Unstable companion escrita por Keyla Cardoso


Capítulo 5
Capitulo 04 - Descobrindo




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Capítulo 04 - Descobrindo.

Cinco dias. Era essa a quantidade de tempo que Bela estava sem falar com Jacob.

Sempre que ela ligava, Billy dizia que ele não podia conversar ou que ele não estava em casa... Agora a irritação estava começando a se sobrepor ao medo e ela acordou decidida a ir falar com seu melhor amigo.

Ela se levantou, pegou uma calça jeans e uma blusa de mangas compridas vermelha no guarda roupas e foi para o banheiro. Ela entrou no jato de água do chuveiro e suspirou com a sensação da água quente caindo em suas costas, ela lavou os cabelos com o shampoo de pêssego e depois passou o condicionador, que ajudou a desembaraçar os longos fios. Terminado o banho ela se enrolou na toalha e saiu do box do banheiro, parando no tapete para se secar, ela se vestiu rapidamente e correu até a pia para escovar os dentes e arrumar os cabelos.

 Ela terminou de se arrumar e saiu do banheiro, indo direto pra porta da frente da casa.

 –Hey Bella, bom dia. -Charlie disse observando a garota.

 –Hã, bom dia papai. -Ela disse se encaminhando para o homem sentado na bancada da cozinha.

 –Onde está indo com tanta pressa?

 –Reserva.

 –Jacob está melhor?

 –Segundo Billy, não, mas eu sei que ele está mentindo. Vou até lá pra, se for preciso, obrigar o Jacob a falar comigo. -Ela disse beijando a bochecha de Charlie. -Até mais tarde papai.

 Sem esperar uma resposta de seu pai, ela correu para sua caminhonete e se encaminhou para La Push, ela só sairia de lá depois de falar com ele.

 Ela parou o carro na frente da pequena casa de Billy e se encaminhou rapidamente para a porta, onde ela bateu e esperou. O barulho da cadeira de rodas se locomovendo no chão de madeira fez Bella ficar ansiosa.

 –Bella!? -Billy Black exclamou ao abrir a porta e dar de cara com a garota. -Jacob não está.

 –Eu espero. -Ela disse dando as costas para o homem e se sentando nos degraus da varanda.

 –Bella, você deveria ir embora, não é seguro ver Jacob agora.

 –Eu não vou Billy. Se você não me deixar entrar, eu me sentarei aqui, na sua varanda e só irei embora depois que falar com Jacob. -Bella insistiu virando a cabeça para o homem na porta.

 –Você sabe que eu não deixaria você ai né? Entre, já que você insiste tanto. -Billy disse dando passagem para ela entrar na casa. -Fique a vontade, Jacob vai demorar.

 –Podemos conversar enquanto ele não chega. -A garota se sentou no sofá de couro antigo. -Você diz que Jacob está mal para falar comigo, mas ele sai por ai tranquilamente.

 –Olha Bella, é mais complicado do que apenas uma doença, é algo que eu não tenho permissão para te falar.

 –Billy, Jacob é meu melhor amigo, o único amigo de verdade que eu tenho, a única pessoa que esteve ao meu lado quando eles se foram. Eu já perdi todos, eu não posso perder o Jacob também.

 –Olha Bells, eu sinto muito. Eu e o Charlie sempre fomos muito amigos e sempre fizemos muita questão da amizade de vocês, mas infelizmente isso não cabe mais a mim. -Billy disse e observou o rosto tristonho da garota em seu sofá.

 Ele sabia que seria difícil, mas ele tentaria convencer o conselho e Sam a deixar Jacob se reaproximar de Bella. Essa garota não aguentaria outra perda em sua vida.

 O barulho de risadas puxou os dois ocupantes da sala de seus pensamentos, as vozes estavam altas e graves, e Bella correu para a porta da casa, Billy ao seu lado.

 –Jacob... -A garota sussurrou surpresa, a última vez que ela tinha visto o garoto, os cabelos dele estavam longos e ele usava uma camiseta.

 As vozes pararam e os três rostos se viraram para ela, os corpos tensos e parados a poucos metros da porta onde ela estava.

 –O que você está fazendo aqui? -O garoto do meio falou olhando para Bella. Ela o conhecia, aquele era Sam Uley, ele estava lá quando ela foi encontrada na floresta.

 –Eu vim falar com Jacob. -Ela disse descendo os poucos degraus da varanda. -Você está bem para sair com eles, mas não está bem para me ver?

