Avengers Assemble escrita por Gothic Princess


Capítulo 5
Mudando a História




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781074/chapter/5

2036

Complexo dos Vingadores, Nova York

Nate era bom lidando com pessoas, ou pelo menos era isso que seu perfil da SHIELD dizia. Ele era mais tímido que seus irmãos, mas era mais empático e podia ler os outros com mais facilidade. Por isso sabia que Samantha não era uma pessoa ruim, ela só havia passado por muita coisa. Ele queria ajudá-la e esperava que os outros cooperassem, já que não sabiam sobre tudo pelo que ela havia passado no tempo em que ficou presa.

Todos eles estavam exaustos quando o Sol começou a aparecer no horizonte, mas pelo menos estavam em um local seguro. Morgan havia ido direto para a cozinha pegar café, dizendo que estava sem combustível para funcionar, enquanto Lila foi preparar a sala de conferência para o interrogatório. Nate havia tentado convencê-los de que não seria necessário e que poderiam ter só uma conversa casual.

Ainda que Cooper prometesse que não iriam pressionar a jovem, ele tinha quase certeza de que sua irmã pegaria muito pesado. Haviam sido treinados para interrogar pessoas e descobrir até o último segredo que elas pudessem ter. Pensando que teriam um dia longo pela frente, ele sugeriu que pelo menos dessem algumas horas para Samantha antes que pudessem bombardeá-la com perguntas.

Nate acabou pedindo para Morgan deixá-la usar seu quarto no complexo para se sentir mais à vontade, e depois de beber uma caneca inteira de café, a Stark concordou.

— Regras sobre o meu quarto, — Morgan disse quando entraram na sala com janelas que ocupavam boa parte da parede, aparentemente bem organizado, como se ninguém entrasse ali há muito tempo. — Não toque em nada, não quebre nada, o que é fácil se entendeu a primeira regra. Sem tocar nos meus instrumentos e o mais importante, sem assistir kpop na minha TV.

Samantha parecia estar levando todas as regras à sério, enquanto o Barton só pulou em cima da cama e cruzou as pernas, olhando para a amiga.

— Por que está bebendo direto da cafeteira? — Nate questionou quando ela terminou.

— Porque sou uma morta-viva que precisa de cafeína porque preciso servir de guia turístico para um filhote de Capitão América — ela bebeu um gole da mesma e andou até o armário com portas automáticas ao lado da cama, voltando com uma camisa cinza do Metallica e uma calça de moletom preta. — Pode tomar um banho, vestir isso, mudar um pouco... Não que eu ache que precisa mudar algo. Você tá ótima, nem parece que estava na prisão... Parece ótima.

Nate arqueou uma sobrancelha olhando para alguns hematomas e para a expressão exausta de Samantha, pensando que ela parecia muitas coisas, menos ótima.

— Obrigada — Samantha pegou as roupas e se dirigiu até o banheiro, sua expressão neutra depois de ouvir tudo.

— "Você tá ótima, nem parece que estava na prisão" — Nate brincou assim que ouviu o chuveiro sendo ligado. — Elogio maneiro.

— Como se você fizesse melhor.

— De qualquer forma, valeu por ser legal com ela. Mesmo que tenha sido de um jeito estranho — ele nem tentou se esquivar quando ela pegou uma almofada do sofá ao lado de uma de suas guitarras e a lançou na cara do Barton. — Não estou te culpando, ela é bem bonita e forte e...

— Não foi nada disso! Não falo com pessoas novas com frequência, me dá uma folga, estou enferrujada. Mas não tem nada a ver com ela ser bonita e forte — Morgan bebeu mais de seu café e se sentou ao lado dele na cama.

Eles ficaram em silêncio por um tempo, Nate acabou indo pegar a guitarra vermelha dela e ficou tocando músicas suaves com a mesma.

— Peter, Sam e Bucky estão vindo. Eles vão querer saber a história completa — Morgan disse quando seu café acabou. — Se contarmos que ela é um clone do Steve, eles não vão deixar a Li e o Coop serem duros demais com ela. Mas não sabemos se ela sabe que é um clone. E eu não sei ela, mas eu me sentiria mal em descobrir que fui feita em um laboratório.

