happily ever after. escrita por unalternagi


Capítulo 15
O jeito que olhamos um para o outro


Notas iniciais do capítulo

Algo que há muito nós queremos...

Espero que gostem!



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Capítulo 16 – O jeito que olhamos um para o outro

|ROSALIE|

Por meses, o pensamento do que havia acontecido no primeiro dia do ano foi mascarado por todas as coisas que vinham atropelando minhas memórias e sentimentos, por isso achei uma piada de péssimo gosto que, no dia do meu aniversário, meu primeiro pensamento inconsciente tivesse sido de Royce.

Acordei de um pesadelo respirando em arfadas e controlei-me ao reparar em Alice e Bella dormindo calmamente ao meu lado. 

Eu estou bem, segura. Nada de ruim vai acontecer. Não estou sozinha, fiquei repetindo esse mantra mentalmente.

Royce ainda era um assunto delicado e substituível para mim, não queria pensar nele e não o fiz mais.

Sem falar com meu pai, eu quase não sabia do processo e, sempre que eu perguntava sobre aquilo para tio Charlie, ele desviava um pouco o assunto e desconversava, provavelmente querendo preservar-me. Eu imaginava se tinha um dedo de Emmett nessa falta de respostas de tio Charlie, mas eu realmente não me importava. Meus únicos pensamentos e preocupações eram destinados ao homem da minha vida, meu filho.

Foi pensando nele que uma paz invadiu-me e a inconsciência tomou-me novamente, tirando as coisas ruins da minha mente.

Ao despertar, pela segunda vez naquela manhã, sorri ao reparar a luz tímida que entrava pela cortina e a movimentação na entrada do quarto. Bella acendia a vela do bolo que Alice segurava. Edward estava com dois embrulhos na mão e bexigas coloridas, então Emm entrou cheio de coisas nos braços, se eu não tivesse fingindo que ainda dormia, teria brigado com ele.

Ele colocou uma mala linda no chão e alguns embrulhos em cima, correu para fora do quarto e voltou com uma bandeja cheia de coisas para um café da manhã reforçado, Alice já estava impaciente.

—Bella, com calma – Emm mandou e senti um carinho em minha cabeça.

—Rose, bom dia – Bella falou delicadamente e eu sorri, abrindo os olhos devagar.

Eles começaram o coro de “Parabéns Para Você” e eu sorri amplamente me ajeitando na cama, sentando com as costas apoiadas na cabeceira. Eles me cercaram e continuaram a música toda.

—Faça um pedido – Alice instruiu quando fechei os olhos diante das velhinhas com o número dezenove em cima do bolo.

Forcei os olhos fechados.

Que nunca nos falte amor.

Assoprei as velhinhas sozinha, pela primeira vez na minha vida, e já desde aquele ponto eu senti a saudade que eu tinha do meu irmão apertar meu peito.

Eles livraram suas mãos das coisas e fui passando de abraço em abraço, até Emm se sentar na pontinha da cama ao meu lado.

—Está se sentindo bem? – perguntou preocupado e eu sorri, assentindo – Excelente.

Sua mão foi para a minha barriga.

—Bom dia, filho – ele disse dando um beijo ali.

Sorri para ele e ele me abraçou forte.

—Obrigada por ser maravilhosa e por cuidar tão bem do nosso garoto. Que seu ano seja repleto de amor, saúde, conquistas e que você continue essa mãe leoa que nasceu junto com essa barriga. Estou do seu lado para tudo, independente do que o futuro nos reservar – ele prometeu e eu abracei Emmett mais forte – Que você me queira por perto por muito tempo, porque será a quantidade de tempo em que estarei aqui. Eu amo você, Rosalie Lilian Hale – ele disse intensamente antes de beijar meu cabelo.

Cortamos o bolo e comemos antes que eles entregassem as coisas que tinham comprado para mim, mesmo eu dizendo que não precisavam ter feito aquilo. Alice entregou-me um embrulho dizendo que era dela e de Jazz e eu sorri para a delicadeza dela de o incluir, era um lindo suéter de meia estação. Bella e Edward entregaram o que era dos dois, uma saia bonita.

—E assim, coordenei sua roupa do ensaio de hoje – Alice disse bem animada e eu ri da minha fadinha favorita. 