 Ela observou o garoto a poucos metros de distância, ele ainda era seu Jacob, mas ao mesmo tempo parecia uma pessoa totalmente diferente. Os cabelos curtos e a tatuagem no braço era parte de uma nova pessoa, uma pessoa que Bella não conhecia.

 Ela esperou que Jacob falasse com ela, que lhe explicasse o que estava acontecendo e o porque de toda aquela distância entre eles. Porém, o garoto não falou. Ele apenas a olhou com um olhar de culpa e correu para sua casa, deixando Bella para trás.

 –O que você fez com ele? -Ela direcionou sua raiva ao homem a sua frente. -Eu estou falando com você Sam, o que você fez com ele?

 –Isso não é da sua conta. -A voz grave de Paul chegou aos seus ouvidos.

 –Não é da minha conta? -Bella sussurrou exasperada. -Vocês me tiraram a única coisa que eu ainda tinha e você vem me fizer que não é da minha conta?

 –Isso mesmo Isabella. -Paul disse se aproximando da garota. -Assuntos da reserva devem ser tratados com moradores da reserva.

 –Jacob é meu amigo, um dos únicos eu não vou perde-lo.

 –Eu realmente não te entendo garota. -Paul soltou uma risada falsa. -Não sei se você notou, mas o Jacob está bem. Se ele não te procurou é por que ele não quer mais estar perto de você. -Ele podia ouvir o rosnado de Jacob dentro da casa, mas ele não se importou.

 –Não... Jacob não faria isso. Se ele quisesse se afastar ele falaria comigo, ele não é esse tipo de pessoa. -Ela disse firmemente para o homem a sua frente. -Ele se importa comigo, o suficiente para não fazer uma coisa dessa.

 –Tenha amor próprio Swan e pare de correr atrás de quem não está nem aí pra você. -Paul cuspiu as palavras contra a garota e a próxima coisa que ele sentiu foi a pequena e fria mão de Bella em sua bochecha.

 –Você nunca mais fale comigo assim Paul, nunca mais. -Ela disse olhando nos olhos negros e profundos do homem a sua frente. Paul tremia perigosamente, a mandíbula cerrada e os músculos tensos.

 –OK, chega. -Sam disse colocando a mão no ombro de Paul, que se acalmou e se afastou alguns passos de Bella.

 Os dois metamorfos ficaram em silêncio por alguns segundos e então Paul exclamou raivosamente.

 –Porra Jacob. -Ele gritou e correu para a casa do garoto.

 –O que acabou de acontecer? -Bella olhou para trás a tempo de ver a porta se fechando.

 –Vá para casa Bella, é o melhor que você tem a fazer agora. -Sam disse sem olhar para ela. -E desculpe Paul, ele não quis dizer tudo isso realmente.

 –Eu vou Sam, mas eu não vou desistir de descobrir o que aconteceu com o Jake. -Ela disse se afastando do homem.

 –Eu sei que não vai Bella. -Ele disse sorrindo enquanto a garota entrava na velha caminhonete.

 Sam observou Bella se afastar e se encaminhou para a casa, onde os dois garotos discutiam e Billy tentava os acalmar.

 Ω.Ω.Ω

 Bella chegou em sua casa e desembarcou do caminhão, sua mão estava dolorida do tapa que ela havia dado em Paul, mas ela sorriu ao se lembrar da expressão no rosto dele.

 Charlie já usava o uniforme do trabalho e a esperava na porta. Ele sorriu quando ela se aproximou e beijou sua bochecha.

 –Como foi na reserva Bells? -Ele questionou quando a garota se encaminhou para a cozinha e pegou uma maçã de cima da mesa.

 –Foi meio tenso, Jacob se recusou a falar comigo e eu bati em um dos seus novos amigos. -Ela disse encolhendo os ombros. -Ah papai, não me olhe assim. Ele disse coisas bem feias pra mim. -Bella exclamou ao ver a expressão no rosto do seu pai.

 –Bom, você não deve sair batendo nas pessoas só por que elas te disseram coisas horríveis minha filha. É para isso que existe o diálogo. –Charlie disse fazendo Bella revirar os olhos.

 –E impossível dialogar com o Paul papai.

 –Bom, mas esse não é o ponto. -Charlie disse olhando para o relógio em seu pulso. -Jacob me ligou e pediu para mim te passar um recado, o que eu acho totalmente estranho, já que você estava na reserva e ele não quis falar com você... Mas enfim, ele disse pra você se lembrar da primeira vez.

 –Me lembrar da primeira vez? -Ela disse franzindo as sobrancelhas.

