Love Potion - Drastória escrita por Anne Leger


Capítulo 10
[EXTRA] Make you mine - Astória




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Não é como se eu nunca tivesse imaginado meu casamento, mas a palavra chato nunca tinha entrado nas possibilidades, não até aquele momento em que eu estava morrendo aos poucos de tédio, sentada entre Narcisa e mamãe enquanto um desfile de flores me era apresentado. Draco havia ficado com a parte divertida. Ele só precisava entrar na igreja e dizer "sim". Aquele cretino sortudo e traidor, vive me deixando na mão quando mais necessito, por exemplo, agora mesmo ele está no aparamento, fazendo qualquer coisa enquanto Narcisa e mamãe falam sobre a linguagem das flores e o que rosas brancas poderiam fazer de diferente na decoração das mesas se usassem toalhas marfim. Eu só quero me casar com Draco, ponto final. É exatamente o que respondo quando me perguntam demais sobre coisas que não fazem diferença. Meu comentário mal humorado sempre gera uma onda de risinhos da minha família.

— Você disse para eles que podemos fugir para Escócia? Como naqueles romances antigos que você adora. - Ele ri contra a minha clavícula, numa noite em que estou particularmente irritada após o discurso ridículo de como Draco poderia, sim, ainda ser um prêmio deveras alto para qualquer outra mulher da alta sociedade sangue purista. Lucius adorava apontar em quantos níveis eu era errada para o seu filho, mas não é como se Draco se importasse com qualquer defeito além da minha constante amnesia em relação a deixar a toalha molhada em cima da cama. Empurro meu ombro pra cima, cutucando sua bochecha, meu braço tinha começado a formigar em algum momento e mesmo assim eu me recusava a pedir que ele se levantasse.

Eu estava certa sobre parecermos um casal apaixonado para as pessoas de fora do relacionamento, mas não acredito que grandes paixões sejam esquecidas, em alguma parte de mim ainda sou caída por Blásio, ainda deve haver alguma coisa, não sei onde está e quando passo tanto tempo assim com Draco não me importo sequer em tentar procurar. Tudo que existe quando estou com Draco é seu cheiro, o calor do seu abraço e tenho que admitir, é tão suave me apaixonar por esse homem todos os dias.

— Bom, não é como se você fosse mesmo fugir para casar, logo, não há um sentido de fazer uma ameaça que não vamos cumprir.

— Quem disse que não iremos? - Meu braço quase chora de alivio quando ele se move para cima de mim, apoiando-se nos próprios ante braços, tão bonito quando sorri assim, os cabelos loiros num ninho estranho causado pelos meus dedos. - Já disse, apenas me diga que estamos indo e nós iremos, não me importo com casamento grandioso ou uma festa, quero estar com você.

— Que clichê, Malfoy.

— Você deve mesmo saber do que está falando já que foi você quem nos colocou nesse romance, asteroide.

— Estou ouvindo um agradecimento? - Meu tom mais animado depois que ele morde minha bochecha, fazendo um som estranho assim que termina de falar. Suspiro e seguro seu rosto para dar um beijo decente no meu noivo. Ah, as dores e as delicias de pertencer a Draco Malfoy...

Porém, não sou a única que vive o dilema de dores e delicias. Ele escuta muita coisa sobre estar com a herdeira mais estranha do sagrado vinte oito. Sim, aquela merda racista que ainda rege e estrutura a alta sociedade bruxa, mesmo que a luta contra esse sistema esteja ganhando força, Draco já foi obrigado a engolir muita coisa e acho que ambos estamos só exaustos de pensar tanto antes de sairmos juntos. Na semana que antecedeu nosso casamento foi com toda a certeza a gota de água em nosso pote. Certo, talvez no meu pote, uma vez que Lucius organizou uma festa de noivado para Draco e eu.

Tinha sido arrastada por mamãe e tudo parecia tranquilo quando cheguei, bonito até. O cheiro de lavanda e alecrim encobria o do charuto que alguns homens fumavam, as mulheres estavam em suas máscaras multicor, vestidos de prata brilhante e uma gama de outras cores preenchiam o salão dourado pelas luzes baixas dos lustres de ouro. Deslumbrante, era a palavra. E eu não conhecia uma só pessoa além da minha família e meu noivo. O maior tributo ao seu rosto era que eu gastasse meu tempo babando naquele sorrisinho escondido na lateral da boca no lugar de correr minhas mãos pelo corpo. O baile não foi o problema, quase não dançar com ele também não foi um problema, afinal, me consolava que no final da noite era comigo que ele iria para casa.

