Meu coração em suas mãos escrita por Eduardo Marais


Capítulo 14
Capítulo Treze




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A festa do Dia do Mineiro segue até tarde, mas Cora, Regina e William retornam cedo para casa.

— Preciso estudar um pouco, fazer algumas pesquisas e me atualizar também. – Cora se despede do casal e dirige seus passos para o mausoléu da família.

Regina observa a mãe por alguns segundos e quando se volta para William, percebe que ele olhava fixamente a matriarca se afastando. A concentração era profunda, expressada naquele olhar estreito e atento que fazia quando algo o intrigava.

— Você está bem?

Ele pisca várias vezes, saindo de um transe.

— `Por que sua mãe está triste?

— Ela está furiosa. Recebeu a visita de Gold, hoje cedo e ele fez acusações grosseiras. Ainda há ranço entre eles.

— Por que precisa buscar abrigo naquele mausoléu? Vai realizar algum ritual?

— Provavelmente sim. Ela retornou enfraquecida e aquele lugar é valioso para nossa família.

— E esses rituais envolvem os corações?

Regina não gosta do interesse dele em Cora.

— Está muito interessando nesse mausoléu, hein? Quer conhecê-lo? Eu posso levar você até lá.

— Eu quero vida e luz. – ele se volta para a porta e a abre, dando espaço para que Regina entre.

Lá dentro, Regina toma sua decisão: iria deixar os problemas dos outros, apenas com os outros. Queria aproveitar sua fase a chance que a vida tinha lhe dado. Iria ter o seu final feliz e somente dependeria de suas atitudes e decisões.

— Eu preciso de um banho bem quente em minha banheira. – ela retira os sapatos e massageias os pezinhos. – Tenho um desejo que nunca foi realizado. Quero que me leve para o quarto, em seus braços.

Porque sempre seria Rainha, tem seu desejo atendido. Regina é transformada em joia rara durante grande parte daquela noite.

Noutra parte da cidade...

— Amor, já lhe pedi que deixe William em paz. O que vamos ganhar em focar nossa atenção no cara?

— Hook, a menina Robin me disse que minhas suspeitas iniciais estavam corretas. Ela foi enfeitiçada e eu tenho certeza de que foi seu amiguinho. Amanhã, irei descobrir o que ele fez com a menina e como a enfeitiçou.

— É mesmo? E como pretende fazer isso? – Killian debocha da esposa.

Emma sorri ainda mais debochada.

— Vou usar o apanhador de sonhos e saber o que está na mente dela. Verei e comprovarei o que seu amigo fez à menina.

O sorriso de Killian se desfaz. Não poderia deixar William vulnerável e perder essa chance de controlar o velho Crocodilo. Não mesmo!

Era quase manhã, quando Cora termina sua pesquisa. Ao sair do mausoléu, renova a proteção em torno do pequeno prédio, para evitar a entrada de algum intruso ou curioso. A quantidade de moradores havia aumentado e poderia haver algum aventureiro que desejasse conhecer os segredos da família Mills.

No interior da casa, encontra Regina já organizando a mesa para o café da manhã. Auxiliando a Presidenta com a devoção servos que nunca conheceram nada além de seu mestre, estava William cuidando dos detalhes como se aquilo fosse a preparação de um banquete.

— Vocês formam uma dupla incrível. Por que não oficializam o namoro de uma vez? – Cora se dirige para a escada que levava aos quartos. – Voltarei em breve, porque estou faminta.

Regina ia fazer um comentário, quando é interrompida pela campainha do telefone. Quem teria tanta pressa àquela hora da manhã?

Sereno e letárgico, William vai atender o chamado. Tinha sido ensinado e gostava de usar aquela traquitana.

— Aqui é William. Câmbio!

Uma gargalhada sonora é a reação de Regina. Aliás, estava numa etapa que tudo se parecia divertido e colorido.

A ligação demora poucos segundos e o teor não parecia muito bom. A expressão do príncipe, o assunto parecia não ser agradável.

— O Capitão me quer nas docas. Há algo que precisamos resolver. – ele se inclina e beija os lábios de Regina sem pressa. Saboreia cada pedacinho daqueles lábios. – Assim que resolvermos, entrarei em contato com você.

Ao retornar, Cora encontra a filha sozinha. Estava serena, lendo um jornal e tomando seu café da manhã. O rosto parecia irradiar uma luz diferente.

