O fio vermelho através do poço escrita por Agome chan


Capítulo 4
Não é justo com ninguém


Notas iniciais do capítulo

Pensando e se o capítulo/episódio das lágrimas de sangue tivesse acontecido bem antes? Acho que no capítulo anterior deu a entender que apesar da fic sem bem próxima do canon da história mesmo, mas com uma diferença, a relação dele estava já melhor progedida, diferença, do que no original (que eles se amam sim, mas é aquele namoro-não-namoro comum de shoujo para enrolar mesmo no enredo, só que no plot é bem mais complexo, pq InuYasha é mais complexo nesse aspecto do que os típicos shounezõe, e ficarem só juntos finalmente com beijo no final).
Já tinha essa ideia e quis desenolver.
Costumava a ler doujinshi que apresentava eles assim, o triângulo já mais do que resolvido, que é o que sempre quis. Lembra quando Kikyou estava desaparecida e Naraku envenenou seu corpo depois Kagome a salvou? Imaginem que foi nessa época.



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Antes de estarem esses três anos separados, muito havia se passado entre os dois pela a aventura de coletar os fragmentos da joia de quatro almas.

Na época que ainda tentavam a completar, não era como se tais pensamentos e dúvidas obscuras não minassem a cabeça de InuYasha em relação a segurança de Kagome, a seus sentimentos por ela e seu medo de ser incapaz de tê-la ao seu lado.

Notando tais vestígios, como ela poderia ter ficado surpresa, quando ele voltou para outra Era, sem ela? Depois de vê-la aos braços da família que sentiram medo de perdê-la assim como ele e seus companheiros.

Quando Kikyou fora atacada pelo Naraku que a jogou do penhasco, após lhe introduzir miasma para lhe destruir, numa zona afastada em que os coletores de almas não podiam se aproximar de si, Kagome a encontrou e dentro do rio a purificou para salvar sua vida.

Tinha dito para InuYasha ir atrás de Kikyou, porém um youkai o encontrou antes, se aproveitando do estado em que ele se encontrava.

— Eu sinto o cheiro especial de uma alma ferida.

InuYasha ouviu a voz abafada do youkai Kaou-sama, que ria, enquanto caia em inconsciência.

O cheiro de metal embrulhava o estômago quando adentrava no pesadelo amargo, a ilusão criada pelo youkai, príncipe das flores. Amargo como o cheiro que sentia. Salgado quanto a melancolia, angústia e lágrimas. No espaço luminoso que ardia os olhos, Kikyou lhe estendia a mão.

Não tinha sido a primeira vez que era oferecido a ele a ideia de morrer com ela. A ideia parecia tentadora na primeira vez que a reencontrou, mas não o suficiente para fazê-lo seguir até o fim, por causa de Kagome. Agora menos ainda.

A culpa de fato o consumia, sempre iria e teria que passar a conviver com ela. Tinha falhado novamente, não a tinha encontrado, o que sabia é que havia sido atacada pelo Naraku e poderia ser o seu fim definitivo.

A tragédia os ligava fortemente e faziam esquecer os sentimentos bons quando pretendiam construir um futuro. Ela não tinha futuro e parecia injusto para ele poder ter um. Kikyou também achava e ele sabia. Estaria errada, Kikyou, por achar isso? Por lhe odiar por essas razões?

Ela era tão jovem e tudo foi lhe tirado, não teve seu tempo.

Teriam uma vida unidos. Estava disposto a se tornar humano e viverem num vilarejo como pessoas comuns. Ambos se livrariam dos grandes conflitos de suas vidas; Ele não precisaria se preocupar mais em não pertencer a lugar algum, no momento em que abriria mão do seu lado youkai, ser um hanyou, ser naturalmente rejeitado, não seria mais uma preocupação. E ela não seria mais escrava de suas obrigações de miko protetora da joia de quatro almas.

Pensar em algo assim agora parecia loucura, ingenuidade demais de ambos. Não era à toa que não se reconheciam mais. Não eram mais os jovens de antes, o trauma que o separou e interrompeu suas vidas marcou suas mudanças e não era mais possível voltar atrás.

Seria melhor seguir em frente dada as circunstâncias e ele o estava fazendo com Kagome. Ao lado dela, sua vida teve um novo significado, os sentimentos que desenvolveu com ela foram além; a confiança, a segurança, carinho, respeito, cumplicidade e amor.

