Love Potion - Drastória escrita por Anne Leger


Capítulo 2
Astória




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Existem as merdas e existem as merdas ao cubo. Eu fiz uma merda ao cubo. Correção, Blásio fez. Mas, tecnicamente, fomos Dafne e eu. 

Eu sabia que havia a chance de dar fodidamente certo e a chance de dar errado, mas quão longe da margem de erro nós fomos para que Draco Malfoy bebesse minha poção do amor? 

Sim, eu sei que eu estava possivelmente desesperada quando achei o plano idiota uma ideia brilhante, mas agora estou o dobro do desespero enquanto Draco Malfoy diz que está apaixonado por mim. Ele é a ultima pessoa para quem eu daria “bom dia” na rua e como uma praga de Merlin ele aparece na minha festa e bebe o chá de seu amigo, aquele por quem estou apaixonada desde a infância. 

— Draco, você pod...

— Sem querer ser grosso, Dafne, mas... 

— Malfoy, o que deu em você? — Blásio olha para Malfoy, sua testa se franzindo, desde que ele acaba de voltar com uma xícara que não deveria ser dele, é óbvio que não pode perceber a declaração descabida de Draco, mas ele pode ver o pânico em nossos rostos e o sorriso idiota de Malfoy do qual só falta escorrer mel. 

Ouso dizer, a poção o deixou o vesgo, ele sequer se digna a olhar para Blásio quando responde com empolgação. 

— Estou apaixonado por Astória. Ela não é o ser mais perfeito de todo o universo mágico? 

Blásio fez uma careta. 

— Você veio para conversar com Daffy, não se lembra? 

Draco ainda olhava para mim com aquela expressão meio doente de amor, eu teria que correr para fazer uma contra poção. Mas sair agora só chamaria ainda mais atenção para a vergonha que eu me fiz passar. 

— Quem é Daffy? Eu preciso apenas de Astória, ela é a azeitona da minha empadinha. Ela é mortadela do meu pão e a ovo do meu sanduíche. 

Certo, foi nesse ponto que eu comecei a rir como uma imbecil. 

— Se você diz. – Blásio virou-se para Dafne que cobria a boca com a mão, se impedindo de rir, como a dama que ela era. – Você sabe se ele foi discretamente azarado? 

Draco bufou. 

— O que o faz pensar que para amar Astória eu precisaria ser azarado? 

Dafne respondeu, eu ainda estava rindo e pensando em como me tirar daquela saia justa. Eu fiz a poção no intuito de dar uma força na paixão de Blásio por mim, eu queria... Eu queria... Queria tanta coisa, mas aqui está o destino, rindo na minha cara. 

— Ah, bem, o fato de que sequer a conhecia até cinco minutos atrás? 

— Isso muda nada, eu a amo. Eu a amo Astória, casa-se comigo. 

E isso foi a deixa para Dafne rir, aquela risada com direito a um ronquinho no final e para eu pegar Draco pelo pulso, ele me seguiu basicamente abanando seu rabinho imaginário, enquanto todas as pessoas nos olhavam com curiosidade. 

Subimos até o quarto de hóspedes, como ele tagarelando frases de amor e ciúmes, dizendo o quanto eu sou bela. Tá, tá, isso até que ajudaria minha autoestima se ele não estivesse drogado. 

Quando a porta se fechou, ele se lançou sobre mim, beijando-me. Eu o empurrei, tateando pela minha varinha. 

— Petrificus Totalus. – e ele pendeu para o lado, resmungando meu nome. — Respire fundo, Astória, respire fundo. O que você vai fazer agora? — Ele parecia querer gritar então tomei o caminho mais racional no momento... quero dizer, quase. — Estupefaça.

Ele bateu contra a porta do meu guarda roupas. 

— Perdoe, Draco, mas foi para nossa segurança. Espero que você entenda. 

Ele não respondeu, desmaiado que estava. Apenas levitei o corpo dele para a cama, eu poderia esperar o efeito inicial passar, a quantidade era mínima, então talvez ele só precisasse de uma soneca. 

Respirei fundo, me sentando no chão. Maldita hora em que eu confiei no meu potencial, olha só onde meu potencial me trouxe. Tá de parabéns, trasgo. 

— Foi só um erro de percurso. Vai dar tudo certo agora, vejamos. — E claro, foi aí que eu tive a ideia mais estúpida de todas, se eu não podia fazer um anti soro imediatamente por não estar em posse dos ingredientes (Se tudo tivesse corrido como planejado agora eu estaria embolando num carpete macio com Blásio, na borda da lareira, dois apaixonados ah! Que romântico!) eu poderia muito bem roubar de sua memória uma coisinha ou outra. Esvaziei dois potinhos de perfumes e roubei os momentos em que ele bebe o chá e declara seu o amor e então o momento em que o petrifico e então estuporo. — Certo, Morgana, me ajude. Eu nunca pedi nada. 

Abro uma gaveta e então a esvazio, retiro o fundo falso que contém o feitiço proibido de extensão, mas o que o ministro não vê... Coloco os potinhos junto com um dos vidrinhos que contém os restos da poção do amor. Depois de por tudo em seu devido lugar, tranco a gaveta com magia e saio, deixando um Draco adormecido.

Sei que minha irmã deve ter se livrado da xícara do Malfoy e por Merlin, Morgana e Salazar que Blásio tenha acreditado ser um desatino do amigo. Como explicarei para ele. 

Sim, é isso! 

Não explicarei. Vou apenas sentar, respirar e tentar acalmar meu coração antes que um ataque de pânico me mate no auge de meus 22 anos. Sentada no chão do corredor estico as pernas, praticando meu exercício de respiração. Alguns acham bobo, mas os trouxas tem essa categoria de médicos, os terapeutas, que realmente ajudam. 

Os passos na escada quase me fazem arrumar a postura, mas eu conheço o ruído de saltos altos e finos batendo contra a madeira da minha escada. Dafne nunca se perguntou se era o suficiente para qualquer pessoa, ela sempre acreditou ser e por acreditar, era. Minha irmã tinha a aparência fútil e as vezes falava bobagens, mas ela tem isso a seu favor: Nenhum homem jamais a intimidou e ninguém a fez se encolher. Tipo assim, nunca. 

Ela colocava seus sapatos bonitos, sorria como uma adolescente boba e dobrava o mundo de acordo com sua vontade. 

Ah, sim, minha irmã mais velha é incrível, embora tenha ideias insanas. 

— Eu inventei alguma desculpa para Blásio e o enfeiticei para que ele fosse direto para casa, eu não poderia arriscar deixar ele juntar dois e dois. Eu disse que Malfoy estava brincando, que eu propus uma brincadeira e ele aceitou participar. Bem, eu adicionei que você era o alvo da pegadinha e por isso veio travar um  “duelo” com Malfoy. — Ela se agachou ao meu lado, de frente para o meu rosto. — Sei que você está surtando e assumo minha culpa, mas iremos dar um jeito nisso. Os outros convidados não parecem perceber o que está acontecendo, então apenas se recomponha. 

Isso também era o jeito de Dafne. Colocar as coisas em seu lugar, dar ordens. Ela era tão mandona, mas eu não iria questionar isso. 

— Eu mexi com a memória dele. – Disse para ela, muito baixo, ainda tremendo de medo. 

— Não seria de todo mal ele se esquecer o grande babaca que é. — Ela me fez um carinho no cabelo. — Agora ande, vamos lá pra baixo, precisamos fingir que tudo está bem. 


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Notas finais do capítulo

outros capítulos serão agendados para sair na segunda e sexta feira durante o mês de dezembro.



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