Meu coração em suas mãos escrita por Eduardo Marais


Capítulo 25
Capítulo Vinte e Quatro




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Regina desperta com o corpo dolorido e sentindo-se indisposta a começar seu dia. Queria ficar deitada e apenas curtir o corpo do marido, aproveitando todas as chances e recuperar o tempo perdido por causa daquela horrenda sede de vingança. Mas ele não estava mais na cama. Tinha saído tão suavemente e não fora percebido. Onde estaria?

A porta do quarto é aberta e William a empurra com as costas. Estava com as mãos ocupadas com a bandeja do café da manhã. Ele sorri ao ver sua Rainha ainda com expressão de sono.

— Bom dia, meu sonho! – ele ajeita a bandeja sobre o colchão e senta-se ali, observando sua esposa se movendo suavemente para sentar-se. – Esse pijama que está usando é horrendo!

Regina não contém a risada. Olha para baixo e precisa concordar com ele.

— Henry me disse o mesmo numa ocasião. Eu gosto dos porquinhos da estampa. – ela se apoia nos travesseiros junto à cabeceira e começa a beliscar os petiscos que estavam nos pratinhos.- Onde aprendeu a cozinhar?

— Apenas segui receitas. Como se sente esta manhã?

— Com fome, com sono e com vontade de ficar na cama com meu marido. Sabe me dizer onde ele está?

Inclinando-se para frente, William beija os lábios de Regina.

— Não sei informar, bela mulher. Mas sei que seu marido me mandou aqui para aproveitar o calor de seu corpo e convencê-la a fazer amor.

Era tudo o que o corpo de Regina pedia. Mas a sonolência dos últimos dias estava vencendo o desejo que sentia pelo corpo de William e o que ele poderia produzir aos seus sentidos.

— Gostaria que você conseguisse um encontro entre mim e seus pais. Eu devo desculpas a eles e temos de conseguir o coração de Olavo de volta.

Um leve movimento de uma das sobrancelhas de William mostra seu desinteresse pela vontade da esposa.

— O clima está ótimo para um passeio pela praia e um mergulho. O que me diz?

Percebendo que a sua fala não tina despertado curiosidade no marido, Regina decide não se aprofundar no assunto. Iria deixar este assunto para depois.

— Com a junção de outros reinos ao meu, consegui fazer com que meu filho adulto pudesse viver mais perto de mim. Tenho uma nora e uma neta.

— Por que não estavam no casamento? – William adoça o suco e entrega o copo à esposa. Não parecia estar interessado nos assuntos que ela citava.

— Estavam viajando. – ela sorri e percebe que tinha um obstáculo que impedia mais intimidade com o marido. – Quer me falar algo bem mais importante do que meus assuntos?

Lutando contra a massa pesada de cabelos que tentavam tirar sua aristocracia, William se acomoda ao lado da esposa, apoiado na cabeceira da cama.

— Em minhas aulas de oratória não fui instruído a ser prolixo.

— Não seja. Quero que seja direto e honesto comigo, William. Revele tudo o que está fazendo seu coração pesar.

Lento e cuidadoso, ele se levanta da cama e fica em pé no meio do quarto, voltado para Regina. Com um gesto sutil, ele sofre uma mutação diante dos olhos de sua esposa.

Ela somente consegue entreabrir os lábios. De fato, uma surpresa, mas não algo inesperado.

Ali, em pé, vestindo a capa longa e escura dos Senhores das Trevas e com sua pele metalizada, William se mostra como realmente é.

— Você é um...

— Sombrio. Eu procurei um mestre que me tornasse forte para suportar a dor em minha alma ferida e para ter poder a fim de proteger meu povo. Esses eram meus objetivos ao me transformar nisso. – ele abre os braços.

— A aura de magia poderosa que Gold sentiu pela cidade...

— Naquela noite eu me despi de minhas proteções e fui procurar conhecimentos sobre sua cidade e sobre sua cultura. E deixei para trás, o que está exalando por minha pele.

Regina afasta a bandeja e engatinha pela cama, aproximando-se do marido.