Agradeci novamente e então Emmett colocou a mala branca ao meu lado.

—A surpresa de aniversário que preparei a você, vai na mesma linha da que você me fez no meu. Com esse orgulho, anuncio que o nosso filho está pronto para ir para a maternidade.

Entendi que aquela era a bolsa que, com certeza, estava equipada com tudo o que o bebê precisaria em seus primeiros dias de vida e eu sorri, feliz pelo cuidado e zelo dele.

—Obrigada, Emm – falei sincera.

Então ele tirou os embrulhos de cima da mala e colocou no meu colo.

—O que é isso? – perguntei curiosa.

—Esses são seus presentes de aniversário – ele disse sorrindo e eu fiz careta.

—Emmett – briguei – Eu não te dei nada.

—Você vai me dar a coisa que eu mais quero na vida. Eu terei que passar o resto das nossas vidas tentando chegar aos pés desse presente que está aí – ele disse e eu sorri, apaixonada de mais para disfarçar – E nosso filho está roubando muito seus momentos ultimamente, estava na hora de eu dar uma coisa só para você – ele brincou.

Desembrulhei os presentes, animada, vendo as roupas que ele tinha comprado para eu conseguir ir para a faculdade e neguei com a cabeça, aquele homem não existia, era fruto da minha imaginação.

Depois de mais agradecimentos, tomamos o nosso desjejum conversando amenidades e foi como Alice contou-me que todos os nossos amigos iriam para o Central Park com a gente para o ensaio fotográfico e Nora e Nate também tirariam algumas fotos, então fiquei ainda mais animada.

Emmett fez o almoço que pedi, os hambúrgueres caseiros dele que eu amava e estava morta de vontade de comer e, depois de devidamente alimentada, Alice e Bella foram para o quarto comigo para me arrumarem enquanto Emmett e Edward limpavam as coisas e preparavam as comidas para levar.

Bella enrolou meu cabelo de uma forma bonita que ficou bem natural e Alice fez uma maquiagem leve, me senti linda como não me sentia a um tempo e aquela barriga estava me fazendo feliz.

—Pronto, perfeita, estamos prontas para ir – Alice anunciou e saiu do quarto.

—Gostou mesmo dos presentes? – Bella perguntou querendo ter certeza.

—Isso aqui é só um agrado, meus verdadeiros presentes são os momentos com vocês, todo o apoio que vocês disponibilizam para mim desde que eu descobri que estava entrando nessa aventura aqui – falei colocando a mão na barriga – sou muito feliz e também muito grata por ter vocês.

Ela sorriu para mim e abraçou-me, então fomos para a sala.

Emmett estava com uma calça cinza e uma camiseta branca, as cores combinando com as das minha roupa e eu sorri.

—Você não está nada mal – brinquei com ele.

—Você... – ele começou, mas negou e pegou minha mão – Vamos que eu não tenho o dia todo, sou modelo profissional, gosto de pontualidade – ele brincou.

Alice, Emm e eu fomos de Uber e Bella e Edward seguiram para o dormitório da NYU para encontrarem com Aidan e, de lá, eles iam nos encontrar.

—Onde vamos fazer isso? – Emm perguntou, ainda com a mão na minha.

—Estava pensando na estátua da Alice no País das Maravilhas, acho que as fotos ficarão bonitas ali.

—Egocêntrica – Emm brincou.

Chegamos ao parque e fomos devagar até o local, sentei observando as crianças brincando na estátua, imaginando quando seria meu pequeno ali. 

Alice foi ver os locais para fotografarmos, Emm se aproximou de mim com o celular estendido.

—Alô – falei meio esperando a exata voz que escutei.

Ouvi dizer que a mãe do meu neto faz aniversário hoje— tio Charlie brincou e eu ri.

Ele me desejou as coisas habituais de aniversário então perguntou sobre mim, sobre o bebê, sobre como Emmett estava nos tratando e, por fim, perguntou o que faríamos hoje e eu contei sobre as fotos. Ele pareceu animado por nós e fez-me prometer que as mandaria quando tivesse o resultado final.

E meu neto ainda é um indigente? — ele perguntou e eu ri, ele estava dizendo isso porque não tínhamos escolhido o nome ainda.