Continuava dizendo que sempre que uma garota o arrastava para dançar era em mim que ele estava pensando e que tudo iria ficar bem, além disso, eu estava acostumada a ser ignorada por essas pessoas, não era grande coisa que o fizessem no meu noivado. Com esse pensamento viro mais uma taça de champanhe. Daffy sempre disse que as garotas Greengrass são de titânio e eu podia agir assim por toda a festa, então apenas seguro minha taça e a ergo num brinde quando o pai do meu namorado sorri para mim. Um sorriso automático me escapa quando sinto uma mão na base da minha coluna, por cima da renda azul do tecido.

— Não tive a oportunidade de dizer o quanto minha mulher está linda nesse vestido. - O sussurro me faz arrepiar e até me emociona um pouco, sou a mulher dele e ele me acha linda, apesar de todas as coisas e de imaginar que nunca chegaríamos aqui, estamos juntos. Só não vou dar o gostinho dele saber que me sinto feliz com o mínimo da sua atenção. - Não há uma mulher mais linda que você nessa sala.

Viro o rosto um pouquinho para encontrar seu olhar através do véu fino da minha fantasia, ele sorri e sei que ele sabe exatamente como fez minha noite melhor só em conseguir fugir da atenções de outras trinta mulheres para as quais Lucius ficava tentando empurrá-lo.

— Você não está mal para quem acabou de fugir de suas trinta possíveis noivas. - Provoco, me colocando acima da situação, seu rosto decai um pouquinho com meu sarcasmo e eu o beijo antes que ele comece a se desculpar por uma situação que não era culpa sua. - Estou brincando, você é o fugitivo mais bonito no salão. 
— Sempre fugindo até você, Tori. - Ele se inclina, o olhar tão derretido quanto mel, quentes como um abraço e vai me beijar, sei que vai me beijar de verdade, não um desses beijos educados e sem vida que acontecem quando estamos em público. - Fuja comigo, vamos para casa.

Balanço a cabeça, escondendo um sorriso, afinal, eu queria mesmo ir para a nossa casa e virar a noite tomando chocolate quente, lendo ou apenas existindo ao lado dele como todas as noites que passamos juntos desde que nos conhecemos. Ele segura a minha mão, dando um beijo na palma enluvada e então a coloca sobre seu peito ao mesmo tempo que escutamos um pigarro vindo do palco do quarteto de cordas. Lucius Malfoy em toda sua graça genocida e racista estava sobre o pequeno palanque, um vidrinho de cristal com um liquido madre perola muito conhecido meu em mãos.

— Senhoras e senhoras, esse é o momento pelo qual foram avisados para esperar e o motivo desta grandiosa festa estar acontecendo. - Sua voz soa presunçosa e a meu pulso martela nos meus ouvidos, a mão de Draco pressiona a minha mais forte contra seu peito, posso sentir seu

Decepção. Lucius tinha entornado o copo para Draco pela última vez e parece que apenas a própria cria do mau caratismo era incapaz de perceber isso.

— Venho me perguntando há meses como minha ilustre nora conseguiu chamar a atenção do meu amado e bem criado filho. Uma professora de estudo dos trouxas, vejam só, uma traidora do sangue, grosseira em todos os seus modos sociais, estava noiva do meu filho, mas é só até essa noite. Draco, querido, essa "dama" que agora se derrete em seus braços não só é a mulher errada para você como também é uma criminosa. - Minha voz se prende na garganta, as palavras se amontoam e eu sei que não vou gostar nada do que vem em seguida. - Nós, Malfoys, estamos desfazendo o compromisso entre nossa famílias e os Greengrass pela deslealdade de sua imprestável filha mais nova e a ardilosa artimanha de dar uma poção do amor ao meu filho.

— Não. - Draco arfa ao meu lado enquanto o pai sorri cheio de dentes para mim, um sorriso digno de um vencedor. - Não está dizendo isso... me diga que não.

— Aproveito esse momento para dar a contra poção ao meu filho e anunciar nosso novo compromisso com a casa dos Nightingale. Draco, querido, venha até aqui, prometo que você entenderá tudo assim que o efeito dessa coisa hedionda sair do seu sistema.

Ficamos em suspenso por um longo momento até que ele solta minha mão, seu olhos estão marejados como na manhã de natal, ela beija minha testa e dá um passo atrás.

— Vá embora.

— Draco, o quê?

— Nós vemos em casa, vá, por favor. - Foram suas últimas palavras para mim antes de caminhar para o palanque, a varinha em punho e o rosto se contorcendo da calma controlada para a fúria. - Seu canalha, desprezível, arrogante, desça dessa merda e cale a merda da sua boca sobre Astória agora mesmo.


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Notas finais do capítulo

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