E se eu não fosse israelense?

E se nossos caminhos não tivessem se cruzado no Cairo?

E se eu não tivesse salvado a sua vida?

E se o Ari não tivesse matado a Kate?

E se você não fosse a Diretora?

E se eu não tivesse matado o Ari?

E se meu pai não fosse tão... ele?

E se eu não tivesse cobrado o favor?

E se você não tivesse me colocado na equipe do Gibbs?

E se eu tivesse ouvido os meus instintos e convencido o Tony a ir atrás de você?

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Se tudo o que aconteceu não tivesse acontecido, bem, eu não teria uma amiga americana, para começar. Eu não teria um emprego no NCIS e não teria aprendido como uma família realmente age.

Se hoje eu tenho um pouco disso, eu agradeço a você. Pois, mesmo me devendo, você poderia ter pago de mil e uma maneiras diferentes. Mas você me trouxe para os EUA. Me colocou na equipe, mesmo contra a vontade do Gibbs. E eu fiquei.

Talvez a lealdade que eu deveria ter a você, tenha se virado à favor de Gibbs, mas saiba, eu não sou ingrata. Sei o que você fez.

Não vou chorar. Não porque não posso, ou não quero. Simplesmente sei que você teve a escolha.

Você fez uma escolha.

Sabia no que estava se metendo quando nos dispensou, mas nem por isso merecia morrer. Contudo, entendo seus motivos. Você os deixou muito claros quando nós duas ficamos presas no Cairo.

Arrependimento.

Você se arrependeu de ter deixado “esse agente” em Paris. Por “esse agente” entenda-se Gibbs.

Você se arrependeu de muitas coisas. Não te julgo. A vida é assim. Eu também tenho meus arrependimentos.

Mas, você, como só você sabia, soube dar a cartada final. A última jogada foi a sua.

Acredito que a sua morte não foi do jeito que você esperava. Nunca é, na verdade. Digo isso por saber um pouco mais.

Contudo, você foi você até o último suspiro. Você enfrentou todos os atiradores com coragem. Isso eu pude ver quando analisei a cena.

Você mandou naquele lugar. Até a sua morte veio quando você permitiu.

E é por isso que não vou chorar. Eu perdi uma amiga? Sim. A família que eu ganhei em D.C. perdeu um membro, mesmo sabendo que nos últimos tempos não éramos tanto uma família assim? Sim. Mas você se foi lutando. E eu honro isso. Eu respeito isso.

Assim como te respeitei quando enfrentamos os terroristas no Cairo. Assim como você teve meu respeito quando se tornou a primeira mulher diretora de uma agência armada nos EUA.

Assim como me colocou na equipe do Gibbs mesmo ele não querendo.

Eu respeito quem você foi, Jenny. E vou sentir sua falta. Shalom.

E para mim, na sua lápide, não estaria somente o seu título, mas sim outra coisa:

Aqui jaz Jennifer Shepard.

A mulher que merecia ser mais respeitada por tudo o que fez.