— Quando eu falei sobre a oficialização do namoro, não brinquei.

— Eu concordo com você, mãe. Não quero prolongar um relacionamento sem compromisso. Tenho medo de algo impedir meu final feliz. Quero ser a autora de minha história.

— Apenas farei uma sugestão, querida. Procure investigar a vida de William. Ele não é mais aquele jovem bonito e apaixonado que visitava sua cama esporadicamente. – Cora se serve das guloseimas. – Ele viveu trinta anos longe de você e deve ter convivido com pessoas mais lascivas e sagazes do que o Capitão. Tenha sempre em mente, que os pais dele eram adeptos de feitiçaria e determinados rituais.

— Como sabe disso?

— Não sei, Regina. Estou apenas repetindo o que as pessoas diziam na época, quando eles chegaram de algum lugar desconhecido e criaram aquele reino. O reino prosperou de maneira absurda, o padrão de vida dos súditos era muito bom, e o casal real abrigava dois magos gêmeos. Não poderá perguntar a ele e nem usar subterfúgios para ler as memórias porque elas não estão lá. Mas a Biblioteca de Belle tem bons livros e bons relatos escritos.

Regina retira os óculos e encara a mãe com atenção.

— Vai impor empecilhos, assim como fez com Daniel?

Uma risada irônica é a primeira reação de Cora. Ela gesticula e faz o jornal de Regina vir voando para suas mãos. Começa a folhear.

— Não sou seu empecilho, querida. Primeiro terá de lidar com a paixão de Zelena e de Robin por ele. Depois, terá de lidar com as investigações de Gold e de Emma sobre o passado dele. Lembre-se de que príncipe encantado tem somente um. E Mary já o fisgou.

Cerca de duas horas depois...

Robin sai da casa pelas portas do fundo, tentando esquivar-se das perguntas de sua mãe. Tinha hora marcada e Emma a estava esperando em sua casa. Seria ajudada a revelar a verdade sobre William, um Sombrio disfarçado. Apanha sua moto e toma direção da casa da xerife.

Ao chegar em seu destino, desliga a moto e a empurra até a garagem da casa de Emma.  Empertiga-se, respira fundo e busca coragem, mas antes de conseguir sair do local, recebe um impacto contra seu corpo e uma dor aguda na altura de seu peito. Ao virar-se para ver o que a atacara, depara-se com William parado e como o coração dela em uma das mãos.

Ia gritar e pedir a ajuda de Emma, mas o homem coloca o dedo indicador contra os próprios lábios e exige silêncio.

— Vá lá dentro e seja uma boa menina. Depois, pegue seu veículo e vá para o poço do bosque. Temos de conversar, bruxinha forte.

A porta se abre e Emma convida a moça para entrar na casa. Tinha pressa em terminar aquela agonia que a acompanhava desde a noite da festa.

— Tudo bem, Robin. Quero que se sente ali e...

— Não, Emma. – a garota espalma as mãos no ar. – Eu estive mentindo por raiva e despeito. Como eu sabia que você estava desconfiada sobre a índole de William, decidi me aproveitar da situação para realizar uma vingança contra ele.

— Do que está falando, menina?

Robin hesita, mas sua mente é forçada e continuar.

— Fui rejeitada. Ele preferiu o corpo, os beijos e o desejo de minha tia Regina. Aquilo me feriu a princípio, porém eu relevei. Entretanto, quando eu os flagrei em momentos íntimos e alheios a tudo, não contive minha fúria e menti para você. Pensei em criar uma mentira poderosa e provocar a expulsão dele da cidade.

— Mentiu? – Emma se sente decepcionada.

— Eu ia afirmar que ele é um Sombrio.- Robin abaixa a cabeça e brinca com os dedos.

Emma aperta os maxilares e caminha até a porta. Indica a caída para a garota.

— Eu sou uma adulta e não tenho tempo para melindres de uma garota mimada, mal resolvida. Primeiro, tente decifrar sua sexualidade e depois encontre algo útil a fazer, em vez de atrapalhar a vida de alguém com obrigações de verdade. Saia!

Mal chega à delegacia e Emma se encontra com o Sr. Gold saindo de seu veículo velho e grande. O homem estava com uma expressão ainda mais zangada.