—Se seu filho continuar a escolher nomes feios para o meu bebê... – concordei e Emmett fez careta, me divertindo.

Conversei mais um pouco com tio Charlie, antes de ele se despedir, então devolvi o celular para Emmett e ele entregou uma garrafa com água para mim.

—Henri – Emmett falou quando eu comecei a tomar a água e eu o olhei, surpresa.

—O que?

—Eu gostei desse nome – ele disse e eu sorri de canto, eu tinha visto que ele tinha circulado aquele nome no livro de nomes.

Era o primeiro nome que nós dois gostávamos, então ele aumentou o sorriso para mim quando não gritei “veto” logo de cara.

—A ANIVERSARIANTE – Vic gritou, levantei para abraçar minha amiga.

Todos foram chegando e, então, logo começamos a sessão. Edward estava responsável pelas fotos, já que tinha ficado boa parte da noite estudando a máquina fotográfica. Tirei muitas fotos sozinha, muitas com Emmett e algumas com Nora. Então começamos a chamar todos para participarem das fotos e foi uma tarde divertida com Alice se sentindo a própria diretora de imagem.

Fomos comer as coisas que Emmett tinha trazido. 

Tia Esme e tio Carlisle ligaram antes de eu comer qualquer coisa e eu agradeci aos meus pais de coração pelo carinho e apoio. Ambos expressaram a ansiedade que tinham em ter o bebê em nosso meio e eu agradeci, novamente, o amor incondicional que eles ofereciam a mim e ao meu filho.

Nathan e Nora foram embora depois de comermos. Já no último trimestre de gestação, Nora estava ficando cansada com maior facilidade. Ficamos o resto da tarde em meio a risadas e amigos, conversando sobre as mais diversas coisas e o clima era bom, calmo.

Mais para o fim da tarde, assim que coloquei os pés no nosso apartamento, recebi uma ligação mais que apenas especial.

—Alô?

Eu não consegui ligar antes porque achei que a dor da separação fosse menos pior, mas hoje tudo parece ainda mais intenso— a voz emocionada do meu irmão disse assim que atendi o celular – Todo o dia eu sinto a falta da pessoa que esteve comigo em todos os momentos. A primeira mulher que amei na vida e sim, incluo a senhora Hale nesse comboio— ele falou brincalhão — Eu te amo, espero que esse novo ano nosso seja repleto de felicidade, que o bebê venha com muita saúde e que nós também a tenhamos para conseguirmos curtir ele. Que nada, nunca, se coloque entre você e seus sonhos. Você merece o mundo, Rose.

Eu chorava copiosamente e Emmett abraçou-me, já tendo ideia de quem era.

—Eu te amo, muito, mais que todo mundo – falei para Jazz – Sinto a sua falta todos os dias também, mas me tranquiliza saber que você está feliz e realizando um sonho – falei amorosamente.

Desejei a ele, verbalmente, tudo o que eu desejava diariamente em coração e o deixei saber que o meu aniversário não foi o mesmo sem ele, ele disse o mesmo. Jazz falou que sempre lia os e-mails que Emm e eu o enviávamos e adorava as fotos que eu mandava, pediu para que eu continuasse e eu jurei que o faria. Depois de um bom tempo comigo, resolvi não monopolizar. Deixei os outros falarem com ele até que Alice pegou o meu celular indo para dentro do quarto.

Respeitamos o espaço dela e, agora mais do que nunca, o meu dia parecia completo, porque tive um pedaço de Jazz comigo. 

Bella entregou-me seu celular, avisando que era a mãe dela e atendi tia Renée com o mesmo carinho e gratidão que atendi aos outros, feliz que ela se preocupou em falar comigo no dia de meu aniversário.

Ele ainda não me atende — tia Renée contou e eu suspirei.

—Tia, juro que tenho tentado fazê-lo falar com a senhora, mas conhece seus filhos e como são cabeças duras.

Eu culpo Charlie— ela contou.

O escutei reclamar e ri deles. Emmett veio da cozinha com um copo de vitamina e eu agradeci tomando tudo, finalizando a ligação com a mãe dele sob seu olhar desgostoso.

Alice apareceu com o rosto levemente inchado e estendeu o meu celular para mim.

—Sua mãe estava te ligando – ela avisou e pude escutar Emm suspirar ao meu lado.

