Choose Me. Love Me. escrita por Clementine


Capítulo 4
Antes que soubessem


Notas iniciais do capítulo

Olha quem apareceu por aqui com um capítulo curtinho depois de tanto tempo...

Não tenho vergonha nenhuma na minha cara mesmo!

Quem lê, me desculpe. Tomarei jeito e falo sério pq tenho um bônus de muitos nadas para fazer, então podem acreditar.

Boa leitura s2



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781157/chapter/4

 

Demorou para ser

 

— Senhorita Sidle?! - ele perguntou surpreso por ainda vê-la ali. Uma surpresa muito agradável.

Era sempre reconfortante quando pelo menos um dos alunos não saía correndo assim que desse. O cheiro era tão ruim assim? Ele nem se lembrava mais, depois de tantos anos naquela profissão temia ser incapaz de sentir o cheiro natural de um corpo humano quando não estivesse em decomposição. Mas assim como ele, curiosamente Sara também parecia não se importar. Grissom chegou a tempo de vê-la retirar a máscara que ele próprio havia distribuído aos alunos antes de entrarem na sala.

Demorou alguns segundos até Sara terminar a anotação que fazia em seu relatório, para só então voltar-se ao professor que a olhava do outro lado da maca onde estava o corpo que havia sido estudado naquela manhã.

— Tenho uma teoria! - seu entusiasmo era quase contagiante. Grissom achou engraçado.

— Você tem certeza disso?

Ele fazia aquela pergunta sempre que o primeiro aluno a ter uma teoria a expunha para a turma. Divertia-se com a mudança de postura do coitado da vez, ombros caídos e um quase pedido de desculpa por interromper a aula. Era como se todas as certezas que tinha até aquele momento evaporassem. Mas com Sara não foi assim, e ele sabia que não seria.

— Não posso validar uma teoria nessa circunstância, então... - disse guardando a caneta no bolso do jaleco, depois voltou a encará-lo. - Eu preciso de você.

Eu preciso de você Grissom ouviu a própria voz repetir a frase em sua cabeça como um gravador, mas não foi como algo que escutamos, foi mais como uma sensação. Aquela sensação que temos antes de algo realmente grande acontecer.

 Um presságio.

— Sou todo seu. - retribuiu em igual tom, e a viu sorrir despretensiosamente. - Como quer começar?

 Sara deu a volta na mesa e prostrou-se ao lado de Grissom, na mesma posição em que ele estava, com o tronco inclinado para frente e as mãos apoiadas na maca de alumínio. Seus braços quase se tocavam.

— O legista não conseguiu determinar o dia da morte. - porque estavam tão próximos agora falavam num tom baixo, quase íntimo.

— Já chegou à segunda parte do relatório?

— Helena foi encontrada nas montanhas. - disse ignorando a pergunta óbvia.

— Helena?! Temos um nome?

Sara olhou o cadáver louro por um segundo antes de responder.

— Helena é um bom nome para mim. - corou – Cadáver número 0127? -  perguntou após ler com atenção a etiqueta de controle que o corpo a sua frente tinha no pulso. - Ainda podemos ser empáticos. - concluiu ao perceber que não teria uma resposta.

Era notável o leve tom aborrecido na fala de Sara, mas Grissom achou melhor não falar nada. Ela tinha aquela coisa que ele achava ter perdido há algum tempo.

— Como eu estava dizendo, Helena, foi encontrada nas montanhas, mas no corpo dela foram encontradas mocas típicas de zonas urbanas.

— Moscas da família Muscidae.

— Correto. - Sara brincou como se validasse a informação. E continuou. - Segundo o marido - Grissom a olhou divertido. -  Não dei um nome ao marido. Preciso de um rosto, sou muito visual. - retribuiu a expressão descontraída. - Ele disse tê-la visto pela última vez numa quinta-feira, antes de viajar a trabalho. Mas os vizinhos ouviram uma discussão calorosa no sábado, quando ele alega ainda estar em viagem.

— Aonde você quer chegar?

— Bem, se conseguirmos determinar o dia da morte poderemos associar a presença do marido na cidade onde a vítima foi encontrada.

— Ou confirmar a versão do marido.

— É, claro. - deu de ombros. - Ainda não cheguei na apuração do depoimento dele.

— Mas como faremos isso.

— Determinar a data da morte? Suas amigas nos darão essa resposta. - apontou para trás por sobre o ombro, indicando o pote com moscas que estava sobre a mesa. Grissom não precisou olhar para saber, havia feito uma breve introdução sobre elas durante a aula.

— Pode ser mais específica, por favor?

—  Insetos atacam o cadáver numa certa ordem. Podemos determinar a data da morte com base na “idade” das mosca.

— Regressão linear. - disse muito satisfeito. - Como sabe sobre isso?

— Tenho insônia, às vezes.

— Isso é um problema. - disse pontual. - Por causa dela você acaba de adiantar a programação das minhas aulas em dois dias. - balançou a cabeça em negação, mas sorria.

— Nesse caso me alivia a fé de que não serei a única a chegar a essa conclusão. Você viu como saíram daqui eufóricos?

— Achei que só estivessem sedentos para respirarem outra vez.

— Podemos levar isso em consideração se você não estiver mesmo subestimando a sua aula. Já comeu qualquer coisa na cantina daqui? Temos imunidade adquirida a isso. – fez círculos com o dedo indicador para se referir a toda morbidade daquela sala.

— Bem, eu agradeço o sutil encorajamento em suas palavras, mas não posso deixar de apontar que esse é meu segundo planejamento que você interrompe hoje. E eu realmente estou com fome.

— Está quase fazendo eu me sentir culpada. – Grissom não disse nada, apenas ficou a encarando com aquele par de olhos azuis que podem parecer intimidadores se você olhar por muito tempo. Mas Sara não é de se impressionar facilmente, e sinceramente, ela entendeu a graça estampada neles. – Ok, - disse por fim não acreditando que iria concluir a frase. – vou te apresentar um lugar onde poderá fazer suas refeições decentemente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nome e começo do capítulo inspirados na música "demorou pra ser" do Vanguart

Até o próximo capítulo :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Choose Me. Love Me." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.