— Não temos tempo para perder com cumprimentos e saudações, Emma. Então vou direto ao assunto.

Emma cruza os braços na frente do peito. Também não queria perder mais tempo do seu dia.

— Levei seu marido e o amigo forasteiro dele para uma casa na colina. Lugar que você conhece e tentei forçar William a mostrar a verdadeira natureza dele. Tirei o coração do pirata e ameacei esmagar, como uma chantagem. Sabe o que aconteceu? William mostrou quem ele realmente é! William é um feiticeiro e conseguiu me ludibriar, fazendo com que eu acreditasse que Belle estava sem o coração dela. Ameaçamos um ao outro e ele me fez recuar. Seu pirata sabe que William é um warlock! Pergunte a ele!

O homem estava histérico.

Sem responder de imediato, Emma desfere um soco forte contra o rosto do homem, que cambaleia e depois a olha com indignação.

— Isso é por colocar a vida de meu marido em risco. – vira-se costas e vai para dentro da delegacia, deixando o advogado massageando o queixo.

Ele olha em volta e encontra alguns policiais rindo de sua situação ridícula. Decide sair sem cometer nenhum desatino.

Neste mesmo momento, Belle entra no gabinete de Regina.

— O que a senhora deseja? Vim o mais rápido possível.

— Belle, o que vou pedir é particular e quero que seja discreta. – ela se inclina para frente. – Gostaria que pesquisasse em seus livros, toda a história do Reino de Velac. Quero saber detalhes sobre o Rei Olavo e a Rainha Danna, mas nada de informações oficiais. Vieram muitos livros e manuscritos para cá e acredito que dentre eles haja algo sobre a real natureza do casal real. Pode fazer isso?

— Considere feito.

— Sob nenhuma hipótese, conte ao Rumple sobre sua pesquisa. Seu marido está disposto a provar que William atravessou o portal com alguma missão perversa contra nosso reino e nosso povo. Não posso condenar Rumple por isso, porque não sabemos nada sobre os trinta anos de lacuna em meu relacionamento com William.

Depois do meio dia, Regina não retorna de imediato para a prefeitura. Viaja em sua nuvem de fumaça e vai materializar-se dentro do mausoléu de sua família. Desce os andares até chegar a sua sala de espelhos mágicos. Todos presentados por Sidney Glass, seu eterno apaixonado.

Eram espelhos vindos de diversos reinos, através de vários portais e que haviam pertencido a algum gênio ou algum pupilo de magia.

Regina queria respostas e precisava seguir os conselhos de sua mãe. Quem realmente era William de Velac, trinta anos depois?

Primeiro, teria de fazer alguns procedimentos, antes de convocar algum morador do espelho para obter respostas e informações. E é isso exatamente o que ela começa a fazer: usar seus conhecimentos de magia e receitas em seus livros, para abrir caminho a alguém que estivesse disposto a conversar.

Lá no bosque da cidade, ao lado do poço...

— Estou aqui! – Robin olha em volta e grita porque sabe que está sendo ouvida.

E surgindo de maneira diferente aos feiticeiros que Robin conhecia, William se materializa encostado na parede do poço.

— Vamos conversar, porque ainda tenho coisas mais importantes a fazer.

— Vai devolver meu coração? Servi de boneca ventríloco e falei tudo o que você quis. Não sou uma ameaça a você, William. Deixe-me continuar meu caminho e tire isso do meu seio.

Ele se aproxima dela e invade seu espaço pessoal. O cheiro amadeirado dele provoca incômodo na garota. Ela vira o rosto.

— Ledo engano, bruxinha. Você é muito forte e pode ser ainda mais. – um sorriso irônico. – Sou realmente um Sombrio e fui treinado pelo melhor de todos. Mas não saio pelo mundo esmagando corações, transformando pessoas em insetos ou cortando mãos de piratas. Uso meus conhecimentos para proteger aqueles a quem amo de verdade.

— Muito heroico, mas onde eu entro nisso?

— Como sua avó se tornou poderosa? Como sua mãe se tornou poderosa? Como sua tia se tornou poderosa? Respondo: sendo treinada por um Sombrio. E elas souberam lidar com o que aprenderam. Por que você não se torna minha amiga e minha pupila?

Os olhinhos de Robin brilham e ela estica o pescoço como se fosse um suricato.  Ela sorri.

— Sério?


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