Nem ela e nem meu pai tentaram falar comigo desde que os ignorei nas primeiras semanas em Nova Iorque, mas meu ódio e desgosto por o que eles me fizeram tinham passado e, agora, eu queria que eles estivessem comigo, porque Jasper já não estava, então suspirei audivelmente, pensando em retornar para ela.

Meu embate interno foi irrelevante quando meu pai começou a convidar-me para uma chamada de vídeo.

Rosalie— minha mãe disse delicadamente assim que atendi a chamada.

Os rostos dos dois estavam juntos, eles estavam na casa deles como reparei então sorri de canto, percebendo a saudade que minha cidade natal me fazia.

—Ei, está tudo bem – Emmett sussurrou ao ver que eu tremia.

Ajeitei-me no sofá e meus amigos foram para outro lado deixando-me na privacidade que a ligação pedia.

Emmett, por outro lado, estava sentado na mesa de centro com os olhos fixados em mim.

—Em que posso ajudar? – perguntei tentando não parecer atingida, mas soube que o resultado não foi bom.

Feliz aniversário, bonequinha— papai disse docemente e eu comecei a chorar.

Chorei porque sentia a falta deles, mas também porque eu ainda estava muito machucada com quão duros foram comigo ao descobrirem sobre a gravidez e como dificultaram minha vida quando bati o pé decidindo o meu futuro.

Feliz aniversário, meu milagre, queríamos estar com você hoje— mamãe disse e eu funguei.

—Não estão porque escolheram assim – falei sentida, sem querer fingir que estava tudo bem quando não estava.

Perdoa, filha— meu pai disse chorando – Que nos perdoe pela falta de carinho, de suporte, por termos sido duros e rudes. Não foi a intenção, eu não sabia que você estava tão feliz e satisfeita com a condição. Eu nunca quis ficar no caminho da sua felicidade, Rosie, meu pecado foi exagerar no zelo a ponto de não te dar ouvidos— ele disse e eu chorei mais.

—Ei, eu preciso que respire com calma – Emmett falou entregando-me água.

Tomei o copo todo respirando com calma e então voltei a encarar os dois pares de olhos preocupados do outro lado da tela.

Apenas tente ser flexível, filha, só queremos que tente nos entender, — minha mãe falou com os olhos claros olhando de forma que parecia que enxergava-me – Não estou acostumada com o não planejado, para mim o que não planejo nunca é bem-vindo, então...

—Meu filho é bem-vindo – falei séria.

Eu sei, agora eu sei que o é— ela disse – Só estamos aqui para pedir desculpas, implorar se for necessário— mamãe disse, mas não era.

Olhei para Emmett que só olhava para mim, ele queria saber que eu estava bem, o que eu quisesse fazer seria acatado por ele e, então, eu sorri amplamente para os meus pais, sabendo que Emm entenderia. Nós três entramos num uníssono de choros, mas dessa vez, eu estava sentindo-me amada pela minha família.

Fiquei um tempão no telefone com meus pais. Paramos de chorar e começamos a conversar, eu contava com calma sobre a minha vida em Nova Iorque e como tinha sido meu semestre na faculdade. Emmett saia e voltava checando se eu estava bem, mas nunca se intrometendo.

Contei sobre as coisas bobas e as importantes, deixando meus pais voltarem pouco a pouco para a minha vida.

Finalmente, Emmett entrou na conversa quando tentei incluí-lo pela terceira vez. Ele se sentou perto de mim e explicou o que sabia da doença e meu pai parecia mais interessado, tentando entender as complexidades.

Voltamos a falar sobre amenidades e eu contei que morávamos um pouco mais longe da Columbia do que quando eu vim da primeira vez para Nova Iorque.

O bairro em que moram não é perigoso?— meu pai perguntou com certo desdém contido na voz.

Emmett não ficou imparcial àquilo.

—Não. E mesmo que o fosse, estou sempre com Rosalie – Emmett falou na defensiva.

Eu não vendi o seu apartamento querida e, sei que não tem movimentado sua conta, mas nunca deixei de depositar sua ajuda mensal lá. Você pode voltar para a sua antiga vida se quiser, eu pago a mudança, será mais confortável para você e as meninas...