 –Sim, ele disse com essas palavras: "Charlie, se desculpe com Bella por mim e diga pra ela se lembrar da primeira vez. Se ela conseguir se lembrar do primeiro dia, tudo ficará claro." -Charlie reproduziu as palavras para Bella.

 –Ele não disse o que isso significa? De que primeiro dia ele estava falando? -Ela exclamou olhando para os olhos castanhos de seu pai.

 –Eu realmente não faço a menor ideia. Ele apenas disse para você se lembrar. -Charlie encolheu os ombros e olhou novamente o relógio. -Eu preciso ir agora, não precisa me esperar acordada, depois do expediente eu e alguns colegas iremos até Port Angeles, assistir o jogo em um barzinho. Tem dinheiro para pizza perto do telefone, caso você não queira cozinhar.

 –Certo pai, não tenha um ótimo dia. -Ela disse beijando a bochecha de Charlie novamente.

 Depois que Charlie saiu, Bella subiu para o seu quarto e tirou alguns cadernos da mochila e se sentou em frente ao computador para fazer algumas pesquisas para a escola. Enquanto a máquina ligava, ela se pôs a pensar no conselho de Jacob, o que será que "se lembre do primeiro dia" queria dizer? Era pra ela se lembrar de seu primeiro dia em Forks ou de seu primeiro dia na nova escola? Haviam tantas opções de primeiro dia que Bella podia pensar, mas nenhuma dela envolvia Jacob, o que fazia seu conselho parecer ainda mais estranho...

 Depois que o computador ligou, Bella fez seus trabalhos e aproveitou para responder os emails de Renee que estavam acumulados a alguns poucos dias.

 Depois de terminar de usar o computador, Bella foi até a cozinha e preparou alguns sanduíches para o almoço, o conselho de Jacob ainda martelando em sua mente.

 Ela começou a tentar se lembrar de algo que faria algum sentido, mas tudo que passava por sua mente era sobre Edward ou a escola. Bella subiu para seu quarto novamente e se deitou, esperando que ali, alguma lembrança viesse a tona, ela adormeceu em poucos minutos. Um sono inquieto e com um sonho agitado.

 No sonho, ela estava sozinha na praia de La Push, o céu estava escuro e tempestuoso, indicando que uma tempestade estava se aproximando. Bella olhou para o mar revoltado e sentiu medo das ondas que se quebravam violentamente a poucos metros dela. Assustada, ela se pôs a correr, ela precisava se afastar do mar e da tempestade. Mas quanto mais ela corria, mais longe da saída da praia ela ficava. As ondas estavam cada vez mais perto e os trovões cada vez mais alto.

 Ela avistou uma figura sentada de costas, os longos e inconfundíveis cabelos balançando contra o vento. Ela sorriu e se aproximou, sentando ao lado do garoto que era seu melhor amigo. Jacob se virou pra ela e sorriu.

 –Hey Bells. -Ele disse enquanto tentava prender o cabelo. -Dia bonito hoje não?

 –Jake, o que está acontecendo? Eu quero ir embora, estou começando a ficar assustada. -Ela disse desviando o olhar do estonteante sorriso de seu amigo.

 –Ah, Bells... Você precisa se lembrar, lembre desse lugar, da nossa primeira vez aqui... -O garoto disse pegando a mão dela.

 –Jacob, isso não faz sentido... -Ela começou a dizer, mas foi interrompida pelos dedos de Jacob em seus lábios.

 –Você sabe Bella, sabe tudo o que está acontecendo, você precisa se lembrar... Está tudo guardado aqui. -Ele tocou a têmpora dela e se desfez em uma areia fina, que se misturou com a areia da praia.

 Quando a primeira gota de chuva caiu, Bella acordou assustada. Ela suspirou quando viu que estava em seu quarto, o sonho havia sido tão real e assustador, que ela havia se esquecido desse fato.

 Ela passou as mãos pelo rosto e amaldiçoou seu subconsciente, isso era claramente uma forma de tentar faze-la se lembrar do que quer que seja. Ela tentou reorganizar seus pensamentos e descobrir o que o sonho queria dizer. Primeiro ela estava sozinha na praia de La Push em um dia de tempestade e mar revolto, depois ela encontrou Jacob, que disse para ela se lembrar da primeira vez deles ali, na praia.

 Mas ela não podia se lembrar disso podia? Tinha acontecido tantos anos antes, quando eles ainda eram crianças, ele não esperava que ela lembrasse realmente... Talvez não fosse isso que ele queria afinal.