— Rumple entrou em colapso com o que sentiu e por não ter crédito nas acusações...

— Não me importo com o que aconteceu a ele. Mas não quis que eu fosse prejudicado com os ataques que ele poderia tentar fazer ao saber da verdade.

Ela estende a mão, mas não alcança o homem. Ele se apressa em sanar a curiosidade dela e facilita seu desejo, retornando para sentar-se na cama. Retira o capuz e exibe totalmente sua pele num cinza metalizado.

— Como não conseguimos sentir essa força que estou sentindo sair de você, agora? – Regina brinca com os cabelos dele.

— Usei um anel criado por alguém que não queria ser reconhecido como habilidoso. O Capitão Gancho me presenteou e eu usei o anel durante anos, impedindo que fosse identificado. – ele sorri. – E exceto por Gold, ninguém me identificou. Não por isso.

O rosto de Regina sofre uma alteração. Suas sobrancelhas se estreitam e formam o vinco da expressão de que estava detectando algo desagradável.

— Então, quem o identificou?

— Robin, sua sobrinha, conseguiu decifrar uma página de meu diário. Não sei como ela o fez, mas descobriu como organizar e emparelhar as letras, tornando minhas frases legíveis. A princípio, eu a puni, mas depois fizemos um acordo e ela se tornou minha pupila. Ela será uma bruxa muito forte e...

Regina pede que ele pare de falar, usando gestos.

— Zelena também soube algo?

— Hu-hum...ela me viu num momento de conversa com um espelho. Ouviu frases e tive de fazer com que ela ficasse calada, para não alarmar a cidade e causar minha morte.

Molhando os lábios com a língua, Regina não quer provocar sensações sexuais no corpo do marido, apenas uma simples movimentação. Tinha apenas pensamentos para as revelações, mas William se sente convidado.

Para criar um clima menos tenso, ele assume sua versão homem comum. Continua falando:

— Ela apenas está adormecida e somente Robin a despertará, com o beijo do amor real.

Regina explode numa gargalhada que dura apenas segundos. Era a coisa mais absurda que havia ouvido. Robin amando Zelena?

— Minha sobrinha não ama a própria mãe. Pode gostar dela, porque Zelena nunca foi a mãe do ano. Sugiro que trate de mudar a maneira com que irá acordar minha irmã.

— Jamais subestime o poder do sangue. Elas serão unidas para sempre e todos serão surpreendidos. – ele mostra uma sorriso pequeno.

 - Espere um pouco aí...por que Gold assumiu o ataque? Ele nos disse que a atacou, porque queria atacar você e errou o golpe!

— Eu o fiz dizer aquilo. Tirei o coração dele.

Desta vez, ela se espanta mesmo.

— Como? Por que? Quando?

— Eu o entorpeci e retirei o coração enfraquecido e doente dele. Comandei os movimentos, inclusive o mandei entregar a adaga para o Capitão.

Como ele tinha feito tantas traquinagens em tão pouco tempo? E bem embaixo de seu nariz? A paixão realmente deixa as pessoas cegas, mas as deixa burras, também?

— Gold não surtou ou ficou decrépito devido a minha presença. Ele está com o corpo doente e vai definhar até a morte. Tive piedade e enchi o coração dele com uma carga de sobrevida. – William brinca com os bordados do lençol. – Quando ele desistir de auto piedade, saberá que o coração está mais perto do que imagina, bem ao lado de um coração grandioso, puro, doce e amoroso de uma pessoa linda.

— Belle...

— E tem Cora. Sua mãe me viu em meu estado de Sombrio. Eu estava em um momento de reflexão e sintonia com a natureza e ela invadiu meu quarto. Flagrou-me e pretendia revelar tudo a quem quisesse ouvir.

Ajeitando-se mais perto do marido, Regina toca seu rosto com cuidado.

— E quando foi isso?

— Na manhã depois do casamento. Ela sempre teve o péssimo hábito de entrar em meus aposentos sem ser anunciada e várias vezes me encontrou em situações delicadas e íntimas. Talvez, um fetiche dela. Cora declarou seu amor por mim, várias vezes, assim como o desejo de...bem, ela me queria e tive de repudiá-la, para não matá-la.