Meu pai começou, ignorando Emmett. Ele falou um monte de coisas, eu sabia que ele só queria ajudar, mas não precisava. 

Não falei nem que sim e nem que não, fingi que ia pensar, mas eu não sairia daquele apartamento por nada, não depois de tudo o que Emmett tinha abdicado e do quanto ele tinha se esforçado por tudo.

Meus pais, por fim, aceitaram que eu tivesse que desligar, mas prometi que eu entraria mais em contato com eles, agora que a barreira do desconforto tinha sido ignorada. Desliguei a chamada, sentindo-me mais leve, então olhei para Emm que me encarava, pensativo.

—Está tudo bem? - perguntei

—Você quem me diz.

—Está – garanti – Eu sei que eles foram imbecis no começo, mas estou com muito amor no peito, não consigo guardar rancor – falei e ele sorriu assentindo.

Avisei que tomaria um banho, parei no quarto pegando o pijama e roupas íntimas limpas. Edward, Alice e Bella estavam assistindo um suspense e eu sorri, dizendo que logo voltava. 

Tomei o banho com calma e me vesti sentindo-me mais leve com toda a boa perspectiva sobre o novo relacionamento que eu teria com os meus pais. Sentei na cama com os três, mas comecei a incomodar-me com o fato de Emmett não aparecer.

—Emmett apareceu? – perguntei.

—Ele disse que ia dormir, que estava com dor de cabeça – Bella contou, distraída.

Franzi o cenho, pensativa com aquilo. No fim do filme, fomos para a cozinha comer e Emmett ainda não aparecera. Mas era a noite do meu aniversário, por que ele não estava comigo?

Lavei a louça da janta, mesmo que os três tivessem reclamado, então virei para Edward que guardava as coisas que Alice secava.

—Ed, se importa de dormir aqui essa noite? – perguntei e ele franziu o cenho, confuso.

—Não, por quê? – perguntou sério.

—Eu queria conversar com o Emmett – falei e ele concordou, rapidamente.

Fui até o quarto pegando meu travesseiro, celular e o Puket. Fui para a cozinha e sorri, despedindo-me dos três e agradecendo por tudo naquele dia. Recebi beijos no rosto e carinhos no meu ventre antes de seguir para o apartamento em frente ao meu.

Escutei o chuveiro ligado. Tranquei a porta e sentei-me no sofá, abraçando com força o Puket, sem razão alguma além do nervosismo que eu sentia com essa conversa que se aproximava. 

Emmett saiu do banheiro com a toalha amarrada na cintura e eu suspirei baixinho, a academia fazia bem a ele.

—Está tudo bem? – ele perguntou quando percebeu que eu estava ali.

Assenti devagar.

—Quero falar com você – avisei.

—Espere só eu colocar uma roupa – ele disse, sério demais.

Fiquei na sala, pensativa, quieta, tentando entender porque ele tinha tanta raiva dos meus pais e da mãe dele. Eu sabia o que eles tinham feito e tudo o mais, mas aquilo não significava que eu ficaria remoendo o sentimento, ainda mais quando meu filho logo chegaria por aqui, não queria que ele crescesse em meio a brigas.

Emmett apareceu ainda sério demais, já vestido e colocou a toalha estendida na cadeira antes de voltar para a sala e se sentar-se à mesa de centro.

—Você vai, não é? – perguntou.

Franzi o cenho sem entender.

—Onde?

—Voltar para sua vida boa, onde tem dinheiro para comprar as coisas que quer, no apartamento ao lado da sua faculdade, que é bem maior e melhor do que esse... – ele suspirou parecendo sentido com algo – Eu não a julgo, acho que eu faria o mesmo, podemos ver como funciona, eu posso...

Eu posso falar? – pedi aumentando a voz para que ele escutasse já que as palavras saiam de sua boca como uma enxurrada louca de ideias presas, ele não se calaria se eu não gritasse.

Ajeitei-me no sofá, quando ele se calou, e coloquei o Puket no chão.

—Eu vim te dizer que eu sei que está difícil sustentar a mim e o bebê, sozinho. Eu estou pensando em reativar meu cartão apenas para emergências, mas ia te perguntar se você aguenta mais um pouco, prometo que assim que eu puder eu começarei a fazer entrevistas de emprego e irei somar na sua renda, mas até lá, você pode continuar com a gente?

