O fio vermelho através do poço escrita por Agome chan


Capítulo 3
Insegurança




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Ao abrir seus olhos azuis olhou para o céu noturno com intenso brilho das estrelas. Não era o típico céu que poderia ver de sua casa, afinal a cidade de Tóquio possuía diversas luzes, muitas. Mesmo vivendo no templo que lhe dava uma possibilidade maior de visão não era o mesmo céu, a mesma beleza, que na Era feudal.

Esse belo céu reconhecia, era lá.

O cheiro de mata e a brisa fresca contra seu rosto. Se levantou, notando que estava deitada na grama.

Reparou que só havia estrelas no céu, era o primeiro dia do mês no calendário lunar, ou seja, não havia lua.

Olhando para seu lado lá estava InuYasha.

Perdeu o fôlego quando os olhos negros dele lhe fitaram tão intensamente. Quanto tempo fazia que não o via humano?

Seus longos cabelos negros e sedosos, seu rosto de expressão mais suave. Levemente mais suave em comparação a sua mirada como hanyou, cautelosa, ofensiva e predadora. Ali não. Deixava em mais evidencia sua melancolia.

Mas como poderia ser diferente? Era o dia que ele se sentia mais desconfortável, a noite que preferia fingir que não acontecia e que ficava ainda mais recluso. Até conhecer Kagome. Desde então não era mais uma necessidade e tal segredo mortal foi revelado, era o preço a se pagar pelas as amizades que constituiu graças a ela e para tê-la consigo. Um pequeno preço a se pagar pensando bem.

Por isso era tão difícil, lembrando-se de tudo, não a tendo ali.

Sentia falta de tudo, até dela lhe gritar “senta” o que era ridículo, mas era a verdade. Então deitado na grama, o céu sob si, tentando se lembrar onde de fato caiu no sono. Não se lembrava de ter saído sozinho, mas suas lembranças estavam confusas. O que não estava era Kagome diante de si. A olhava atentamente. Seus sentidos não eram aguçados e mesmo assim era ainda mais… difícil definir, sentir, compreender.

O que sabia era como ela parecia adorável e atraente deitada de lado. Suas pernas expostas pela saia verde, sua pele sedosa em uma pose sedutora como um convite. Era aquele uniforme comum que ela não usava mais, mas ali Kagome se via vestida com ele.

Sentiu as maças do seu rosto queimarem quando ele se aproximou, ainda mais quando a puxou para si, a envolvendo em seu braço, afundando o rosto na curva do pescoço dela. Precisava de contato e se aproximar mais e mais. Tinha aquele doce aroma, seus sentidos não permitiam sentir de longe e a saudade muito menos.

No braços os corpos giraram e ele ficou sobre ela. Afastou para contempla-la, que colocou uma mecha do cabelo negro de InuYasha atrás da orelha humana dele. Nada deveria ficar no caminho daquela troca de olhares pressuposta ao beijo que selaram.

Um beijo lento, delicado, amoroso, ambos completamente entregues a situação. Uma das palmas da mão dele estava esparramada na perna dela, a trazendo mais contra si, enquanto a outra mão descia acariciando suas macias coxas.

Entre suspiros ela o trazia para si segurando com força pelos cabelos da nuca, ao mesmo tempo que abria o haori vermelho com a outra mão. Precisavam de mais contato, o pouco não era o suficiente.

Era como se os troques liberassem recordações, seus corpos também possuíam memórias do que viveram e era uma tortura esmagadora.

Disse, mais por ser uma forma de dizer:

— Isso parece um sonho.

— Deve ser um. — ele lhe respondeu.

Era um.

Estavam no espaço do sonho de ambos para ficarem juntos. Prosseguia sendo nada além de ilusão aterradora.

Tão diferente daquela vez que esteve com ele humano assim:

Naraku ainda estava vivo, a busca dos fragmentos ainda era necessária, mas era a pausa necessária que Kagome teve que fazer e voltar para sua era, lembrando-se que era primeiro dia do mês quando foram para lá juntos.

Mas nada disso importava quando cruzavam o poço.

Era quando podiam ficar sozinhos, como no começo daquela aventura.

Ele dormia em sua cama naquela noite sem lua e ela tinha já estudado. Ficava admirado como ele estava tranquilo ali, os dois juntos na cama a noite. Estava feliz e vermelha no escuro notando como eram um casal agindo como um finalmente.

Tentou se levantar, sair das cobertas se desvencilhando com cuidado do braço dele por cima de si, porém por mais que se movia, ele não se mexia. Tentava e tentava e nada de ser liberada.

Emburrada encarou o rosto do hanyou, que naquele momento era um rapaz belo e humano, que tinha a cara contra o travesseiro para conter o riso.

— Não vejo graça. — Ela tentava manter sua pose, mas não dava.

Quando ele a puxou para a abraçar mais apertado, reclamando para Kagome parar de se mexer, que estava frio, riu com as mordidas que ele lhe dava no ombro desnudo. Usava camisola de alças.

InuYasha sabia que onde quer que estivesse com Kagome se seria em casa, mas… ela tinha uma de fato, impregnada com o cheiro dela. Uma família que se preocupava e a amava, uma vida tranquila e mais segura, ainda mais para ela que era muito mais forte e por isso capaz de viver na era feudal, de sobreviver. Mas era tão difícil… sobreviver lá…

Valia a pena?

Podia ter um orgulhoso com sua habilidade, mas no fundo ainda tinha insegurança e medo.

Não foi capaz de proteger Kikyou, como seria para proteger Kagome? Não conseguia imaginar se algo acontecesse com ela. Por isso decidiu deixa-la lá, ao que poço ouviu. Ouviu o medo aterrador no seu coração.

Era melhor sofrer sabendo que ela estava bem e seguiria a vida, pensava. Porque a amava demais, chegava lhe doía a saudade, queria vê-la. Um paradoxo, a queria num lugar que ele não poderia viver, era melhor, mas a queria consigo todos os dias. Era sufocante e se sentia miserável.

Beijando em seus braços ela agarra seu tronco desnudo, envolvendo seu quadril pelas pernas como se a vida dependesse disso, tocando os lábios, lágrimas escapavam dos olhos de ambos.

Kagome suspirava o desejo de estar com ele ali novamente, segurando o rosto de InuYasha entre suas macias mãos. Os olhos turvos dele estavam mergulhados em dúvidas e tristezas.

— Mas não é seguro… — disse ele num fio de voz.

— Eu sei me cuidar. — enquanto o tom de voz dela era firme.

— Eu sei…

— Sabe mesmo?

A parte racional dele sabia, confiava demais na capacidade dela. Porém o medo existia, e mesmo com a morte de Naraku, o medo não se foi, infelizmente ainda o consumia e alimentava o poço-come-ossos.

O poço respondia a deixando segura. Tirava a energia dos pequenos encontros ilusórios entre os dois, nunca se abrindo por completo.


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