— Não temos certeza se ela é mesmo um clone, mas definitivamente fizeram algo com ela para que tivesse um DNA quase que completamente compatível com o do Rogers. Vamos manter isso só entre nós até termos certeza. Podemos dizer que ela é uma parente perdida do Capitão. Ele voltou no tempo, né? — Nate franziu o cenho, vendo Morgan dar de ombros.

— Só sei que em um dia eu o vi com trinta anos e no outro, estava brincando de empurrar a cadeira de rodas dele. Podemos inventar algo.

— Ok, você cuida da mentira, eu cuido de não deixar meus irmãos apertarem gatilhos que a façam ficar puta e querer nos matar de novo.

Eles batem os punhos cerrados como confirmação do plano.

Samantha saiu do banheiro vinte minutos depois com as roupas que ficavam grandes em Morgan e serviam perfeitamente na loira.

— Parece estar se sentindo melhor — Nate comentou, largando a guitarra sobre a cama e se aproximando junto com Morgan.

— Estou — Samantha então se virou para Morgan. — Gosta mais do look "fugitiva da prisão" ou ainda pareço ótima?

A Stark estreitou os olhos e encarou a expressão séria da outra por alguns segundos antes de notar o canto direito do lábio dela se curvando levemente para cima, de forma bem discreta. Nate também notou e precisou conter uma risada.

— Engraçadinha, mas na próxima não vou ser nem um pouco simpática já que não apreciam meus elogios.

— Enfim, não chegamos a nos apresentar. Sou Nate Barton, — ele estendeu a mão na direção dela. — O cara que você nocauteou ontem. Não estou chateado, pode ficar tranquila.

— Vou tentar não bater mais em pessoas sem saber quem elas realmente são — Samantha apertou a mão dele. — Você é filho do Gavião Arqueiro, Clint Barton.

O clima na sala passou de descontraído para tenso em segundos.

— Como sabe disso? — Nate perguntou, sabendo que soaria menos alarmado que a amiga.

— Eu sei muitas coisas sobre os Vingadores. Não sei o por quê, só sei.

— Isso é importante. Vamos encontrar os outros — a Stark andou com os dois bem atrás dela.

— E você? — Samantha perguntou e a morena olhou por cima do ombro para ela.

— Morgan... — ela nem precisou completar com seu sobrenome.

— Stark.

Isso fez Morgan parar abruptamente e virar-se para a loira.

— Como você...?

— Sua armadura.

Nate ficou parado no lugar enquanto elas se encararam pelo que pareceu tempo demais, porém foram apenas alguns segundos. Morgan tinha o maxilar trincado e o cenho franzido, seu corpo claramente dando sinais de estar na defensiva. Samantha parecia tensa também, porém ele notou que ela era naturalmente tensa a qualquer momento, e não porque via Morgan como uma ameaça.

O momento só foi quebrado quando ouviram a voz familiar vinda do final do corredor.

— Os Vingadores chegaram — N'Chaka anunciou, fazendo Morgan se virar para continuar seu caminho.

Quando chegaram à sala de reuniões, viram Bucky Barnes, Sam Wilson e Peter Parker de pé ao lado da mesa oval. Haviam alguns papéis sobre ela, provavelmente o que Cooper havia conseguido invadindo a sala de arquivos. Nate acompanhou Samantha até perto dos três, que a encaravam com o cenho levemente franzido, confusos.

— Essa é a garota — não foi uma pergunta, mas Sam ainda olhou para Lila esperando uma confirmação.

— A própria — a loira olhou para o irmão e Morgan. — Contamos para eles tudo o que aconteceu, ou pelo menos o que sabemos com certeza. O resto é com ela.

— Hum, oi! Eu me chamo Peter — o Vingador estendeu a mão para apertar a da jovem. — Nós sabemos que passou por muita coisa, então vamos tentar não invadir muito o seu espaço.

— Precisamos invadir todo o espaço que quisermos. Pelo que sabemos ela pode ser uma agente da Hydra — Lila lembrou, recebendo um olhar repreensor de Nate.

— Só precisamos saber o que ela estiver confortável falando. Depois, se julgarmos necessário, faremos outras perguntas — Bucky disse, tirando os olhos de Samantha pela primeira vez para olhar para os outros. — Pelo que soubemos, vocês tiveram uma noite difícil. Podem ir descansar, nós assumimos daqui.

