunidade que vivia em harmonia com a natureza, por isso tem um nome diferente, seus pais morreram e você decidiu conhecer o mundo! Jasper explicava.

— Pensou em tudo isso tio?

Ele sorriu ao me ouvir chama-lo de tio e Alice ficou emburrada.

— Acredite a comunidade existe e você já existe também, tenho uns amigos influentes!

— Mas porque tudo isso? Nahuel perguntava desconfiado.

—Eu estou a protegendo, nada pode atrapalhar Nessie! Jasper respondia – Nem mesmo eu!

Finalmente chegávamos a Forks, aquele clima chuvoso me trazia mais uma recordação, dessa vez era minha mãe me entregando algo, depois meu pai tocando piano e por ultimo o lobo corria comigo pela floresta, sorri sentindo meu coração se aquecer.

Seguimos pela estrada cercada de árvores não demorou para que Jasper parasse o carro e então caminhamos até um local aberto, era como um campo, Rosalie e Emmett nos aguardavam acompanhados de três homens, um era grande e forte e parecia o tio Emmett, o outro era um pouco mais baixo e o terceiro tinha os cabelos ruivos e aparentava ter uns quarenta anos.

— Então é verdade, ela realmente cresceu! O mais alto falou admirado, enquanto o mais baixo me olhou fixamente.

— Nessie esses são Felix, Santiago e Robert! Tia Rosalie fazia as apresentações.

— Então sobrinha, esta pronta para virar a personagem principal de “De volta para o futuro?”

— Isso é o que? Perguntei sem compreender.

—Um filme! Ele colocou a mão na nuca chateado por eu não ter entendido a piada.

— Então é ela quem irá ao passado? Robert perguntava se aproximando de mim, senti um frio percorrer por minha espinha, mas me mantive firme.

—Sim sou eu!

—Não creio que Aro nos colocou nessa situação por ela, é quase uma hunama! O vampiro chamado Felix reclamava.

— Preste bastante atenção Renesmee  pois disso depende reverter essa situação, assim como Alice vê o futuro eu vejo o passado, você não poderá interferir nas decisões de seus pais e  nem dizer a eles sobre você.

— Difícil, meu pai lê mentes! Sussurrei.

— Ele não vai conseguir ler a sua! Robert explicava – Você pode se aproximar de todos, conversar com todos, menos uma pessoa.

—Quem? Perguntei curiosa.

— Jacob Black, até seus pais se casarem e retornarem da lua de mel você deve evitar encontra-lo, ou as memórias iram ultrapassar a linha do tempo antes do momento exato e ao invés de evitar uma guerra se criará outra.

Ouvi atentamente as instruções de Robert, assim que ele terminou finalmente havia chegado o momento de fazer uma viagem diferente de qualquer outra existente, abracei meus tios e em seguida Maya, Naya e por ultimo Nahuel que beijou minha testa sibilando baixinho.

—Não importa o que aconteça, saiba que eu te amo!

Toquei seu rosto carinhosamente respondendo ao que dissera- Eu também amo você! Em seguida me afastei colocando a mochila de Jasper nas costas, Robert se aproximou colocando sua mão direita em meu ombro esquerdo.

— Feche os olhos e conte até cinco mentalmente, em seguida o abra.

Olhei todos os que eu amava pela ultima vez e então fechei os olhos.

Um, dois, três, quatro, cinco... contei mentalmente de forma pausadae então abri meus olhos.

Eu estava no mesmo lugar? Mas eles não estavam mais lá, girei meu corpo olhando para todos os lados, eu estava sozinha.

Caminhei lentamente seguindo a trilha que havíamos feito para chegar até o local, olhei para o céu e o tempo não estava mais chuvoso,até cinco segundos chovia, minutos depois chegava a estrada, agora para onde eu deveria seguir? Aquilo teria dado certo mesmo?

Segui caminhando pela beira da estrada tentando achar algum local habitável, já começava a anoitecer então senti o vento de um carro passar por mim parando logo à frente, era uma viatura da policia, a porta se abriu e o policial saia caminhando em minha direção, era um homem de mais de quarenta anos, eu o conhecia mas não lembrava de onde.

— Menina, esta perdida? Ele perguntou assim que ficou mais próximo.

—Sim, eu perdi uma carona! Respondi.

— Venha a levo para casa, seus pais devem estar preocupados!

Entrei no carro abrindo a mochila e pegando um pedaço de papel, nele havia um endereço, mas de onde era? Jasper não havia me falado nada sobre isso, ainda tinha duvidas se realmente eu havia voltado ao passado, então quebrei o silêncio perguntando timidamente ao policial.

— Que dia é hoje?

Ele me olhou não compreendendo a pergunta que eu havia feito mas respondeu a minha pergunta.

— Quarta- feira, oito de dezembro!

— De que ano? Insisti.

—Você usa drogas? Ele perguntou desconfiado.

— Não, claro que não, eu só tentei quebrar o silêncio! Tentei disfarçar e sorri.

—Entendi se não soubesse que estamos em 2010 eu iria leva-la diretamente para exame toxicológico! O policial falava de forma cordial.

Fiquei calada, como se por um minuto eu tivesse entrado em choque, eu havia voltado nove anos na linha do tempo.