MIB - Homens de Preto: A Síndrome da Nação Humana escrita por Agente F


Capítulo 2
De Volta à MIB




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Ao retornarem à agência, J e L passam pelo corredor da recepção. O porteiro está sentado, tranquilamente lendo seu jornal.

— Vocês formam um belo casal.

J olha para L. Os dois sorriem.

— Obrigado. – responde J ao porteiro.

Eles entram no elevador. J aperta o botão do andar desejado. Enquanto esperam, parados um ao lado outro, eles se olham.

— O termo “casal” soa melhor do que “dupla”. – comenta L.

— Sim. Foi exatamente o que eu pensei. – diz J.

L parece ficar confusa por um momento.

— Uau! – diz L, quase sussurrando.

— O que foi? – pergunta J, se inclinando até ela.

— Tive uma sensação de dejá vu. – diz L.

J olha para o infinito durante algum tempo.

— Sei. Você já disse ter sentido isso uma vez. – lembra J.

— Sério? Quando?

— Na vez em que nos conhecemos.

L fica um pouco pensativa.

— Lembro de eu também ter sentido um pouco. – acrescenta J.

— Interessante. O que estávamos fazendo?

— Examinando o tal corpo mecatrônico de que lhe falei.

— Ah. Que incomum!

— Costuma sentir isso com muita frequência? – pergunta J.

— Acho que só quando estou com você.

— Estranho. O que te levou exatamente a sentir esse dejá vu?

— Sei lá. O fato de eu estar falando com você, e você dizer que pensou exatamente no que eu estava pensando.

J fica pensativo.

— Será que isso tem a ver com...? – indaga J.

As portas do lado oposto do elevador se abrem, revelando o secreto salão principal da MIB. J e L viram-se a 180 graus, dão um passo à frente e começam a descer no elevador interno da MIB.

J ainda está aturdido com os dejá vus de L.

— Você ia dizendo...? – pergunta L.

— ... Com o fato de ter sido neuralizada?

L simplesmente lança um olhar para J.

Vários agentes passam por eles, cumprimentando-os. J e L os cumprimentam, com certa distração. L lança um olhar perdido à frente enquanto caminha, e J fica fitando-a, como que querendo entender a situação.

Um bangloriano gigante atravessa o corredor bem à frente de L. J segura-a pelos ombros, afastando-a da direção do alien. Eles prosseguem.

— Quando você falou sobre o dejá vu pela primeira vez, você disse que teve a sensação de já ter me visto antes. – lembra J.

— Bem, nesse caso, se você também sentiu, era porque também se lembrou de já ter me visto antes.

— Provavelmente. – considera J.

Ao centro do salão, Zed examina algumas papeladas. Após retirar de uma gaveta um carimbo e pressioná-lo sobre vários dos papéis, ofega. Em seguida, volta-se para os Gêmeos, os alienígenas escrivães e detectores de mensagens de idiomas e dialetos extraterrenos.

— Arquivo 225. Indeferido. Pedido de naturalização de residente kelvoniano na Terra negado. Apesar da morfologia humana, seu organismo possui algumas propriedades fisiológicas ainda dependentes de estudos mais aprofundados, para que possa ser considerado um humano. Suas aptidões neurais e suas faculdades cognitivas o tornam apto a ser submetido aos exames médicos pretendidos, baseados no organismo humano. Pela falta de precedentes criminais, poderá também residir em solo terráqueo o tempo que desejar. – analisa Zed.

Os Gêmeos respondem com barulhinhos incompreensíveis por humanos leigos em linguística blopiniana.

— O quê? Já terminaram de escrever? – surpreende-se Zed.

Os Gêmeos assentem.

Zed dá risinhos discretos.

— Vocês são mesmo de outro planeta. Efetivar documento, senhores. Por ora, é só. Descansem um pouco. Próximo turno dentro de cinco horas.

Os Gêmeos assentem. Eles simplesmente recuam seus braços e seu canal ocular para dentro do corpo, para ficarem em estado de sono.

Os Vermes – os seres magrelos amarelados que parecem minhocas ambulantes com membros - vêm até Zed, oferecendo-lhe mais café.

— Não, obrigado. Já chega por hoje, senhores. Se eu tomar só mais um gole desses estimulantes, acabarei tendo um lapso. Tirarei um pequeno cochilo.

J e L chegam até Zed.

— E aí, Zed? – cumprimenta J.

— Trabalhando até essa hora, chefe? – pergunta L.

— Opa. Que bom que já voltaram! Sim, mas já estou indo. Vocês também estão dispensados para descansar.

Zed se despede deles.

J olha para L.

— Cafeteria? – sugere J.

— Claro. – diz L.

Eles vão até a cafeteria. Os Vermes – ou Minhocas – estão se deleitando em café, como sempre.

— Ei, não esqueçam que precisamos mais disso aí do que vocês! Somos nós que temos que ficar acordados! – diz J.

As minhocas pronunciam palavras ininteligíveis, em seu próprio idioma. Só dá para entender que estão resmungando.

J serve-se de café. As minhocas servem café a L, derretendo-se por ela; suas anteninhas chegam a cair enquanto contemplam a beleza da moça.

— Aqui está, agente L! - dizem as Minhocas.