Nate olhou para Samantha, que não parecia nervosa, o que o deixou um pouco mais tranquilo. Porém ainda tinha a sensação de que ela se sentiria melhor com ele ali. Não porque eram amigos, mas porque pelo menos já haviam conversado casualmente. E porque ele sabia que ela sabia que estavam ali para ajudar.

— Estou bem para ficar — Nate olhou para os amigos.

Lila não sairia dali até ter certeza de que Samantha não era uma ameaça, enquanto Cooper e N'Chaka pareciam curiosos para ouvirem o que ela tinha a dizer.

— Acabei de beber dois litros de café, não vou dormir tão cedo — Morgan comentou, dando de ombros quando recebeu um olhar de Peter. — Acho que todos vamos ouvir a história.

Bucky trocou olhares com Sam, que entendeu isso como um sinal para começarem.

A princípio, todos assumiram que ela estaria hesitante em compartilhar suas experiências, não apenas por não confiar neles, mas por não querer falar sobre eventos traumáticos. Se surpreenderam quando ela lhes contou absolutamente tudo o que conseguia se lembrar, desde conversas que ouviu quando pensavam que ela estava desacordada, até a frequência com que a injetavam com o soro misterioso.

— Ouvi eles dizerem mais de uma vez que eu era especial. Que eles tinham outros "projetos", mas que eu era o mais importante. Por isso não atiraram em mim quando fugi, não queriam me danificar.

— Estou com a impressão de que isso é mais sério do que só uma garota sendo usada de cobaia humana — Peter, agora sentado ao lado de Morgan, olhou para Sam e Bucky. — Vamos falar com a Maria e descobrir mais sobre essa agente Lacroix.

— E sobre aquela sede da SHIELD. Não acho que tenha sido obra de uma agente só — Sam olhou para os irmãos Barton, que assentiram com a cabeça. — Algo mais que devamos saber?

Todos perceberam quando Samantha olhou para Morgan, parecendo ponderar se deveria ou não falar. Nate teve a impressão de que ela estava esperando pela permissão da jovem Stark, o que não fazia muito sentido.

— Pode falar o que quiser, Sam — Nate assegurou, colocando uma mão no ombro dela.

— Eles sempre me mostravam tudo sobre os Vingadores. Artigos, reportagens, arquivos confidenciais da SHIELD... Eu precisava aprender e analisá-los, saber dizer seus pontos fortes e pontos fracos. Eles nunca me falaram o motivo para tudo isso, só queriam que eu aprendesse.

— Isso se chama análise de alvo. Muito comum em organizações que trabalham com assassinos treinados — Bucky esclareceu. — Isso pode significar que estava sendo treinada para vir atrás de nós.

— O que não me surpreenderia. Só não entendi como conseguiram fazer seu DNA ser tão semelhante ao do Steve — Sam estava com os cotovelos sobre a mesa, olhando para um ponto fixo na parede enquanto pensava.

Nate olhou para Morgan, que estava distraída digitando algo em seu celular, e tentou chamar sua atenção. Precisavam dizer logo a mentira antes que algum dos outros contassem sobre a história do clone. Antes que ele pudesse, no entanto, a voz de Samantha foi ouvida:

— Eles acham que sou um clone — ela apontou para o grupo. — Mas eu não acho que seja.

Bucky agora estava mais tenso, seu braço biônico escondido debaixo da mesa, o que não evitou que todos ouvissem seu punho se fechando.

— Esses desgraçados estão mexendo com o DNA do Steve e criando clones?

— Não sei sobre os outros, mas, como eu disse, não acho que seja um clone. Eu tenho a impressão de que eles usariam uma máquina em mim para apagar minhas memórias. Por que fariam isso com um clone? — o ponto de Samantha era válido, apesar de não parecer diminuir a raiva de Bucky.

— Você disse que seu nome era Samantha. Isso significa que se lembra de ter esse nome antes? — Nate se virou para ela, ignorando o fato de que apenas os Vingadores deveriam perguntar.

— Não me lembro de nomes, mas me lembro de sentir coisas. De sentir que alegria, que precisava proteger meus amigos e minha família... Os sentimentos sempre estiveram lá, só não consigo me lembrar de onde surgiram — ela encarou o Barton mais novo nos olhos, falando com firmeza. — Eu não sou um clone, e não sou uma assassina.