 Bella sentiu algo incomodando no fundo de sua mente, uma pequena lembrança tentando vir a tona... Ela focou nessa sensação e tentou puxar a memória de sua mente e pouco a pouco ela começou a vir.

 Ela e Jacob estavam sentados em um tronco caído na praia da reserva, os cabelos de Jacob roçavam em seu braço com o leve balançar do vento.

 Oh, eu não vou contar pra ninguém, eu só estou curiosa. -Ela disse sorrindo para ele, ela precisava saber dessas lendas.

 Ele sorriu de volta e levantou uma das sombrancelhas, sua voz ficou ainda mais rouca que antes.

 Você gosta de histórias assustadoras? -Ele perguntou obscuramente.

 Eu adoro. -Bella disse tentando parecer remotamente interessada.

 Você conhece alguma das nossas antigas histórias, sobre de onde viemos, os Quileutes, eu digo? -Ele começou.

 Na verdade não. -Bella admitiu.

 Bom, existem muitas lendas, algumas delas datam da época do dilúvio, supostamente, alguns dos nossos ancestrais Quileutes amarraram suas canoas nos topos das árvores mais altas da montanha pra se salvarem, como Noé fez com a Arca. -Ele sorriu pra mostrar o pouco crédito que ele dava a essas histórias. -Outra lenda diz que nós somos descendentes dos lobos- e que os lobos ainda são nossos irmãos. É contra a lei tribal matar eles. Então tem as lendas sobre Os Frios. - A voz dele ficou um pouco mais baixa.

 Os Frios? -Bella perguntou, realmente intrigada agora.

 Sim. Existem lendas sobre os frios como existem sobre os lobos, e algumas delas são muito mais recentes. De acordo com a lenda, o meu próprio tataravô conhecia alguns deles. Foi ele quem criou o tratado que os mantêm fora das nossas terras. -Ele revirou os olhos.

 —Seu tataravô? -Bella o encorajou a continuar contando.

 Ele era um líder tribal, como meu pai. Sabe, os frios são os inimígos naturais dos lobos- bem, não do lobo, mas os lobos que se transformam em homens, como os nossos ancestrais. Você os chamaria de lobisomens

 .—Lobisomens têm inimigos?

 —Só um. Entenda -Jacob continuou. -Os frios são tradicionalmente nossos inimigos. Mas esse grupo que veio para o nosso território na época do meu tataravô era diferente. Eles não caçavam do jeito que os outros caçavam- eles não representavam perigo para a nossa tribo. Então meu tataravô fez um trato com eles. Se eles prometessem ficar longe das nossas terras, nós não iriamos expor eles para os cara-pálida. -Ele piscou.

 —E o que eles são? -Bella finalmente perguntou. -O que são os frios?

 Ele sorriu obscuramente.

 Bebedores de sangue. -Ele respondeu com uma voz arrepiante.Vocês chamam eles de Vampiros.

 Então era isso! Bella pensou animada, ele queria que ela se lembrasse da primeira conversa deles na praia, a primeira vez que eles realmente conversaram depois que ela voltou a viver com Charlie.

 Mas ela não entendia o que isso ajudaria em sua reaproximação com Jacob. Ela repassou a conversa em sua mente, tentando se prender em alguns pontos importantes.

 Ela sabia que os frios, os vampiros eram reais... Mas seria possível que os lobos também fossem? Ela se lembrou das palavras de Paul: "Assuntos da reserva devem ser tratados com moradores da reserva".

 De repente tudo fazia sentido para Bella. Jacob e todos os seus novos amigos eram lobisomens. Por isso todo o segredo e mistério em volta deles. Eles não eram parte de uma gangue como Jacob pensava, eles eram os protetores de La Push. E eles protegiam a reserva da ameaça dos vampiros.

 Ela soltou uma risada e pegou o telefone em seu criado-mudo, ela discou o número da casa de Billy e esperou.

 –Alô? -A grave voz de Billy adentrou o ouvido de Bella.

 –Hey Billy, boa tarde. Eu liguei apenas para dizer que eu descobri, eu sei do segredo da reserva e dos garotos. Agradeça ao Jacob pela dica e diga que irei conversar com ele pela manhã. -Bella desligou o telefone sem esperar uma resposta de Billy, ela estava feliz de mais para dar explicações.

 Ela sabia de tudo e poderia ter seu melhor amigo de volta.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora... Eu estou passando por alguns problemas sérios que me bloquearam totalmente para escrever. Espero que tenham gostado do capitulo.



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