Os olhos de Regina se arregalam. Teme pelo que irá ouvir naquele relato revelador.

— O que fez com minha mãe?

— Ela está viva, mas não conseguirá organizar as palavras que estão em sua mente. Não poderá se comunicar nem por gestos, nem por palavras e nem por escrita.  Pensará, mas não exteriorizará. Uma pequena confusão entre pensamento e exposição deste pensamento.

Sem conseguir organizar o que queria dizer, Regina apenas o encara.

— Pensei em transformá-la em uma macaca voadora, mas desisti. Então, ela vai pensar em pedir água, mas pedirá para desligarem o ventilador.

Uma gargalhada gutural explode de dentro de Regina. Ela apenas consegue rir e faz durante muito tempo, sendo observada pacientemente por William.

— Durante...- ela enxuga os olhos. – Durante todo esse tempo, convivemos com um Sombrio que transpira força e fomos cegadas pelo poder de um anel. Onde está a adaga que controla você?

Ele aponta na direção de um móvel ao lado da cabeceira da cama. Ali, estavam adormecidos seus anéis e seu bracelete inseparáveis.

— Quando eu a recebi do meu mestre, a forjei em um bracelete que está sempre comigo. Você poderá testar se falo ou não a verdade.

Olhando bracelete por cima do ombro, Regina tenta imaginar tudo o que Belle havia passado ao lado de Gold, ao disputar o amor do marido com a adaga. Era muito tentador, mas seria cometer um desatino contra alguém que a procurou por trinta anos, viveu na esperança de um reencontro e manteve viva a chama de um amor verdadeiro. Ela era amada por um Senhor das Trevas e saberia lidar com isso. Um Sombrio também ama e aquele que estava ali ao seu lado, sabia amar mais do que qualquer pessoa que ela havia conhecido.

— O que mais você fez às escondidas?

— Descobri o caminho para o coração da mulher mais bela que já conheci. Atravessei rios, florestas, desertos sob sol ou enfrentei tornados e tempestades, apenas para chegar ao final deste caminho e abrigar-me dentro do coração de minha Rainha. E sabe o que me aconteceu depois?

— Não...

— O único espaço em meu coração que não estava ocupado, ela definitivamente tomou posse.

Lenta e mostrando-se cada vez mais apaixonada por aquele homem carregado de surpresas e mistérios, Regina se avizinha de maneira sensual e provocativa, querendo mostrar-lhe que tinha valido a pena confiar seus segredos a ela. Mesmo sabendo que lidava com uma pessoa com forte poder de magia, boa ou ruim sem saber ainda, ela queria provar a si mesma que definitivamente conseguira escrever seu final feliz, exatamente como sempre sonhara.

Usa a força de seu corpo feminino e o induz a ceder passivamente. Deita-se sobre ele e daquele momento em diante iria conduzi-lo a uma forma íntima de dança, com passos que somente ela poderia ter direito a ensinar.

William se torna passivo e sem preocupação alguma, permite que sua esposa amada, sua rainha e sua dona se aproveitasse de tudo o que seu corpo pudesse oferecer.

São beijos e carícias ousadas numa agradável incursão ao universo erótico um do outro, despertando em cada célula, o aviso do que estava prestes a acontecer.

E William sai de sua passividade quando se encontra dentro de Regina. Segurando com delicadeza amorosa a cintura dela, cuidadosamente a tomba sobre o colchão, posicionando-a embaixo dele.

 Protegido no calor daquele corpo, ele se demora nos pontos, que naquele instante mereciam mais atenção. Lento a princípio, para depois acelerar gradativamente, sendo estimulado pelos sussurros roucos de Regina, avisando que ambos estavam chegando ao topo da relação. Os corpos tremes ao gozarem um para o outro; os corações saltitam, como se quisessem fugir de dentro do peito. Os gritos de prazer ecoam pelo quarto, ressoando pelas janelas de vidro. O mundo precisava conhecer a dimensão daquele amor.


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