— Acredito nela — Morgan disse, surpreendendo a todos, já que havia ficado em seu celular durante toda a conversa. — Quando a encontramos no parque, ela estava assustada e nós não facilitamos muito. Não foi culpa dela, então acho que podemos concordar que todos exageramos e viver felizes para sempre.

— Eu concordo com a Mor. Ela é bem-vinda a ficar conosco se desejar — Peter sorriu para Samantha.

— Sei bem pelo que você passou e sinto muito. Ainda é jovem e não merecia isso, mas vamos encontrar os responsáveis e eles vão pagar pelo que fizeram — Bucky prometeu, encarando a jovem com certa melancolia no olhar, Nate notou. — Enquanto trabalhamos nisso, pode acreditar que vamos te manter segura.

— Agradeço pela ajuda, — ela olhou em volta. — De todos vocês.

— Não fizemos mais do que a nossa obrigação — N'Chaka disse, dando um leve sorriso para ela.

— Depois de ouvir tudo pelo que você passou, vou admitir que estou bem puta por não termos te encontrado antes — Lila surpreendeu ambos os seus irmãos com o comentário, já que ela era quem mais detestava a ideia de Samantha ficar com eles. — E você é durona. Deveria se orgulhar.

Nate queria abraçar sua irmã de tão feliz que ficou com as palavras dela. E, olhando para Samantha, percebeu que ela estava um pouco menos tensa do que antes, o que era um ótimo sinal.

— Antes de oficializarmos tudo isso, preciso te fazer uma pergunta muito importante — Sam disse, seu tom sério fazendo Bucky arquear uma sobrancelha. — Disse que não se lembra de nomes, então suponho que tenha escolhido o seu por conta própria, certo?

— Escolhi — ela respondeu e Nate, assim como Bucky, entendeu sobre o que era tudo aquilo. O Soldado Invernal já estava puxando o ar para soltar um longo suspiro.

— Tem algum motivo especial para ter escolhido esse nome?

— Sim. Enquanto estudava os Vingadores, acabei vendo muitas das coisas que você fez como Capitão América e suas ações me inspiraram muito. Também gostei bastante do seu apelido, então decidi que queria ser chamada de Samantha, ou Sam — ela explicou, não percebendo o quão impactantes suas palavras foram, pelo menos entre os dois heróis.

— Não me diga! Então quer dizer que escolheu esse nome especialmente por minha causa? Que coisa — Sam olhou para Bucky ao seu lado, lhe dando um leve empurrão com o ombro.

— Obrigado por dizer isso, ele nunca mais vai calar a boca — Bucky suspirou, se levantando.

— Não adianta chorar só porque a Lady América aqui me prefere como exemplo de herói — Sam conteve uma risada enquanto Bucky lhe mostrava o dedo do meio.

— Ela é fã do Capitão América, quem diria? — Cooper brincou, rindo.

— Já adoro ela, vamos nos dar muito bem, garota — Sam estendeu o punho fechado para a jovem, que imitou o gesto e deu um leve soco no dele.

— Bom, agora que está tudo esclarecido e evitamos que a Hydra tivesse outra assassina atrás de vocês, podemos ir? — Morgan se levantou, ainda digitando algo em seu celular.

— Achei que não estivesse cansada — Nate lembrou.

— Não estou, quero começar um novo projeto. Uma ideia que eu tive durante toda essa conversa — ela olhou para Samantha, lhe oferecendo um sorriso de canto. — Nossa Lady América vai precisar de um escudo se quiser andar com a gente, já que sempre nos metemos em confusão.

— Ah, isso eu quero ver! Podemos fazer usando vibranium também, ou melhor, algo com um novo formato — Peter já estava de pé, olhando por cima do ombro dela para o celular.

— Enquanto eles fazem seja lá o que isso for, gostaria de uma palavrinha com vocês três — Sam disse, alternando olhares entre os irmãos Barton.

Nate tinha uma ideia do que ele diria. Os três eram agentes da SHIELD, e por mais que fossem filhos de um ex Vingador, ainda precisavam tomar muito cuidado com quem conversavam lá dentro.

Lila e Cooper foram na frente e ele deu um último aceno de cabeça para Samantha, mostrando que estava tudo bem. E ele estava sendo sincero.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Avengers Assemble" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.