Contos de Eldora - Eu Quero Descansar escrita por Sofia Casanova


Capítulo 5
Capítulo 5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781007/chapter/5

No dia seguinte, a cidade amanheceu fedorenta.  O serviço de saneamento e esgoto estava rondando a região para saber o que estava acontecendo, se algum esgoto da cidade vizinha estourou e escoou pela cidade.

Nada.

 Sayuri disse que a coisa que deixara ela,Madison e Jimmy fedendo era guardiã dos ossos de Frederic Hamilton e que precisava ser queimado para que ele talvez morresse e descansasse em paz e o fedor  desaparecesse.

Apesar da seriedade com a qual o Museu lidava com o assunto, eles estavam espantados com o fato de ossos com o nome do famoso sr. Hamilton estivessem mantendo ele vivo. Era inacreditável, impossível e pavoroso.

No segundo dia, a cidade estava com neblina e fedendo mais. Sayuri estava decidida a fazer o serviço antes que todos morressem sufocados e ela se sentia culpada por isso. Levou pomada de cânfora e máscara médica para lidar com cheiro. Levou 2 garrafas de álcool, fósforos,e uma caixa de papelão caso desse errado e ela precisasse roubar os ossos.

Madison ligou a câmera assim que alcançaram o terreno e elas contaram tudo o que estava acontecendo, inclusive uma breve introdução do caso Frederic Hamilton , como Josui contara a elas. Depois, entraram pela cozinha e viram os ossos lá, intocáveis.

Elas falavam sussurrando para não acordar a coisa. Sayuri arrumou tudo do lado de fora da casa para que os ossos fossem queimados imediatamente: juntou as folhas secas dentro de um velho pote de barro, colocou papeis e folhas secas dentro para alimentar o fogo. Ela passou pomada de canfora no nariz, vestiu a máscara e entrou. Ela estava com medo e não queria que nada desse errado. Ela tinha certeza que a coisa não machucava fisicamente mas tinha medo que ela podia fazer, ainda assim. Sentiu o alívio da missão cumprida quando tocou nos ossos e pegou-os uma a um como um ladrão que furta com medo de ser pego. Quando pegou o crânio, o último osso restante, a coisa apareceu no mesmo lugar onde elas estiveram, onde assustou Jimmy.

Ele andou na direção dela e ela andou para trás, sem tirar os olhos dele. Madison estava imóvel.

— Madison, fala alguma coisa, distrai ele.

Sayuri correu com os ossos e Madison queria trazer a coisa para fora para filmar ela e os ossos sendo queimados. A coisa a seguiu, andando calmamente como que pressentindo que seria seu ultimo dia de trabalho como Guarda de Ossos.

Sayuri estava com as mãos trêmulas mas ainda assim, tentou manter- se racional e derrubou todo o pote de 500 ml de álcool na cumbuca. Madison virou a câmera para Sayuri mas manteve-se como barreira entre a coisa e  ela.

— Você tem licença para andar na terra? – disse Madison sem ideia alguma de como lidar com aquilo.

A coisa mostrou-se zangada e armou-se mas Madison tentou ganhar tempo.

— Espere! Ahn... não é nada pessoal...

— Continue falando.

Sayuri estava tentando manter o fogo aceso.

— Tem um homem inocente que está no hospital há anos por causa disso e é nosso dever libertá-lo então, não é nada pessoal, apenas corrigindo uma injustiça.

— Está dando certo. – disse Sayuri

— Espero que você não fique chateado por estarmos fazendo isso.

Elas ouviram 3 fortes estalos dos ossos queimados e a coisa deu seu último urro e desapareceu.

Eram 15:30 da tarde, quando elas anunciaram o fim de tudo. Madison não filmou a coisa mas o trabalho de Sayuri. No noticiário da noite foi dada a notícia que o idoso mais velhos de Westchester havia descansado após 6 anos em coma às 15:29hrs . A cidade compareceu ao velório e com o tempo, foi posto um monumento feito por Madison.

Os jornais entrevistaram Jimmy, Sayuri, Madison, o prefeito, o curador do museu e não demorou para que a cidade ficasse cheia de visitantes que peregrinavam do túmulo de Frederic até a casa onde tudo aconteceu.

Isto é que é ser Caçadoras de Fantasmas.

Eu acredito nesta história porque aconteceu uma bem parecida no Cinturão das Bruxas, onde minha mãe morou na infância. Havia uma mulher lá que sempre ficava doente mas nunca morria. Um dia, o filho foi ajeitar o telhado e quando pegou a sacola velha e jogou no chão, sem se importar com o que tinha, alguns ossos quebraram e ela morreu no exato momento que ele jogou os ossos no chão.

Vindo daquele bairro lá, acredito em tudo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Contos de Eldora - Eu Quero Descansar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.