—Rose, – ele suspirou preso em algum dilema – desculpa. Sei que estou sendo uma criança. O apartamento de lá é maior, mais perto da sua faculdade e...

—Não tem você – o cortei.

Aqueles foram meus segundos de uma coragem estrangeira. Eu estava sendo sincera e ele parou de falar, me olhando em dúvida.

—O que você disse?

—Que sim, Emm, eu sei que o apartamento lá é maior e mais confortável, que a vizinhança é mais amigável e é tão mais perto da minha faculdade. Mas tudo isso se anula porque não tem você – a honestidade sendo minha única proteção. Ele não tirava os olhos de mim, parecendo surpreso – Não tem conforto que substitua você, eu achei que soubesse disso. Não estou aqui só porque você está me bancando, estou aqui porque quero estar com você, quero que meu filho tenha você mais do que apenas na certidão de nascimento dele – confessei insegura.

Ele sorriu, aquele exato sorriso brilhante adornado com covinhas lindas. 

Você pode puxar as covinhas do papai, meu amor?, pedi mentalmente ao bebê, pela enésima vez. 

Ficamos presos no silêncio por um tempo. Então ele pulou para o sofá, se sentou ao meu lado. 

Mantive-me presa nos olhos verdes do pai do meu filho enquanto ele se mantinha preso nos meus. Será que ele entendia o que ele era para mim? O brilho no olhar dele me fez crer que sim, então sorri quando vi que ele estava emocionado.

—Você vai ficar? – perguntou.

—Enquanto você me quiser – prometi.

Ele soltou um ar preso e negou devagar com a cabeça.

—Não me engana, Rose, por favor, entenda o que está falando, perceba as entrelinhas do que está dizendo – pediu em sofrimento, quando fechou os olhos colando a testa na minha.

—Emm...

—Não existe apartamento e nem nada. Por um segundo pecaminoso, esquece até desse brotinho aqui – ele pediu segurando minha barriga e o bebê chutou como se brigasse com o pai dele – É só um momento, filho – ele disse e eu sorri, ainda encarando os olhos fechados de Emmett – Estou falando de nós dois, Rose, você vai ficar? – perguntou novamente.

Parei de sorrir ao escutar aquilo. 

Depois de meses ele estava falando de Rosalie e Emmett, não dos parceiros, não dos pais do bebê, dos ex-namorados que tiveram uma última noite antes de toda essa montanha russa que entramos no começo desse ano.

Éramos apenas Emmett e Rosalie.

—Enquanto você me quiser – voltei a prometer, em um sussurro.

Ele abriu os olhos devagar.

Eu chorava baixinho, porque parecia que, pela primeira vez, estávamos entrando num caminho juntos mesmo. Um caminho que independia do nosso bebê, era um caminho nosso, um perigoso, um que já tinha nos feito nos machucar antes. 

Era a segunda chance.

—Você está me prometendo uma eternidade – ele disse e eu neguei rapidamente.

—Ainda não quero ouvir promessas – avisei e ele assentiu, compreensivo.

—O que vamos fazer? – perguntou e eu suspirei.

Eu não queria perguntas. Estava cheia delas sozinha.

—Emm, eu quero tentar. Isso é tudo o que eu tenho para você agora – falei e ele assentiu devagar.

Ele começou a se aproximar de mim com cautela, seu lábio vindo para o meu e eu respirei bem devagar e inaudivelmente, porque qualquer movimento em falso e aquela bolha se romperia, as consequências seriam cruéis se aquilo acontecesse, então tínhamos que ser cautelosos. Tínhamos apenas uma chance para fazer aquilo certo. 

Ele hesitou, como alguém hesita antes de beijar outra pessoa, para ter certeza que é bem-vindo. Abri o olho e ele me olhava, sorri como que concordando que ele continuasse, então ele segurou minha mão com carinho.

—Eu amo você – ele murmurou, um tom mais alto que um respiro.

Foi quando nossos lábios se colaram e parecia que as coisas tinham se encaixado apenas como deveriam.


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Notas finais do capítulo

Rosalie e Emmett estão de volta no jogo.

O que acham disso? É meio perigoso, mas... Não tinha mais como segurar.

Espero a reação de vocês, volto logo para os que estão com saudades de Beward



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