Amor não é instantâneo, se constrói. Sua mão costumava a dizer.

Quando estava a construiu com Kikyou uma relação, a se conhecerem, se entenderem individualmente e um ao outro, amadurecerem em seus objetivos e moldando ainda a confiança, varreram esse tempo deles.

Naraku se aproveitou do que não está estável ainda, suas inseguranças em si mesmos e de um no outro. Jogando com suas emoções. Caso fosse só um relacionamento dando errado, seria tão mais fácil seguir em frente para ambos…

Se ela não tivesse que perder sua vida ali, o peso em seus ombros não os levaria para baixo. Entretanto, na situação atual, Kikyou não era mais a mesma. Sua falta de confiança nos demais cresceu e seu pessimismo. Nem conseguiu cumprir a função de proteger a joia, que odiou e desejou se livrar por tantos anos. Shiko na tama voltou em Kagome, se aproveitando de seu desejo inconsciente de querer voltar a vê-lo novamente.

A deixava infeliz.

O deixava infeliz.

Amava Kagome de outra maneira. Ambas podiam ter a mesma alma, porém até suas essências pareciam diferentes. Era feliz por tê-la conhecido, por Kagome existir. Só que esse encontro só ocorreu pelo seu fracasso com Kikyou.

Com Kagome fez amigos. Não importava onde estivesse, se estava com ela se sentia em casa. Se ela fosse só uma humana de vilarejo comum, poderia a manter segura dos youkais? Certamente o tentaria. Sem a joia poderiam estar juntos, por ela se apaixonaria independente, se casariam numa facilidade…

Dariam um jeito.

Seria um amor não marcado pelos seus erros do passado, sobre o destino ceifado de alguém que amou. E ela não precisaria se afastar das demais pessoas em sua vida.

Mas não era assim.

Ela vinha de uma outra Era, tão mais segura…

Infelizmente, sem shiko na tama, não haveria Kagome.

Qual é o sentido de um mundo sem Kagome?

Se Kikyou não o tivesse conhecido, talvez poderia estar viva, Naraku não poderia fazer jogos com ela, se seu coração não estivesse carregado de dúvidas.

Não desejava que a história se repetisse com Kagome. Não poderia fracassar com ela.

Nem foi naquela Era que ela nasceu, não era sua responsabilidade estar ali, não era justo ela morrer ali.

Kagome… Kagome…, pensava ouvindo a voz dela lhe chamar aos berros de algum lugar.

Despertou finalmente quando suas narinas detectaram o cheiro característico do sangue dela. A ilusão da amargura de sua vida, de um escapismo seguro, onde sua consciência poderia facilmente descasar, se desfez ao notar que Kagome poderia estar correndo em perigo.

Se soltou das raízes espinhosas sobrenaturais presas em sua carne, consumindo seu sangue, ouvindo o youkai pálido Kaou-sama:

— A dor que você sente é maior e mais saborosa que a dele. — O príncipe das flores disse a Kagome.

InuYasha cortou usando suas afiadas garras as raízes enfraquecidas pelas flechas purificadoras. Sacou sua Tessaiga e destruiu a barreira do youkai que tentava fugir. Numa luta árdua, conseguiu o destruir, num trabalho em dupla.

As pessoas envelhecidas por terem sido drenadas pelo youkai, voltavam ao normal, ao passo que as flores demoníacas se dissipavam.

O lugar perdia o cheiro amargo e salgado da melancolia e sangue.

As palavras do youkai prosseguiam ecoando na cabeça de InuYasha.

Quando deu por si, Kagome pegou um lenço e delicadamente enxugou os rastros das lágrimas de sangue que o youkai lhe causou. Ela lhe tratava com tanto esmero, que nem parecia que InuYasha era um hanyou guerreiro, e sim feito de porcelana.

Tendo as orelhas caninas baixas, disse a ela:

— Me desculpe, Kagome. Não só por agora, mas por todo esse tempo sem levar seus sentimentos em consideração. Fui egoísta.

— Não seja idiota, não é pra tanto. — Ela tentava aliviar a tensão dele com um pequeno sorriso.

— É pra tanto. Sabe disso…, maldição — disse frustrado consigo mesmo, olhando suavemente nos olhos azuis dela.