— Obrigada, Minhocas. - responde L.

— Ela nem é da mesma raça que vocês! – resmunga J às Minhocas.

Enquanto mexem a dose de açúcar no café, continuam a conversa que estavam tendo.

— Considerando que nós não éramos próximos um do outro, o fato de nós dois termos sentido o dejá vu ao mesmo tempo, quando nos conhecemos, pode indicar que o dejá vu está mais associado a nós do que à circunstância em que estávamos. – diz L.

— Estou entendendo. – diz J.

— O que indica que nós dois fomos neuralizados. E provavelmente já havíamos nos visto antes do necrotério.

— Caramba! – exclama J.

As Minhocas conversam entre si em seu dialeto, em um tom meio alto.

— Será que dá pra vocês falarem um pouco mais baixo? – reclama J.

— Acho que vão ficar aqui por mais um tempo. Mais café pra eles, por favor! – diz uma Minhoca a uma outra, já falando inglês.

A minhoca serve J e L.

— Obrigado.

— Obrigada.

— E quem nos neuralizou? - continua J, para L.

— Provavelmente a mesma pessoa. K.

J suspira.

— K! É claro! – diz J.

— Ele sempre dá um jeito de aparecer em nossas conversas. – ironiza L.

Os dois ficam pensativos durante algum tempo.

— E em que circunstância será que nos conhecemos? – indaga J.

— Não faço a menor ideia. Bem, seja o que for, não importa mais agora.

J e L terminam de tomar o café.

— Bom, melhor irmos pros nossos dormitórios. Trabalhamos até muito tarde hoje. - diz L.

— Tem razão.

J e L viram-se para as Minhocas.

— Se cuidem, minhocas. – diz L.

— Veja se não acabam o estoque da agência, hein? – repreende J.

 

O casal de agentes pega o elevador rumo ao corredor de dormitórios. Ao entrarem no elevador, ficam em silêncio durante algum tempo. J coloca as mãos nos bolsos. Ele decide quebrar o silêncio em um momento, parecendo ter percebido algo enquanto estava pensativo.

— Bem, sobre K ter me deixado na mão naquele dia, veja pelo lado positivo, L. Se não tivesse sido assim, você não teria salvado nossa vida. E agora, não seria minha parceira. – diz J.

L olha para J.

— Tem razão. E isso é tão importante assim pra você? – pergunta L, com um olhar malicioso.

— Claro que é! Você é minha melhor amiga nesse mundo. Talvez a única! – diz J. - Agentes MIB não podem ter amigos, a não ser outros agentes MIB!

— Pois é. Sabe de uma coisa? K não chegou a me agradecer por ter salvado vocês!

J ri.

A porta do elevador abre, revelando o corredor de dormitórios. Cada um deles é identificado com uma letra na porta, referentes à inicial de cada agente. Eles são dispostos em ordem alfabética.

Por ironia do destino ou não, pela ordem alfabética, as letras J, K e L vêm em seguida uma da outra. Convenientemente, o dormitório de letra K fica, portanto, entre os dormitórios de letra J e L.

J pega as chaves para entrar no seu dormitório. L vai até mais um pouco à frente, fazendo o mesmo. Ela vira-se para J, e, com o olhar, aponta para o dormitório entre os deles.

— K. Sempre encontrando um jeito de aparecer entre nós. – brinca L, que sorri, em seguida.

J também sorri.

— Sabe, ser um Homem de Preto é muito solitário. Eu podia fazer companhia a você essa noite. Afinal, eu sou sua única amiga. Se bem que poderíamos ser mais do que apenas bons amigos. – diz L.

J olha para ela, abobalhado.

— Seria um prazer. Bem, digamos que agora você quer realmente “me mostrar uma coisa”, não é? – diz J.

L gargalha.

— Acho que sim. Está me achando muito... atirada?

— Na verdade, estou gostando.

L sorri.

— Mas tem a câmera do corredor. Para sermos discretos, aja naturalmente, e entre no seu dormitório. Eu tenho uma ideia.

J consente e entra.

Ele tranca a porta por dentro, e vai até sua cama. Ele senta-se na beirada dela, e fica ali, esperando. Depois de ofegar, um tanto assustado e um tanto animado, retira seus sapatos e suas meias. Depois, apoia as mãos sobre a cama, inclinando-se um pouco para trás, e olha para um dos lados. Ele assobia.

— O que será que L está fazendo?

Um feixe de laser atravessa a parede, fazendo um buraco circular nela. Uma mão aparece, chamando J.

Ele estranha, mas vai.

— L? Mas o que é isso?

J se locomove de cócoras para passar pelo buraco, e atravessa a parede para o dormitório de K.

L está sentada na beira da cama, tirando seus sapatos.

— Bom, usar o dormitório do K para que a gente possa ter um momento só nosso, com um pouco mais de privacidade, é a forma que encontrei de ser recompensada... indiretamente. – diz L, desprendendo o cabelo e começando a desabotoar seu terno.

J a admira.

— Claro. Você, como sempre, mais inteligente do que eu. – brinca J.

— Quer tomar as honras nesse favor... agente J? – brinca L.

— Pra que servem os parceiros, não é? – diz J.

Ele senta ao lado dela. Os dois se beijam.


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