Kagome ficou sem jeito e desviou o olhar.

Ele estava certo.

Não era justo com ela a situação em que estavam. Só não conseguia relevar como se sentia, pois era tudo atípico e injusto demais com todos os envolvidos.

Ela sentia empatia por InuYasha e pela Kikyou também. Por isso engolia seus sentimentos negativos de inseguranças e ciúmes, tomava atitudes que lhe machucavam, porque achava que era o correto a se fazer.

Não seria fácil para InuYasha seguir, não seria certo deixar Kikyou para trás assim, como se não fosse nada depois de tudo que eles passaram, da tragédia, depois da vida dela ser interrompida daquela maneira.

Só que sabia que ansiava tanto que isso ocorresse, lhe frustrava a demora, se sentia deixada de lado. Desejava estar ali ao lado dele, o amando.

Não era o correto, mas como evitar que ele deixasse Kikyou de vez para o passado o quanto antes possível e vivesse esse futuro com ela? Um futuro um tanto incerto que ambos sabiam. Não era certo, porém chegava a desejar que Kikyou sumisse.

Kikyou não pertencia a aquele plano, porém Kagome não pertencia a aquela Era.

Se martirizava por seus ciúmes, mesmo que fossem justificáveis. Tinha dito outra vez que ele fosse atrás dela. Ambos sabiam que Kikyou corria perigo. Kagome sabia como seria horrível para ele a perder novamente sem ter feito nada para evitar. Tentando não se arrepender logo em seguida quando ele foi. Suprimindo seu medo, ansiedade e inquietação.

Kagome a encontrou primeiro, a salvou e o tranquilizou sobre isso.

De novo, repetiu, ainda chateada:

— Você irá atrás dela? — Engoliu em seco ao notar que usou um tom de irritação. Não podia evitar e nem o encarava.

Entretanto, dessa vez ele não fugia o olhar. Geralmente ele fugia quando Kikyou era o assunto, e ficava olhando para o chão num semblante dolorido.

Dessa vez ele procurar a encarar, mesmo que ela tentasse fugir, tendo uma expressão séria e decidida. Ele estava levando a sério o que tinha acabado de lhe dizer.

Diferente de si, ele sempre parecia ser tão transparente…

— Você a salvou, não foi?

— Sim…

— Então não tem porque eu ir — disse firme, assegurando Kagome como deveria ter feito a muito tempo, como seus amigos viviam a comentar.

InuYasha não engolia nada, era um rapaz simples. O que pensava, dizia. E procurava tentar entender o que se passava na cabeça da Kagome, querendo a mesma claridade, pois a complexidade de sentimentos não era o forte do hanyou.

Ela se esquivava. Era como briga de gato e rato, Kagome sempre tentando esconder pela vergonha.

Não era uma situação como nos filmes românticos que assistiu com suas amigas e até com o Houjo, triângulos amorosos mais simples. Ela estava ali porque Kikyou morreu. Estava para não permitir que Naraku destrua mais vidas, e estava amando InuYasha sabendo que era amada também. Porém ainda não era o suficiente para ambos.

Só que Kagome se esquecia, em por tanta pressão em si mesma, que ela não era diferente das jovens colegiais que tinham vida comum iguais aos filmes, tendo sentimentos comuns. Não, ela os enterrava, estando naquela confusão que não entrou por vontade, mas decidiu ficar por decisão própria.

Estar ali não tinha sido sua decisão, mas amá-lo e estar ao lado dele era, era o que queria.

Aquelas flores fizeram toda aquela dor ficar bem óbvia ao ponto que dessa vez se tornava mais difícil de fingir que não estava lá. Kagome só quis voltar para sua Era, para pensar, e dessa vez não houve discussão. InuYasha compreendeu e a levou ao poço.

— Em três dias eu volto — disse olhando para o fundo do poço-come-ossos, sentada na beirada, balançando as pernas alvas.

Ele maneou a cabeça. Não resmungou, só ficou lhe olhando, a prendendo em seu olhar dourado.

— Senão eu irei atrás de você.

Kagome deu um sorriso. Ele estava se comportando tão estranho… era bom ouvir algo comum, era bem a cara dele.

— Eu sei que vai, InuYasha. — Acenou e pulou para o céu do mundo moderno.

Contínua…


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